Eu acordei em um pulo, de alguma forma queria chegar logo na escola. Na verdade, eu não vou mentir pra mim mesma, eu queria vê-lo, rir com ele, e talvez beijá-lo.
Liguei pra Allison enquanto comia alguma coisa antes de sair de casa, e ela atendeu com uma voz animada.
– Alli, já posso te buscar? - perguntei.
– Pode sim, Belle. Eu já estou pronta.
– Tudo bem, chego aí daqui a pouco.
– Tranquilo, só uma coisa. O que você e Justin fizeram ontem?
– Como assim? Ele falou alguma coisa? - perguntei apreensiva batendo a porta.
– Na verdade eu falei com Jack e ele disse que Justin tinha ido na casa dele contando que a noite tinha sido incrível. Por que não me ligou assim que chegou?
– Porque eu queria te contar tudo pessoalmente.
– Espero que me conte mesmo.
– Eu vou, não se preocupe. Agora eu vou desligar porque vou começar a dirigir, tudo bem?
– A gente se vê em alguns minutos.
– Combinado! - falei desligando o telefone.
Eu dirigia a caminho da casa de Allison com a minha cabeça longe, eu pensava no que ela tinha me dito. Justin tinha tido para Jack que a noite tinha sido incrível e eu não sabia o que isso significava, mas estava animada para descobrir.
Nem precisei sair do carro porque Alli, me esperava do lado de fora. Quando ela entrou, seu sorriso se alargou e ela me encarava com ansiedade e curiosidade.
– Já pode ir contando. - começou.
– Bom dia, Alli. - falei e ela revirou os olhos.
– Tá, tá. Agora me conta. - eu ri e acelerei o carro.
– Nós fomos patinar no gelo primeiro.
– Você sabe patinar?
– Agora, eu sei. No começo foi engraçado, porque eu era um completo desastre, mas aí ele veio falando para eu confiar nele e olhar nos seus olhos e aos poucos eu fui me soltando.
– Que lindo. - falou ela em um sussurro.
– E depois eu já conseguia até patinar sozinha e aí... - deixei a frase morrer no ar, mas Alli me encarou pedindo por mais.
– Aí o que? O que aconteceu?
– E aí a gente se beijou. - falei e ela pulou no banco.
– Ah, que lindo! E como foi? Ele beija bem? Como é a sensação?
– Nossa, Alli. Foi fantástico, meu coração estava acelerado, minha mente em pleno frenesi. - falei e ela bateu palmas.
– Vamos bater palmas para Justin Lancaster porque ele merece. Ele deixou você sem palavras.
– Sim, deixou. Depois fomos a um restaurante só que eu descobri qual restaurante era e não quis entrar, porque eu estava de jeans.
– Qual restaurante era? - perguntou.
– French. - falei e ela arregalou os olhos.
– Isso mesmo nada de jeans naquele lugar, mas então vocês não foram no restaurante? - perguntou curiosa.
– Agora entra a parte que você vai pirar. Ele me levou para comprar um vestido, salto alto e jóias. - falei e ela começou a bater palmas freneticamente.
– Ah meu Deus, Dolce e Gabbana? - perguntou e eu a encarei surpresa.
– Como sabe?
– Éramos melhores amigos, lembra? Ele ama essa loja.
– Ah, é verdade. Mas enfim, sim. Dolce e Gabbana. - falei e ela fingiu enxugar uma lágrima.
– Como não amar esse garoto? E o que mais? - perguntou curiosa.
Contei o resto da noite com riqueza em detalhes e Allison não fez comentários até eu terminar. Ela parecia estar tão animada quanto eu, ou talvez até mais.
– E agora vocês vão namorar? - perguntou e eu freei no sinal.
– Não sei, a gente não conversou sobre isso.
– Ah, mas acho que hoje vocês vão falar. - falou e eu dei de ombros.
– Eu só não sei como agir. Eu chego e beijo ele? Ou falo com ele como se a gente não tivesse se beijado?
– Espere ele reagir primeiro. - falou e eu assenti.
– Você tem razão. - falei e acelerei o carro.
>>o
Peguei minha bolsa e respirei fundo, saí do carro confiante. Caminhei com Alli em direção ao meu armário e tentei ao máximo não procurar por Justin no meio das pessoas.
– O que acha que vai acontecer? - perguntou Allison e eu dei de ombros.
– Estou tentando não criar expectativas. - falei e ela revirou os olhos.
– Por quê? Medo de novo? - perguntou e fechei o armário.
– Embora ele tenha sido um fofo comigo, ele ainda é Justin Lancaster. Eu ainda acho que ele vai acabar com o meu coração e me dar um fora, no fundo ainda penso que mesmo depois de tudo aquilo ele ainda é um idiota insensível.
Depois que eu falei isso, Justin passou por mim que nem uma bala. Tentei ir atrás dele, mas ele já tinha sumido na multidão.
– Será que ele ouviu o que você disse? - perguntou Alli.
– Não sei, mas porque ele ficaria assim? - comentei e ela revirou os olhos.
– Ora, Isabelle. Você só disse que depois de tudo o que ele fez ontem, você continua não acreditando que ele possa ser diferente com você.
– Eu conheço ele há menos de uma semana e ele quer que eu acredite que ele possa mudar tão rápido? - perguntei. Allison segurou os meus braços e olhou nos meus olhos.
– O que sentiu quando beijou ele?
– Não sei colocar em palavras. - falei ligeiramente assustada com a sua reação.
– Exatamente, e você já tinha se sentido assim?
– Não, nunca.
– Mas como se vocês se conhecem há menos de uma semana? - eu pisquei três vezes e ela me soltou. Naquela hora, eu me senti muito idiota. Como eu pude deixar ele ouvir aquilo? Na verdade, como eu pude falar aquilo?
– Eu estraguei tudo, né?
– Ah, finalmente a verdade. Só lhe resta consertar as coisas, milady.
– Ah droga, você tem razão.
Caminhamos em direção a sala de aula, no fundo eu queria que Justin sorrisse quando me visse e mostrasse que tinha guardado os nossos lugares como se nada tivesse mudado, mas não foi isso que aconteceu. Assim que entramos na sala percebemos que os atletas estavam de volta ao seu lugar de origem e que Justin mal levantou o olhar quando eu entrei. E isso me matou, o desprezo. Talvez no começo esse sentimento tenha impulsionado ele, mas me magoou tanto que sentei do lado oposto atrás de Allison.
– Ele ouviu o que você disse. Se você tinha dúvidas, acho que agora não tem mais. - falou Alli virando pra trás.
– Para de tentar me deixar pior. - falei colocando a cabeça entre mãos.
– Eu só quero que pense numa coisa muito boa para resolver isso.
– Vou pensar, eu vou conseguir.
De canto de olho, vi Jack olhando pra nós com curiosidade e Justin estava sorrindo, conversando com seus outros "amigos", como no primeiro dia de aula.
>>o
– Eu sinceramente, Allison, não sei o que fazer. - falei batendo o armário com força.
– E o que você quer que eu faça? Você que fez a besteira. - falou mechendo no cabelo.
– Eu tentei falar com ele, você viu. Na saída da segunda aula, eu gritei o nome dele. Mas Justin virou pra trás, depois continuou andando. - falei cruzando os braços.
– Eu vi amiga, eu vi. - Alli me abraçou de lado.
– Eu sei que mandei mal, mas se ele me desse pelo menos a oportunidade de conversar, talvez tudo poderia dar certo. - falei e Allison parou na minha frente decidida.
– Isabelle, ficar parada aqui não adianta nada. Quer saber? Quer conquistá-lo? Faça acontecer! Lembre-se do que você já conhece do Justin e use isso a seu favor. Ele gosta de espetáculos, de grandes dramatizações, mas também gosta de sinceridade. Junte isso e mostre que você também pode mudar.
– Mas eu tenho...
– Chega de ter medo, acabou. Já deu! Ou você dar um jeito nisso, ou vai perdê-lo. - falou. Eu encarei o nada por um tempo pensando no que fazer. Allison tinha razão, eu não podia mais ter medo senão eu ia perde-lo de vez.
– Now or never! - falei decidida. Allison sorriu orgulhosa.
– Assim que eu gosto. O que tem em mente?
– Você tem o número de Jack, não tem? Só garanta pra mim que Justin estará no refeitório agora. Não sei se eles vão almoçar hoje, mas faça Jack convencer Justin a ir almoçar lá. Por favor.
– Pode deixar. Now or never. - falou Alli saindo com o celular na mão. Ajeitei o meu cabelo rapidamente e minha maquiagem, respirei fundo e sorri.
– Now or never. - falei pra mim mesma.
>>o
Eu olhei para Alli que sorriu pra mim confiante, abri a porta do refeitório e procurei Justin no meio das pessoas. Jack me viu primeiro e acenou discretamente, Justin estava em pé perto da fila.
– Justin. - chamei. Ele virou pra mim, mas não esboçou reação.
– O que foi?
– Eu tenho que falar com você. - falei chegando mais perto.
– Acho que a gente não tem nada pra conversar. - Justin estava virando de costas pra mim, mas eu segurei seu braço.
– Acho que está na minha vez de correr atrás. - falei um pouco mais alto. Jack chegou perto e murmurou.
– Vocês estão fazendo uma cena. - olhamos em volta, todo mundo parou de falar de repente para nos ouvir. Todos pareciam prender a respiração.
– Não tem importância, eu tenho uma coisa pra dizer. E tem que ser agora. - falei.
– Por que eu deveria escutar você? - perguntou Justin olhando pra minha mão no seu braço.
– Porque eu escutei você quando me pediu no Central Park. - ele suspirou e eu soltei seu braço.
– Tudo bem, estou ouvindo.
– Eu sei que você escutou o que eu disse mais cedo e entendo porque ficou chateado... - comecei, mas ele me interrompeu.
– Se acha que eu realmente estava pensando nisso, está muito enganada.
– Deixa de ser orgulhoso, eu sei que sim. E sinto muito! Percebi que você tinha razão. As pessoas realmente podem mudar, mesmo que seja em apenas uma semana, elas podem ficar diferentes.
– Não parece convincente. - Justin ainda encarava o chão, então peguei o seu rosto e forcei a olhar pra mim.
– Se eu posso sentir algo tão inacreditável e incrível em apenas um beijo, acho que as pessoas podem mudar. - falei, Justin deu um pequeno sorriso de canto de boca sem emoção.
– Você acha que eu também não tenho medo, Isabelle? Eu poderia ficar com a garota que quisesse, mas insisti em você e isso me assustou. Mas ainda sim, eu não fugi. Você não sabe o tamanho da minha raiva quando você falou para Allison que ainda não confiava em mim depois de tudo que eu fiz para tentar mudar esse pensamento em você.
– Você está certo, eu sinto muito. Mas o meu medo era muito grande, mas quer saber? Eu não tenho mais. - falei e ele sorriu.
– Difícil de acreditar.
– Acredite, Justin. Porque as pessoas podem mudar! - mal terminei de falar e o beijei na frente de todas aquelas pessoas.
No fundo da minha mente, eu ouvia murmúrios de surpresa, a risada de Jack, e o "finalmente" de Allison, mas nada disso importava porque eu sentia as mãos de Justin na minha cintura. Sentia que ele me puxava contra seu peito, e eu o desejava mais do que antes.
– E isso quer dizer o que? - perguntou ele depois de um tempo.
– O que você quiser. - falei sorrindo.
– Pois bem, que assim seja. - Justin me beijou de novo e me levantou, girando comigo no meio do refeitório como em um (patético!) filme americano.
Justin Lancaster era meu namorado.