Como um Patético Filme Americano escrita por God Save The Queen


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que vocês vão ficar com raiva, eu também estou em solidariedade a vocês...



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>>o No dia do baile

>>o Ponto de vista: Isabelle
— Hoje o dia vai ser incrível. - falei pulando de alegria. Allison e Phelipe tomavam café da manhã enquanto eu lavava a louça da noite anterior.
— Espero que sim, eu já reservei horário no salão e já combinei o horário para buscar os nossos vestidos na costureira e tudo vai dar certo.
— Vamos estar lindas e deslumbrantes.
— Mais lindas e mais deslumbrantes.
— Vocês duas estão parecendo meninas de 15 anos com a primeira festa. - falou Phelipe fazendo careta.
— Não seja antipático, hoje o dia está cheio e nem você pode tirar o sorriso do meu rosto. - falei.
— Eu sou bom nisso, hem...
— Você é um saco. Allison, eu vou na casa do Justin agora levar o smoking dele. Quando eu tiver saindo de lá eu te ligo para você me encontrar na costureira.
— Tudo bem.
— Vou tentar não demorar muito e vocês, sem distrações. - Phelipe soltou uma gargalhada.
— Distrações é comigo mesmo.
— Bom dia pra vocês. - peguei a chave do carro e saí sem ver se eles já estavam se pegando.
     Era um dia quente, pelo menos um quente para Nova York, eu já tinha buscado o smoking de Justin no dia anterior e prometido que levaria pra ele. A mãe de Justin, Mrs. Miranda Lancaster, estava reformando a casa e as coisas estavam meio loucas quando eu cheguei lá.
— E aí, Marc? - falei e ele sorriu.
— Estava sentindo falta da senhorita no café da manhã.
— Acho que Justin tem ido muito lá pra casa. - ele soltou uma risada.
— Pelo jeito que ele fala, não o suficiente. - tive que rir também.
— Acho que nunca é o suficiente. Você sabe onde ele está?
— Está em seu quarto, quer que eu vá chamá-lo?
— Não, não precisa. Vou até lá, obrigada.
— De nada, é sempre um prazer.
     Subi as escadas carregando o smoking e cheguei a conclusão de que estava acabando quando percebi era o fim do ano e eu nem vi. Bati na porta apenas uma vez e ele veio abrir.
— Isabelle?
— Oi, vim trazer o smoking.
— Ah, claro. Entra aí. - Justin vestia apenas uma bermuda de moletom, sua cama estava uma zona o que indicava que ele tinha acabado de acordar.
— Estou atrapalhando alguma coisa?
— Claro que não, eu acordei faz pouco tempo e estava estudando as táticas pro jogo de amanhã.
— Ei, não se preocupe. Vocês vão ganhar o campeonato, eu tenho certeza.
— Espero que você esteja certa.
— Não foi a primeira vez que vocês chegaram a final?
— Não gosto de admitir, mas graças ao seu irmão. Acho que ele vai ganhar uma bolsa muito boa pra faculdade.
— Espero que sim, fico feliz por ele.
     Justin ficou me encarando por um tempo, seu olhar parecia me decifrar de uma maneira assustadora.
— Aconteceu alguma coisa? - soltei um suspiro.
— Está acabando. - ele sorriu.
— Queria ficar na escola pra sempre?
— Claro que não, mas mesmo assim... - ele me abraçou.
— Eu sei, eu entendo. - fiquei um tempo em silêncio, me afastei um pouco para olhar seu rosto.
— Você andou malhando mais? - ele riu.
— Você percebeu.
— Claro que percebi, está cada vez melhor.
— Obrigado. Soube que você está correndo também.
— Ah é? - ele deu um sorriso nada inocente.
— Será que eu posso ver se está fazendo efeito?
— Não sei não, estou com um pouco de pressa.
— Tem certeza? Pensa bem. - olhei de novo para seu corpo malhado e sorri.
— Acho que você deve trancar a porta

>>o
— Eu sei, Allison, eu andei meio ocupada.
— Ocupada? Acho que alguém andou espiando o corpo do namorado.— fiquei meio sem graça, mas ignorei.
— Estou indo pra lá. Pode sair daí.
— Estou saindo e só pra você saber não foi a única que andou ocupada.— revirei os olhos.
— Imaginei isso, você e Phelipe sozinhos é um perigo.
— Acho que depende do ponto de vista.
— Dez minutos, Allison.
— Sim, senhora.
     Eu estava animada com a noite, estava feliz que eu pudesse passar esse momento com os meus melhores amigos. Passamos a última semana ajudando Abigail com algumas coisas do baile principalmente porque queríamos conhecer melhor o par de Jack. Ela era uma garota incrível, engraçada e inteligentíssima, não sei como não tínhamos conhecido ela antes. Talvez porque somos um grupo muito fechado, e isso ás vezes atrapalha no quesito conhecer outras pessoas.
     Allison estava parada em frente a loja com uma cara engraçada, ela parecia sorrir de um jeito meio bobo. Esse é o tipo de expressão que você faz em público, mas que não queria que ninguém visse.
— Desculpe pela demora. - falei, ela se assustou um pouco com a minha presença. Estava visivelmente distraída.
— Tudo bem, sem problemas. Foi por uma boa causa.
— Sim, foi. Vamos?
— Com certeza.
     A loja estava cheia, reconhecendo um grupo de meninas da escola e uns garotos sentados nas poltronas com uma cara que identificava que eles queriam estar em qualquer outro lugar.
— Bom dia meninas. Posso ajudar? - perguntou a atendente gentil.
— Pode sim, nós viemos pegar o vestido e se der a última prova. - falei.
— Ah claro, o baile. - falou entre sorrisos.
— Isso mesmo.
— Venham comigo.
     Andamos até uma salinha no fundo da loja, no caminho vimos vestidos lindos de cores diferentes, várias meninas pegando cinco, seis, sete vestidos para experimentar. Era uma loucura.
— Então, seus nomes... - ela se sentou atrás de uma escrivaninha e pegou um grande caderno preto.
— Isabelle Dantas e Allison Freire. - falei.
— Muito bem, podem ir pra cabine 5 e 6 que eu vou pegar os vestidos.
— Obrigada. - enquanto ela saía eu encarei Allison com o olhar apreensivo.
— Estou ansiosa pra ver como ficou. - falou ela.
— Sim, eu também. Já sonhei com esse vestido. - falei.
— Não gosto de admitir, mas eu também.
     A cabine 5 era grande com dois bancos e prateleiras, fiquei me encarando no espelho enquanto esperava pela antendente. Meu cabelo estava preso em um coque alto, até porque saí meio as pressas da casa de Justin. Sem conseguir evitar, sorri com a lembrança.
— Bom querida, aqui está. Se precisar de ajuda pra vestir é só chamar. - assenti sorrindo.
— Tudo bem, obrigada.
     Coloquei ele na minha frente e sorri, ele estava magnífico. Coloquei ele com todo o cuidado e me virei para o espelho com um enorme sorriso. O vestido era dourado e branco; dourado no busto com um decote simples, nada muito profundo; a saia era branca e descia reta com apenas uma ondulação na fenda; e as costas era nua com algumas correntinhas prateadas fazendo um V. Sem palavras!
     Saí da cabine e bati na da Allison, ela saiu e me encarou com um sorriso no rosto. Seu vestido era bem diferente do meu, pra começar ele era preto; com uma fenda enorme; a saia descia reta com transparência abaixo do joelho; uma faixa de pequenas pedrinhas na cintura e as costas nua até o quadril.
— Uma palavra: Sexy. - falei e ela sorriu.
— Você gostou?
— Se eu gostei? Eu adorei.
— Você acha que Phelipe vai gostar? - soltei uma risada.
— Tenho certeza que ele vai amar. - ela soltou um suspiro de alívio.
— Bom. Você está magnífica.
— Acha?
— Com certeza, ele ficou lindo com seu corpo. Modelou nas medidas certas, você está incrível.
— Obrigada de verdade.
— Agora que já está tudo certo, vamos embora. Perdemos a manhã toda nessa brincadeira, já está na hora do almoço e ainda temos muita coisa pra fazer hoje.
— Está certo, vamos.

>>o
— Finalmente você voltou pra casa. - falou Mrs. Freire, a mãe da Allison. Decidimos comer na casa de Allison porque na minha casa não tinha comida e eu não estava afim de cozinhar, muito menos gastar dinheiro.
— Mãe, sem drama. Quer ver os nossos vestidos?
— Com certeza, eu estou tão animada.
— Oh, vou me arrumar na casa da Isabelle, tudo bem?
— Por que você não se muda de vez pra lá? - o tom de voz dela era irritado e eu fiquei meio sem jeito.
— Porque daqui a pouco eu vou pra faculdade e não faz nem sentido. - o tom de voz de Allison era surpreendentemente calmo.
— Não seja ridícula, seu pai nunca deixaria você se mudar pra casa do seu namorado.
— Eu também não estou falando sério, querida mãe. Agora, podemos almoçar? - Mrs. Freire fez uma careta, mas entrou na cozinha pra buscar o almoço.
— Allison, eu... - ela me cortou.
— Eu sei o que você vai falar, então não fale.
— Mas Alli...
— Não, Isabelle. Eu sei o que eu estou fazendo, eu não quero dormir todas as noites aqui.
— Ainda acho que você devia passar mais tempo com os seus pais... - ela deu uma risada irônica.
— Você não tem nenhuma credibilidade para falar sobre esse assunto. Você quase nunca vê seus pais e tinha uma relação horrível com seu pai. - fiz uma careta.
— Tudo bem, tudo bem. Você está certa.
— E como estão os seus pais?
— Felizes. Minha mãe está cada vez mais animada com a ideia de namorar o meu pai.
— E eles continuam morando em países diferentes? - dei de ombros.
— Sinceramente, não sei como vão resolver isso. De vez em quando eu falo com minha mãe e ela está no Brasil, ou ligo pro meu pai e ele está na Flórida.
— Isso é realmente impressionante.
— Acho que incomum se encaixa melhor.
—É, isso também.
— Bom, o almoço está servido meninas. - falou Mrs. Freire.
— Obrigada, Mrs. Freire. - falei e ela sorriu.
— Sem problemas, é mais que um prazer.
     Allison e eu comemos rapidamente, sem muita conversa e sem olhares trocados. Já estávamos um pouco atrasadas para ir ao salão, eu estava uma pilha. Tudo ia ter que sair conforme o planejado.
— Eu sei que você está chateada, mãe. - falou Allison de repente, levantei a cabeça e procurei o olhar da mãe dela. Parecia bem surpresa.
— Sabe?
— Sei, e prometo que depois dessa noite vou passar mais tempo em casa. Sei que de repente vou sair daqui e ir pra faculdade, mas ao mesmo tempo eu já tenho a minha vida.
— Eu sei disso, Allison. Eu só sinto falta da época em que você precisava de mim.
— Eu ainda preciso de você. - Mrs. Freire sorriu.
— Bom, chega de sentimentalismo. Acho que vocês têm uma reserva no salão, certo?
— Exatamente. - falei e Alli levantou.
— Vou tirar muitas fotos pra você ver, eu prometo. - falou ela.
— Obrigada, agradeço. Agora vão.
     Allison deixou o carro dela em casa e partimos do meu em direção a uma tarde inteira de puxões, pinceladas e revistas de moda, vulgo salão de beleza.

>>o
     O dia passou sem que a gente percebesse, passei o dia todo com pessoas em volta de mim fazendo a minha unha, sobrancelha, cabelo, depilação, maquiagem e todo o tipo de coisa que fazemos pra ficar um pouco mais apresentável. Allison parecia sempre muito entediada, de acordo com ela "as músicas do meu celular vão acabar antes que essa tortura acabe". Puro exagero.
— Allison, já terminou? - perguntei. Já estava na hora de ir pra casa, tínhamos apenas 40 minutos para chegar em casa e terminar de se arrumar.
— Finalmente, sim. Parecia que isso não ia ter fim.
— Você é toda menininha, não achei que odiasse o salão. - ela deu de ombros.
— Não importo de fazer uma coisa ou outra, mas o dia todo é uma tortura.
— Que seja, agora está na hora de ir pra casa.
— Vamos lá.
     Tem alguns momentos em que eu queria estar no Brasil, como quando eu estou com pressa e não posso correr porque a lei americana não deixa. Se eu acelerasse o carro mais um quilômetro ia aparecer um policial na minha traseira em segundos.
     Mais tarde do que eu gostaria chegamos em casa, tinha um bilhete de Phelipe avisando que ele ia se arrumar na casa de Justin porque o smoking dele foi pra lá por engano.
— Melhor assim, Alli. Podemos nos arrumar com sossego agora.
— Tudo bem, eu vou pegar os vestidos enquanto você toma banho.
— E como eu vou fazer isso sem molhar o cabelo ou estragar a maquiagem?
— Banheira.
— Ah, claro. - já saí pegando a toalha.
— Não demora, Isabelle.
— Você pode ir tomando banho no quarto do Phelipe.
— É o que eu vou fazer.
     Tomei o maior cuidado possível pra não estragar o cabelo, nem a maquiagem que já estavam prontos. Demorei no máximo 10 minutos no banho, eu não queria me atrasar pro baile de jeito nenhum. Quando eu saí, meu vestido estava esticado em cima da cama, mas sem sinal da Allison.
— Allison Freire, saia logo dessa água. - gritei na porta do banheiro do Phelipe.
— Eu vou ficar o tempo que for necessário, Isabelle. Pode começar a se arrumar.
— Não nos atrase.
— Vai logo.
     Meio a contra gosto obedeci, com o maior cuidado vesti o vestido e passei uns cinco minutos me olhando no espelho sorrindo, simplesmente porque eu não conseguia colocar em palavras o que eu estava sentindo.
— Você está realmente linda. - falou Allison da porta.
— Você também está magnífica.
— Obrigada. Agora, você sabe onde eu coloquei meu sapato?
— Procura nas bolsas que eu trouxe do carro, eu as deixei no closet.
— Espero muito que estejam lá.
— Eu também, aproveita e pega o meu.
     Enquanto Allison ia a caça dos nossos sapatos, meu celular tocou na sala e eu corri para atendê-lo, era o Phelipe.
— O que você quer?
— Olá pra você também, maninha.
— Estamos nos arrumando.
— Imaginei. Mas eu liguei para saber se vamos pra aí, ou se vocês vão vir pra cá.
— Não sei o que sugere?
— Por mim a gente podia combinar aí. Eu e Justin já estamos prontos e Jack foi buscar Abigail.
— Então tudo bem, podem vir. Marca com o Jack aqui também.
— Okay, e só pra você saber eu vou com o seu carro.
— Por que não vamos todos em um único carro?
— Porque se não ficamos muito presos. Justin leva você, eu levo a Allison e Jack a Abigail.
— Vocês estão tramando alguma coisa? - ele riu.
— Eles eu não sei, mas eu estou sempre tramando alguma coisa.
— Que seja. Tudo bem, podem vir.
— Ótimo, até daqui a pouco.
— Até.
    Assim que desliguei o telefone, Allison apareceu na porta do quarto segurando os nossos sapatos. Suspirei de alívio e fui ao seu encontro.
— Acabei de falar com o Phelipe.
— E?
— Eles estão vindo pra cá.
— Tudo bem, nós vamos no carro de Justin?
— Eu vou. Você vai no meu carro com o Phelipe e Jack está vindo com a Abigail no carro dele.
— Ótimo. Sabe, Belle, fico feliz que Jack esteja indo com alguém legal.
— Eu também. Ele é um garoto legal demais para levar qualquer pessoa.
— Falando em qualquer pessoa, você sabe quem é o par da Meredith?
— Eu soube que metade do time convidou ela - comentei fazendo uma careta.
— Ela é uma vaca, mas é muito bonita. Isso não podemos negar.
— Infelizmente sim, mas então quem vai com ela?
— Aquele tal de Ian que andava com o Justin.
— O que tem um corpo excepcional? - ela soltou uma risada.
— Esse mesmo.
— Meredith pode ser várias coisas, mas idiota ela não é.
— Sem dúvida.
     Entre risadas, voltamos a dar os toques finais. Coloquei o sapato e os acessórios, terminei de arrumar minha bolsa e ia chamar Allison pra esperar os meninos na sala quando a campainha tocou.
— Acho que eles chegaram. - falou Alli.
— Pois é, antes de abrir a porta, como estou? - perguntei e ela sorriu.
— Maravilhosa. E eu?
— Magnífica.
— Ótimo. Já pode abrir a porta.
— Você não tem chave, não? - gritei e ouvi a risada do meu irmão.
— Tenho, mas quis te dar a opção de não querer abrir a porta. - revirei os olhos.
— Pode abrir com sua chave.
— Muito bem.
     Voltei pro meu quarto e peguei minha bolsa, Allison me acompanhou pra pegar a dela. Quando voltamos pra sala, nós quatro nos encaramos sem saber o que falar. Os meninos estavam lindos, claro que smoking deixa poucas pessoas feias, mas eles estavam incríveis.
— Uau. - falou Phelipe com um sorriso.
— Isso quer dizer? - perguntou Alli.
— Caramba, loirinha... - como a Allison, não consegui evitar a risada. E me virei para olhar o Justin, ele me encarava com uma cara indecifrável. Seu olhar ia das minhas pernas ao meu rosto e os seus olhos pareciam brilhar.
— Justin, fala alguma coisa.
— Linda. - sua voz era um sussurro e eu fiquei sem saber o que fazer.
— Obrigada.
— Vocês dois podem ficar a vontade, viu? São namorados, podem se beijar, ou qualquer coisa do tipo. - falou Allison e eu dei de ombros.
— Eu sei é só que...
— Você está incrível, Isabelle. - Justin se aproximou e olhei dentro dos meus olhos, não teve momento mais fofo.
— Obrigada, você está lindo também.
— Obrigado. - ele beijou a minha bochecha e eu não consegui evitar o sorriso.
— Vocês dois saíram de algum filme meloso e eu não estou sabendo? - perguntou Phelipe.
— Não se mete no meu namoro. - falei e ele revirou os olhos.
— Claro que não, longe de mim. - nem precisei responder porque a campainha tocou bem na hora.
— Deve ser o Jack. - falou Justin e foi abrir a porta.
— Está todo mundo pronto? - perguntou Jack entrando no corredor.
— Claro que sim. - falou Allison.
     Quando Abigail entrou o silêncio dominou o lugar. Ela não era uma garota feia, era até bem bonitinha. Mas ela estava linda. A primeira coisa que eu reparei foi que ela não usava o habitual óculos preto e isso a deixava bem diferente. Seu cabelo normalmente liso, estava enrolado e caía em camadas pelo ombro, o batom muito vermelho combinava com o vestido da mesma cor com um decote profundo e apertado na cintura.
— Abigail, você está linda. - falei e ela sorriu sem jeito.
— Obrigada, eu não sou muito de me arrumar tanto, mas achei que hoje devesse.
— Está incrível. - falou Allison.
— Ah que isso, vocês duas estão lindas mesmo. - nós agradecemos meio sem jeito.
— Podemos ir? - perguntou Phelipe.
— Claro, vamos lá. - antes de sair, ouvi a conversa dos meninos.
— Rapaz... - começou Justin.
— Eu sei, eu também. - falou Jack com um sorriso.
— Sério, de verdade, eu não esperava. - falou Phelipe.
— Nem eu. - falou Jack.
— Bom pra você.
— Também estou animado. - não consegui evitar a risada. Esses meninos...
     Eu e Justin saímos primeiro com Phelipe e Allison logo atrás, Jack e Abigail por último. Justin ficava lançando olhares de canto de olho pra mim de cinco em cinco minutos.
— Justin, você fica muito bonito de smoking.
— Você acha? - sorri.
— Com certeza.
— Nada se compara o quão bonita você está nesse vestido.
— Não exagera...
— Não estou exagerando, sério.
— Tudo bem, obrigada.
— De nada.
     O estacionamento já estava cheio de carros, a música estava alta e eu já estou com vontade de dançar. Esperamos todo mundo estacionar e sair para entrarmos juntos, Abigail parecia a mais ansiosa até porque ela passou meses organizando tudo.
   Entramos juntos no salão e para minha surpresa, tudo estava lindo. Realmente pensei que com esse tema as coisas iam ficar um tanto sem noção, mas estava tudo incrível. Tinham várias estrelas em neon fazendo o lugar brilhar, luzinhas azuis e balões. Estavam todos lindos, tinha um vestido mais bonito do que o outro e eu estava louca para começar a dançar.
— Antes de vocês irem dançar, tem a foto pro anuário. - falou Abigail.
— Ah, é claro. Vamos lá. - entramos em uma pequena fila ao lado da entrada. Ajeitei a gravata do Justin que estava torta e tiramos umas cinco fotos.
     Assim que saímos dali coloquei minha bolsa em uma mesa junto com a da Allison e da Abigail e arrastei o Justin para dançar comigo. A música era agitada, eletrônica e era nessas horas que eu sentia falta do Rio, não tem nada mais dançante que as músicas brasileiras, aquelas que a gente não gosta de admitir que gosta, mas na hora que toca todo mundo dança.
    Mal percebi as horas que passavam, dancei muito e comi pouco. Votei no rei e na rainha do baile e no fundo eu torcia para que eu e Justin fossemos os escolhidos, afinal isso deixaria tudo mais incrível.

 

>>o Ponto de vista: Allison
     Estava perto de escolherem o rei e a rainha do baile, eu estava animada e um pouco curiosa. Provavelmente iam ser Justin e Isabelle, mas seria interessante se fosse eu e Phelipe.
— Vou ao banheiro. Já volto. - falei pra Phelipe e assentiu com um sorriso.               Avistei Isabelle e Justin se agarrando no meio da pista, e para minha surpresa vi Jack e Abigail se beijando também. Missão concluída.
     As lembranças dessa noite não paravam de se repassar na minha mente, retoquei rapidamente a maquiagem, ajeitei o cabelo e me encarei no espelho por um tempo. Tudo parecia um sonho virando realidade, eu nunca fui muito de sonhos desse tipo, mas parecia mesmo um, até aquele momento.
     Assim que saí vi Phelipe virando o corredor e quando eu ia chamar seu nome, eu a vi. Na hora meu estômago deu uma volta e eu enfiei a unha nas mãos de raiva. O que Meredith estava fazendo com o Phelipe? Uma parte de mim queria gritar e fazer um grande escarcéu, mas outra parte de mim queria segui-los e essa parte venceu.
     Andei em uma distância considerável deles, eu não conseguia pensar direito, eu só torcia para que aquilo não era o que eu estava pensando. Eles pararam em frente ao almoxarifado e entraram, prendi a respiração e ouvi o barulho da tranca. Não me permiti desabar, encostei perto da porta e tentei ouvir o que estava acontecendo. Para minha surpresa, foi Meredith que falou.
"Agora que estamos sozinhos finalmente pode tirar essa camisa."— não consegui ouvir a resposta dele, mas ouvi perfeitamente a voz dela de novo.
"Estava com saudade do seu beijo"
     Simplesmente não aguentei, saí dali tentando evitar ao máximo as lágrimas que insistiam em cair. Queria gritar, queria correr, acima de tudo queria sair dali.     Ao longe ouvi anunciarem o rei e a rainha do baile, Isabelle e Justin ganharam mesmo. Sorri feliz pela minha amiga, mas o sorriso se perdeu. Parte de mim não conseguia acreditar, isso não podia estar mesmo acontecendo.
— Allison? - era Abigail. Ela veio andando em minha direção com o sorriso preocupado.
— Oi. - tentei dizer outra coisa, mas minha voz não saía.
— Está tudo bem? - assenti que sim, mas minha cara devia estar horrível porque ela me abraçou.
— Eu sei que não somos amigas, mas estou preocupada. Quer que eu chame a Isabelle? - eu queria falar que não precisava, que aquele era o momento dela, mas me vi concordando. Ela me soltou e saiu a procura da minha melhor amiga.
    Eu encostei na parede e percebi que estava sem ar, eu não conseguia respirar. Eu tinha confiado nele, tinha entregado meu coração a ele, eu... não conseguia acreditar.
— Ei, Allison, o que... - quando eu me virei para encará-la, Isabelle parou de falar. Ela vinha de braços dados com Justin que me encarava preocupado também.
— Belle, eu... - quando eu vi eles de mãos dadas, a verdade se abateu sobre de mim de uma maneira que eu não conseguia evitar. Comecei a chorar.
— Allison, o que aconteceu? - ela me abraçou e Justin ficou parando perto apenas encarando confuso.
— Phelipe... Meredith... almoxarifado. - não consegui formar a frase completa, mas Isabelle entendeu. Ela se afastou o suficiente para me olhar no rosto.
— Não. Claro que não. Quem te contou isso?
— Eu vi, Belle. Eu vi e ouvi.
— Não, não. Isso não... - ela parecia chocada e me abraçou mais forte.
— Me tira daqui, por favor, me tira daqui.
— Claro, claro. - ela se virou para Justin que se aproximou.
— O que aconteceu? - ela pareceu engolir em seco.
— Phelipe e Meredith. Almoxarifado. - ele pareceu não entender no início, mas depois nos encarou com completa incredulidade.
— Não, ele não faria isso.
— Ele fez, Justin. Eu vi ele entrando lá com ela, depois eu ouvi... eu... - minha voz falhou e eu coloquei a mão na cabeça.
— Vem, vou te tirar daqui. - falou Isabelle.
— Não me leva pra casa, não quero ter que explicar pra minha mãe. Não quero falar pra mais ninguém.
— Mas eu vou te levar pra onde? - falou ela.
— Leva ela pra sua casa. - falou Justin.
— E se o Phelipe aparecer?
— Não se preocupe com isso, vou levar ele pra minha casa.
— A chave do meu carro está com ele. - Justin entregou algo pra ela.
— Toma, fica com o meu carro. Eu fico com o seu.
— Obrigada. - falei e ele beijou a minha testa com um carinho que me surpreendeu.
— Cuida dela, Isabelle.
— Pode deixar.
    Eu não via para onde a gente estava indo, eu mal ouvia, mal respirava, só repassava a mesma cena na minha mente todas as vezes, sempre com a voz da Meredith. E o meu mundo perfeito caiu e se quebrou em várias pedacinhos.


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