Dr. Carl-isle! escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 7
Capítulo 6: Despertar parte 2




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Carol PDV

Por um momento a ausência de dor era uma maravilhosa sensação depois da tormenta vem a calmaria, ou como dizem depois da tempestade vem a bonança. Como um mar revolto na ressaca antes, agora meu corpo se acalmou.

Quando abri meus olhos vermelhos eu estava excepcionalmente calma, embora confusa. Olhei fixamente para o teto, deslumbrada.

Tudo estava tão claro, nítido e definido. Como a lente focada de um projetor, de um telescópio ou de um microscópico. Como quando eu havia limpado meus óculos e via tudo mais claramente. Mas muito melhor agora.

Eu podia ver até mínimos detalhes que me passaram despercebido anteriormente. Me sentei na cama, muito mais rapidamente do que eu pensava, puxando a mão que estava na minha. Esme. Mamãe.

Minha mente não conseguia trabalhar direito e ainda estava se adaptando à minha nova condição física. Nisso, Carlisle me perguntou:

— Como se sente, Carol? – sua voz grave como de trovão ribombando era reconfortante. Seu rosto brilhava como eu jamais tinha visto. Parecia que uma luz branca cintilava por traz. Tudo que eu não pude ver com meus olhos humanos e imperfeitos, agora eu via; se já imaginava Carlisle lindo, agora ele é muito mais. Me lembrei que Moisés ficou com o rosto resplandecente depois de ter falado com Deus. Será que Carlisle falou com Ele? Senti necessidade de me prostrar por terra como as pessoas fazem quando falam com Deus pessoalmente, ou com Seu anjo, devido à claridade. Carlisle parecia um anjo, um filho de Deus. Papai parecia um deus.

— Estou... confusa – ouvi minha voz, chocada. Parecia um sino ao vento, prateado e de gelo. – Eu sei o que aconteceu comigo, mas minha cabeça ainda está se adequando ao meu novo corpo.

— Sim, pode ser muito confuso.

Concordei com ele.

— Mas ainda me sinto eu, mais ou menos. Eu não esperava por isso, ser capaz de pensar e sentir normalmente, ou tão normal quanto eu posso me sentir agora. Eu não esperava sentir o que sinto, minhas emoções e sentimentos por vocês são as mesmas, embora um pouco maior. Eu ainda amo vocês... mas eu sei que eu sou uma recém-criada – minha mão livre afaga meu pescoço.

Eu era uma recém-criada. A dor seca e abrasadora na minha garganta comprovava isso. E sabia o que ser uma recém–criada provocava. As emoções e desejos humanos voltariam a mim mais tarde, de alguma maneira, mas eu tinha entendido que não os sentiria no início. Somente sede. Uma incontrolável sede. Esse era o acordo, o preço. Eu concordara em pagar. Eu concordara em abrir mão da minha humanidade – não da capacidade de ser humana, bondosa- e da mortalidade. Concordara em trocar meu corpo desengonçado por um gracioso, esculpido em mármore de Carrara.

— Eu lhe disse que você ainda seria você – sussurrou Esme ao meu lado. Quando ela me disse? Enquanto eu ardia?

Eu me assustei com ela. A voz dela era ainda mais bonita do que eu me lembrava. Muito mais doce. Tocava até o fundo do meu coração assim como a potente voz de Carlisle, era penetrante (ao contrário do que eu li que Jacob dissera), fazendo tremer até o fundo dos meus ossos. Senti um impulso de pular para longe, mas com enorme esforço me mantive no lugar. Eu estava segura. Era minha mamãe. Não havia perigo. Com um sobressalto percebi que ela estava envolta em uma fina camada de tipo uma neblina rosa. A aura dela era rosa o que significava amor, ternura e carinho. Afeto. Ela me ama, mais do que eu imaginava quando humana.

Inspirei seu doce cheiro.

— Você é muito controlada – disse Carlisle. – Mais do que eu espera, mesmo com o tempo que teve para se preparar emocional, mental e espiritualmente.

Agora eu podia ver claramente a aura dele, era azul intenso, representando benevolência e altos objetivos existenciais. Também podia ver um pouco de verde: compaixão.

Pensei nos quase seis meses que eles me deixaram, me abandonaram. Lembrei das reações exageradas, na dificuldade de pensar ou nos pensamentos desconexos, e falei:

— Não tenho certeza...

Ele assentiu e seus olhos de joia cintilaram com interesse. Pela primeira vez estou vendo realmente os olhos de meu pai e no fundo eu posso ver a alma dele, o jovem do século XVII.

—Parece que dessa vez acertamos com a morfina. Diga-me do que se lembra do processo de transformação?

— Papai... – houve um momento de comoção geral. Senti Esme se encolher ao meu lado. Carlisle também sentiu e se retraiu - ...eu estava atordoada pela queimação. Minha mente ainda está um pouco entorpecida... Onde eu estou?

— Você está em seu quarto, na nossa casa nos Estados Unidos – disse Esme.

— Como? – o timbre de minha nova voz ainda me deslumbrava. Parecia que estava cantando quando apenas estava querendo falar.

Trouxemos você com o avião que eu aluguei – respondeu Carlisle.

— Você sabe pilotar?

— Sei sim. – os olhos de Carlisle se iluminaram, eu sei como vampiros gostam de velocidade, e ele deve ter voado muito rápido. - Esme ficou o tempo todo do seu lado. Não soltava você por nada.

Viro-me para Esme: Obrigada, mamãe.

Imediatamente ao me voltar para ela vejo um grande espelho e quero ir até ele. Antes que eu pudesse perceber já estou na frente dele. Esme soltou meu braço e eu me levantei. Me admirando diante do vidro polido posso contemplar minha pele, estranha ao meu toque, mas macia embora fosse dura como uma rocha. Reluzente e ainda mais pálida e translúcida do que quando eu era humana. Tinha um tom prateado ou perolado.

Vejo a minha aura arroxeada o que significa espiritualidade e intuição.

Sem pensar estou contemplando meus dentes novos que são brancos como a neve, como eu sempre sonhei. Estou mais magra do que era quando humana. Acho que o fogo queimou algumas gordurinhas. Que bom!

Eu estava tão bonita quanto minhas irmãs e minha mãe. Era fluída até mesmo imóvel, meu corpo agora esguio não lembrava em muita coisa meu corpo de antes, principalmente minha barriga que agora era chapada como eu profundamente sempre quis e vinha me esforçando para tal. A transformação me ajudou e acelerou o que eu vinha fazendo até ao resultado almejado. Meu rosto era pálido como a luz do luar. Meus cabelos castanhos-caramelo eram a moldura do rosto, que era uma oval perfeita. Meus braços e minhas pernas eram lisos, finos, mas fortes. Minha pele cintilava um pouco como se tivesse milhões de pequenos diamantes nela incrustados – na verdade são cristais de gelo talvez.

Minhas feições agora eram perfeitas e agora sim eram mais condizentes com o anjo que eu sempre imaginei que sou, e que meus colegas e amigos me diziam. Não pude me conter e abri um sorriso para a imagem. No reflexo se formou novamente um arco-íris de 8 cores.

Agora olhei ao redor e percebi meus irmãos. Bella era estonteante. Alice fascinante. Rosalie magnífica. Renesmee também era lindíssima. Dentre todas em especial minha mãe era alucinante. Sua beleza emanava do interior, do fundo do coração.

Emmett era enorme e aparentava ser agressivo, mas ele era brincalhão e sorriu ao perceber que eu o fitava. Edward era um belo rapaz com seus cabelos cor de bronze iluminados. Jasper era de longe o mais apavorante de todos. Agora eu podia ver todas as cicatrizes que ele tem. Seu pescoço e queixo estavam cravados de marcas. Como ele pode ter sobrevivido, mesmo sendo um vampiro, a tantos dentes rasgando sua pele?

Instintivamente senti-me encolher, em guarda. Qualquer vampiro que visse Jasper teria a mesma reação? As cicatrizes no rosto dele eram como alertas de perigo em um letreiro luminoso de neon.

Jasper percebeu a meu olhar para ele e sentiu minha reação. Ele me acenou assentindo.

A aura de meus irmão e irmãs era brilhante como a de meus pais. Alice apresentava um tom de amarelo pendendo para o laranja. Rosalie exibia um marrom avermelhado, assim como Emmett. Edward e Bella um rosa avermelhado Sendo que Edward tinha um tom de verde diferente de papai, acho que era serenidade. Jasper era cinza com laranja pendendo para o vermelho.

Esme aparece do meu lado e Carlisle a acompanha. Quando os dois estão juntos as auras deles se fundem numa só em completa harmonia. Num branco de equilíbrio perfeito. Carlisle fica um pouco rosa e Esme um pouco azul.

— Desculpe-me filha – disse Carlisle e foi como se meu coração tivesse derretido. – Sua sede deve ser desagradável. A voz dele tinha nuances aveludadas assim como a voz de mamãe. Era a sinfonia mais perfeita que qualquer instrumento criado pelo ser humano.

Bom, na verdade, até ele ter tocado no assunto a sede não era insuportável. Era controlada por outra parte na minha nova mente ampliada. Mas quando ele falou minha garganta começou a arder em chamas, como se um novo fogo tivesse sido acendido. Uma de minhas mãos tocou meu pescoço na tentativa de acalmar o calor.

Esme segurou minha mão livre, puxando-a gentilmente.

— Vamos caçar Carol querida. – a voz doce e aveludada de Esme me encanta. Posso ouvi-la para sempre. E de fato, eu vou.

Meus olhos se arregalaram de espanto com a proposta, e a queimação da sede foi substituída pela confusão.

Eu? Caçar? Como? Eu não sabia o que fazer. Esme percebeu meu sobressalto e sorriu encorajando-me.

— É instintivo filha. Vou lhe mostrar.

Fiquei petrificada, apavorada.

— Tenho a sensação de que você queria me ver caçar...

— Claro mãe, mas... não sei se estou preparada para isso.

Esme me sorriu com os olhos brilhantes me incentivando. Foi Carlisle quem falou:

— Vamos querida? – disse ele e acrescentou tão baixo que nenhum ser humano ouviria. – Não quero que sofra.

— Eu estou bem – disse por hábito, mas na verdade eu estava mesmo sedenta.

— Sempre tentando agradar os outros suprimindo suas vontades – ele passa o braço na minha cintura.

— Você é um tesouro, filha – Esme me beija sorrindo levemente. Agradavelmente.

...


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