Como um Patético Filme Americano escrita por God Save The Queen


Capítulo 28
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Não sei de quem gosta mais, de Phelipe e Isabelle ou dos pais deles...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/601302/chapter/28

— Agora que comemos e estamos bem satisfeitos com o "jantar". Qual foi o real motivo da sua visita? - minha mãe falou assim, desse jeito. Pegando todos nós de surpresa.
— Não sei se você sabe, Natália, mas fazia meses que eu não via meus filhos e já que eu vou ficar poucos dias aqui, gostaria de passar o máximo de tempo possível com eles. - a desculpa era boa, mas eu conhecia aquele olhar e eu sabia que não tinha convencido nem um pouco.
— Isabelle e Phelipe podem ir para seus quartos. - eu fiquei encarando minha mãe com pura incredulidade.
— Você está brincando. - falou Phelipe.
— Pareço estar brincando? - com certeza não parecia.
— Mas mãe, eu tenho 18 anos e Phelipe, 19. Você não pode simplesmente nos mandar pro quarto. - o olhar que ela lançou na nossa direção foi feroz, levantei na hora.
— Não é você, Isabelle, que vai me dizer o que eu posso ou não fazer. Agora, vão para seus quartos. - caminhei devagar e Phelipe veio atrás. Meio a contragosto entramos no quarto de Phelipe que era mais perto da cozinha.
— O que você acha que vai acontecer? - perguntei em um sussurro, mas ele me mandou ficar quieta em um apenas gesto.
Abrimos uma frestinha da porta e chegamos o mais perto possível para ouvir o que estava acontecendo. Minha mãe estava em pé com as mãos na cintura encarando o meu pai com ferocidade.
— Agora, Roberto, você pode me dizer o que está fazendo aqui?
— Natália, eu... - ele ficou em silêncio por um tempo. Logo depois levantou e ficou de frente pra ela.
— O que foi? - a voz dela estava impassível.
— Conversei com os meninos hoje.
— Sobre?
— Sobre o divórcio. - ela trocou o peso do corpo de um pé para outro.
— Por quê?
— Porque Phelipe perguntou se eu já tinha amado alguém, eu precisava contar a história pra eles. Contei tudo, todos os detalhes.
— E eles disseram o quê?
— Que não me odiavam.
— E você disse o quê?
— Como assim?
— Quando Phelipe te perguntou sobre o amor, o que você respondeu.
Nessa hora eu percebi que todas as defesas que minha mãe tinha criado caíram uma a uma, meu pai olhou dentro dos seus olhos. Eu abri um pouco mais a porta, eu e Phelipe quase colocamos a cabeça toda pra fora.
— Eu disse que eu amei você e... - ele parecia com medo, pela primeira vez na minha vida eu vi meu pai com medo. Phelipe parecia igualmente surpreso.
— Sim, o que disse?
— Eu disse que ainda amava. - por um momento eu achei que ela fosse beijá-lo, mas deu um passo pra trás.
— Roberto, eu...
— Natália, antes de falar alguma coisa quero que você saiba que eu sinto falta da nossa família e que eu sinto muito não só por destruir parte dos planos que você criou mas também por mudar a vida dos nossos filhos de um jeito irreparável. Eu te amo e sei que confiança é algo que se conquista, e eu sinto muito por ter te magoado e destruído a confiança que você depositou em mim.
     Minha mãe não chorou, mas seus olhos brilhavam e eu senti que ela queria mais. Isso não bastava, eu vi a mágoa tomar forma nos olhos dela de novo e vi que sua mente voltou naquele dia que ela descobriu sobre a traição.
— Eu queria tanto, tanto confiar em você. Roberto você não sabe o quanto eu queria que voltássemos a ser uma família. Mas eu não consigo, eu não consigo me entregar de novo. Sempre que você saísse sem mim eu ficaria imaginando se estaria com alguém, eu só... queria tanto acreditar em você.
— Eu entendo isso, entendo mesmo. Sei que é difícil pra você acreditar naquilo que eu estou dizendo. O que eu posso fazer pra provar que eu te amo e que jamais faria isso de novo?
— Não sei, Roberto. Não sei mesmo. - ele chegou bem perto dela. Colocou a mão no seu rosto e acariciou levemente, ela fechou os olhos e ele a beijou.
Fazia tanto tempo que eu não via meus pais se beijando que eu não soube exatamente o que fazer. Então Phelipe decidiu por nós dois, ele me puxou levemente de volta pro quarto e fechou a porta.
— O que está fazendo? - perguntei em um sussurro.
— É a vida deles, Isabelle. A gente não devia estar ouvindo, nem vendo, então achei que já estava na hora de acabar com isso. - suspirei.
— E agora? Como eu vou pro meu quarto?
— Pode ficar aqui se quiser. - olhei pra cama bagunçada e fiz uma careta.
— Acho que não. - ele sorriu.
— Para de besteira, Isabelle. - ele puxou os lençóis e colocou novos no lugar. Eu fiquei encarando aquilo em silêncio. - Pronto, agora pode deitar.
— Tudo bem, obrigada.
— De nada. - peguei uma blusa enorme que estava jogada na poltrona e fui ao banheiro.
Escovei rapidamente os dentes, tirei a minha roupa apertada e coloquei a camisa do Phelipe. Quando eu saí, ele vestia apenas uma calça de moletom.
— Assim está bom? - perguntou e eu sorri.
— Tudo bem. Espero que eu não te incomode também. - ele sorriu.
— Não se preocupe, assim como você não sente a menor atração por mim é recíproco, Isabelle. Eu sou homem, mas meu corpo sabe que você é minha irmã.
— Ótimo. Melhor assim. - deitei ao seu lado e sorri.
— Será que nossos pais vão... - perguntou.
— Não sei, Lipe, nossa mãe está bem magoada ainda. As coisas estão indo devagar.
— Ou nem tão devagar assim. - comentou.
— Acho que sexo pra eles é bem normal, não significa nada.
— Sei que você é nova nisso, mas sexo sempre significa alguma coisa irmãzinha. A pessoa até pode não significar nada, mas sexo... isso sim significa.
— Você lembra de todos os... hum... relacionamentos sexuais que teve? - ele deu de ombros.
— Me lembro perfeitamente de todos eles, posso até não lembrar do nome de todas as garotas, mas do sexo eu lembro.
— Achei que depois de tanto tempo não marcasse você. - ele sorriu.
— Sempre marca, Isabelle. Sempre. Mesmo que a garota seja mais uma. Claro que é muito diferente quando a menina significa algo, ou como a Allison que significa tudo.
— Acho que estou bem sendo uma menina de um cara só.
— Eu também fico feliz com isso. - sorri e beijei sua bochecha.
— Ás vezes eu esqueço que você é tão... você. - ele soltou uma risada.
— Sempre que precisar se lembrar pode me chamar, eu te ajudo a lembrar que eu sou eu.
— Obrigada. Agora, boa noite.
— Boa noite, irmãzinha.

>>o
     Acordei e estranhei tudo a minha volta, quando olhei para o lado tomei um susto, meu irmão me encarava com um sorriso um tanto psicopata nos lábios.
— O que pensa que está fazendo? - perguntei e ele riu.
— Eu só queria te assustar. E consegui. - ele levantou em sinal de triunfo.
— Você é uma pessoa particularmente desagradável.
— Você já disse isso.
— Porque é verdade.
— Bom, eu vou tomar banho, espero que você faça o mesmo no seu quarto. Hoje é segunda, baby. Hora de ir pra escola.
     Fui me arrastando para o quarto, ainda não tinha acordado totalmente. Mesmo assim percebi que não tinha nenhum sinal do meu pai á vista e isso poderia significar muitas coisas.
     Entrei direto pro banho, eu precisava colocar a cabeça no lugar e pensei nas minhas últimas conversas com o Phelipe sobre amor e sexo, mas fiquei surpresa com o fato dele não saber se amava ou não Allison. Sei que parece meio estranho amar alguém verdadeiramente aos 18 anos, mas eu tinha plena certeza que eu amava o Justin.
     Coloquei uma roupa mais fresca, o inverno tinha ido embora e eu estava me sentindo tão bem que tinha voltado de sair cantando e dançando como um musical.
— Você está bem? - perguntou Phelipe na porta.
— Estou ótima.
— Está com uma cara engraçada.
— Eu só me sinto muito bem. Você já sentiu assim? Tipo, muito bem mesmo.
— Claro que sim. Teve uma vez em que eu e Allison resolvemos fazer uma coisa diferente e...
— Não me conta! Não quero saber. - ele começou a rir.
— Deixa de ser puritana, Isabelle. Vem, vamos tomar café.
— Já estou indo, só vou terminar de arrumar minha bolsa.
— Tudo bem, eu estou... - ele parou de falar. Phelipe parecia sem reação, ele estava parando encarando alguma coisa porta a fora.
— Ei, o que aconte... Ah, meu Deus. - minha mãe e meu pai estavam se atracando (sim, a palavra é essa) na cozinha de um jeito... bizarro.
— O que vocês pensam que estão fazendo na minha cozinha? - perguntou Phelipe, fazendo os dois se assustarem.
— Ah, Phelipe, a gente não tinha te visto aí. - comentou meu pai meio sem jeito.
— Com certeza vocês não viram, agora eu posso saber o que está acontecendo? - perguntou de novo. Eu só fiquei parada encarando toda aquela cena.
— Phelipe, acho que você sabe. Na verdade, eu tenho certeza que sabe. - falou minha mãe e eu fiz uma careta.
— Vocês estavam... vocês fizeram... vocês... - eu não conseguia nem terminar a frase.
— Isabelle, não sei por que está tão surpresa. Phelipe é a prova de que a gente faz... - começou meu pai, mas eu apenas levantei a mão pedindo silêncio.
— Eu sei como funciona, a questão é... vocês estavam separados. - comentei e Phelipe riu.
— E precisa estar casado pra fazer sexo?
— Phelipe!
— Você é a prova de que a resposta é não, Isabelle.
— Phelipe! - eu estava um pouco chocada com a situação.
— Olha, meninos, é... Sentem-se aqui, vamos conversar. - falou minha mãe e obedecemos um pouco relutantes.
— Isabelle, Phelipe, nós conversamos ontem e decidimos dar uma chance pra nós dois. - eu e meu irmão nos entreolhamos surpresos. Um dia minha mãe odiava ele e depois o amava.
— Vocês, hum... vão casar de novo? - perguntou Phelipe.
— Não, ainda não. Vamos... hum... namorar primeiro. Ver se dar certo, se der casamos. - respondeu meu pai.
— Olha, eu espero que não seja muito estranho pra vocês e... - mas antes que ela terminasse já tínhamos levantado e estávamos pulando, abraçando eles e fazendo festa.
— Estranho? Claro que não. São nossos pais, não tem nada de estranho nisso. - falei.
— Talvez um pouco estranho, mas quem se importa? Estão juntos. - falou Phelipe.
     Meus pais começaram a rir e nós também, comemos como uma família que eramos. Sentia muita falta disso e não tinha percebido até aquele momento.
— Bem que eu queria continuar aqui curtindo esse momento lindo, mas temos que ir pra escola. - falei.
— Eu ainda vou embora hoje, por isso venham aqui se despedir. - falou minha mãe.
— Mas eu achei que... - comecei, mas ela me interrompeu.
— Ainda não decidimos como vamos fazer isso, se ele vem pros EUA ou se eu volto pro Brasil. A questão é que por enquanto vamos deixar as coisas como estão.
— Ah, então tudo bem. Faça bom voo e seja feliz. - falei a abraçando com força.
— E por favor, só não façam sexo na minha cama, okay? Só eu posso fazer sexo na minha cama e com a Allison. - comentou Phelipe fazendo meu pai revirar os olhos.
— Minha casa, minhas regras.
— Sua casa? - falou ele.
— Sim, minha casa. Quem paga as contas? As compras? Quem dá a mesada de vocês? Eu! Portanto, minha casa, minhas regras. - falou nosso pai recebendo todo apoio da nossa mãe.
— Depois, eu que sou o engraçadinho.
     Pela primeira vez, Phelipe não fez a menor força pra dirigir no meu lugar, então aproveitei pra demonstrar toda a minha felicidade diante o namoro dos meus pais.
— O seu sorriso não mente, Isabelle. Pode começar a comemorar.
— Eu já sabia que se meu pai tentasse ia dar certo.
— Por que tinha tanta certeza?
— Porque eu sabia que minha mãe ainda gostava dela, ela usava aquela raiva toda como auto proteção. Só isso.
— Agora começo acreditar que vocês mulheres sempre sabem. - dei uma piscadela suave.
— Quanto mais cedo você aprender isso, mais fácil fica.
— Mensagem enviada com sucesso.
     Estacionei o carro entre o da Allison e o Justin, eu queria sair correndo pra contar pra eles o que tinha acontecido. Mas Phelipe insistiu que eu me controlasse antes que a minha animação acertasse alguém.
— Eu vou procurar a Allison e você, cuidado pra não sair contando isso até pro cara da faxina.
— Não seja ridículo. - mas sinceramente, eu tinha vontade de sair contando pra todo mundo mesmo.
     Mal cheguei no meu armário, Justin chegou atrás. De alguma forma ele parecia mais bonito, seus olhos estavam mais claros, sua roupa estava estilosa e seu cabelo estava bagunçado de propósito.
— Bom dia, meu amor. - suas palavras tiveram um efeito estimulante em mim.
— Bom dia, Justin. Você está tão bonito hoje. - ele sorriu.
— Estou normal, Isabelle.
— Não pra mim.
— Sabe que você está magnífica também? - sorri e o beijei. Seu beijo continuava o mesmo, familiar e nada tediante.
— Vocês estão realmente empolgados. - comentou Jack chegando em um momento nada oportuno.
— Isabelle está diferente hoje. - comentou Justin.
— Eu só estou feliz. Tenho que conversar com você. - falei e Jack fez uma careta.
— Isso quer dizer que eu tenho que sair?
— Não, pode ficar é só que... - dei uma pausa dramática. - meus pais voltaram a namorar.
— E... - falou Jack e eu revirei os olhos.
— Você não sabe o quanto isso era importante pra mim.
— Eu quase não consigo acreditar. Sua mãe parecia realmente odiá-lo. - comentou Justin.
— Todos nós sabemos que ódio e amor são sentimentos bem parecidos, são praticamente primos. - falei e eles me olharam como se eu fosse maluca.
— Nós sabemos? - perguntou Jack.
— Pois deviam saber.
— Você já contou pra eles? Você não perde tempo mesmo. - falou Phelipe aparecendo de mãos dadas com Allison.
— Eu estou feliz, Lipe. Não estraga tudo.
— Vou tentar, mas sem promessas.
     Antes que eu pensasse em algo pra responder, uma menina que eu não lembrava o nome apareceu meio sem jeito. Lembrava dela da aula de História, era da comissão pro baile.
— Bom dia, gente. Meu nome é Abigail e eu sou da comissão do baile. Queria avisar que já estamos vendendo os convites e que o tema esse ano vai ser A Sky Full of Stars ( Um Céu Cheio de Estrelas). Vai ser incrível e em minha defesa não foi eu que escolheu o nome. Então por favor, comprem convites. Obrigada. - ela entregou vários panfletos e seu olhar se demorou no Jack, mas não acho que ele tenha percebido.
— Obrigada, Abigail. - falei.
— De nada, a gente se vê na aula de História.
     Ela saiu e deixou uma ansiedade no ar, eu me virei para Allison e sorri. Phelipe fazia uma careta e Justin suspirou fundo, Jack foi o único que sorria.
— Temos mesmo que ir? - perguntou Phelipe e Allison soltou uma risada.
— Claro que temos que ir. Só se passa por isso uma vez.
— Vocês têm que ir ao Rio para descobrir o que é formatura de verdade.
— Mas como não estamos no Rio... - falei.
— Então você quer ir? - perguntou Justin.
— Mas é óbvio.
— Qual é o problema de vocês? Vai ser divertido. - falou Jack e os meninos fizeram uma careta.
— Com certeza está brincando. - comentou Phelipe.
— Não, não estou.
— Então você tem algum problema.

>>o
     Na escola não se falava em outra coisa, o dia todo ouvimos sobre os vestidos, as danças, as comidas e os pares pelos corredores. As meninas estavam apreensivas para saber com quem iam ao baile, devia ser difícil não ter par certo.
— Hora do treino, temos uma semi-final essa semana. - falou Justin.
— Sim, capitão. - falou Phelipe.
— Vamos esperar vocês na biblioteca como sempre. - falei.
— O treino pode demorar um pouco mais do que o costume. - comentou Justin.
— Mesmo assim vamos ficar aqui, temos que conversar. - falou Allison.
— Vocês sempre têm que conversar. - argumentou Phelipe.
— E daí? Somos amigas, é isso que fazemos. Bom treino. - falei.
— Valeu, nos vemos depois.
     Mal eles saíram, fomos para biblioteca para conversar sobre o assunto do momento: o baile. Eu nunca tinha em um e Allison também não. Nossa ideia de baile era a dos filmes e baseando pelos comentários das pessoas.
— Será que é realmente tudo isso? - perguntou Allison.
— Eu espero que sim. Já estou bem animada pra isso.
— Vamos dançar, beber e beijar muito nossos namorados. Qual é a graça? - sorri.
— Acho que você já respondeu.
— Isabelle, eu...
— Deixa de ser sem graça, sei que você está ansiosa. Não precisa bancar a menina que não se importa com nada, deixa essa função para os meninos.
— Eles com certeza não querem ir.
— Claro que não querem, são garotos. Eles não querem muita coisa que não envolva video games, futebol americano e sexo. - ela riu.
— Talvez seja divertido.
— Vai ser incrível. Temos que correr atrás de vestidos.
— E sapatos...
— E bolsa...
— E maquiagem. - seu olhar era divertido.
— Vamos fazer várias coisas de mulherzinha.
— Exatamente.
— Mal posso esperar.

 

>>o Ponto de vista: Phelipe
— Isso é idiota. - falei pela milionésima vez.
     Estávamos no vestiário e ninguém parecia muito animado com essa ideia do baile. Era um alívio não ter que correr atrás de par e Justin parecia sentir o mesmo, mas Jack estava uma pilha.
— Não é idiota, é só... desnecessário. - falou Justin.
— Eu só me importo com o fato de que eu não sei quem levar.
— Esse negócio de par é uma grande... - comecei
— Merda? Sim, é. Mas o que eu posso fazer? Ir sozinho seria patético. - falou Jack.
— Pode ir com a gente. - falou Justin.
— Seria mais patético ainda.
— Então você só tem duas opções: arranjar um par ou não ir. - falei.
— E é melhor você decidir logo, senão não vai sobrar garota decente. - comentou Justin.
— Ah cara, vocês são tão sortudos.
— Um dos prazeres de se namorar. - falei
— Pega a sua listinha e escolhe alguém. O tempo está correndo, cara.
— Odeio não saber o que fazer.
— Boa sorte. - Jack fez uma careta e o treinador entrou no vestiário.
— Acabou o recreio, pessoal. Todo mundo no campo.

>>o
— Por que você está com essa cara? - perguntou Jack. Justin olhava pro nada preocupado, não parecia estar muito bem. Mas sei lá, o que eu entendia disso?
— Tenho que contar uma parada pra vocês. - confessou ele. Eu e Jack nos entreolhamos, mas sentamos de frente pra ele.
— O que aconteceu? - perguntei.
— Recebi a carta da faculdade, fui aceito. - parecia ser uma notícia feliz, mas sua cara estava séria.
— Parabéns cara, isso é fantástico. - começou Jack, mas tinha alguma coisa errada.
— Qual faculdade? - perguntei e ele fez uma careta.
— Oxford. - e eu entendi tudo.
— Oxford? Na Inglaterra? - perguntou Jack.
— Essa mesmo.
— Já contou pra Isabelle? - perguntei.
— Não, ainda não.
— Por que não?
— Porque ela vai me mandar aceitar.
— E você não quer ir? - perguntou Jack.
— Ainda não sei. Poxa, é Oxford. Mas tem a Isabelle... Eu não quero ter que me separar dela.
— Você tem que contar pra ela. - falei.
— Só vou contar depois que eu decidi o que fazer.
— Cara, eu não queria estar na tua pele. - comentou Jack em um momento nada adequado.
— Obrigado, Jack. Você sempre me fazendo sentir melhor.
— Só não enrola muito, porque se Isabelle descobrir sozinha vai ficar magoada. - falei.
— Você tem que me prometer que não vai contar nada.
— Eu prometo, mas mesmo assim...
— Eu sei, Phelipe, eu sei.
Não falei mais nada, mas fiquei pensando. Eu sabia que se o Justin resolvesse ir para Inglaterra, Isabelle ia ficar arrasada. Sabia também que eu não podia contar nada pra ela, o mundo da minha irmã estava prestes a ruir e não tinha nada que eu pudesse fazer para evitar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Como um Patético Filme Americano" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.