Watashi wa kanojo yori mo kireidesu. escrita por Mirai


Capítulo 6
Breathe.


Notas iniciais do capítulo

Esse cap está demais! Não foi só por que fui eu que escrevi, mas esse ai promete! Espero que gostem deste, não demorarei com o próximo. Beijinhos! ^^



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Letras atrás de letras. Palavras, frases, textos, números, informações. Eu finalmente estava conseguindo levar os estudos a sério. Passava agora seis horas por dia estudado. Me dediquei a ter a melhor nota de toda escola, e estar no primeiro lugar. E rapidamente, por incrível que pareça, eu estava saindo da metade da lista de uma escola com quase quinhentos alunos, para o quarto lugar.

O que era impressionante, já que eu estava somente dois lugares abaixo do primeiro, e cobiçava aquele honroso primeiro lugar. Meu sonho sempre fora fazer faculdade de arquitetura moderna em Tóquio, eu sempre fui fascinada por casas, prédios, tudo que tivesse uma boa estrutura, me agradava Em vez de pôsteres nas paredes do meu quarto, eu fazia desenhos de plantas de casas ou prédios que eu inventava, ou achava que seria bonito de se construir.

Havia só um pequeno probleminha que tirava a minha cabeça do foco dos estudos, e o nome dele era Kensuke. Parte de mim tinha raiva dele. Por que mesmo sem querer eu fui um tipo de segunda opção para ele. Ele namorava e eu lá, inconscientemente gostando de alguém que tinha dona. Aposto que ele sabia que eu estava gostando dele naquele tempo, mas nem mencionara que tinha namorada, é como se ele tivesse deixado que eu me iludisse. Mas por um lado, ele nunca mostrou interesse..

Bom, não diretamente. Eu estava decidida a esquecer ele, estava com raiva de ter sido tratada como idiota. Mas a outra parte de mim, aquela parte bem pequena que se recusava a ser orgulhosa como a parte predominante, dizia que lá no fundo, eu sentia falta dele. Falta das brincadeiras, de ser chamada de menina desastre, de ser arrastada por ele por ai, até mesmo da sua indiferença e frieza.

Mas, claro que eu dava bem mais atenção a parte orgulhosa de mim, sentia falta dele, mas a raiva era maior que a saudade.

A tarde daquele dia estava triste. Era uma mistura perfeita de tristeza e calmaria. As ruas pouco movimentadas, o sol não dava as caras por conta do céu nublado. Não nevava, não chovia nem fazia sol, ficava naquele clima instável, como se algo que ninguém esperasse fosse acontecer a qualquer momento.

Fazia dois meses que eu não via minha mãe, e eu já estava acostumada com aquela solidão que eu acabara gostando depois de algum tempo. Eu estava na minha rotina de acordar e ficar fitando o teto, pensando, antes de ir tomar banho para ir pra escola.

Não demorei muito pra chegar na escola aquele dia, o metrô não estava cheio então tive a sorte de ir sentada. O que eu não esperava naquele dia normal e tedioso era olhar para cima e perceber quem estava na minha frente.

Kensuke estava com o uniforme normal da escola, os fios médios e escuros que ele sempre prendia com um elástico, estavam soltos naquele dia, ele usava seus óculos retangulares de sempre e fitava o chão. Tinha as expressões vazias de quando nos esbarramos pela primeira vez, mas parecia triste, desconsolado. Congelei quando ele levantou o olhar e forçou um sorriso desajeitado e torto, me fitando nos olhos, pronunciando-se baixinho.

– Ah, e ai Akemi? Desculpe não ter falado antes, eu não te notei ai.

Ótimo, passei de menina desastre para quase amiga, de quase amiga para segunda opção e de segunda opção para invisível. Era só o que me faltava.

– Eu estou bem. – Falei friamente, evitando olhar naquelas orbitas negras penetrantes.

– Eu.. Senti sua falta, sabia? – Ele murmurou baixinho, se inclinando para ficar mais perto, estremeci e desviei o olhar me afastando um pouco para o lado, ele se aproveitou disso e sentou ao meu lado.

– Ah, é mesmo? – Indaguei num tom sarcástico, mas ele não levou tão a sério.

– Mesmo. – Agora ele havia tirado o óculos e limpava o mesmo no casaco do uniforme. Baka. Não pode limpar um óculos assim.

– Me dê isso aqui. – Tirei os óculos de sua mão e puxei um pequeno lenço do bolso do meu casaco do uniforme, limpando as lentes de um modo delicado, focando no que fazia, sem olhar para o garoto do meu lado que insistia em continuar me olhando.

Suspirei e entreguei o óculos a ele, dobrando e guardando o lenço em seu devido lugar, pousando as mãos sobre o colo, suspirando pesadamente. Eu não estava olhando para o Kensuke, mas consegui sentir o seu sorriso. Ele se aproximou mas um pouco e se pronunciou novamente, agora com um tom mais baixo e um tanto rouco.

– Akemi..

Me levantei, tinha as bochechas tão vermelhas que pareciam dois tomatinhos. Suspirei novamente e ajeitei a bolsa perto do corpo.

– Para. Eu cansei de você. Cansei dos seus joguinhos idiotas, de você me iludindo, de ser sua segunda opção quando sua namoradinha enjoar de você, o que não vai demorar pra acontecer. Só quero que pare de falar comigo, pare de agir como se ainda fosse meu amigo. Você sabia desde o começo que eu gostava de você não mencionou o fato importantíssimo de ter uma droga de namorada! Eu não te odeio, não consigo sentir esse tipo de sentimento horrível por qualquer pessoa que seja. Eu só.. Deixei de gostar de você. Tenho raiva. Acho melhor nem esbarrar mais comigo, hn? Vai evitar mais constrangimento. Passar bem.

E foi isso. Eu explodi com ele. Não percebi, mas eu estava chorando enquanto falava tudo aquilo. Consegui mostrar um sorriso forçado e limpei os olhos. O metrô parou na estação da escola, e eu saí da estação, para a rua praticamente vazia, correndo em meio uma chuva fina e gélida que caia preguiçosamente pelo céu escuro e frio.

Eu chorava enquanto corria, minha visão ficou embaçada demais e quase que eu escorregava e caia de encontro com o chão, mas senti mãos firmes segurarem minha cintura. Era o Kensuke. Estremeci com o toque dele. Nunca havia ficado assim, com o corpo tão próximo ao dele.

Os fios escuros dele pingavam, deixando o uniforme molhado, mais molhado ainda, os óculos dele tinham várias gotinhas de água em sua lente. Em um movimento rápido, fui pressionada contra a parede. Ele deixou o rosto bem próximo do meu. Eu ainda chorava e tinha os olhos fechados, respirando com dificuldade, sentindo o ritmo do coração descompassar ao sentir nossas respirações se mesclarem.

Ele pronunciou-se baixinho, quase roçando os lábios aos meus:

– Atitude corajosa, a sua. Pena que eu não vou desistir de você só por que você quer.

Os lábios do Kensuke eram finos, mas macios. Senti cada parte do meu corpo se arrepiar quando ele selou aqueles lábios aos meus. Fiquei imóvel por alguns instantes, deixando que ele me beijasse enquanto segurava meus pulsos contra a parede, me prendendo ali. Ele sugou meu lábio inferior de leve e sorriu.

Admito que não resisti aquilo e retribui aquele beijo com um pequeno selar em seus lábios finos e quentes. Naquele momento, eu havia esquecido até como se respirava.

E tudo o que eu precisava naquele momento, era respirar.


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