Meu Segurança Particular. escrita por Uvinha Lee


Capítulo 39
Segunda chance.


Notas iniciais do capítulo

Altas emoções hoje... Ai ai ai ui ui...
Boa leitura.



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O rosado estava deitado em sua cama e encarava o teto de seu pequeno apartamento. Sobrancelhas franzidas, ele parecia concentrado em algo. Talvez em algum pensamento, ou talvez fosse apenas uma aranha construindo uma teia no canto da parede.

Seu celular vibra e solta um som baixo constante. Alguém o procurava. Ele não se esforça, apenas estende seu braço e alcança o aparelho, levando-o prontamente até o ouvido.

– Hah. – Responde. – Óh. Yukino-san... – Ele olha para o lado. – Última prova de roupas... Mas já?... Amanhã? – Ele se senta sobre a cama e coça a cabeça. – Tudo bem, estarei aí. Ah, Yukino-san... Será que você não viu um gato azul por aí? – Ele parecia um tanto apreensivo, mas logo sorriu e deu uma risadinha. – Ahr.... Que bom. Pensei que havia fugido novamente. É que ele esteve o tempo todo fora e a última vez que o vi, estava aí... É, parece que ele gosta mesmo da Lucy. Ou é apenas mais legal que o meu apartamento. – Uma gota caiu de sua testa. – Bom, te vejo amanhã, então!

Ele desliga. Joga o aparelho de lado e espreguiça-se, coçando a nuca.

– Pensando melhor, acho melhor ir buscar o Happy... – Ele se levanta e vai até o banheiro para se banhar. – Se ele arruinar uma das roupas da Lucy, ela me mata.. – Ao passar em frente ao espelho o garoto nota as marcas em suas costas. Apesar de fracas, ainda eram visíveis Ele vira e tenta vê-las melhor. Passa o dedo por cima de seu ombro e estreita o olhar.

~...~

Mãos macias, mas firmes seguram o braço dele e tentam fazê-lo ficar onde está.

– Lucyyy... – Diz ele com voz arrastada. – Esse chão é muito duro. Vamos apenas para o seu quarto.

– Não, Natsuuuu... Vamos apenas ficar aqui de uma vez... Além disso, você está quase sem roupas... – Disse a loira com voz manhosa.

– Isso porque está muito calor. No seu quarto tem uma janela, certo? – Ele vai até as escadas, mas a garota está determinada a não deixá-lo ir até o seu quarto.

– Natsuu! Não entre lá, é embaraçoso! – Ela estava tentando pará-lo, sem sucesso, ele já estava praticamente na metade dos degraus.

A loira se desequilibra e cai, empurrando o garoto, que não para de engatinhar até em cima.

– Au... – Ele levanta a cabeça e volta a equilibrar-se minimamente. – Oh. Eu posso ver sua cama daqui... Parece confortável. Vamos para lá.

– Não, vamos ficar aqui! – A garota tenta impedi-lo e ao tentar puxá-lo para baixo, suas unhas o arranham.

~...~

O rapaz arregala os olhos e encara a si mesmo no espelho. Tira lentamente sua mão de suas costas e franze a sobrancelha.

– Ói... Por que eu estava tentando ir para o quarto da Lucy?... E por que estava sem... Roupas? – Ele abaixou o olhar, sem desfazer seu semblante preocupado. Voltou a encarar-se. – Será que eu... E a Lucy...

Continua a encarar-se, enquanto tira suas próprias conclusões... Sua expressão cada vez mais preocupada, concentrada... Focada...

– UOHOHO! – Subitamente abre um sorriso e arregala os olhos. Ele bate o punho na palma de sua mão. – Tenho que me lembrar do resto!

Ele se esforça e pressiona os olhos tentando vasculhar mais de sua memória perdida. Happy poderia esperar.

...

A branca parecia incrédula e a loira tinha uma pequena nuvenzinha negra imaginária sobre sua cabeça, tamanha preocupação.

– Eu não posso acreditar nos meus ouvidos. Você conhece um cara, e praticamente, no mesmo dia—

– Aquarius! Fale baixo, por favor!!

– Você e ele têm um—

– Aquarius, não fale tão alto—

– E você não SE LEMBRA?

– H-Hey, eu não tenho certeza se eu e ele realmente...

– Como não poderia saber? Sempre há vestígios quando acontece algo assim. – Ela pôs a mão no queixo.

– Já aconteceu isso com você antes?

– Difícil me lembrar de quando isso não aconteceu. – A garota ficou estarrecida.

– V-Verdade? – A azulada riu. A garçonete chega com os pedidos das duas e sai rapidamente, desejando bom apetite.

– Não se apavore, Lucy. Não é como seu eu fosse uma mulher promíscua. Apenas gosto de me divertir enquanto sou jovem, linda e solteira. Além disso, pode imaginar como é difícil ficar comprometida em um mundo como o meu? Estou sempre rodeada de homens lindos e modelos. Não posso simplesmente me amarrar a uma pessoa só, tão cedo, certo? – Ela fecha os olhos e dá um generoso gole em seu chocolate. – PPPPRRRRFFFFFFFFFFHHH.... – A loira, por sorte, consegue desviar do chocolate quente que a modelo cospe assim que o prova. – Mas o que é isso?!

A atendente se aproxima mais uma vez, parece preocupada.

– Algo aconteceu?

– Pelo contrário. Algo não aconteceu. Algo tipo adoçarem este líquido amargo que chamam de chocolate quente, talvez?! Aliás, parece que o que acabo de provar foi a lava do inferno. Que tipo de chocolate quente é este?

– Aquarius, fique com o meu! Eu provei e está bom... Não precisa ficar nervosa... – Lucy tenta apaziguar.

– Lucy, passamos tanto tempo procurando um bom lugar para, no final, acabarmos não gostando do que é servido...

– Me desculpe, senhora. Mas asseguro que o chocolate quente foi devidamente adocicado—

– Então agora eu estou mentindo?

– N-Não, de forma alguma... Apenas—

– Acho que terei de fazer uma reclamação formal. – A pobre garçonete pareceu se desesperar. Lucy se levantou.

– Moça, apenas vá pegar outro chocolate quente, sim?

– Por conta da casa, eu presumo. – Disse a azulada, arqueando uma sobrancelha.

– C-Claro, senhora. Irei trazer o quanto antes. – A menina correu de volta à cozinha.

Lucy estava com pena da pobre menina, mas sabia que tudo ficaria bem enquanto ela conseguisse controlar a modelo. Modelo essa que parecia irritada e massageava as têmporas com os olhos fechados. A loira se sentou novamente.

– Pobre garçonete. Acho que ela ficou com medo de perder o emprego.

– Não há ninguém com pena da minha língua agora, Lucy. Não sei se sequer sentirei o sabor do próximo chocolate quente ou de qualquer outra coisa.

– Não seja exagerada, sua língua está ótima. Continua afiada e tudo. – A azulada fitou a loira e soltou um risinho.

– Veja quem está fazendo piadas, agora! – A azulada cruza as pernas. – Acho que seu humor melhorou, afinal.

Lucy não havia percebido, mas, ao longo de seu passeio com Aquarius, esteve o tempo todo tão focada em controlar os ataques de fúria da modelo, que havia esquecido sua preocupação.

– Agora que mencionou, é verdade que me sinto um pouco melhor.

– Ótimo.

– Mas... Sobre antes... – Aquarius elevou as sobrancelhas.

– Hm?

– Já acordou ao lado de alguém sem se lembrar de nada que aconteceu?

– Claro... Eu vou a muitas festas. Sempre saio acompanhada e acabo bebendo demais.

– Nossa... Não tem medo que um dia isso dê muito errado?

– Você quer dizer, engravidar? – A loira assentiu. – Isso é impossível. Eu me cuido. Além disso, sempre tomo pílulas. – A loira olhou para o lado.

– Ahn...

– Você também, certo?

– B-Bem... Na verdade, não saio com ninguém há um tempo... Então...

– Não me diga que não faz nada para se prevenir?

– Ai, é que, como eu ia adivinhar que ia sair com alguém tão de repente? Além disso, o Natsu é um dos meus modelos e—

– Natsu? É o rapazinho desastrado com cabelos cor de rosa? – Cora ainda mais.

– É... M-Mas não espalhe por aí!

– Hm... Lucy-san. Ele é bem bonitinho. – Ela diz com um sorriso malicioso. – Tem bom gosto.

– Aquarius! Isso não é hora para analisar a beleza do meu... Do cara que eu...

– Tá, tá... – Ela levantou as mãos. – Já entendi. – A loira cobriu o rosto e abaixou a cabeça. – Então, havia algo lá? – A loira espiou.

– O quê?

– Onde fizeram.

– Eu já disse que não tenho certez—

– Que seja! Tinha ou não tinha?

– B-Bem... Eu achei um sutiã...

– Bingo! – Aquarius sorriu.

– M-Mas isso não prova nada!

– Como pode ter esquecido uma noite com o Natsu?

– Fala baixo, Aquarius! – A garota estava extremamente vermelha.

– Deixa de frescura, Lucy. Sabe quantos casais estão fazendo bebês nesse momento?

– B-Bebês?

– Roh... – Ela se encostou à mesa, apoiando o queixo no dorso de sua mão. – Por falar nisso... Sua menstruação já chegou... Lucy-san? – A loira arregalou os olhos.

– N-Não! Mas eu estava com cólicas hoje mais cedo e—

– Grávidas também sentem cólicas nos primeiros meses de gestação, bobinha. – Ela se encostou à cadeira. A loira ficou estática. – Sabe o que dizem... É preciso apenas uma vez para...

– Aquarius, para com isso! Quer me deixar mais nervosa ou o quê?

– Desculpe, Lucy, mas não irei dizer o que você quer ouvir, e sim o que você precisa. É uma possibilidade. Disse que não se cuida e não lembra o que houve entre vocês... Mesmo assim, achou um sutiã em um lugar duvidoso... – A loira olhou para o lado. – Se eu fosse você, trataria de lembrar logo o que houve naquela noite. Ou... – Lucy encara a modelo.

– Ou?... – A modelo se inclina e encara a garota com um olhar determinado.

– Ou nós voltamos naquela farmácia e compramos um teste de gravidez.

A garota parecia aterrorizada com a possibilidade de sua vida estar a um passo de mudar totalmente... Um filho? Ela era muito nova! Sequer era casada... E uma pessoa como Natsu... Não era exatamente o tipo de homem que Lucy sonhava como o pai dos seus filhos. Por mais louca que Aquarius pudesse parecer com toda essa teoria, talvez, no fundo, ela tivesse razão... Mas Lucy não queria aceitar essa loucura tão rápido. Ela iria fazer de tudo para se lembrar do que aconteceu naquela noite primeiro.

...

O show dos dragões já estava quase no fim. O palco estava repleto de presentes e flores que os fãs jogavam a cada vez que os rappers se aproximavam.

– Essa será nossa última canção, Tóquio! – Disse Sting ao microfone.

– Obrigado a todos que vieram! Nós, os dragões gêmeos, amamos vocês. – Disse Rogue, completando a fala do amigo.

– Yeaaaaaaah!! – Gritou Sting, pulando e pondo seu braço em volta do pescoço de Rogue enquanto sorria. O moreno riu e o empurrou; voltaram aos seus lugares no palco.

Na Plateia.

Duas garotas conversam enquanto os dragões se preparavam.

–... É claro que a Vikky não vai voltar com ele.

– Como você sabe que ela não gosta mais dele? Além disso, ele está arrependido e todos erram! Eu super shippo os dois!! Eles são tão fofos!

– Não! Se a Vikky voltar com ele, eu ficarei decepcionada! O que ele fez foi o cúmulo!

– Fãs de verdade apoiam seus ídolos em qualquer decisão. É o que eu acho!

– Eu também acho... – As garotas olham para trás e vêem uma garota desconhecida. –... que a Levy não ficará com o Rogue. – Uma delas sorriu e fitou a outra garota.

– Viu? A menina aqui também acha que ela não deve voltar para o Rogue!

– Argh... Eu não discutirei. Apenas vamos esperar para ver o que acontece. De qualquer forma, eu não sou fã da Vikky. Sou fã dos dragões.

– Pois eu sou a fã número um da Vikky! Vim apenas porque havia rumores de que ela faria uma participação... Mas acho que não é hoje...

– Sobre a Vikky... – A garota fitou a desconhecida.

– O que tem?

– Eu também gosto muito das músicas dela. Mas sou uma fã nova... Pode me dizer o que sabe sobre ela? – A fã arqueou uma sobrancelha.

– Por quê?

– Apenas... Quero saber o tanto quanto você. – Ela sorri. A garota pensa um pouco, mas logo zomba da garota.

– Pff... Não mesmo. Se te contar tudo que sei da Vikky, não serei mais a número um. Se esforce por si mesma e descubra sozinha! – A garota se afasta.

Ela observa enquanto as duas vão para longe, com o mesmo sorriso.

– Pena... Pensei que essa seria a chance perfeita para... – Ela encara Rogue. – Deixa para lá. Acho que não poderei aproveitar o fim do show, afinal... Terei que descobrir sozinha, não é?... Não fique chateado... Meu moreninho... – Ela vira parcialmente e mantém o sorriso.

No Palco.

O palco estava escuro e os dragões se preparavam para a última música. O loiro cutuca secretamente o amigo.

– Ói, Rogue. Estão esperando por você.

– Oh... Desculpa. – Ele ajeita o microfone.

– Alguma coisa errada?

– O holofote passou pela plateia e... Pensei ter visto alguém conhecido...

– Quem? A Levy? – O moreno o fita.

– Não. A Flare. – O loiro torce a boca e franze a sobrancelha.

– Espero que esteja errado... Bom, vamos lá. Essa é a última.

– Hm. – Eles se preparam.

...

Eles estavam quase chegando à mansão. Gajeel seguia a rapper em sua moto, logo atrás. Através da viseira escura de seu capacete, o moreno observava os movimentos da garota dentro do carro.

A azulada encarava a pista à sua frente. Não demoraria tanto para chegar até a mansão na velocidade que seguia. Ela sentia uma espécie de frio na barriga ou algo do tipo. Não sabia explicar, talvez estivesse ansiosa; estava um pouco ofegante e seu coração ainda estava um pouco acelerado.

– Tudo bem... Eu acabei de beijar... O meu segurança... – Falava consigo sem desviar o olhar do caminho à frente.

~...~

Sua mão envolve a cintura da garota, que é imprensada contra o corpo dele. Ela, instintivamente, solta um pequeno suspiro de surpresa e apoia-se ao peitoral desnudo do rapaz.

Respirações pesadas entre os movimentos quase sincronizados dos rostos de ambos, enquanto tornam-se um por alguns segundos...

Ele era quente... Sua pele era surpreendentemente macia, apesar das cicatrizes.

Ela podia sentir todos os toques dele sobre sua pele.

O calor da palma de sua mão em suas costas, o arrepio causado pelo toque das pontas de seus dedos, que subiam pela sua nuca e acariciavam seu couro cabeludo, entrelaçando-se a seus cabelos...

~...~

A menina percebe que havia se distraído por um instante. Aquela cena não saía da sua cabeça. Ficava repetindo o tempo todo como um gif. Ela tinha que confessar para si mesma... Gajeel era um homem de atitude. Não se lembrava da última vez que alguém havia a segurado tão firme. Ele a puxou para si com tamanha vontade que as pernas da garota tremeram por um momento e seu coração parou por um segundo. Como quando alguém leva um susto... Dizem que o coração morre por um segundo. Talvez Levy ainda estivesse presa em algum lugar dentro daquele segundo, porque não conseguia respirar agora. O que está acontecendo comigo?... Aquele beijo despertou sensações em mim... Que eu pensei que nunca sentiria novamente. Ela não pôde evitar um sorriso, mas ainda achava tudo aquilo estranho. Levy desvia o olhar e vê seu segurança pelo retrovisor frontal.

– Tss... – Inspira. – Não sei se você é a minha segunda chance ou não, Gajeel... Mas eu gosto do que estou sentindo agora.

Levy se sentia viva. Pela primeira vez em tanto tempo.

...

Gajeel e Levy chegam à mansão e encontram Gray e Romeo junto com Juvia e Wendy. Os cumprimentaram, mas logo voltaram aos seus trabalhos. Gray e Romeo acompanharam a azulada e sua irmã até em casa. Durante todo o caminho os dois menores cochichavam provocações e gabavam-se cada vez que Juvia e Gray agiam como eles desejavam.

Já era noite. Levy recebera uma ligação de Gil, que disse que o empresário dos dragões pediu mais uma estrofe para a música que ela havia feito, pois ela parecia incompleta. A garota se sentiu frustrada. Como se não bastasse toda a mídia falando da possível volta do casal de rappers, agora ela deveria desenterrar mais alguma mentira do fundo de sua criatividade escassa. Estava encarando a folha com a música, agora incompleta novamente, em suas mãos. Sentada ao chão de seu estúdio.

– Pensando bem... Não há nenhuma mentira naquela música... – A garota se lembra dos momentos em que esteve escrevendo a música... Com Gajeel. Ela sorri ao lembrar-se.

– Seu humor está bem melhor desde hoje à tarde, ao que parece. – Ela levanta o olhar. Ele estava de braços cruzados na porta de seu estúdio. Ela cora levemente.

– C-Como assim? – Ele dá alguns passos e entra no estúdio.

– Estava sorrindo sozinha.

– Ah... – Ela olhou para o lado. – É que eu lembrei como foi divertido quando estávamos escrevendo a música do dueto... – Explicou.

– Tch... É. Foi. – Ele sorriu e sentou-se ao estofado. Ela pareceu cabisbaixa por um segundo. – O que foi? – Ela o encarou em silêncio por alguns segundos e baixou o olhar.

– Gajeel... – Ela o fitou. Ele a fitava com olhos preocupados. – Lembra o que disse quando nos conhecemos... Sobre não fazer o que eu não quero só porque a mídia diz que eu devo...

– Lembro. E daí? – Ela senta sobre as pernas e põe uma das mãos sobre o cotovelo.

– Acha mesmo isso? – Ele franze a sobrancelha.

– Mantenho o que eu disse. Mas aonde quer chegar? Por que está falando disso agora? – Ela reflete um pouco. O encara seriamente e estende a folha com a música. O segurança olha a folha e desvia seu olhar para ela, novamente.

– Eu não quero mais cantar com o Rogue. – Ele arregala os orbes.

– O quê?

– Tudo que está escrito nesse papel fomos eu e você que fizemos, Gajeel. Essa música é nossa! Não posso simplesmente cantá-la com outra pessoa, como se isso fosse sobre ele! – O moreno ficou em silêncio e abaixou o olhar com sobrancelhas franzidas. Ela expirou e se levantou, dando as costas para ele. – Arh... Além disso, o Gil acaba de me ligar e ainda terei que fazer mais uma estrofe e nem ao menos sei por ond—

– Cante o dueto. – Ela virou e o encarou com sobrancelhas franzidas. Ele ainda encarava o chão.

– O quê? – Ele se levantou e andou até ela sem fitá-la. Ao ficar à frente da garota, ele a encarou.

– Cante o dueto. Com o Rogue. – Ela pareceu ficar irritada.

– Não acredito no que acaba de dizer.

– Levy—

– Você sabe o que todos estão pensando por aí, certo? – Saiu da frente do rapaz e andou para o outro lado da sala de seu estúdio. O moreno vira para encará-la. – Não quero que todos confirmem que eu e o Rogue estamos juntos novamente ou que eu o perdoei! – Gajeel a ouvia em silêncio. Ele também não gostava da ideia, mas esse não era o certo a se fazer. – Como quer que eu cante com ele quando nossas almas estão naquela música? – Ela se aproximou dele novamente. – Eu não conseguirei cantar sabendo que isso é uma mentira. – Levanta o papel com a música e o joga no chão. Ela vai até o sofá e senta-se, encolhendo-se ao estofado.

Gajeel expira. Vai até a folha, a recolhe do chão e segue até Levy novamente. Ele para em sua frente e estende a folha.

– Eu já disse. Cante com ele, Levy.

– Eu não entendo você... – Ela o encara irritada. – Nós já brigamos porque você queria, praticamente, esmagá-lo com os punhos e agora me diz para cantar a música, que me ajudou a fazer, com ele.

– Se você se recusar a cantar com ele, as pessoas não pensarão que apenas está se acovardando? – Ela mantém suas sobrancelhas franzidas e encara o papel à sua frente. Parece considerar o que ele diz, mas ainda é relutante. – Não é como se eu quisesse te ver cantando uma música romântica com aquele cara. – Esse comentário causou uma pequena pressão no tórax da azulada. Seu semblante amaciou-se um pouco. – Mas talvez isso te faça bem. – Ela o encarou de novo e voltou a ficar irritada.

– Você está brincando, certo? – Ele se agachou e apoiou a mão em seu joelho. Ela o fitava com bico.

– Talvez eu concorde com o seu empresário maluco. Talvez isso mostre a todos que você não se importa mais com aquele cara. Que ele não passa de mais um trabalho profissional para você.

– Mas... Gaj—

– E depois.... – Ela fitou seus olhos. – Não importa o que você faça, todos falarão o que quiserem, de qualquer forma. – Ele se levanta e estende a folha com a música. – Apenas encare este problema de frente, assim como sempre fez. Eu sei que conseguirá subir naquele palco e cantar isso. Porque é o que você faz. – Ela pensou um pouco. Se levantou e o encarou. Ele trazia um sorriso em seu rosto e parecia orgulhoso. Ela, no entanto, ainda estava irritada. Tomou a folha da mão do segurança e bufou.

– Argh. Você parece o Laxus. – Ele a observou afastar-se com ignorância e jogar-se no banco do piano para começar a produção do restante da canção. – Me obrigando a encarar coisas complicadas quando queria apenas me esconder em um edredom e tomar sorvete de chocolate como qualquer pessoa frustrada... – Ele deu um risinho secretamente. – E acho melhor me ajudar com isso. Não tenho criatividade alguma agora.

É, Levy estava irritada. Não queria estar perto de Rogue agora e ela estava certa de que Gajeel seria a primeira pessoa a concordar com isso. Até imaginou que ele poderia pensar em algo, como sempre faz na última hora, para que ela não precisasse mais cantar aquele dueto romântico... Mas a vida não é um anime com pôneis e arco íris.

A verdade é que ela não esperava uma atitude tão sensata do moreno. Ele era sempre impulsivo e tinha as ideias mais loucas. Não era atoa que não parava por causa de leis ou regras... Agora ele parecia mudado e lembrou mesmo o modo como Laxus agia. Mesmo estando contrariada... Levy se sentiu protegida e cuidada por ele. Isso era exatamente o que ela precisava naquele momento.

Ela acabou se convencendo que desistir de cantar com Rogue seria pior, no fim das contas. Isso causaria mais polêmica e mais alguns milhares de rumores, e os que já existiam eram o suficiente!

... Depois de algum tempo...

A música finalmente estava completa. Era hora de pô-la em prática. Levy foi até o piano e convenceu Gajeel a acompanhá-la, cantando a parte que seria de Rogue. Os dois cantaram juntos e a combinação da docilidade angelical da voz de Levy junto ao timbre rouco e grave de Gajeel foi perfeito como o céu estrelado e a lua cheia. Ou o pôr do sol e sobre o mar azul-esverdeado.

Levy escreveu as primeiras duas linhas e Gajeel completou com as duas últimas linhas. Foi algo curioso, mas ao cantarem a última estrofe, sentiram-se como se estivessem confessando seus segredos mais íntimos um para o outro.

[…] And if I open my heart to you
I'm hoping you'll show me what to do
And if you help me to start again
You know that I'll be there for you in the end

E se eu abrir meu coração para você
Eu espero que você me mostre o que fazer
E se você me ajudar a recomeçar
Você sabe que eu estarei lá para você no final

Enquanto Gajeel dedilhava o solo final na guitarra elétrica e a garota cantava as últimas notas ao piano, a canção lentamente chegou ao fim e os dois sentiram-se satisfeitos com o resultado.

– Isso foi... Perfeito! – A garota trazia um largo sorriso no rosto.

– Tenho que admitir. Talvez seja a melhor canção que já ouvi. Gihi... – Ela o encarou e diminuiu seu sorriso, trazendo um semblante sereno em seu rosto. Isso fez com que ele parasse; seu coração pareceu agitar-se ao vê-la encarando-o com tamanha doçura. – O que foi? Por que está me olhando assim, de repente? – Ela encostou sua cabeça no instrumento, ainda fitando-o.

– Eu só... Estou feliz. – Ele pareceu surpreso. – Obrigada por não me deixar desistir. Laxus não poderia ter escolhido ninguém melhor.

– Tch... Era o que ele faria. – Ele parece um pouco sério. Ela se levanta e pega sua folha com a música.

– É... – Ela se aproxima dele. – Mas não é o Laxus que está aqui. – Ele arqueou uma sobrancelha. Ela riu e agachou-se à frente dele com um sorriso. – Eu sei tudo o que Laxus faria em um momento como esse. Mas quem está comigo é o Gajeel. Ou só age de acordo com o que Laxus faria no seu lugar?

– N-Não foi isso que eu quis—

– Eu sei, bobo. – Ela riu por deixá-lo um tanto desconsertado. – Só quero dizer que tenho sorte por ter te conhecido. – Ele a encarou. Levy percebeu que o rapaz estava estático e seu rosto começava a ficar rosado. Ela levanta e vai em direção a algumas pastas jogadas em cima da mesa de mixagem. – Queria ter conhecido alguém como você antes que Rogue entrasse na minha vida. – O rapaz franziu a sobrancelha e fitou o chão. – Talvez tudo fosse diferente.

Mas o próximo comentário iria mudar totalmente o clima que havia se instalado com a música.

– E se eu não for tão diferente assim... do Rogue? – A garota, que fitava alguns papeis, levanta o olhar e franze a sobrancelha. Ela o encara. O rapaz ainda encarava o chão. Parecia sério. Isso preocupou a garota. Ela se virou.

– Do que você está falando? – Gajeel se levanta e dá as costas.

Ele não queria perdê-la. Mas ele tinha que ter certeza... De que Levy o conhecia por completo. Ele não queria criar expectativas em algo ilusório... Afinal, ela conhecia apenas parte do mão de ferro.

– Gajeel? – Ele se mantinha em silêncio. Ela deu alguns passos em direção a ele.

– Há uma coisa que não sabe sobre mim. Estive escondendo todo esse tempo, inclusive de Laxus, quando me pediu para falar sobre meu passado, antes de me contratar. - Ele virou e encarou a garota.

– Tudo bem...

– Não. Não está tudo bem, Levy. Eu... – Ele abaixou o olhar. Ela pareceu preocupada. Gajeel estava frágil e com medo de dizer o que parecia estar prestes a dizer. – Não quero mais esconder isso de você. – Ele a encarou. – O real motivo... Que me fez vir à capital foi porque eu estava fugindo.

– Estava... Fugindo... – Repetiu ela, tentando entender. Ele estava sério. Ela ainda não entendia o motivo de ele ter se comparado com alguém como Rogue, mas talvez estivesse compreendendo qual seria o fim daquela história.

– Não podia ficar onde estava porque... – Ele estava ofegante. – Eu matei alguém. – Ela pareceu surpresa. Então é sobre isso... Ela concluiu. Ele caiu de joelhos e fitou o chão. Ele estava... Chorando? – Eu matei... O meu pai.

Aquilo ainda doía. Mesmo que aquela pessoa fosse um ser desprezível... Ainda era o pai de Gajeel. Talvez ele fosse tão fechado por carregar um fardo tão pesado por tanto tempo. O silêncio prevaleceu depois da revelação de Gajeel e ele deduziu que a garota, provavelmente, estaria apavorada. Ele não se atrevia a levantar a cabeça para encará-la. Ele não havia falado sobre isso com ninguém além de Mirajane. Ela era a única que sabia sobre seu real passado negro. Talvez tenha sido burrice estragar tudo com Levy. Mas ele preferia destruir aquilo antes que se tornasse bom demais. Ou, no fundo, ele esperasse desesperadamente que ela desse um voto de confiança...

Mas em meio aos tantos pensamentos do mão de ferro, algo o tira de seu desespero. Os pequenos pés descalços da rapper em frente a ele. Ele franze a sobrancelha. Ela se ajoelha e põe a mão em seu queixo, empurrando levemente para cima, para que ele a encarasse.

Ela abaixou o olhar e pôs algo na mão do rapaz.

– Parece que você guardou isso por muito tempo... – Ele a encarou com estranhamento e fitou o objeto em sua mão. Era uma... Caneta.

– O q—

– Escreva... Vai se sentir melhor. – Ela sorriu.

– Não ouviu o que acabei de dizer? – Ela abaixou o olhar. Comprimiu os lábios e o encarou de novo. Ele franziu a sobrancelha. –... Você... Sabia?

– Não importa. – Ela se levantou e virou.

– Claro que importa! – Ele a seguiu e segurou os ombros de Levy virando-a para encará-lo. – Me diz! – Ela passou a língua nos lábios e assentiu, abaixando o olhar.

– Eu ouvi algumas conversas... Sobre isso. – Ela o encarou. – No mesmo dia em que assisti sua apresentação no bar da Mirajane. – Ele arregalou os olhos. E mesmo com esses rumores ela...

~...~

– Gajeel. – Ele parou e a fitou parcialmente. Ela estava fitando o chão. – Não faça isso de novo.

– Hm? – Ela o encarou.

– Dizer que vai embora. – Ele pareceu surpreso. Ele virou e se aproximou dela, encarando-a. Ela elevou os olhos e encarou seu segurança com semblante um tanto tristonho.

~...~

Ela não agiu de modo diferente ou ficou com medo... Mas me pediu para não ir embora outra vez.. Mas ele precisava ter certeza.

– Não tem medo que eu seja uma ameaça para você? – Ela franze a sobrancelha. – Eu sou alguém capaz de tirar a vida do próprio pai.

– Gajeel... – Ela passa seus dedos na bochecha úmida do rapaz e apoia sua mão na nuca do moreno. – Quem quer que você tenha sido antes do homem que eu vejo agora, não me importa. O meu segurança, Gajeel Redfox é alguém que salvou minha vida. Mais de uma vez. Que faria qualquer coisa para defender seus amigos. Eu vejo... – Olhou para o lado e sorriu, fitando-o novamente. – A luz que brilha sobre meu escuro e, então, eu não tenho mais medo.

~...~

A garota apoiou-se em seu braço e se sentou encostada à parede. Ela olhou para a escuridão. Ouvindo a voz dele, ela conseguiu olhar para o escuro. Sim... Estava vindo de dentro da escuridão. A luz dos relâmpagos era rápida, mas mostrava a silhueta de Gajeel, que ainda estava sem camisa, apenas com aquela calça social preta e carregava consigo um violão que parecia velho, mas suas cordas estavam novas, já que o som era impecável. Quase como se fosse usado constantemente. Cada relâmpago parecia a luz de um holofote de um palco e Gajeel era o astro.

~...~

Como quando ele a tirou do escuro na casa de cera... Ela sorri.

– E isso é tudo que eu preciso saber. – O garoto abaixou o olhar e deu um pequeno sorriso, incrédulo.

– Tch... – Ele a encarou seriamente. – Acho que não conseguirei mais, baixinha.

– O quê?...

– Ficar longe de você. – Ela pareceu surpresa.

A garota sentiu uma pressão em seu tórax e seu coração acelerou novamente. Gajeel a puxou com mais ferocidade e tomou seus lábios em um beijo ávido. Puxou suas coxas e a pôs no colo, envolvendo sua cintura com as pernas da garota. Ela segura o rosto do moreno e parece receosa.

– Gajeel...

Ela tinha medo.

– Eu sei... – Ele respondeu, fitando-a dentro dos olhos.

Mas valia a pena o risco.

– Que se dane. – Ele diz, puxando-a novamente.

Lentamente abaixa-se e deita-se sobre a garota no chão aveludado daquele estúdio. Ele não pensava em mais nada. Apenas tinha certeza de uma coisa: iria lutar por ela e fazê-la superar todos os seus medos. E ele esperaria o tempo que fosse...

Por ela.

Você é minha segunda chance... Levy.


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Notas finais do capítulo

Ai gente, como eu tô romântica. Ç_____________________________Ç
Quero só dizer que ESTE era o primeiro beijo oficial, e não na praia. Mas nem na minha história, nem na vida, as coisas acontecem do jeito que são planejadas. kkkkk...
Ah e deixa eu comentar o quanto estou amando Aquarius nessa fanfic, ela é ótima. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...
E a Lucy, hein? Esse é, não é; Tá, não tá. USHAUSHAUSHAUSAUHS... Tenho muitas aventuras guardadas pra ela. E tenho que agilizar a história porque já entramos em dezembro!!! (Whaaaat?!) O tempo tá voando, gente, pelo amor. Não vou terminar MSP nessas férias. Não é possível. kkk...
Até ea próxima, rappers. Beijo!