Como um Patético Filme Americano escrita por God Save The Queen


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Lindos da minha vida, eu meio que montei uma playlist dessa história e a cada capítulo falarei a música que a) me inspirou a escrever o capítulo ou b) simplesmente combina com o momento.
Espero que curtem! ;)
Música: Falling In Love - McFly



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>>o Ponto de vista: Justin Lancaster
Eu estava pirando é isso, só podia ser. Afinal, não tinha motivo para esse garota me tirar do sério desse jeito, não fazia sentido eu focar tanto tempo nela, e a coisa que mais não fazia sentido era ela me rejeitar.
– Justin, eu não consigo entender você. - falou Jack pela milionésima vez só hoje.
– Eu sei, nem eu consigo me entender hoje.
– Você pode ficar com qualquer garota dessa escola, qualquer uma e você quer logo uma que não te quer.
– Ah, Jack. Você não gosta de desafios? - perguntei e ele riu.
– Gosto e sei que você também, mas a questão está em por que ela? Essa garota pode até ser gata, ter um corpo legal, mas não é a garota mais bonita que você pegou, muito menos a mais simpática, então por quê? - eu pensei um tempo a respeito dessa pergunta. Por quê? Por quê?
– Eu não sei, cara. Acho que porque ela me desprezou ou porque ela parece diferente das garotas bobinhas que eu estou acostumado.
– Você queria uma garota inteligente? Porque se for esse o problema conheço umas nerds do segundo ano que... - eu ri.
– Não, Jack. Eu nem sei se ela é nerd, na verdade eu só sei que seu nome é Isabelle Dantas.
– E que a melhor amiga dela é a Allison Freire. - falou jogando a verdade na minha cara, me deixando desconfortável embora eu não demonstrasse.
– Isso é uma barreira bem grande, confesso. Mas que azar, logo a Allison. A única garota que não gosta de mim na escola tinha que ser amiga da Isabelle...
– Pelo jeito que eu vi hoje, Allison não é mais a única garota que te odeia. Essa Isabelle não está de brincadeira, Justin. Você usou esse seu olhar e sorriso sensual e não funcionou. - falou rindo e eu revirei os olhos.
– Isso também não faz sentido! - confessei em voz baixa.
– Ah, isso é tão engraçado. Justin Lancaster está interessado por uma garota que não te suporta. Estou achando essa história toda muito divertida. - eu bati no seu ombro.
Confesso que no fundo eu estava torcendo para que nossa próxima aula fosse com ela, mas assim que entrei na sala percebi que não. Fiquei um pouco decepcionado, mas rapidamente me arrependi desse sentimento. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, mas sabia que só uma coisa podia curar...
– Meredith, você vai sair essa noite?

>>o Ponto de vista: Isabelle Dantas
– Você quer realmente almoçar aqui? - perguntou Allison pegando uma bandeja.
– Sim, eu quero. - falei decidida. - Meu primeiro dia aqui, eu quero pelo menos saber o sabor do comida.
– Acredite, não está perdendo nada. - sentamos em uma mesa mais afastada. E começamos a conversar distraidamente, até que ouvimos os burburinhos e foi óbvio, Justin e sua turma tinha chegado.
– Eles andam sempre assim? - perguntei
– Assim como?
– Como se a escola fosse deles? - ela sorriu ainda encarando.
– Sempre! Desde que começaram a ganhar os jogos, talvez até antes.
– Impressionante! - falei e tentei (em vão) concentrar a minha atenção no meu almoço, mas tive que dar uma última olhada e encontrei os olhos de Justin me encarando ao longe.
– Ele está olhando pra você! - falou Allison em um tom bem baixo.
– Não, não está. - falei, mas eu sabia que estava. Eu sabia o que ele queria dizer com aquele olhar: "Se tivesse aceitado o meu convite, agora estaria aqui."
– Isabelle, tem algo que eu precise saber? - perguntou e eu a encarei confusa.
– Não, não tem. Sinceramente, eu não sei o que está acontecendo com esse seu ex-amigo. Eu o xinguei, reclamei, mandei ele se afastar, mas ele não desiste.
– Talvez seja por isso que ele insiste. Se tem uma coisa que não mudou desde a infância é o fato de Justin ser teimoso, ele não vai desistir tão fácil de você. - eu coloquei a cabeça entre as mãos.
– E o que eu faço? - Allison deu de ombros.
– Eu não sei, ele nunca me deu essa atenção. - na hora fiquei tensa, não sabia o que dizer. Senti que estava roubando algo da minha amiga, embora eu não tivesse feito nada.
– Alli, eu...
– Hey, esquece o que eu falei. Foi sem querer, sei que você não fez nada. Confio em você, Belle. - não sei se isso me deixou feliz ou nervosa. - Eu quis dizer que ele nunca deu essa atenção toda para garota nenhuma.
Rapidamente concentrei minha atenção no meu almoço e ele nem parecia tão ruim, deixei Allison falar e falar sem ser interrompida por mim. Estava pensando no que fazer para manter o "Mr. Popular" distante, mas nada parecia o suficiente.
– Isabelle, você está me ouvindo? - perguntou Alli estalando os dedos na minha frente.
– Ah, desculpe. O que disse?
– Perguntei se você vai fazer alguma coisa depois da escola.
– Estava planejando andar pelo Central Park. - falei e seus olhos brilharam.
– Quer companhia?
– Eu estava pretendo ir sozinha, mas a gente pode ir amanhã. - comentei e ela murchou. - Ah, Alli, não fique assim. Agora eu moro aqui. Temos todo o tempo do mundo para passar juntas, mas preciso pensar um pouco, respirar, tudo bem?
– Tudo bem. - falou meio a contra gosto.
Allison era simplesmente uma garota incrível, mas excepcionalmente dramática quando queria e ás vezes ela queria muito.
O resto do nosso almoço seguiu-se em silêncio, percebi que Alli olhava com muita frequência para o Justin fazendo com que eu ficasse com raiva dele e de mim por achar que ele poderia ser legal alguma vez.
– Vamos? - perguntou - Última aula do dia.
– Vamos. - caminhamos devagar pelo corredor.
Pegamos nossas coisas nos ármarios em um ânimo de dar inveja e seguimos pra aula. Ao entrar percebi o alvoroço na última fileira, essa aula era com o Justin (uau, que animação!).
– E agora, Alli? Sentamos aonde? - perguntei analisando nossa situação. Ou sentávamos de cara para o professor, ou do lado do nosso querido (ex-)amigo.
– Se sentassemos na frente, ia ficar muito na cara que estamos o evitando. - Alli tinha razão. Droga, a Alli tinha razão!
Dei o meu melhor suspiro dramático e caminhei em direção ao meu lugar do lado do Justin fazendo surgir um sorriso irônico de canto de boca nele.
– Dá esse sorriso de novo que eu arranco ele do seu rosto. - falei olhando pra frente, ouvi ele ri.
– Gostaria de saber como faria isso. - ele também encarava o quadro, só que dessa vez eu virei para encará-lo.
– Com a unha! - Justin sorriu e pressionou os lábios. E foi exatamente nesse momento que o professor chegou perto de nós.
– Creio que vocês estão comentando sobre a matéria, imagino. - falou e eu sorri sem graça.
– Com certeza, senhor. - respondeu Justin sem deixar se abater.
– Serão parceiros de laboratório nas aulas práticas daqui pra frente, pelo menos agora terão uma desculpa. - comentou o professor saindo me deixando chocada.
Allison virou para trás e me encarou, Jack que estava sentando na frente do Justin fez o mesmo, todos estavam surpresos menos o Justin que sorria.
– De nada. - comentou ele.
– Você é um grandesíssimo idiota. - falei com o maior desprezo e veneno que eu consegui reunir e o seu sorriso vacilou. Voltei a encarar o quadro e todos fizeram o mesmo.
>>o
– E agora, eu sou parceira de laboratório daquele, daquele, daquele... Ah! - gritei. Eu estava tão irritada, eu já tinha xingado Justin Lancaster de todos os nomes que consegui imaginar e Allison suspirava no banco da frente do carro.
– Eu sei, Isabelle que você está chateada com ele. Eu já entendi! - falou e eu suspirei.
– Desculpe, mas é que eu só queria ter um primeiro dia normal, mas até isso ele me tirou.
– Ainda vai para o Central Park? - perguntou
– Com certeza. Eu preciso desse tempo pra relaxar, se não eu vou ter um troço.
– Fica calma, tá? Ainda é só o primeiro dia, tanta coisa pode acontecer. É Nova York, não deixe ele estragar isso! Qualquer coisa me liga! - assenti a contragosto e ela bateu a porta do carro.
Eu segui pra casa com uma vontade súbita de tomar banho e foi o que eu fiz. Me arrumei em minutos e fui simplesmente andar pelo Central Park, olhar as pessoas, sentir o sol na pele, esfriar a cabeça...
A cada passo que eu dava, a minha mente se sentia melhor mais tranquila, calma, eu sentia que estava em paz, nada poderia me incomodar. Como eu sentia falta do mar, das ondas e da beleza do encontro do céu com o oceano. A lembrança me fez sorrir. Caminhava com a mão no bolso, com a mente longe, já estava me sentindo melhor, já estava esquecendo o...
– Isabelle... - chamou ele, o carma. Não, não podia ser. Continuei andando, achando que a minha mente estava me pregando peças. Mas alguém segurou meu braço. - Eu estou falando com você, Isabelle.
– O que você está fazendo aqui, Justin? - não podia ser verdade. Eu estava muito irritada.
– Não sei se você sabe, mas esse é o Central Park. É um lugar público!
– Ah é, que fascinante! Mas agora tudo o que eu não quero é te ver, então foi um enorme desprazer. - saí andando, mas ele me puxou de novo.
– Isabelle, sei que você me odeia, mas eu quero ter pelo menos uma chance de provar que eu não sou tão idiota assim.
– Tarde demais pra isso. - falei, mas ele não soltava o meu braço e eu não tinha força pra puxá-lo de volta.
– Belle, eu só estou pedindo uma chance de conversar com você. Não seja tão teimosa.
Eu suspirei e encarei sua mão no meu braço, ele entendeu e tirou, mas me fitou de um jeito avaliativo. Parte de mim queria conversar com ele para fazer com que ele parasse com aquela perseguição esquisita, mas a outra parte de mim estava irritada demais pra isso.
– I don't know! - falei olhando pro chão, mas ele me forçou a olhá-lo.
– C'mon. Ice cream? - perguntou. Droga, como ele poderia saber a palavra mágica?
–Okay. - o sorriso que ele abriu, fez as minhas pernas bambearem por um momento e isso fez que eu me sentisse muito, muito idiota.
>>o
– Então, Justin Lancaster, pode começar. - falei e ele deu um sorriso tímido.
Estávamos caminhando devagar, estava um dia relativamente quente em Nova York e tomávamos sorvete o mais rápido possível para não derreter (ou era só eu?).
– Não gosto de como me chama. - ele falou me pegando de surpresa.
– É o seu nome, não é?
– Sim, mas você fala como um título, sabe? - eu fiquei sem saber o que dizer, então não disse nada. Mas ele continuou. - Isabelle, sei que você não gosta de mim e sei que tem seus motivos...
– São bons motivos...
– Sim, provavelmente são bons, mas gostaria que ouvisse de mim, os fatos. - falou e eu assenti.
– Nada mais justo, mas não espere que eu mude de opinião a seu respeito. Porque não é só por causa da Allison que eu acho você um idiota. - dessa vez ele foi pego de surpresa.
– E por que mais?
– Tem o fato de você achar que é superior a alguém naquela escola, o fato de dar em cima de mim o tempo todo, de agir como se todas as garotas do mundo fossem obrigadas a ficarem com você, essas coisas. - falei e ele ficou me encarando surpreso, sem fala e eu simplesmente o encarei impassível. Depois de um tempo em silêncio ele falou.
– Eu não sabia que você achava isso tudo de mim...
– E vai fazer alguma diferença pra você? - perguntei, ele pareceu pensar no assunto, depois chegou perto do meu ouvido. Eu senti sua respiração na minha orelha fazendo meu corpo se arrrepiar.
– Não. - falou e eu dei um tapa no seu ombro.
– Você é um tremendo idiota! - eu saí andando.
– Ei, Isabelle. Você falou que ia me dar uma chance de me explicar sobre a Allison, lembra? - eu parei e suspirei irritada.
– Tudo bem, eu sou toda ouvidos. Mas você tem que parar com esses joguinhos porque eu já cansei.- ele apontou um banco e eu sentei o encarando com a maior cara de tédio que eu consegui fazendo ele rir.
– Não vou desistir de contar a história só porque está entediada.
– Prossiga. - falei e ele tentou em vão imitar o meu jeito de revirar os olhos me fazendo rir.
– Ah, finalmente eu consegui fazer você rir. - falou e eu tentei (em vão) ficar séria novamente.
– Vamos logo com a sua versão dos fatos. - o rosto de Justin assumiu um tom sério.
– Quando a gente era criança, nós éramos inseparáveis. Melhores amigos mesmo, morávamos na mesma rua e sempre íamos na casa um do outro, sempre estudamos na mesma escola, mas aí veio a oportunidade de eu jogar futebol americano. No começo Allison ia em todos os meus jogos e treinos e a gente se via com tanta frequência quanto antes, mas o tempo foi passando e eu confesso que deixei ela de lado. Allison não se sentia a vontade com o pessoal do futebol americano e eu não fiz a menor força pra mudar isso, e o tempo passou mais. Eu senti que ia mudando com ela, mas de alguma forma e eu não sei porque ela mudou comigo também, e isso só fez a gente se afastar mais. - ela gostava de você, idiota, é claro que ela ia mudar. Apenas, pensei. - Quando a gente chegou no colegial era como se fossemos completos desconhecidos e tudo que passamos durante toda a nossa infância não tivesse existido.
Eu fiquei encarando-o por um tempo e percebi que no fundo ele se arrependia de ter se afastado tanto de alguém tão importante pra sua vida.
– Agora você entende, Isabelle Dantas? - perguntou.
– Mais ou menos. Acho que sei que se arrepende por se afastar tanto da Alli, mas quando a gente não faz nada pra mudar, palavras são apenas palavras. São vazias, são vãs.
– Eu sei disso, Isabelle. Eu sei, mas... Ah, eu não sei de nada. - pela primeira vez desde que eu conheci Justin Lancaster ele não estava confiante.
Parecia que uma máscara tinha caído naquele momento, ele mexia no cabelo e encarava o chão e eu inconscientemente coloquei minha mão na suas costas. Justin levantou o rosto e eu dei um sorriso de um canto de boca fazendo ele sorrir.
– Dá esse sorriso de novo que eu arranco ele do seu rosto. - falou e eu ri da lembrança. Agora me pareceu uma reação meio exagerada.
– Gostaria de saber como faria isso. - repeti o que ele disse tentando imitar sua voz. Só que dessa vez, Justin chegou mais perto. Perto o suficiente para sentir a respiração dele na minha pele.
– Adivinha. - respondeu e eu levantei um sobrancelha.
– O que pensa que está fazendo? - perguntei e ele riu.
– Eu não sei como funciona no Brasil, mas quando um cara se aproxima tanto assim de uma garota é porque ele quer beijá-la. - falou e eu dei um tapa na testa dele.
– Justin, não faça isso de novo. E eu achando que a gente podia se entender... - falei e ele sorriu.
– Amigos? - perguntou e eu o encarei procurando alguma mentira na sua pergunta.
– Se você prometer que não vai tentar me agarrar o tempo todo. - falei e ele suspirou.
– Farei o possível. - falou e estendeu a mão, eu parei pra pensar um pouco, mas no fim acabei apertando de bom grado.
– Acho que a gente pode até se entender. - falei e ele riu.
– Fico feliz. Você é diferente, Isabelle Dantas. - e foi nesse momento que eu percebi que eu estava muito encrencada.


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Notas finais do capítulo

Opiniões? ;)



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