Como um Patético Filme Americano escrita por God Save The Queen


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Ao som de Ed Sheeran - All of the Stars
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/601302/chapter/7

Depois do nosso pequeno momento, entramos na sala meio perdidos. Pegamos o avental, o óculos e fomos em direção a uma mesa. Ficamos quietos por um tempo, presos nos próprios pensamentos a respeito do que tinha acontecido e do que dizer em seguida.
– Belle, eu... - começou ele, mas eu o interrompi.
– Você não tem que pedir desculpa. - falei e ele sorriu.
– Que bom, porque eu realmente achei que não deveria. Mas achei que você ia querer que eu disesse.
– Não, está tudo bem. Tecnicamente, você não fez nada de errado.
– Não fiz mesmo, eu nem te agarrei. - falou e eu sorri.
– Mas se aquele porta não fosse aberta... - comecei.
– Aí sim, mas como ela foi. Nada aconteceu, o que é uma pena. - comentou e eu bati no seu ombro.
– Controle-se. - falei e ele virou pra mim.
– Você falou que se eu fosse sincero com você, você seria sincera comigo. Então jogaremos limpo, Isabelle Dantas. - eu o encarei de volta.
– Pois bem, estou ouvindo.
– Se eu tivesse te beijado ali, você teria me rejeitado?
– Não. - falei sem nem parar pra pensar e ele percebeu isso porque sorriu virando pra frente.
– Continue sendo sincera comigo e consigo mesma que as coisas vão ser resolver mais rápido. - falou e me deu um beijo no canto da boca, quase nos lábios e eu olhei para ele surpresa.
– Está se divertindo, não é? - perguntei e ele sorriu.
– Não do jeito que está pensando. Gosto da sua companhia, você é uma garota diferente, Isabelle Dantas.
– Você já disse isso. - falei.
– Então, acredita.
Jack e Allison chegaram na sala rindo e acenaram quando nos viram, eles ficaram com a mesa na nossa frente, mas não falaram conosco.
– Sério isso? - perguntei.
– Eu não sei qual é a deles, mas está começando a me irritar. - falou Justin e eu sorri.
– Quer saber? Deixa eles, pelo que eu percebi você importunou o pobre Jack a noite toda com indagações a meu respeito, deixe-o em paz por enquanto.
– E a Alli? Por que ela dormiu na sua casa hoje? - perguntou e eu o encarei.
– Como sabe disso?
– Eu não tinha certeza, mas você acabou de me confirmar. Eu não vi você indo buscá-la hoje, mas mesmo isso vocês chegaram juntas.
– Nossa, Sherlock Holmes, anda prestando atenção demais em mim, não acha? - perguntei e ele deu de ombros.
– Está fugindo da minha pergunta.
– Eu e a Alli estávamos apenas conversando sobre algumas coisas. - falei e ele riu.
– Confessa que estava pedindo conselhos sobre mim. - falou e eu ri.
– Você não pode jogar a minha frase contra mim.
– Sim, eu posso e vou. Anda, Isabelle, confessa.
– E se eu tivesse? - falei e ele sorriu. Mas antes que pudesse responder o professor chegou e começou a falar algo que para mim era incompreensível.
>>o
– E então? Vocês vão almoçar com a gente ou vão continuar de conversinha? - perguntou Justin para Jack e Alli que estavam saindo da sala depois da nossa terceira aula.
– Ah, que isso cara? Ciúmes de mim? - comentou Jack me fazendo rir.
– Patético, McCartney. E então? O que vai ser? - falou Justin.
– Vamos almoçar com vocês. - falou Alli e eu sorri.
– Então vamos, antes que eu desmaie de fome.
– E o que foi aquilo tudo? - perguntou Justin
– Do que está falando? - perguntou Jack e Justin revirou os olhos.
– Vocês dois andaram a manhã toda juntos e não falaram com a gente nem "oi", ignoraram a nossa presença de um jeito muito esquisito.
– Passamos a noite toda com vocês, queriam que dissessemos mais o que? Isso tudo é carência de atenção? Vocês tinham um ao outro. - falou Alli e eu pisquei umas três vezes.
– Espera, acho que eu já entendi. - falei e puxei ela para o lado.
– Isso é um planinho para a gente se entender, não é? - perguntei e ela sorriu.
– Sabia que você era esperta. - eu revirei os olhos.
– Allison, isso é ridículo. Não somos crianças, não precisam nos colocar de castigo. Falta só nos trancar dentro de um lugar até que resolvamos os nossos problemas.
– Será que funciona?
– Allison!
– Olha, eu estou tentando ajudar. Você deveria ficar agradecida e não com raiva. Porque nós estamos dentro e fora desse história ao mesmo tempo e isso irrita, sabe?
– Eu sinto muito, mesmo. Você ainda gosta dele, né?
– Gosto, mas quer saber? Acho que estou aprendendo a gostar menos porque descobri que ele é muito complicado. De qualquer maneira a questão não é essa. - falou e eu levantei uma sobrancelha.
– E quer empurrá-lo pra mim?
– Ah por favor, Isabelle. Você é a rainha da complicação. Porque se não fosse por você, vocês dois já teriam se beijado, já teriam tido alguma coisa, e as coisas já estariam andando...
– Mas se eu fosse solta assim, ele provavelmente não teria se interessado por mim. - falei e ela deu de ombros.
– Que seja, só que agora já pode parar com o teatro. Beija logo ele, eu sei que você está louca pra saber como é. - eu ri diante dessa constatação.
– Errada, você não está.
– Então, pronto. Sei do que você tem medo e entendo, mas se você não arriscar, não vai saber.
– Pensarei com carinho.
– Ótimo, agora vamos comer. - falou ela.
Os meninos já estavam na mesa com as nossas bandejas e acenaram quando nos viram, como se a gente não tivesse percebido que eles estavam ali.
– Agora você pode me explicar que história é essa? - perguntou Justin assim que eu sentei.
– Jack e Alli acham que somos crianças e resolveram colocar a gente de castigo. - falei e eles se entreolharam sorrindo.
– Não entendi. - comentou Justin confuso.
– Eles acham que dando um gelo na gente, talvez possamos resolver os nossos problemas. - falei e ele revirou os olhos.
– Sério isso? - perguntou para eles.
– Sim, muito sério. Nós somos bastidores, mas vocês insistem em colocar a gente na história. Então, tínhamos que fazer alguma coisa. - falou Alli e eu suspirei.
– Nada tenho a declarar. - falei e comecei a comer.
– Isso não vai funcionar. - falou Justin.
– Acho que já está funcionando. - falou Alli sorrindo.
– Como assim? - perguntei e ela apontou pra gente.
– Vocês estão sentados um do lado do outro. As suas cadeiras estão praticamente coladas, o braço de Justin está em volta da sua cadeira, Belle e você nem percebeu. Sabe por que? Porque vocês estão se acostumando a ficar juntos. - falou ela e eu fiquei muito sem graça. Justin tirou o braço na hora e colocou em cima da mesa, eu afastei um pouco a cadeira e olhei pra ela.
– Isso não prova nada. - falei.
– Você pode ser várias coisas, Isabelle. Mas não é burra, é até bem espertinha. - falou Jack, eu olhei pra minha amiga em busca de apoio, mas ela parecia concordar com ele.
– Ah, que seja. - falou Justin. Ele puxou minha cadeira de volta e colocou o braço no lugar de antes, eu o encarei surpresa. - Que foi? Estávamos assim antes.
– Não, nada. - falei apenas e voltei a comer. Jack e Alli se entreolharam com um sorriso e começaram a comer também.
O resto do almoço foi silencioso, eu não estava afim de voltar a discutir com Alli sobre Justin, mas ainda não sabia como resolver o meu pequeno caso com ele.
>>o
– O que você vai fazer hoje? - perguntei para Justin.
– Nada, por que? Vai me chamar para sair? - perguntou.
– Mais ou menos. - falei e ele me encarou surpreso.
– Aonde quer ir?
– Quero patinar no gelo.
– Por que? - perguntou fechando o armário.
– Porque no Brasil não neva, então não tem como patinar em gelo de verdade lá.
– Você quem manda. Eu te pego ás 19 hrs.
– Combinado. - eu dei um beijo no canto da sua boca pegando ele de surpresa e saí, mas ouvi ele rindo.
>>o
– O que você está fazendo em casa tão cedo? - perguntei pra minha mãe assim aqui ela abriu a porta.
– Adiantei algumas coisas e saí mais cedo. - falou pegando água na geladeira.
– Você sabe que aqui a água pra beber sai da torneira, né? - falei e ela riu.
– Eu sempre esqueço, na verdade acho estranho.
– Eu também. - falei voltando para o meu quarto. Justin deveria estar quase chegando.
– Você vai sair não é? - perguntou curiosa entrando no meu quarto atrás de mim.
– Sim, eu vou sim.
– Com aquele menino de ontem?
– Sim, com ele.
– Qual o nome dele?
– Justin Lancaster. - falei me encarando no espelho mais uma vez.
– Você está bonita. - minha mãe sorria.
– Obrigada, acha que essa roupa está boa para patinar no gelo?
– Está ótima. Calça jeans é a melhor opção mesmo.
– Que bom. - eu estava passando batom quando a campainha tocou.
– Eu abro. - falou minha mãe correndo na frente me fazendo sorrir.
Eu me encarei no espelho mais uma vez, não queria fazer planos ou tomar nenhuma decisão precipitada, mas ao mesmo tempo estava ligeiramente ansiosa com essa "saída".
– Ah, hello. - ouvi Justin na porta.
– Justin, right? - perguntou minha mãe.
– Yes, Mrs. Dantas. Nice to meet you. - eu podia ouvir pela voz do Justin que ele estava sem graça.
– Mrs. Ribeiro. Nice to meet you, too. - falou minha mãe o corrigindo com um certo ar de divertimento. Achei que já estava na hora de intervir, antes que viesse as perguntas.
– Oi, Justin. - falei aparecendo no corredor.
– Ah, oi Isabelle. - falou levemente aliviado.
– Vamos?
– Sim, vamos. Tchau, Mrs. Ribeiro. - falou ele saindo.
– Tchau, mãe. - falei, mas antes de ir ela me puxou pelo braço e falou no meu ouvido.
– Allison tinha razão, ele é um gato.
– Ah meu Deus, mãe! - falei com uma vontade louca de rir.
>>o
– Então, você quer patinar no gelo? - comentou Justin.
– Sim, eu quero. Na verdade, eu estava planejando isso desde que cheguei, mas queria companhia.
– Allison não quis ir com você?
– Ela não gosta muito de patinar. - falei e ele riu.
– É verdade, eu lembro que quando a gente era criança ela era a primeira a cair e a última a levantar. - eu ri junto com ele.
– Eu tenho certeza que vou cair muitas vezes hoje. - falei e ele riu mais ainda.
– Acontece com todo mundo na primeira vez, não se preocupe. - falou sorrindo.
Estacionamos em frente a pista de patinação, eu estava com um friozinho na barriga que não era natural pra mim.
– Nervosa? - perguntou Justin.
– Não. - menti e ele deu um sorriso irônico.
– Tudo bem, então.
Justin foi direto pegar os sapatos de patinação enquanto eu encarava a pista com apreensão. Algumas pessoas tinham tanta habilidade quanto eu provavelmente teria, outras eram perfeitos dançarinos na pista.
– Toma. - falou ele me entregando os sapatos.
– Será que isso vai dar certo?
– A ideia foi sua, lembre-se disso.
– Está certo.
Assim que fiquei em pé, quase caí. Os sapatos eram pesados e difíceis de andar, eu fui me segurando na barra. Quando pisei no gelo, senti apreensão. Mas Justin segurou minha mão e me puxou devagar.
– Você tem que deslizar, e não andar. - falou e eu respirei fundo.
– Eu vou cair muito feio. - falei e ele sorriu.
– Não pense nisso nem por um minuto. Agora solta a outra mão da barra e segure as minhas duas mãos.
– Não, acho melhor não.
– Vamos, Isabelle. - falou e eu o encarei desconfiada. - Confia em mim.
– Tudo bem. - eu segurava as mãos dele com firmeza. Levemente Justin foi me puxando para o meio da pista e eu fui deslizando tentando imitar os seus passos.
– Está vendo? Você tem que deslizar com firmeza, não pode ter medo senão escorrega.
– Parece que está ensinando para uma garota de cinco anos. - falei e ele riu.
– Mas você tem a experiência de uma. Agora eu vou soltar uma mão. - falou e eu o encarei em pânico.
– Não, não faça isso. Eu o proibo.
– Você vai se dar bem, não se preocupe. Agora, vamos! - ele soltou uma mão e eu perdi o equilíbrio. Mas rapidamente agarrei na sua jaqueta e voltei a ficar em pé.
– Está vendo? Está vendo? - falei com uma voz meio chorosa, Justin ria cada vez mais.
– Você está com medo, não pode ficar.
– É fácil pra você falar, até porque já sabe o que está fazendo.
– Isabelle. Olhe nos meus olhos! - eu encarava o chão.
– Não, eu não confio em você!
– Mentira, se não confiasse em mim não me deixaria ensiná-la. Se não confiasse ainda estaria agarrada aquela barra. Agora, olhe nos meus olhos. - respirei fundo e olhei pra ele.
Seus olhos verdes transbordavam confiança, e eu soltei sua jaqueta. Sem tirar os olhos dele, segurei em apenas uma de suas mãos e deslizei para frente o levando comigo. Justin sorria e deslizou para direita, me obrigando a segui-lo. E aos poucos eu patinava por toda a pista de mãos dadas com ele, e os olhos grudados nos seus. Não falamos nada durante esse tempo, talvez para gravarmos melhor na memória, ou talvez para não estragar esse momento. Depois de muito tempo, Justin ameaçou soltar a minha mão e eu gelei.
– Confia em mim. - sussurrou e eu relaxei automaticamente.
Ele soltou minha mão devagar e eu deslizei sozinha pra frente, uma sensação de liberdade se apoderou de mim e eu patinei de olhos fechados por toda a pista. E de repente me vi de encontro a Justin que me olhava com um sorriso, ele segurou a minha cintura e rodou comigo me fazendo rir junto com ele.
Quando paramos, ele me encarou com curiosidade e uma coisa nova: desejo. Justin pegou uma mecha do meu cabelo e colocou atrás da orelha, eu respirei devagar, no fundo eu desejava isso desde a primeira vez que a gente se viu, mas de alguma forma queria bloqueá-lo. Justin encostou seus lábios nos meus devagar e algo dentro de mim se acendeu, entrelacei as minhas mãos atrás da sua nuca e o puxei para perto. E somente aí, Justin Lancaster me beijou de verdade. Ele também me puxou de encontro ao seu peito e meu coração se acelerou, a cada curva que sua mão fazia nas minhas costas era um arrepio na minha pele e eu queria mais e mais.
Justin Lancaster era viciante!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sem nada importante para dizer... :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Como um Patético Filme Americano" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.