Como um Patético Filme Americano escrita por God Save The Queen


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Ao som de Here Comes The Sun - The Beatles
Boa leitura!



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– O que vocês querem comer? - perguntou Justin furando fila na maior tranquilidade e parecia que as pessoas já estavam acostumadas com isso.
– Eu não sei, pode ser algo bem gorduroso. - falei e ele riu.
– Pizza, por favor. - dissemos juntos. Allison e Jack pediram hamburguer. Eu e Alli estavamos tão acostumados a sentar no canto que fomos direto pra lá.
– Meninas, vocês estão com a gente hoje. Então, por favor... - começou Justin e eu suspirei.
– Claro, desculpe. - falei.
– Se você um pouco mais simpática, não precisaria sentar no canto. - falou Justin.
– Não sei se você pode falar alguma coisa sobre simpatia. - falou Allison me fazendo rir acompanhado por Jack.
– Engraçadinha. - respondeu apenas.
– Seu passado te condena. - falei.
– Mas eu pretendo me redimir...
– Sem muito êxito, não é? - falei e Jack começou a gargalhar.
– Sabe Justin, eu acho que você deveria começar a comer a sua pizza antes que esfrie. - falou ele e Justin deu de ombros fazendo exatamente isso.
Por um momento ficamos todos em silêncio comendo, a nossa mesa começou a atrair os olhares. As pessoas que normalmente almoçavam com eles estavam sentadas atrás de nós e conversavam em voz baixa como se estivessem falando sobre a gente (e provavelmente estavam mesmo).
– Quando começa o campeonato? - perguntou a Alli.
– Mês que vem - respondeu Jack apreensivo.
– O que foi? - perguntei e eles se entreolharam.
– Estamos nervosos com esse campeonato.
– Por quê? - perguntei.
– Nós temos que ganhar, é a nossa última chance antes de ir pra faculdade. - falou Justin e eu entendi.
– Ah, claro. Último ano. - falei desconfortável
– Ano que vem você volta para o Brasil, Isabelle? - perguntou Justin e eu encarei meu pedaço de pizza.
– Ainda não sei, acho que vou me candidatar a faculdades aqui, mas não sei se minha mãe vai querer que eu fique. Nem eu sei se quero ficar ou voltar pro Rio.
– Sente falta do seu pai e do seu irmão? - perguntou Justin e eu o encarei.
– Não é isso, é só que eu gosto do calor sufocante. Da água gelada, da areia, vocês não entendem... - falei colocando as mãos na cabeça.
– Esquece isso, você tem tempo pra pensar. - falou Allison encarando o Justin com uma cara séria.
– Desculpa, eu não sabia que isso era um assunto proibido.
– Ah, só fica quieto. - falou Alli me fazendo sorrir.
– Deixa, Alli, está tudo bem.
O resto do almoço se seguiu mais calmo, falamos mais sobre o futuro (dos outros, não o meu). Descobri que o Justin e o Jack poderiam ser garotos legais quando não estavam flertando com ninguém, o que era algo muito positivo.
>>o
– Planos para hoje? - perguntou Justin.
– Ainda não, acho que vou fazer alguns exercícios de casa e só.
– Ótimo, pois vou te levar ao cinema. - eu parei e fiquei encarando ele por um momento.
– O que te fez pensar que eu aceitaria? - perguntei.
– O fato de eu ainda estar falando e não ter me chamado de idiota, saído batendo o pé e todo aquele teatro cansativo. - falou e eu revirei os olhos.
– E se eu realmente não quiser ir ao cinema com você? - perguntei e ele riu.
– Por que você não iria querer? Vamos, Isabelle. - eu fechei o meu armário e peguei a chave do carro.
– Eu estou com um mau pressentimento. - falei e ele riu.
– Acha que eu vou te agarrar? Não se preocupe com isso. Mas eu percebi uma coisa e estou disposto a mudar.
– A mudar o que? - perguntei curiosa.
– Você não gosta de Nova York. - falou e eu dei de ombros.
– Não, não é isso. Eu só...
– Sim, eu sei. Você gosta muito do Rio, mas eu vou fazer você se apaixonar por Nova York. E para isso você tem que colaborar. - falou e eu sorri.
– Tudo bem, Justin Lancaster.
– Ótimo, eu te pego ás 17 hrs. Esteja pronta!
– Eu estarei. - falei e ele saiu andando em direção ao campo para treinar.
Eu fiquei parada por um tempo pensando no que estava prestes a acontecer. Eu me sentia dentro de um filme americano e me sentia incomodada com isso, talvez porque normalmente esse casal fica junto no final, ou talvez porque para eles ficarem juntos acontece o clímax da história que é uma aposta (que já aconteceu, só para lembrar!). E nada disso, deveria estar acontecendo!
– Ah droga! - falei alto.
– Você está bem? - perguntou Alli atrás de mim.
– Não, não estou nada bem.
– O que aconteceu?
– Eu estou presa dentro de um filme idiota adolescente. - Alli ficou me encarando por um momento depois começou a rir.
– Você está brincando?
– Não, eu não estou. Você não percebeu que a minha vida está parecendo roteiro de filme americano e no final tem até um baile. - falei choramingando e ela sorriu.
– Para com isso, e agora me conte o que acabou de acontecer.
– Eu vou sair com o Justin. - falei e ela levantou uma sobrancelha.
– Tipo um encontro? - perguntou e eu parei.
– Não, nada de encontro. Esquece isso. - falei e ela suspirou.
– O que vai vestir? - perguntou e eu dei de ombros.
– Eu não sei. São duas horas da tarde, tenho três horas pra decidi. Agora vamos pra casa, não aguento mais ficar na escola.
– Sim, senhora.
>>o
– Alli? - liguei desesperada.
– O que foi? - perguntou preocupada.
– Eu não sei o que vestir. - falei e ela começou a rir.
– Você não tinha três horas para decidir?
– Agora eu tenho apenas uma e não sei o que fazer, me ajuda. - falei.
– Isso tudo porque não é um encontro? - perguntou e eu surtei.
– Cala a boca, Allison Freire e vem pra cá.
– Chego aí em vinte minutos. - falou e desligou o telefone.
Eu já tinha tirado tudo do meu armário praticamente, mas nada ficava do jeito que eu queria. Enquanto a Allison não chegava decidi pentear o meu cabelo e tentar não olhar pra hora que só passava cada vez mais rápido.
– Toc, toc. - falou ela tocando a campainha.
– Finalmente. - falei abrindo a porta.
– Sua fada madrinha chegou.
– Ah que ótimo, agora me ajuda. - arrastei Allison para o meu closet e ela encarou minhas roupas confusa.
– Nossa, como eu vou escolher alguma coisa nessa confusão? - perguntou e eu revirei os olhos.
– Só me ajuda. - falei pegando a escova para pentear o cabelo.
– Está bem, vai ajeitar o cabelo e fazer a maquiagem que eu escolho uma roupa pra você. Ele falou aonde vocês iam?
– Nós vamos ao cinema.
– Cinema, sério? - perguntou levantando a sobrancelha com um sorriso de canto de boca.
– Sem gracinhas, Freire. Só escolhe uma roupa.
– Tudo bem, Dantas. Faça o seu trabalho que eu faço o meu.
Eu comecei a ajeitar o cabelo e depois fui direto pra maquiagem, mas nada da Allison achar uma roupa. Eu já estava desesperada, porque o mais importante não tinha sido escolhido ainda faltando apenas dez minutos para às cinco.
– Achei. - gritou ela, um alívio geral se abateu sobre mim.
– O que escolheu? - perguntei e surge ela do meio das minhas roupas.
– Coloca isso logo. - Allison jogou a roupa pra mim e eu peguei no ar sem mal ver. Quando abri era um vestido de tecido, eu não tinha o visto.
– Onde achou isso? - perguntei sorrindo.
– Estava no fundo do closet, eu lembro que no dia da mudança fui eu que guardei ele.
– Ah graças a Deus. Agora pega um sapato e uma bolsa, por favor. - falei me encarando no espelho.
– Ficou bom? - perguntou ela me entregando as últimas coisas.
– Sim, está ótimo. Obrigada! - falei a abraçando.
– Foi um prazer, agora eu vou embora. Divirta-se.
Eu estava passando perfume quando Justin chegou, três minutos depois que Allison tinha saído. Eu não sabia o que esperar dele, porque embora ele fale que é meu amigo as coisas sempre estão tensas entre a gente. Até porque uma coisa eu não posso negar, ele é simplesmente lindo.
– Vamos? - falei e ele me analisou.
– Está bonita. - falou e eu fiquei sem graça.
– Obrigada. Nós vamos ao cinema não, é? - perguntei fechando a porta.
– Mudança de planos. - falou e eu o encarei confusa.
– Aonde vamos então?
– Nova York pode ter atrativos sim, Isabelle Dantas. Descobri algumas coisinhas sobre sua personalidade e acho que vai gostar do nosso passeio.
– Tudo bem, então. - eu estava animada e curiosa. Justin estava misterioso, e seus olhos brilhavam me deixando mais curiosa ainda.
>>o
– Aonde estamos indo? - perguntei pela milionésima vez.
– Se eu fosse dizer, já teria dito não acha? - respondeu pela milionésima vez.
– Eu estou curiosa. - falei e ele riu.
– Eu sei que está, mas por favor, fique quieta. Já estou ficando impaciente.
– Desculpe. - falei e comecei a encarar a janela do carro, o sol estava começando a se pôr e os prédios de Nova York estavam começando a sumir.
– Mas não precisa ficar quieta de vez. - falou e eu ri.
– Você falou pra eu ficar quieta.
– Sim, mas eu quis dizer para você parar de perguntar aonde estávamos indo. Mas pode conversar comigo porque eu odeio o silêncio.
– Tudo bem. Vai se candidatar a quais faculdades ano que vem? - perguntei e ele se mexeu desconfortável no banco.
– Parece que é só isso que as pessoas falam ultimamente.
– Mas é o que estamos vivendo no momento, não é? - perguntei e ele deu de ombros.
– Eu sei, mas é complicado. - falou e eu entendi aquele tom de voz.
– Problemas com os pais?
– Pois é, os meus pais querem que eu vá para Yale ou Princeton. Meus avós querem que eu tentem Oxford. - falou e eu pisquei duas vezes.
– Oxford? Na Inglaterra? - perguntei e ele sorriu.
– Sim, na Inglaterra. Meus avós são britânicos e minha família toda estudou em Oxford, menos o meu pai que se formou em Yale. Minha mãe se formou Princeton, e eu não tenho escolha. - eu o encarei por um momento e depois voltei a encarar a janela.
– E eu achando que tinha problemas... - falei e ele riu.
– Por isso que eu estou tão preocupado com o futebol esse ano. Se eu ganhar o campeonato e for o melhor jogador, eu consigo uma bolsa seja qual faculdade escolher.
– Vocês levam isso muito a sério aqui.
– Como assim? Os jovens no Brasil não querem fazer faculdade? - perguntou curioso.
– Não, não é isso. É que a pressão dos pais americanos, da sociedade americana de forma geral é muito grande. Lá no Brasil você faz faculdade, mas se não sair de casa as pessoas não te olham esquisito, sabe? Não existe tanta pressão quanto aqui.
– Talvez seja por isso que vocês pirem menos. - comentou e eu sorri.
– Talvez. - ficamos em silêncio por pouco tempo, até porque Justin começou a entrar em um território conhecido e eu levantei.
Eu conhecia aquele cheiro, eu olhava para todos os lados sem acreditar no que estava vendo e meu sorriso não tinha mais espaço para abrir.
– Você me trouxe para a praia? - perguntei e ele riu.
– Welcome to Long Island. - eu simplesmente não sabia o que falar, eu abri a janela e coloquei a cabeça pra fora como um cachorrinho.
Senti o vento batendo no meu rosto e o cheiro de maresia me atingiu, o sol estava se pondo no horizonte. O azul do mar e o laranja do sol estavam se misturando em uma aquarela de cores simplesmente fantástica, nada no mundo se comparava aquela vista.
– Isabelle, por favor, você pode entrar no carro que eu quero estacionar? - falou Justin e eu ri.
– Desculpe. - obedeci sem graça.
– Não tem problema, só sente no banco e espere uns minutinhos. - falou sorrindo.
Ele mal terminou de estacionar e eu já estava correndo em direção a areia, eu tirei os sapatos e afundei os meus pés na areia gelada.
– O que acha? - perguntou.
– Do que exatamente?
– De Long Island.
– Não é o Rio de Janeiro, mas é o mar. E eu estou muito feliz mesmo. - falei e ele sorriu.
– Muito bem, divirta-se. Não tem ninguém te olhando. Pode sair correndo. - falou ele e eu fui mesmo. Cheguei bem perto da água gelada, mas não encostei o pé, apenas encarei o mar.
– Justin, vem aqui. - falei e ele recusou.
– Eu vou deixar você curtir o seu momento.
– Ah, por favor.
Eu fui atrás dele que foi se afastando gradativamente me fazendo rir começando assim um "pique-pega" divertido, corríamos como crianças, eu jogava areia nas suas pernas e ele nas minhas. Depois de dez minutos assim, eu parei.
– Chega, cansei. - falei rindo e ele parou do meu lado.
– Você se cansa muito rápido. - falou rindo junto comigo. O pôr do sol estava quase no fim e eu voltei a encará-lo mais uma vez.
– É lindo, não acha? - perguntei e ele assentiu.
– Muito lindo. - falou. Nós estávamos bem perto um do outro e eu podia sentir sua respiração, ele se aproximou me encarando e eu pisquei.
– Não, muito filme hollywoodiano pra mim. - falei e ele sorriu.
– Para parecer um filme hollywoodiano, isso teria que ter acontecido. - antes que eu percebesse o que ia acontecer, Justin me puxou e me jogou sobre ele. Nós dois caímos na areia e eu fiquei encarando ele surpresa e sem saber o que fazer.
– Você é louco, Lancaster. - falei apenas e ele riu.
– Acho que já sabia disso. - eu estava em cima dele, ambos deitados na areia. Eu me sentia patética, mas mesmo assim não pensei. Cheguei perto o suficiente para que ele fechasse os olhos, mas beijei seu pescoço. Peguei no seu braço e senti sua pele se arrepiar, rapidamente um sorriso surgiu nos meus lábios.
– Eu ainda vou fazer você pedir por mais. - falei em seu ouvido. Antes que ele falasse algo, levantei batendo no vestido para que a areia saísse.
Justin levantou e sorriu, limpou suas roupas e não disse nada. O céu já tinha escurecido, caminhamos em silêncio em direção ao carro. Quase me arrependi do que fiz, achei que pudesse ter ido longe demais, mas pensei em todas as garotas que ele brincou e o arrependimento passou.
– Sabe, Isabelle Dantas, você é boa nisso. - disse depois de um bom tempo. Estávamos voltando para Manhattan.
– No que exatamente? - perguntei e ele deu um sorriso de canto de boca que eu confesso fez meu coração acelerar.
– Não seja ridícula, sabe do que eu estou falando.
– Eu sei mesmo, mas queria que você disesse.
– Eu não vou dizer. - falou e eu sorri.
– Um dia você vai, eu tenho certeza. - ele não respondeu, mas riu.
O resto da viagem se passou em silêncio, mas nada muito constrangedor. Eu encarava as luzes da cidade se acendendo aos poucos, como se o Natal tivesse chegado mais cedo.
– Hora de você conhecer outra parte legal de Nova York. - falou e eu o encarei.
– Aonde vai me levar? - perguntei e ele sorriu.
– Vamos para a Times Square.
– Eu já estive lá. - falei e ele assentiu.
– Eu deduzi que sim, mas hoje vai ser diferente.
– Como pode ter tanta certeza? - perguntei.
– Confia em mim?
– Odeio quando as pessoas respondem uma pergunta com outra pergunta. - comentei.
– Sei disso. Por isso eu faço.
– O que classifica você como um grande idiota irritante.
– Sei que isso é tudo da boca pra fora e que no fundo você gosta de mim.
– Só nos seus sonhos sórdidos. - comentei.
– O que faz você pensar que eu sonho com você?
– Eu sei que sonha.
– Esse negócio de egocentrismo está em um nível muito crítico até pra você.
– Cala a boca, Justin. - falei rindo e ele riu comigo.
Quando ele parou o carro, senti que tudo já era familiar pra mim mesmo morando ali por pouco tempo.
– Vem, Mrs. Dantas. O espetáculo vai começar. - eu saí do carro confusa.
– Como assim, espetáculo?
– Ande logo. - falou apenas e eu o segui morrendo de curiosidade.
Justin Lancaster me surpreendia.


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Notas finais do capítulo

Sinto muito de novo, pela edição horrível...



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