Alex me esperava sentado em uma das mesas da cantina, suas estavam trêmulas e parecia estar a ponto de sair correndo... Eu não deveria estar em um estado melhor.

Sentei em uma das cadeiras e cruzeiro as pernas, deixando-as o mais longe possível das dele. Queria acabar com tudo o mais rápido possível.

– Por onde eu devo começar? - perguntou ele, nervoso, sua voz não conseguia manter um só tom.

– Por que não desde o começo?

Ele passou os dedos pelos cabelos castanhos e soltou um suspiro, seus lábios abriram e fecharam. Nenhum som saia de sua boca. Seus dedos batucavam na mesa, ele estava pensando no que poderia dizer. Ele queria mentir.

Levantei-me da mesa, Alex olhará para mim surpreso.

– O que você... - sua voz falhara.

– Você nem ao certo sabe o que dizer, nem se quer em uma mentira pensou. - falei, começando a dar passos em direção a saída da cantina.

– Eu não quero mentir! - falou ele, seus passos ecoavam atrás dos meus. - eu quero explicar tudo.

– Se você quisesse explicar tudo... - abri a porta da cantina com um empurrão. - você não demoraria tanto, a verdade é algo que se fala com simplicidade.

Ele me puxou pelo braço.

– Como eu posso dizer para a garota que eu amo que eu sou um covarde? E que estava tão preocupado em que ela não sofresse, que me esqueci de que ela tinha sentimentos? Ou, simplesmente, esqueci de que tudo o que eu sou agora, está ligado a ela? E que me culpo a cada segundo por ter a feito chorar? Eu me sinto um merda.

Meu coração parecia a ponto de sair do meu peito.

– Toda a merda que eu fiz, cada pedacinho dela, eu fiz por medo. Eu tinha medo de ver você sofrer tanto como as outras, de você virar apenas "mais uma".

Uma lágrima caiu devagar pelo seu olho esquerdo, ele limpou logo em seguida, mesmo em um momento como esse, ele não deixava seu machismo de lado.

– Sinceramente, eu me lembro de uma frase que você me disse a pouco tempo atrás: "Você não sabe o quanto precisa de uma coisa, até o momento que a perde. ", eu preciso de você a cada segundo, nem que seja apenas para ouvir você rindo, você nunca seria "mais uma", você é única, a minha Mia, meu primeiro amor.

Engoli um soluço, ele virou o rosto para o céu e continuou.

– Eu estava com tanto medo, que achei que você sentir ódio por mim, não querer olhar novamente para a minha cara, seria a única solução para esse problema... Essa nunca seria a solução. - Ele pareceu engolir um soluço, um muito maior que o meu. - Eu te amo, Mia.

Ele estava segurado minha mão a poucos segundos, agora estava soltando cada dedo.

Merda.

– Eu também te amo. - minha voz saiu falha e baixa.

Ele baixou os olhos, marejados.

– O que você disse? - ele perguntou.

– Eu te amo. - falei com um sorriso, o maior que as lágrimas me permitiam dar.

Meus braços abraçaram seu pescoço, meus pés saíram do chão e meus lábios encontraram com os seus, as lágrimas se misturando aos beijos. Ele se afastou alguns centímetros, seus braços ainda permaneciam ao meu redor.

– Você é a minha linda princesa. - ele murmurou, depositou um beijo no meu pescoço e minha alegria se multiplicou.

– Você é o meu príncipe, um príncipe idiota e machista. - falei.

Seu sorriso contra minha pele foi a última sensação que tive.