Watashi wa kanojo yori mo kireidesu. escrita por Mirai


Capítulo 7
Memories.


Notas iniciais do capítulo

Quantos dias sem postar, hein?! HAHAH, mas mão se preocupem, eu voltei! A falta de inspiração me fez parar, eu realmente ia desistir, porém cá estou, e tenho um capítulo grande com umas coisas legais! Espero que gostem. Kisses. :*



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As coisas passaram a ser diferentes depois daquele dia tão... Estranho. Eu voltei a ir para a escola todos os dias, voltei a focar nos estudos e tudo voltou ao seu devido lugar. A Akemi ficava cada vez mais distante. Eu a encontrava na saída, sentava-me ao lado dela na aula e tentava puxar papo, estudávamos juntos na biblioteca e nada. Toda vez que eu tentava me aproximar, ela mal falava comigo e me tratava com indiferença. Talvez ter beijado ela tivesse sido um erro..

A parte boa em tudo isso, nas minhas tentativas falhas de aproximação, no beijo que eu dei nela sem um raio de motivo, era que eu estava começando esquecer o que a minha ex fizera comigo. Isso... Amenizava a dor que eu sentia por dentro. A Akemi amenizava. Eu estava mesmo começando a sentir a falta do sorriso desajeitado e bobo dela quando me olhava.

Era um dia de sábado, acordei bem cedo, ainda estava escuro lá fora. Coloquei os chinelos que faziam um pequeno barulho enquanto eu me arrastava até a cozinha, preparando um chá de camomila, depois, colocando um pouco do mesmo uma pequena xícara de porcelana, voltando para o quarto logo em seguida. Havia uma cadeira grande na varanda do meu quarto, eu nunca deixava ninguém sentar nela, na minha opinião era a cadeira mais confortável de toda a casa, e era inteiramente minha. Sou muito possessivo com coisas estranhas.

Suspirei fundo e tomei um pequeno gole do chá, olhei para o céu escuro, as luzes dos postes que tremeluziam com sua luz fraca na rua que seguia até uma grande encruzilhada, o céu não tinha muitas estrelas, e a lua estava sendo coberta pelas nuvens preguiçosamente. Parecia que nada havia mudado desde o mês passado. Acho que foi um dos meses mais estranhos da minha vida.

“Eu estava bem aflito com meu término com a Yukari, me sentindo quebrado por dentro. Não queria nem saber quem era aquele cara que encontrei tirando as roupas dela. Cheguei em casa depois da longa viagem de trem, vesti uma roupas mais confortáveis e tentei dormir, falhando nisto. Eu não conseguia tirar a imagem daquele cara em cima dela.

Eu andava um pouco pela casa, ficava um pouco na varanda, voltava para a cama, rolando de um lado para o outro na mesma, numa espécie de brincadeira boba, mas minha mente não conseguia parar de pensar no que havia acontecido em Tóquio. Não sei se algum dia terei coragem de voltar lá. No dia seguinte, fui visitar meu pai na cadeia. Eu juro que depois do Takahiro, ele era a última pessoa que eu procuraria, mas estava devendo essa visita a ele, por mais que o odiasse.

Depois de passar pela recepção, entrei num grande corredor cheio de celas onde a maioria dos presos ainda dormia nas mesmas, mesmo tendo cometendo crimes horríveis, eram somente pobres almas. Segui para o final do corredor parando em frente a última cela a direita, meu pai estava do lado de dentro, com os braços apoiados nas barras frias da cela, fitando algum ponto distante com uma expressão vazia. Ele estava ali por que “acidentalmente” havia matado minha mãe, mas não gosto de falar sobre.

– Você aqui? Que milagre... – Ele murmurou entre dentes, forçando um sorriso torto.

– Não vá se acostumando com isso, velhote.

– Você não mudou nada, Kensuke. Como vão as coisas em casa?

– Err..

– Não está dando conta, não é?

– Cale essa maldita boca.

– O que houve? – Fitei o chão por alguns instantes, pensando se contaria a verdade. Se bem que eu não perderia nada se contasse a ele, mesmo que sendo meio inútil fazer isso, já que ele não poderia ajudar em nada. E se pudesse, estaria incapacitado.

– O Taka saiu de casa.

– Não me surpreende. É minha culpa o garoto ser desse jeito. Meu medo é que ele acabe como eu acabei. O que houve para ele querer sair?

– Eu não vou deixar. Brigamos e ele disse que não me agüentava mais, que não queria mais ficar naquela casa. Juntou as coisas e foi embora. Estou sem notícias dele á semanas.

– As vezes, você que parece o irmão mais velho, se preocupando com seu irmão imprudente desse jeito... E ele não vai conseguir passar muito tempo sem sua comida. Não vai demorar pra voltar.

– É, né... – Eu sorri. Pela primeira vez naquela droga de dia eu sorri com uma piada boba do meu pai preso acusado de matar minha mãe. Isso não podia ficar mais esquisito.

– E como vai aquela sua namorada bonita? Aquela que mora na cidade. Yuki.. Yui.. Yumi..

– Yukari, velhote. Nós terminamos. A vadia me traiu. – Meu pai riu com aquilo. Sem querer parecer dramático mais parecia que minha dor o divertia.

– Normal, filho. Essas garotas da cidade, não querem gente simples de uma cidade simples como nós. O status, a família, são coisas que eles valorizam muito. Então se você não é herdeiro de nada ou não mora na cidade grande e é rico, um namoro como esse nunca daria certo. Acredite, já passei por isso. Sei como é.

Depois disso, eu fui embora. Estava chateado por tudo aquilo ser verdade, acho que somente me recusava a acreditar naquele fato. Não sei se já mencionei, mas eu sei pintar. Sem querer me gabar, mas muito bem, por sinal. Mas parei aos quinze anos por falta de inspiração e vontade. Como o Taka havia saído de casa, e não me ajudava mais com as despesas, eu tinha que me virar sozinho. Então decidi arrumar um emprego como professor de artes numa escola infantil. Eu me dava bem com as crianças, conseguia ensinar bem e estava fazendo algo que adorava.

Mais dias se passaram e numa noite, ouvi o barulho da porta de casa sendo aberta com força. Assustei-me, ninguém nunca me visitava, eu não tinha amigos ou coisa parecida. Desci rapidamente as escadas e me deparei com meu irmão, caído no chão, respirando com dificuldade.

Sim, eu estava com certa magoa dele, mas claro que iria ajudá-lo ele ainda era meu irmão. Corri até ele e o ajudei a levantar, o rosto dele estava pior do que o corpo acabado e exausto, fitei seu rosto e suspirei fundo, focando no olho roxo que ele tinha, nos cortes e nas marcas de soco no rosto.

– Ah, Takahiro... O que eu faço com você? – Foi a última coisa que ele me ouviu falar, antes de apagar. Não sei bem se ele estava consciente ou se entendeu algo que eu dissera, mas ele era muito pesado de se carregar escada acima, sendo assim, o deitei no sofá. O cobri com uma manta grossa e quente, estava muito frio naquela noite. Coloquei uma toalha úmida e pequena em sua testa, passando alguns remédios para amenizar as marcas no rosto dele.

No outro dia, estávamos sentados no sofá, ele já tinha melhorado um pouco da tontura e da dor de cabeça, então aí, as explicações.

– Eu não lembro bem o que aconteceu. Eu fui pra Tóquio. A vida não é fácil na cidade grande... Eu mal tinha o que comer ou onde morar. Dividia uma apartamento com um amigo meu de lá. Numa festa, conheci umas pessoas... Gente não muito legal, sabe? Eles eram traficantes. Consegui desconto em algumas drogas com eles quando viramos amigos. Depois de algum tempo, fui demitido do meu trabalho por que estava chapado e acabei gritando com um cliente. Fiquei sem dinheiro para pagar os caras e eles começaram a me perseguir. Meu amigo me emprestou dinheiro pra minha volta. Quando cheguei na estação daqui, eles me acharam. Não sei como, acho que me seguiram de algum jeito... Eles me bateram, e me roubaram, eu tentei reagir, mas eles eram muitos. Fiquei sem dinheiro e andei da estação até aqui. Eu fui um babaca, Kensuke. Em tudo. Eu espero que... Me deixe voltar pra casa.

Eu suspirei. Aquele idiota... Se ele tivesse me ouvido, nada disso teria acontecido. Eu pensei um pouco e o olhei com cuidado, seus olhos pareciam tristes, porém sinceros e arrependidos.

– Eu deixo você voltar. Só tem algumas condições...

– Lá vem você com as suas regrinhas idiotas... – Ele reclamou e rolou os olhos, não tinha mudado nada. Baka.

– Condições.

– Tanto faz.

– Primeiro, vai parar de fumar, beber, largar qualquer vício que esteja destruindo sua vida. Cansei de ver você se destruir. Segundo, vai arrumar um emprego. Eu já tenho um, mas não vou conseguir manter nos dois e a casa. Preciso da sua ajuda, Onii-san. – Eu nunca, nunca, nunca, chamava o Taka de onii-san, mas foi necessário, eu precisava ser gentil com ele.

– Eu prometo tentar. Arrumo trabalho fácil. Talvez eu consiga recuperar o meu na farmácia. E como vão as coisas lá na escola, com aquela garota, Aki.. Ayu.. A..

Por quê raios ninguém conseguia acertar o nome daquela garota?!

– Akemi. Eu parei de ir pra escola.

– O quê?! Olhe, eu sei que sou um idiota que parou de estudar no final do terceiro ano, mas isso foi por que o pai foi preso e eu precisava cuidar de você, da casa. – “Hoje em dia eu que faço isso.” Pensei. – Mas não largue a opção de um bom futuro, por favor. Não seja burro que nem eu fui.

– Está falando da escola ou da garota?

– Dos dois, cara. Cá pra nós... A Yukari é uma esnobe idiota.

– Concordo, outro motivo para eu ter a deixado.

– Cara, vocês terminaram? Eu sinto muito... Você gostava muito dela, certo?

– Agora nem tanto. Parte de mim a odeia. Ela me traiu.

– Vadia.

Não agüentei e acabei rindo que nem um bobo, meu irmão era um idiota, mas era o meu irmão idiota, e eu tinha que cuidar dele. Assim, acabei voltando para a escola.”

– Eba, eba, eba! Quarto lugar! Como eu consegui isso? Bate aqui! Sayuri, você ficou em... Décimo terceiro.

– Mas esse nem é um lugar tão bom quanto o seu...

– Sayuri, numa lista de quase quatrocentos alunos.

– Décimo terceiro! – A baixinha de cabelos cacheados gritou e abraçou a amiga mais baixa ainda, aquelas duas tinham uma energia incomparável. A Akemi me parecia mais feliz. Conseguira fazer mais amigos, o namorado da Sayuri se transferira com alguns amigos da escola dele para a nossa, e pareciam que todos eram amigos agora, comentando sobre as notas obtidas entre si. Suspirei. Parte de mim queria que ela sentisse minha falta. Mas a maior parte dizia que ela estava bem assim, e que eu não deveria interfirir.

– Quem está em primeiro? – Um garoto alto e moreno perguntou do grupo, apontando para a lista. A Akemi se esticou, dando pequenos pulinhos enquanto tentava sem sucesso, enxergar o primeiro lugar.

Me aproximei e passei entre eles, procurando meu nome na lista. Arregalei os olhos. Primeiro lugar?! Como? Eu nem havia estudado direito para as provas antes de sair da escola por um tempo. Como isso? Acho que era algo meu. Conseguia tirar notas boas sem estudar. Vai entender.

Sorri de canto e dei de ombros, me virando.

– Kensuke? – Ela perguntou, se aproximando aos poucos.

Continuei andando.

– Primeiro lugar... Miyazaki Kensuke. – A Sayuri falou, enquanto usava o corpo do namorado de apoio para ver as notas.

– EH?! Como esse idiota ficou com o primeiro lugar?! Ele nem estudou!... Ele deve nem ter estudado! Ah, baka, baka, baka! – E correu atrás de mim, irritada por ter perdido o primeiro lugar dela. Ela me perseguiu que nem uma louca o dia inteiro. Me encontrou na biblioteca, e não falou muito comigo assim que me viu, somente pegou um livro e começou a ler, me olhando diversas vezes por cima do livro que lia, enquanto eu focava num livro aberto que estava em cima da mesa. Os olhos dela marejavam, eu não sabia o por quê, até ela sussurrar.

– Senti sua falta.

As aulas seguiram normalmente naquele dia, eu não conseguia pensar em outra coisa a não ser nas palavras dela “Senti sua falta”. Aquela garota... Só com uma frase conseguia me deixar louco!

No final da aula, o sinal tocou calmamente. Eu peguei minhas coisas e corri, a Akemi havia saído antes, disse que não estava muito bem. Eu procurei na enfermaria, no pátio, nos bancos, nada. Eu estava ofegante quando passei pela entrada do colégio, saindo dali. Suspirei fundo ao vê-la de costas, andando calmamente para casa. Não me movi, somente... Gritei.

– Akemi! Obrigado... – Espere, obrigado pelo quê? Por não me odiar por que eu sumi? Não, eu não tenho certeza disso. Por ter sentido minha falta? Por ter me esperado? Por ainda falar comigo? Não... Por existir.

Ela levantou um dos braços e acenou, sem se virar, somente continuando a andar em frente.

E meu dia acabou assim. Conflitos, confusões, lembranças e finais. Mas o ponto alto do meu dia, foi vê-la simplesmente... Ir.


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