Aterrado em Delírios escrita por Banshee


Capítulo 2
Acorde-me Para a Vida


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui de novo pessoas! Espero que tenham curtido o primeiro capitulo, e aqui está a continuação.



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“Agora que eu sei o que me falta, você não pode simplesmente me deixar. Respire dentro de mim e torne-me real... Traga-me para a vida!” — Bring Me To Life (Evanescence)

— O quê?! — Ele exclamou, aquela informação soou como um tapa na sua cara, como um choque elétrico — Como assim? Pai, do que esse cara tá falando?

As linhas no monitor cardíaco se moviam mais rápido, Stiles ficou agitado e o sangue subiu para a superfície da pele, deixando seu rosto corado.

— Pai, do que esse cara tá falando? Pai?

— Stiles... Por favor, se acalma.

— Não, pai, do que ele tá falando?! E por que eu estou numa cama de hospital? O que houve? Pai!?

— Stiles, se acalme. — Disse o Dr. Summers, indo à mesa de remédios e puxando uma seringa.

— Não, me solta. — Ele gritava, agora que seu pai segurava seus braços com força — Onde tá o Scott? Cadê a Malia? Pai, isso não tem graça. Pai!
Não era como se o jovem Stilinski estivesse fora de si, era mais como uma sensação de vazio, como uma criança tendo que se desprender do colo da mãe. Não era a melhor situação, mas certo pânico aflorava pelo seu peito... O mesmo pânico de quando o espirito da raposa se apossava dele.
O médico sugou um liquido de um dos frascos medicinais com o auxilio da seringa, para então injeta-lo no ombro direito de Stiles. Seu corpo ficou rijo, ele tentou protestar, mas ainda estava frágil demais. Enquanto olhava para o teto, viu os olhos cinzas de seu pai se dissiparem e tudo ser tomado por um borrão, seguido de trevas.
Ele teve um sonho naquela tarde.

Era o som de gotas caindo em poças d’água, ele sentia como se estivesse nas profundezas de um lago. Era tudo tão frio, tão escuro, parecia que uma nevoa bloqueava seu campo de visão.
Ele se sentia sozinho.
— Pai? — Chamou, e sua voz saiu falha, como se estivesse dentro d’um aquário — Dr. Summers?
Um grito soou. Um grito forte, masculino, seguido de uma voz pedindo por socorro. Essa voz chamava por seu nome.
— Stiles!
Havia energia elétrica em seu corpo, estática. Era como se alguma coisa que não fosse sangue corresse pelas suas veias, alguma coisa viva querendo se libertar.
— Stiles, socorro!
Dessa vez ele pode reconhecer a voz. Aquele que o portara fora, outrora, o mesmo com quem sempre dividiu segredos e expectativas em sua infância... Era a voz de Scott.
— Scott! — Ele gritou — Scott, cadê você?
A névoa que cobria seus olhos se dissipou, e enfim pôde ver onde estava. As árvores se erguiam com majestade, tudo estava escuro, parecia ser noite. O som d’água vinha de um riacho ali perto, e o musgo verde escuro subia pelas rochas. Seria uma boa vista, mas nada daquilo era real, mas até então ele não sabia disso. Só quando pôde ouvir o som de uivos e rugidos foi que então se tocou o quão perto estava.
No segundo seguinte estava correndo da enorme matilha de lobos.
— Stiles, por favor, aqui! — Gritava o pobre Scott.
O garoto tentou ir na sua direção, entretanto parecia que as árvores se fechavam no seu caminho, que mais pedras surgiam, que o musgo se tornava mais escorregadio, que as sombras da noite se tornavam mais densas.
— Scott! — Ele gritou, no exato instante que um dos lobos pareceu brotar na sua frente.
Seus olhos eram azuis, quase brancos, e seu pelo de um cinza platinado que refletia perfeitamente a luz da lua cheia. Não era de se espantar que todos os outros lobos vinham logo atrás de si... Aquele deveria ser o alfa.
Stilinski tentou recuar, mas a besta se aproximava com passos cada vez mais soturnos, fitando-o com aqueles imensos olhos azuis cianos que parecia ver por entre sua alma, parecia farejar o seu medo.
Mas Stiles a reconheceu. Stiles notou que não era um lobo. Era uma coiote.
— Malia? — Sussurrou — Malia... É você?
As bestas se enfureceram, aquilo pareceu uma ofensa. Seus dentes salivaram, suas bocas espumavam, seus pelos ficavam em pé, dando a impressão que o destroçariam naquele momento.
Mas Malia os impediu.
Na frente dos seus olhos, Stiles viu a fera crescer, seus pelos desaparecerem e grandes olhos cor de mel brotarem no lugar do cinza. Contudo, Malia Hale não parecia humana, envolvida por uma aura prateada que se assemelhava a fumaça... Sua pele pálida, sorriso sem brilho.
— Stiles, aqui! — Gritou Scott, no exato instante que a matilha, exceto Malia, se desmaterializou no meio do ar.
— Você precisa ir embora. — Ela disse — O seu lugar não é com o bando.
— Mas, Malia... O que está havendo?
— Vá embora, Stiles. Você não entende.
— Eu nunca irei entender se você não explicar.
Os olhos castanhos dela eram carregados com algo triste, mas ao mesmo tempo frio. Certo ódio, certa calma e mais um milhão de palavras que nunca puderam ser ditas.
— Eu te amo tanto, mas odeio as coisas que você faz. — Ela disse — Eu odeio você.
Um grito cortou o céu, um grito de misericórdia e medo. O ultimo grito de dor de Scott McCall
— Você poderia ter o salvado — Ela disse, impedindo que ele corresse — Mas você nunca enxergou qualquer coisa que não fosse a sua grande pequena mania de herói.
Malia desapareceu no meio da noite, sendo levada por aquela aura. O chão sob os pés de Stiles se tornou liquido, fazendo-o cair dentro de um lago frio do inverno californiano.
A ultima coisa que pôde ouvir foi o fim de uma frase, endossada pela visão do luar cheio: A verdade não pode ser escondida. Então o garoto, se afogando, olhou para sua mão iluminada, percebendo então dois dedos extras.

— SCOTT! — Gritou, retornando a sua consciência num quarto de hospital — MALIA, NÃO!
É tão duro descobrir que a verdade não pode se esconder. O pior é tudo é saber que ela fere mais que espinhos.
O xerife acordou do seu sono na poltrona ao lado da cama, eclodindo em socorro ao seu filho. Notou que Stiles soava frio, sua pele estava quente e pálida desta vez.
— Stiles, por favor. — Dizia ele, tentando acalmar a si mesmo. Toda a situação parecia nova para ele — STILES STILINSKI, EU JURO QUE SE VOCÊ NÃO FICAR QUIETO, TE COLOCAREI DE CASTIGO POR UM MÊS SEM VIDEO GAMES OU REVISTA PLAYBOY!
Conhecendo Stiles como vocês conhecem, é tão obvio que funcionou. O garoto ficou quieto, não pelo que seu pai disse, mas por perceber que era tudo um pesadelo. Olhou o quarto de canto a canto, mas não havia lobo, coiote ou fumaça alguma... Apenas o cheiro de morte de hospital.
— Pai... Pai... — Murmurava em pânico, suas penas tremiam, o ar parecia pesado — Pai...
— Eu to aqui, filho. Eu to aqui. — Respondia, abraçando sua prole com força, um reencontro real.
O Dr. Summers apareceu no quarto, mas preferiu ficar de fora naquele instante. Era meio que um momento mágico, entende? Não era o tipo de coisa no que um bacharel em medicina poderia se intrometer. O momento ocorreu pelos próximos quinze minutos, deitados sobre um silencio confortável até que alguém o quebrasse.
— O que houve. — Enfim perguntou — Por que você me disse que Scott tá morto? Cadê a Malia? Eu quero ir pra casa... Eu só quero encontrar a Lydia, Kira e os outros.
O xerife e o medico trocaram um olhar de pena e confusão, não era tão simples quanto parecia. Stiles mantinha sua cabeça na barriga dele, mas ele se desprendeu do aperto e se ajoelhou. Dr. Summers se juntou ao momento, se sentou na poltrona, arrumou seu jaleco, respirou firme, pensou nas palavras certas... Não havia palavra certa.
— Stiles. — Ele disse — Eu e o seu pai precisamos te contar algo, mas você tem que prometer que vai ficar calmo.
Ele agia como um garoto confuso, encarou o homem negro por apenas um instante e fez um sinal de positivo com a cabeça. O xerife respirou fundo.
— Qual a ultima coisa que você se lembra?
De imediato, não soube responder, mas algo lhe veio à mente.
— Eu... Eu lembro que estávamos no México. Lutamos contra Peter, ele queria nos matar, mas nos o derrotamos, mas a tia louca da Alison fugiu. Depois voltamos para casa, estávamos rindo, estávamos contentes e acho que você prendeu meu braço na mesa e levou Malia para um jantar. Não sei ao certo.
Os dois homens permaneceram quietos, pelo menos por alguns instantes até que alguma resposta viesse às suas cabeças.
— E sobre o Scott? — Seu pai perguntou — O que você lembra?
Stiles começou a palavra, mas se demorou quando se lembrou da presença do médico. Puxou seu pai para perto e sussurrou em seu ouvido
— O Scott virou um alfa verdadeiro, lembra? Ele quase matou o Peter e os outros.
Os olhos do papa Stilinski ficaram desolados, vazios e tristes indo de encontro aos negros de Summers. Ele fez o sinal de negação com a fronte.
— Stiles... — Ele disse — Nada disso foi real.
— O quê? Mas...
— Você esteve em coma. — Disse o médico — Por quatro anos.
— Não, pai, não. Isso não é possível, você esteve lá. Você estava lá quando o Kanima surgiu e quando o Parrish apareceu pelado na delegacia quando um dos policiais tentou matar ele queimado.
— O quê? O que é Kanima? E como você sabe que o nome da minha salamandra é Parrish?!
— Olha, Stiles, nós não sabemos o que são essas coisas, mas você provavelmente esteve delirando durante o coma. — Disse o médico — Nós ainda podemos te ajudar nisso, só é preciso um pouco de paciência.
— Paciência? Paciência!? Como eu posso ficar paciente quando apagaram a memoria do meu pai!? — Ele exclama — Onde tá o Scott? Rápido, preciso falar com ele...
Dessa vez o silencio não foi reconfortante, não foi doce, muito menos suave. Foi algo destrutivo, negativo, amargamente azedo.
— Naquela noite em que recebemos o chamado para irmos atrás de um corpo partido ao meio, você interceptou o sinal do rádio e foi junto com o Scott, lembra?
— Sim, mas...
— Naquela semana um circo ilegal que lidava com a manipulação de animais selvagens estava passando pelo país, acontece que as condições das gaiolas eram tão deploráveis que vários deles fugiram... Inclusive o leão da montanha e o urso pardo que partiram aquele homem em dois.
— Mas eu não me lembro de nada disso...
— Provavelmente o trauma bloqueou essas memórias. — Disse o médico — Você e o Scott foram atacados por alguns dos lobos do circo... Você tropeçou na fuga e acabou caindo numa vala e bateu a cabeça, entrando em coma... Já o Scott, ele não teve essa sorte.
— Por favor, vocês não podem estar falando sério... Por favor, não...
— Stiles...
— Não, não, não, não, não, não...
Então aquele rapaz de pele pálida e cabelos negros colocou a mão sobre os ouvidos, estava cansado, abatido. Não era o que ele esperava, não era o que nenhum dos três esperava.
Era apenas pânico, o doce-amargo gosto da verdade.


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Notas finais do capítulo

E aí, curtiram? O que acharam? Alguma coisa pode melhorar? Obrigado!



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