Olicity - Dois Caminhos escrita por Buhh Smoak


Capítulo 4
Capítulo 04




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/600668/chapter/4

Felicity estava prestes a soltar um palavrão quando Oliver entrou na sala. Ela estava tão concentrada no que fazia que não percebeu ele puxando uma cadeira e sentando ao seu lado.

— Nada ainda? - apoiou os braços na mesa e olhou para o monitor que ela trabalhava.
— Nada, parece que ele é invisível. - dando um tapa no teclado e desistindo do que fazia. - Não existe nenhuma informação ou rastro dele.
— Ele só vai ser encontrando quando quiser que isso aconteça.
— E até isso acontecer o que vamos fazer? Cruzar os braços e esperar?
— Não, tem algo que eu mesmo posso fazer.

Ela não precisou perguntar para saber do que ele se referia. Se acomodou melhor na cadeira sem ter coragem de encara-lo.

— Tem que haver outro modo.
— Não tem, Felicity. Você sabe que não tem.

Mesmo que sua razão tentasse encontrar um modo de parar aquela loucura, no fundo ela sabia que ele tinha razão. Se entregar para Ra´s não era somente a solução mais fácil, mas era a única que faria a cidade ficar segura, pelo menos como ela era antes de Ra´s aparecer.

— Já decidiu quando vai embora? - perguntou a contra gosto.
— Vai depender de quanto tempo me deixarem ficar.
— É isso então? Acabou? - criando coragem e se virando pra ele.

Aquela pergunta não se referia somente ao time que tinham construído para salvar a cidade. Se referia também ao sentimento que eles tinham nutrido um pelo outro.

— Eu queria dizer que não acabou, mas não posso. - virando a cadeira e ficando de frente para ela. - Mesmo sendo egoísta e querendo você só pra mim, não posso ir embora deixando pra trás qualquer esperança.
— Oliver. - tentando interrompe-lo, em vão.
— Não, deixe eu terminar antes que eu perca a coragem.
— Tudo bem, então o que você pretende fazer?
— Vou mandar um recado a Ra´s por um de seus assassinos e pedir alguns dias para que eu me despeça de todos. Depois vou me entregar a Liga e provavelmente não voltarei mais.

Ela sentia o choro preso na garganta, mas respirou fundo para aguentar o que viria a seguir.

— Nunca mais?
— Provavelmente. Essa é a decisão de Ra´s.

Lidar com isso não era algo que Felicity queria se prestar, mas pela primeira vez ela não sentiu raiva por ele estar se sacrificando. A vida de muitas pessoas estava em jogo para ela se colocar contra qualquer coisa.

— Não queria ter que dizer isso, mas eu entendo e te apoio em tudo.
— Obrigado, seu apoio é muito importante pra mim.
— Você sabe que eu sempre vou estar aqui, não sabe? - querendo se agarrar em alguma esperança.
— Eu sei, mas você precisa viver sua vida sem esperar que eu volte, ok? - se aproximando mais dela, segurando sua mão. - Apoie o Diggle e o ajude no que ele precisar, só não fiquem presos a esperança de que um volte um dia, porque essa é uma promessa que eu não posso fazer.
— Vou fazer o possível. - já sentindo os olhos encherem de lágrimas.
— O Ray é a melhor pessoa para te ajudar a passar por tudo isso e quem sabe seja com ele que você vai construir seu futuro. - falar aquilo era o mesmo que apunhalar a si mesmo.
— Não sei se vou conseguir ser pro Ray o que ele merece e não acho justo usa-lo pra isso.
— Não estou dizendo que vai ser fácil, mas eu confio nele. Sei que ele vai cuidar de você como você merece.

Ela apertou o agarre de sua mão e sentiu como se encaixavam bem. Nunca quis tanto ter conhecido Oliver em outras circunstâncias, mas lá estavam eles, praticamente se despedindo.

— Eu quero te pedir uma coisa. - observando suas mãos enlaçadas.
— O que você quiser, Oliver.
— Quero passar meu último dia com você.

O coração de Felicity deu um pulo com a possibilidade de passar um tempo sozinha com Oliver, mesmo que ela soubesse que essa seria a primeira e provavelmente a última vez que teriam esse tipo de intimidade.

— Também quero isso.

Levantando e a puxando junto, Oliver a abraçou. Sentiu as lágrimas que escorriam do rosto dela molhar sua camisa, mas não se afastou. De tudo o que tinha que enfrentar, deixar Felicity e sua irmã para trás era o mesmo que arrancar um pedaço de si.

— Vou conversar com o Diggle e quero que você converse com o Ray sobre nosso dia juntos, ok? - se afastando dela, mas mantendo os braços em volta de sua cintura.
— Ele não vai colocar empecilhos a isso, Oliver.
— Eu sei que não, mas quero que ele esteja ciente que nesse dia seremos somente eu e você.

Estar nos braços de Oliver enquanto ele deixava claro que queria ficar com ela no seu ultimo dia de liberdade fazia com que ela sentisse ainda mais a dor de vê-lo ir embora.

— Vou falar com ele. - afastando o rosto, mas ainda entre seus braços.
— Eu amo você.
— Eu também te amo, Oliver. - com o nó apertando ainda mais em sua garganta.

A vontade de beija-la era grande demais, mas sabia que ela tinha assuntos a resolver antes que isso acontecesse.

— Vai falar com ele antes que eu faça uma besteira. - a soltando.
— Quantos dias você acha que eles vão de dar? - limpando o canto dos olho que davam vazão as lágrimas.
— Não sei, mas pelo menos o nosso dia ele terá que me conceder.

Indo contra sua vontade, Oliver saiu e deixou a sala antes que fosse impossível ir embora. Passou por Ray e Diggle sem nem ao menos dar atenção a eles.

— Aconteceu alguma coisa? - perguntou Diggle quando Felicity saiu da sala também.
— Ainda não.

Diggle não precisou que ela falasse alguma coisa para deduzir qual seria o próximo passo de Oliver, pedindo licença ele se retirou, indo atrás do amigo. Ray estava encostado na mesa e assim que Felicity se virou pra ele, entendeu que era hora de terem a conversa que imaginou demorar um pouco mais para acontecer.

— Vem, vamos conversar longe daqui. - pegando sua mão e a levando para o elevador, rumo ao terraço.

—--

— Oliver?

Depois de rodar por quase o prédio todo, Diggle o encontrou muito longe do laboratório. Estava na sala da presidência, mas não sozinho.

— Um minuto, Diggle. - o fazendo parar perto dos elevadores.

A conversa era com Maseo, um dos homens de confiança de Ra´s. Longos minutos se passaram enquanto a conversa seguia tensa, não era preciso ouvir o que diziam para ver que Maseo não concordava com o que Oliver falava. Quando finalmente terminaram, Maseo passou por Diggle sem nem ao menos olhar pra ele.

— Pensei que desistir não era uma opção. - sendo direto quando Oliver foi até ele.
— Não estou desistindo, só encontrando um modo de evitar o pior.
— Pior do que se entregar para a Liga?
— Muito pior. Vamos sair aqui, temos muito o que conversar.

Voltaram para o laboratório se deparando com tudo vazio. Era o que precisavam para que Oliver começasse a colocar seu plano em ação.

— Maseo vai levar até Ra´s um pedido de trégua para que somente depois disso eu me entregue a Liga.
— Trégua?
— Sim, preciso de uns dias para resolver algumas coisas e somente então me unir a eles.
— Você enlouqueceu, Oliver? Porque acha que se entregar a Liga é a melhor coisa a se fazer?
— Não acho que seja o melhor, mas é o necessário para evitar um desastre.
— Trate de explicar o que está realmente acontecendo. - encostando em uma das bancadas, cruzando os braços.
— Não posso, preciso que você confie em mim e fique de olho em Felicity. Preciso que você fique atento quando eu mandar o sinal de que está na hora de agir.
— Sinal? Do que você está falando, Oliver?
— Eu vou me despedir dela no último dia que eu tiver de liberdade, não quero que ela tenha esperanças de que eu vá voltar, porque não voltar é um risco que vou correr. Mas quero que você fique atento para qualquer sinal de que eu estou voltando para a cidade. Acredito que Ra´s tenha algum plano para dar fim as minhas raízes. Assim não corre o risco de que eu desista de tudo e volte pra Starling.
— Como você ficou sabendo disso?
— Maseo. Ele me contou coisas que não posso passar a diante, mas estar na Liga e fazer com que eles pensem que sou parte disso vai abrir muitas portas para que eu descubra o que realmente está acontecendo.
— Não concordo com nada disso, acho um absurdo você abrir mão de tudo que construiu por causa desse alucinado.
— Já cansei de tentar encontrar um modo diferente de lidar com as coisas, Diggle. Não tem o que eu possa fazer sem que mais gente se machuque ou até mesmo morra.

Diggle queria acreditar que existia outro modo de resolver tudo, mas assim como o amigo, já tinha tentado encontrar outras alternativas e nenhuma delas acabava sem vitimas.

— Vamos acreditar que ainda existe um meio de acabar com tudo isso. - apertando o ombro do amigo. - Vou tomar um ar, se a Felicity voltar diga que eu já volto. - saindo.

Enquanto esperava o elevador, pensava em como dar aquela noticia para a irmã. Olhou para o outro lado do corredor onde sua irmã estava. Caminhou até lá e a encontrou mais corada, sem parecer que tinha sofrido um atentado.

Sentou ao seu lado lembrando como era feliz quando ela era pequena, onde sua única preocupação era não deixa-la cair enquanto corriam pelo quintal da mansão.

— Isso vai acabar, Thea. Essa é uma promessa que eu posso fazer, mesmo que eu não esteja aqui para vê-la sã e salva.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Olicity - Dois Caminhos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.