Como um Patético Filme Americano escrita por God Save The Queen


Capítulo 30
Capítulo 30


Notas iniciais do capítulo

Vocês estão muito tristes? Porque sinceramente, eu estou quase chorando.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/601302/chapter/30

>>o Ponto de vista: Justin
     Assim que Isabelle saiu com a Allison, eu fui atrás do Phelipe. Ele era meu amigo, meu amigo de verdade, mas ver a cara da Allison e o quanto devastada ela estava, acabou comigo.
     Eu o vi conversando com Jack e Abigail e percebi que provavelmente ela falaria que tinha chamado a gente quando viu como a Alli estava. Cheguei rapidamente e parei ao lado deles.
— Justin, Abigail falou que... - começou Phelipe, mas eu nem deixei ele terminar.
— Você é um idiota. - todos os três me olharam surpresos. Talvez pelo tom da minha voz, pela minha cara de completa indignação ou pelo o que eu disse.
— Ei, cara, o que aconteceu? - perguntou Jack.
— A Allison viu, Phelipe, ela viu você entrando no almoxarifado com a Meredith.
— Não... - falou Abigail surpresa. Phelipe me encarou em completo choque, depois colocou as mãos na cabeça.
— Mais que merda!
— Exatamente isso. Que merda! - falei e Jack virou para encará-lo.
— Você fez o quê?
— Como ela está? - perguntou Phelipe.
— Como você acha? Isabelle levou ela pra casa.
— Pra casa dela ou pra nossa casa?
— Pra casa de vocês. - antes de eu falar qualquer outra coisa, ele saiu correndo e eu saí atrás dele. Jack e Abigail vieram atrás. Segurei Phelipe pelo braço e o forcei a esperar.
— Eu tenho que falar com ela.
— Não, você não tem. Prometi pra Allison que levaria você pra minha casa e é isso que eu vou fazer.
— Não era pra ela ver aquilo... isso não é justo.
— Justo? Justo? Ela confiou em você, Phelipe. Ela te amava. - ele pareceu ficar em choque.
— Eu... eu... - ele não conseguia terminar a frase.
— Justin, leva o Phelipe pra sua casa. Acho que ele precisa esfriar a cabeça. - falou Abigail.
— Você se importa se eu ficar por aqui com a Abi? - perguntou Jack. Se fosse em outra situação, eu ia zoá-lo pelo apelido, mas não era momento pra isso.
— Não, cara. Fica e divirta-se.
— Tudo bem, boa sorte. - falou ele. Phelipe parecia só chocado, encarava o nada e pelo jeito não respirava.
— Depois eu ligo pra ver como a Allison está. E o Phelipe. - falou Abigail. Assenti e arrastei Phelipe pelo braço em direção ao carro da Isabelle.
— Me dá a chave do carro da Isabelle. - ele me entregou a chave sem olhar pra mim.
     Durante todo o trajeto ele não falou nada, não se mexeu, só encarou o nada e seus olhos estavam desfocados. A raiva que eu estava sentido se dissipou, Phelipe (provavelmente) pela primeira vez na vida era digno de pena. Liguei para Isabelle para saber o que estava acontecendo com ela, e como a Allison estava.
Hey.
— Oi, Justin.— a voz dela parecia mais cansada a cada sílaba.
— Como a Alli está?
— Devastada. Acabou de entrar no banho. Coloquei ela na banheira para tomar um banho quente.
— E como você está? - ela suspirou.
— Mal, Justin. Estou mal pela minha amiga e mal por ter sido o meu irmão o causador das lágrimas, então estou mal.
— Eu sinto muito, Belle.
— Eu sei. Ele está aí com você?
— Está, estou levando ele pra minha casa.
— E como... Como ele está?
— Sinceramente? Parece em choque, está estranho. Parece quase morto.
— Remorso?
— Provavelmente.
— Então cuida dele, aí. Boa sorte!
— Pra você também, te ligo mais tarde.
— Beijo.
     Estacionei o carro dela na garagem e arrastei Phelipe até meu quarto, felizmente não encontrei ninguém no caminho, não queria explicar porque eu chegava em casa tão cedo e arrastando uma pessoa que parecia quase doente. Ele sentou na cama e eu respirei fundo arrancando aquela gravata.
— Agora, me conta. O que aconteceu? - perguntei.
— Eu não... eu...
— Phelipe, eu preciso que você me conte. Cara, somos amigos. Você tem que confiar em mim.
— Ela deve me odiar.
— Sim, ela te odeia. Mas o que eu quero saber é se o ódio dela tem fundamento. Você traiu a Allison com a Meredith?
— Não.
— Espera, você traiu a Allison com outra pessoa?
— Eu não traí a Allison com ninguém.
— Mas ela falou que viu vocês entrando juntos no almoxarifado e que ela ouviu algumas coisas. Você estava com ela?
— Estava. - cocei a cabeça.
— Cara, por que...
— Eu sei que errei, Justin. Eu sei. A questão é que eu jamais trairia a Allison.
— Então que merda você estava fazendo com a Meredith? - ele respirou fundo.
— Quando a Allison foi ao banheiro, Meredith apareceu e me pediu pra ajudá-la algumas caixas que estavam ao almoxarifado. Eu sei que eu não deveria acreditar nela, eu sei disso. Mas no fundo eu... não sei o que eu estava pensando.
— E...
— E aí quando eu entrei ela trancou a porta. Primeiro fiquei surpreso, perguntei o que ela estava fazendo. Ela deu aquele sorriso e falou: "Agora que estamos sozinhos finalmente pode tirar essa camisa." Eu olhei pra ela meio sem acreditar, depois falei que ela era louca. E ela respondeu que estava com saudade do meu beijo.
— Vocês já...
— Já.
— Tenho certeza de que foi isso que Allison ouviu. Imagina, Phelipe o que pareceu pra ela? E depois, o que você fez?
— Eu confesso que parei por um tempo. Meredith é uma gata e estava bem ali na minha frente. Ninguém ia saber e tal, mas foi aí que eu percebi que eu amava a Allison. Eu não queria mais ninguém, eu queria ela. Só ela.
— E o que você disse pra Meredith? - ele olhou pro nada, como se recitasse palavra por palavra.
— Meredith, eu amo a Allison. E você provavelmente não entende isso porque nunca amou ninguém, mas eu espero que um dia você possa entender o porquê de eu não quero fazer isso e porque eu estou indo embora agora. E saí.
     Passei alguns minutos encarando Phelipe, ele parecia desolado, perdido. No dia em que ele descobre que realmente ama a Allison, as coisas dão errado. Dá tudo errado.
— Cara, eu sinto muito. - ele levantou.
— Eu tenho que falar com ela. - puxei ele de volta.
— Concordo, mas não agora. Ela não vai acreditar em você.
— Mas ela precisa acreditar.
— Eu acredito em você, tenta convencer a Isabelle e só depois conversa com a Allison. Deixa a poeira abaixar, se falar com ela agora só vai piorar as coisas.
— Vou ligar pra Isabelle.
— Pra quê?
— Pra saber como a Allison está. Eu preciso saber o que está acontecendo com a minha loirinha.
— Tudo bem, usa meu celular. Se você ligar do seu celular, provavelmente Isabelle nem vai atender.
— Okay. - ele pegou meu celular e resolveu fazer a ligação.

 

>>o Ponto de vista: Isabelle
     Assim que eu entrei com Allison em casa, ela encostou na parede e começou a chorar. Cada lágrima que caía era uma pontada que eu sentia no peito pela Allison e por ter sido o meu irmão o motivo das lágrimas. Isso acabava comigo.
— Alli. Alli.
— Eu... eu não...
— Não precisava falar nada. Vamos tirar essa roupa, essa maquiagem, você precisa de um banho quente.
     Arrastei ela pro meu quarto e a coloquei sentada na minha cama. Ela não soluçava mais, porém as lágrimas continuavam caindo sem parar. Peguei o demaquilante no banheiro e comecei a tirar a maquiagem do rosto dela, depois que seu rosto estava limpo tirei os grampos que prendiam seu cabelo e a ajudei a tirar o vestido.
     Preparei um banho quente na banheira e a deixei lá. Sentei na minha cama e coloquei a cabeça entre as mãos, eu não conseguia acreditar que o Phelipe tinha mesmo feito isso. Depois de todas as conversas, de todos os avisos, eu jamais imaginaria que ele... a Allison, não ela. Nunca ela.
    Parecia ter se passado uma eternidade quando meu celular tocou, era o Justin. Ele já tinha me ligado antes, então fiquei surpresa com a sua ligação.
— Justin?
— Não, Phelipe.— fiquei sem reação. Minha garganta parecia fechar. Eu só senti raiva e decepção.
— Você prometeu.
— Bel, eu...
— Você prometeu que nunca vacilaria com ela de propósito.
— Isabelle, eu sei que...
— Você prometeu! - a essa altura eu estava quase gritando.
— Eu sinto muito.
— Sente? Sente muito? Eu estou decepcionada com você. Eu esperava mais de você. O garoto que me abraçou quando eu tinha pesadelos, que me aconselhou, que conversou comigo sobre amor, esse garoto nunca faria isso com a Allison.
— Mas eu não...
— Então, Phelipe, estou magoada e decepcionada com você. Dá um tempo pra nós duas, está bem? Boa noite.
— Isabelle, escute eu...
     Desliguei o telefone sem ouvir o que ele tinha pra dizer, eu não queria ouvir o que ele tinha pra dizer. Allison saiu enrolada na toalha e eu me virei para encará-la. Seu rosto estava inchado e seus olhos vermelhos de tanto chorar.
— Era o Phelipe? - foi a primeira frase completa que ela falou desde que eu tinha descoberto o que tinha acontecido.
— Era sim.
— E o que ele queria?
— Bom, eu não sei. Não deixei ele falar.
— Não quero que brigue com ele por minha causa.
— Allison, olha eu...
— Vocês são irmãos, Isabelle. E o que aconteceu não tem nada a ver com o seu relacionamento com ele.
— Tem sim, tem tudo a ver. Ele prometeu pra mim que nunca vacilaria com você de propósito. Ele me prometeu.- ela fechou os olhos e ficou assim por um tempo.
— Eu preciso de sorvete e do Cd do Sam Smith. - eu sorri.
— Muito bem, Alli. Eu também.

 

>>o Ponto de vista: Phelipe
— E aí? - perguntou Justin me encarando apreensivo.
— Isabelle desligou na minha cara.
— Sinto muito.
— Tudo bem, eu mereço isso. - falei e Justin cruzou os braços.
— Cara, você não fez nada.
— Pra começar eu não deveria ter ido lá com ela, eu fui tão burro. Mas é que eu tinha que ter certeza que eu amava a Allison, não sei se foi por isso que eu fui, eu só sei que fui.
— Quer que eu converse com a Isabelle?
— Não, eu quero conversar com ela. Eu prometi uma coisa a ela e quero provar que mantive minha promessa.
— Você que sabe.
— Posso tomar um banho?
— Claro, fica a vontade.
— Valeu e obrigado por me deixar ficar aqui.
— Que isso, amigos servem pra isso.
     Eu estava me odiando, eu me odiava por magoar a Allison, por magoar a minha irmã. Me odiava por fazer a Alli chorar, me odiava por ter acabado com a minha relação com as duas pessoas que eu mais amava no mundo. Lembrei da frase que a Isabelle tinha me dito uma vez: "O ódio e o amor andam muito juntos, bem perto." Agora eu entendia.
     Eu não fazia ideia de como ia consertar isso, mas eu ia tentar. Eu tinha que tentar. Não podia deixar isso ficar desse jeito, eu não podia dormir sabendo que a Allison pensava que eu tinha traído ela. Eu jamais traí alguém na minha vida e não ia começar com ela, logo a que eu amava. Essa provavelmente ia ser a noite mais longa da minha vida.

 

>>o Ponto de vista: Allison
— Está se sentindo melhor? - perguntou Isabelle, apenas dei de ombros. A verdadeira resposta era dura. Não tinha a menor possibilidade de eu ficar bem tão cedo.
— O sorvete ajuda. - comentei apenas.
— Imaginei que sim. - nessa hora a campainha tocou e eu gelei.
— Será que... - comecei.
— Não, o Justin não ia deixar que ele viesse. - mesmo assim não fiquei tranquila, esperei Isabelle ir abrir a porta. Para minha surpresa era a Abigail.
— Ei, o que está fazendo aqui? - perguntou Isabelle e ela deu de ombros.
— Eu estava muito preocupada com a Allison. Justin contou pra mim e Jack. O baile já acabou.
— Ah sim, entra. Estamos comendo sorvete. - ela sorriu.
— Que bom, eu trouxe mais um pote.
— Obrigada, Abigail. - falei.
— Sem problemas. Contei uma história sobre a Allison estar passando mal pra justificar porque vocês quatro foram embora. Achei que ninguém precisava saber o verdadeiro motivo. - sorri aliviada.
— Você é incrível.
— Que isso, você nem ouviu a melhor parte.
— Tem uma melhor parte? - perguntou Isabelle.
— Claro que tem. Eu derramei sem querer ponche na Meredith. - não consegui controlar o riso.
— Você não fez isso.
— Claro que fiz. E não estou falando de um copo, estamos falando de toda a vasilha de ponche. - nós três rimos até a barriga doer.
— E o que ela disse?
— Nada, eu só disse: Você sabe por quê e ela me encarou com muita raiva.
— Uau.
— Sim, eu tirei foto. Querem ver? - e a partir daquele momento, Abigail tinha virado a segunda Isabelle.

 

>>o Ponto de vista: Justin
     Phelipe tinha entrado no banho e eu suspeitava que ele quisesse se afogar, mas eu não queria me meter. O cara estava sofrendo e com toda a razão. Antes de decidir se eu deveria ou não ligar para a Isabelle, escutei uma batida na porta do quarto. Para minha surpresa, era o Jack.
— O que está fazendo aqui?
— Marc abriu pra mim.
— Não aqui no meu quarto, aqui na minha casa. - ele entrou e sentou na cama.
— Abigail cismou que tinha que ir pra casa da Isabelle pra ficar com a Allison. Então eu resolvi vir aqui bater no cara que estragou a minha noite.
— Pode bater. - falou Phelipe saindo do banheiro.
— Ah, aí está você. - falou Jack levantando.
— Pode bater, eu não estou nem aí. - antes que eu tivesse que fazer alguma coisa, Jack parou e encarou Phelipe.
— Eu não esperava por auto piedade.
— Pois é. A mochila que você trouxe mais cedo está aí no closet. - falei e Phelipe assentiu e foi colocar uma roupa.
— O que aconteceu com ele? - perguntou Jack.
— Ele não traiu a Allison. - ele ficou me encarando surpreso.
— Como assim?
— Quer contar ou eu conto? - perguntei para Phelipe que vinha do banheiro.
— Não quero contar isso.
— Tudo bem. - e eu contei, contei tudo. Jack ouviu um momento com pura incredulidade, mas no fim assentiu.
— Que merda!
— Ótima conclusão, a melhor até agora. - falou Phelipe.
— E o que você vai fazer? - perguntou Jack.
— Ainda não sei.
— Você tem que contar o que aconteceu pra Allison.
— Sim, eu tenho. Mas eu não posso contar isso pra ela agora porque ela não vai acreditar em mim.
— A Abigail acredita em você. - eu e Phelipe olhamos pra ele surpresos.
— Como assim? - perguntei.
— Quando eu estava indo deixá-la na casa da Isabelle, ela me disse que achava que você não tivesse feito isso.
— Como ela poderia saber? - perguntou Phelipe.
— Ela disse que quando você descobriu que a Allison tinha visto você no almoxarifado, você não agiu como se tivesse culpado e sim amedrontado de perdê-la.
— Você devia ficar com essa menina, ela sabe das coisas.
— Isso porque você nem ouviu o que ela fez.
— Que foi?
— Ela jogou ponche na Meredith.
— Não... - falei.
— Sério, ela pegou a vasilha de ponche e jogou no rosto, no vestido da Meredith.
— Por que ela fez isso se acha que eu não traí a Allison?
— Porque ela acha que a Meredith aprontou alguma coisa. O que nós sabemos que é verdade.
— Essa Abigail... Talvez ela seja sua garota. - falou Phelipe e Jack deu de ombros.
— Como vou saber?
— Você vai saber, a gente sempre sabe. - Jack mudou de assunto, mas eu conhecia meu amigo ele estava pensando sobre isso.
— Acho que devíamos dormir. Amanhã temos a final do campeonato.
— Putz, é mesmo... - falei, com esse alvoroço todo eu tinha esquecido do acontecimento que eu estava me preparando praticamente a vida toda.
— Eu não sei se vou conseguir jogar. - falou Phelipe. Eu e Jack nos viramos pra ele chocados.
— Ah você vai jogar sim. Vai jogar porque todos nós temos coisas a perder. - falou Jack.
— Joga pra Allison, joga pra ela. Garante a sua entrada na faculdade para quando ela te perdoar vocês irem juntos pra faculdade.
— Quando ou se? - perguntou Phelipe sem emoção.
— Seja otimista, é só o que te resta.
— Bom, agora vamos dormir.
— Será que as meninas vão no jogo? - perguntou o garoto depressão.
— Sim, eles vão. Pode ter certeza. Agora. Gente. Dormir.
— Tudo bem, eu durmo na cama de cima. - falou Phelipe indo em direção ao quarto de hóspedes. Quando ele saiu, Jack virou pra mim com uma cara extremamente séria.
— Você acha que ela vai voltar pra ele? Seja sincero. - cocei a cabeça meio sem jeito.
— Sinceramente? Espero que sim. A Allison foi a melhor coisa que aconteceu ao Phelipe e não sei se ele aguenta sem ela.
— Ele já viveu sem ela antes. - dei um sorriso sem humor.
— Você não sabe como é ter uma garota, sabe? A Garota. Quando você descobri, vai entender.
— Do jeito que vocês falam parece que a tal garota é a única coisa que faria você sobreviver em uma ilha deserta. - dei uma piscadela.
— Na verdade, A garota é a única coisa que você ia querer em uma ilha deserta.
— E tem diferença?
— Tem e espero que um dia você descubra.
     Jack assentiu e foi pro quarto, eu ainda estava vestido com a roupa do baile, então fui tomar banho pra esfriar a cabeça e tentar me concentrar para o jogo de amanhã. Mas antes que eu pudesse sequer tirar a camisa, meu celular tocou. Era a Isabelle.
— Hey.
— Oi, Justin.
— Oi, Isabelle. Como estão as coisas por aí?
— Depois de muito tentar, eu e Abigail conseguimos colocar a Allison pra dormir.
— E como ela está?
— Comeu sorvete, ouviu I'm Not the Only One , do Sam Smith milhões de vezes e chorou, muito. E por aí?
— Phelipe está destruído. Pensou até em não jogar o jogo de amanhã.
— Putz, é mesmo, amanhã é a final. Mas ele vai?
— Espero que sim.
— Bom, foi ele que buscou isso.— queria muito fazê-la entender que ele não tinha traído a Allison, mas tinha feito uma promessa que eu não contaria nada.
— Não sei, Isabelle.
— Abigail acha que ele não fez isso.
— Jack falou. Mas ela falou isso pra Allison?
— Não, ela conversou sobre isso comigo.
— E o que você acha?
— Sinceramente, eu não sei. Allison falou que viu e ouviu, tenho que acreditar na minha amiga.
— Bom, acho que você devia escutar o seu irmão.
— O que ele disse?
— Conversa com ele. - ela suspirou.
— Amanhã. Agora, boa noite.
— Boa noite.
     Essa situação toda me fez pensar, já estava mais do que na hora de contar pra Isabelle sobre Oxford. O problema é que eu ainda não tinha decidido se ia pra lá ou não. Se já tinha esperado esse tempo todo, dava pra esperar mais um dia.

>>o
     Era o dia, o grande dia. O dia que eu estava esperando. O clima estava perfeito, o campo ideal e até os meus pais iam estar lá, o que pra eles era um grande feito. O meu único problema era o Phelipe.
     Tinha o passado o dia inteiro tentando convencê-lo de que jogar era a melhor coisa que ele podia fazer, ele até tinha treinado, mas não estava lá muito confiante pra jogar. Já estava na hora de sair de casa e Phelipe ainda não tinha decidido.
— Eu não estou no clima de jogar.
— Por favor, você tem que jogar. Tem que.
— Mas eu estou deprimido. - respirei fundo.
— Cara, se você não quer fazer pela Allison ou por você, faz por mim. Pelo garoto que te deu uma cama pra dormir enquanto todo mundo te odiava. Se você não jogar vai ferrar com a minha vida. - Phelipe ficou me encarando por um tempo e depois deu de ombros.
— Foi o pior discurso que eu já ouvi. Não fez com que eu me sentisse melhor.
— A questão é por favor, joga.
— Tudo bem, tudo bem. Eu jogo, mas vai ter que me ajudar com a Isabelle.
— Fechado.
— Já contou pra ela sobre Oxford?
— Ainda não.
— Então conta logo. É horrível quando descobrem alguma coisa que não dá tempo de contar. - fiz uma careta.
— Mas no meu caso é uma situação muito mais fácil. - ele deu uma risada sem humor.
— Tão fácil que você está enrolando pra contar.
— Vai se ferrar. Agora, temos um jogo pra ganhar.
— Com certeza.
     Antes de sair de casa, tinha avisado a Isabelle que estava indo. Ela já tinha arrastado Allison para o jogo que para nossa surpresa, fez questão de ir. Jack já estava lá me esperando e eu estava começando a ficar ansioso.
     Eu e Phelipe não conversamos muito no caminho, na verdade eu passei boa parte do tempo assobiando e tentando levar a minha mente pra outro lugar.
  Os corredores da escola estavam vazios, já estava todo mundo na arquibancada, foi uma caminhada um tanto deprimente para o vestiário. Ainda não tinha pensado no discurso que eu faria para o time, já que o discurso era pra motivar e eu estava uma pilha.

 

>>o Ponto de vista: Allison
     Eu já tinha decidido que faria isso antes mesmo de chegar á escola, eu precisava falar, precisava fazer. Por mim, para me sentir melhor. Falei qualquer coisa pra Isabelle e saí da arquibancada em direção ao vestiário.
    Fiquei de frente pra porta e respirei fundo, eu ia fazer isso porque eu precisava me sentir melhor e ele precisava ouvir o que eu tinha a dizer. De acordo com Isabelle, ele não estava querendo jogar e isso só ia piorar as coisas. Ajeitei o cabelo e abri a porta com força.
    O choque e surpresa foi geral, os meninos iam parando e me acompanharam com o olhar. Alguns estavam de toalha, outros de cueca, mas o garoto que eu queria, o único que importava estava de costas e devidamente vestido.
— Phelipe Dantas. - ele se virou para me encarar em completo choque.
— Allison, o que você...
— Escuta aqui. Eu cansei, cansei de chorar por você, cansei de pensar em mil maneiras de te perdoar, cansei de tentar transferir a culpa pra mim. Você é o patético, você é o idiota que acha que pode conseguir quem quiser. Você é decepcionante, frustrante e está virando um nada pra mim. Se a sua intenção era acabar comigo, acredite não vai funcionar. Não preciso de você pra seguir com a minha vida e pelo que eu sei, você precisa bem menos de mim.
— Allison, olha...
— Cala a boca que eu não terminei. - ouvi exclamações de todo o vestiário, eu não sabia que eu estava falando tão alto e que todo mundo tinha ficado em silêncio pra ouvir. - Você vai entrar naquele campo hoje e vai ganhar essa merda porque você pode até ter estragado a sua vida, mas não vai estragar a vida dessas pessoas que dependem de você. Tenha uma boa vida, Phelipe Dantas.
     Saí do mesmo jeito que entrei com pura confiança, eu era dona do mundo, podia fazer o que quiser. Quase podia ouvir Crazy in Love, da Beyoncé tocando ao fundo para que eu passasse com os cabelos ao vento. Phelipe não ia estragar minha vida e eu queria muito acreditar nisso.

 

>>o Ponto de vista: Phelipe
     Assim que Allison saiu teve um delay de alguns segundos em que ninguém falou nada por causa do choque, mas passado esse tempo todos me zoavam. Justin e Jack eram os únicos que não riam, só me encaravam surpresos.
— E o que você vai fazer? - perguntou Justin.
— Como assim?
— Vai deixá-la ir embora assim? - retrucou Jack.
— Não, acho que não. Não sei.
— Acho melhor você pensar em alguma coisa.
— Vou pensar, vou pensar. - falei sem muita confiança.
     Pegando emprestado as palavras da Allison, eu ia ganhar essa merda aqui por mim e por ela. Já estava na hora de eu tomar uma posição, e essa final ia ser épica.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Como um Patético Filme Americano" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.