Meu Segurança Particular. escrita por Uvinha Lee


Capítulo 40
Muro de proteção.


Notas iniciais do capítulo

O capítulo de hoje começa um pouco tenso, mas depois se amansa... Mas já aviso logo. A partir de agora, as coisas podem ficar um pouco mais românticas e o lobo solitário pode ficar meio irreconhecível.

Mas quem nunca, né? Estamos contigo Gajeel apaixonadão. ♥
Boa leitura.

P.s: Eu nunca. '-'



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A mulher estava em pânico e encarava seu filho. Ele acabara de cometer um ato brutal e imperdoável. Imperdoável, ao menos, para todos que descobrissem o que havia acontecido... Não para aquela mulher. Para ela, aquilo não havia passado de um ato heroico. Mas isso não seria entendido por todos da mesma forma. Afinal, seu filho nunca fora um rapaz fácil de lidar e todos sabiam de seu temperamento explosivo, bem como sua difícil relação com o homem agora deitado naquele chão frio, que retirava o restante de sua temperatura corporal da qual se esvaía com o passar dos minutos. O corpo estava ensanguentado e uma arma de fogo, manchada com o mesmo sangue que corria dentro das veias de seu filho, estava jogada não muito longe do corpo do seu marido.

– Gajeel... Você... – A mulher estava apavorada e suava frio. Era notória sua voz e mãos trêmulas. Ele estava visivelmente abalado.

– Ele... – Estava ofegante. Ele encarou a mãe rapidamente, desviando seu olhar para o defunto. – Ele não me deu escolha.

Ela deu alguns passos em direção ao corpo, inclinando-se para comprovar sua morte.

– Não se aproxime. – Disse ele estirando o braço. Ela o fitou com olhos amedrontados. – Pode se comprometer... Não quero que se envolva no que acabou de acontecer.

– O que acabou de acontecer... Foi o meu filho salvar minha vida.

– Não é tão simples... Eu... Eu podia ter feito outra coisa... Eu fui muito impulsivo, eu não pensei... Eu—

– Não se culpe, por favor, Gajeel! – Disse a mãe, correndo até ele e segurando seu rosto com as palmas frias de suas mãos. – Eu sei que... Isso.. – Ela fitou o corpo de seu finado marido. – É horrível... – Voltou a encarar seu filho. – Mas ele traçou seu próprio destino. – O rapaz estava visivelmente abalado pelo que acabara de fazer. Não tirava os olhos daquele a quem havia tirado a vida.

–... O que vamos fazer?... – Não se sabia se aquela pergunta era direcionada a sua mãe... Ou se ele falava consigo. De qualquer forma, ele se sentia responsável pelo destino que suas vidas teriam a partir daquele momento.

Nem toda a maturidade que lhe era exigida naquele momento era suficiente para cobrir seus, tão poucos, anos de existência. Tinha apenas dezesseis anos quando precisou tomar a decisão difícil... A vida de sua mãe estava em suas mãos e, para salvá-la, precisou arriscar tudo. Inclusive sua liberdade.

~...~

A rapper fitava o moreno enquanto apoiava a cabeça sobre seu abdômen, deitada lateralmente. Vestia apenas a camisa de Gajeel e uma pequena lingerie. Com um de seus braços atrás da cabeça, o moreno fitava o teto, enquanto recordava o momento mais difícil de sua vida.

– Então você... Fez isso para salvar sua mãe.

– Hm... – Assentiu. Continuava fitando o teto com sobrancelhas franzidas. – Ele estava bêbado, como sempre. Mas naquele dia, ele tinha uma arma. Eu apenas tentei desarmá-lo... Mas ele continuou dizendo aquelas coisas... – A garota se levantou e sentou-se ao seu lado. – Ele ia matá-la.

– Eu não entendo, Gajeel. Por que ele queria matar sua mãe? Ele não a amava?

– Eu achava que sim... – Ele se senta e apoia o cotovelo em seu joelho, dobrando uma das pernas. – Mas depois entendi que aquilo não era amor. – Ele a encarou. – Minha mãe não passava de uma propriedade para ele. Ele achou que ela estava traindo ele, ou sei lá o quê. Nem eu mesmo sei o que deu nele...

– Mas que... – Ela estava prestes a xingar o falecido quando se deu conta. – Desculpa, eu sei que é o sei pai, mas...

– Relaxa. Não é como se eu não pensasse algo do tipo quando me lembro que herdei a personalidade de alguém assim... – Ela se aproximou dele e sentou sobre as pernas, em frente a ele, fitando-o dentro dos olhos.

– Hey! Você não é nada como essa pessoa, Gajeel. – Chamou a atenção.

– Será? – Abaixou o olhar. – Tch... – Voltou a encará-la. – Eu o matei, baixinha. Afinal, não era o que ele queria fazer com sua própria mulher? No entanto, eu o fiz com meu próprio pai. – Levy segurou o rosto do moreno pondo suas mãos nas bochechas dele, para que ele a encarasse. Isso o fez se lembrar de sua mãe...

– Você não o matou, Gajeel. Você o impediu de matar alguém. – Ele franziu a sobrancelha. – E então aconteceu um acidente no processo.

– Você não entend—

– Eu faria o mesmo para defender alguém que eu amo! – Argumentou. Ele ficou surpreso. – Por isso, não se culpe por defender a mulher que te deu a vida.

– Levy... – Ele gentilmente segurou suas mãos e as tirou de seu rosto. – Obrigado por tentar me confortar. – Ele se levanta e caminha em direção a suas roupas. – Mas isso é um fardo que carregarei até a morte.

Ela se sentiu mal por Gajeel. Ela queria levar sua dor embora... Mas aquilo era simplesmente grande demais para sumir em apenas uma conversa. Ela pareceu cabisbaixa. A garota encolheu-se e abraçou os joelhos.

– E o que aconteceu com ela?... Sua mãe. – Ele abotoou o botão de sua calça e fitou o chão.

–... Eu não sei. – Ele levantou o olhar e pôs as mãos nos bolsos – No dia em que isso aconteceu, ela achou que a culpa era dela. Disse que pensaria em algo e resolveria tudo, mas que eu não devia estar por perto. Então ela me mandou fugir... “Não quero que meu filho seja preso por uma pessoa como ele” ela disse... Tch, aquela... Boba... – Levy percebeu que os olhos do rapaz se umedeceram. – Deve ter assumido toda a culpa. – Mas em meio ao semblante um tanto tristonho, ele pareceu sereno e confiante. – Mas ela sempre foi durona, apesar de tudo. Tenho certeza que ela está bem...

De repente, toda aquela confusão com o Rogue havia se tornado tão insignificante. Levy se sentia mal por ser tão fraca ao enfrentar algo tão pequeno quando pessoas como Gajeel tinham problemas reais em suas vidas. E mesmo carregando toda a culpa pela morte do seu pai, e a dúvida sobre o que aconteceu com sua mãe... Ele se tornou alguém que não desiste de seus sonhos, alguém leal aos amigos, um músico brilhante... Que ensina tanto apenas em dizer o que parece óbvio.

“A música não deve trazer pesar, mas prazer”

A rapper sentiu algo mudar dentro de si. De alguma forma, a história trágica de Gajeel lhe deu impulso para lutar. Mas ela queria trazê-lo para cima junto com ela. Ela queria livrá-lo de seu passado negro.

– Ói... – Ela ainda abraçava os joelhos e fitava o chão. Ao ouvi-lo chamá-la, ela levanta o olhar e o fita. Ele se aproxima e agacha-se. – Se eu soubesse que ficaria tão comovida, não teria contado a história toda. – Ela o encarou em silêncio. Mas logo o quebrou lançando uma pergunta que o desestruturaria.

– Você já pensou em voltar? – O moreno sentiu seu corpo congelar. Voltar?... Reviver seu passado e relembrar dos momentos... Olhar sua mãe nos olhos novamente... Isso não era uma opção.

– Não. E nem irei.

– Por que não?

– Eu não piso naquela terra há anos. Não sei o que irei encontrar, não sei o que minha mãe decidiu fazer para que não viessem atrás do assassino do marido dela.

– Mas—

– Eu não quero lhe dar mais problemas, Levy. Eu e meu pai fomos um fardo por tempo suficiente... Estou deixando-a livre finalmente. E não irei atrapalhar sua paz. – A garota se levanta e parece afobada.

– Que mãe prefere estar longe do próprio filho, Gajeel?

– Isso não é mais uma questão de preferência, baixinha. Não é como se eu não quisesse mais vê-la, mas... Se isso significa fazê-la reviver todas as memórias dolorosas daquele maldito dia... Então que tudo continue como está.

– Mas—

– Tudo está bem como está, Levy. Eu já aprendi a conviver com isso. Não se preocupe tanto. – Ele se aproximou dela, mas ela andou para longe. Ele franziu levemente a sobrancelha.

– Eu não entendo... – Os olhos da garota estavam marejados. O moreno ficou surpreso ao notar como aquilo havia mexido com a azulada. – Você tem sua mãe aqui... Mas não se importa de saber se sequer está viva...

– Levy—

– Não, Gajeel! – Ela lentamente desmoronava emocionalmente. O moreno sentiu uma pressão em seu tórax e angustiou-se. – Sabe quantos momentos desejei ter minha mãe comigo?

– É uma situação bem diferente.

– Não, não é! Já pensou que talvez a única solução que sua mãe tenha achado para te salvar de um futuro infeliz foi mandá-lo para longe? Por acaso você precisa vê-la para se lembrar daquela noite? Você é assombrado todos os dias por seu passado negro, então por que acha que sua mãe está em paz apenas por não te ver? – Ele a encarava em silêncio. Ele percebia o esforço da rapper para não chorar, agora. Ela se aproximou dele. Sua pele avermelhada pela irritação. – Você escolhe fazê-la esquecer do passado se mantendo longe... Eu escolheria apenas voltar para sermos infelizes juntas. Porque no final, teríamos uma a outra. Isso seria o suficiente para superar qualquer coisa. – Ela ficou ofegante por um momento. Tirou a camisa do rapaz que estava vestindo e o entregou, ficando apenas em sua ligerie. – Aqui sua camisa.

– Levy...

– Eu pego a minha roupa depois. Quero ir pro meu quarto. – Ela saiu rapidamente do estúdio e apressou o passo até seu quarto, deixando o rapaz refletindo sobre suas escolhas.

As palavras de Levy entraram como adagas, perfurando o muro de proteção que Gajeel havia criado dentro de si. O moreno começava a questionar-se se o real motivo de não voltar ao lugar onde morava era pelo bem de sua mãe... Ou porque era apenas muito para ele suportar. As palavras da garota fizeram o segurança questionar todos os anos que passou longe da mulher que o trouxe ao mundo. Será que você sente minha falta... Mãe?

Levy entra em seu quarto às pressas e tranca a porta. Ela se deita em sua cama e abraça-se em seu travesseiro. Antes que pudesse se ajeitar, procura por algo. Ela olha ao redor do quarto até que vê. Vai até a cadeira e pega o moletom de Laxus que, por sorte, não estava em seu estúdio, como sempre. Ela o veste e volta à sua cama, abraçando o travesseiro novamente.

Ela não sabia por que havia ficado tão irritada com Gajeel. Ela sabia perfeitamente que ele tinha seus motivos para fazer ou não fazer o que quisesse e ela não tinha o direito de exigir nada dele. Mas ele tinha uma mãe! Não importa se ela não queira vê-lo ou se isso faria mal a ela. Ele nem ao menos tentou! A saudade de sua mãe havia aumentado de repente...

– Eu quero o Laxus... – Disse abafadamente com o rosto enterrado no travesseiro.

Ela sabia que aquele loiro a poria em seu colo e agiria como o irmão mais velho que sempre foi.

O moreno definitivamente não queria terminar aquela noite assim. Especialmente porque os dois finalmente haviam se entregado ao sentimento que sentiam. Mas, como sempre, o passado de Gajeel dispersa a nuvem branca, trazendo a nuvem cinza e escurecida sobre sua vida.

Mesmo assim, ele decidiu deixá-la sozinha. De qualquer forma, ele também precisava ficar sozinho depois de tudo que disse e ouviu.

...

Lucy entra afobadamente em seu ateliê e é seguida por Aquarius, que vinha logo atrás.

– Lucy! Aquarius! Já estávamos ficando um pouco preocupadas! – Comentou Yukino.

– Parece que a Lucy não está tão espairecida. – Comentou Virgo, sentada e apoiando o queixo em uma das mãos, na mesa de costura.

– E quem disse que ela saiu para espairecer? – Disse Aquarius, jogando as coisas de Lucy sobre a mesa.

– Ué... Mas não foi isso qu—

– Claro que foi. – Disse Lucy, que logo encarou a azulada. – E sim, espaireci e me sinto melhor. – Ela vira e continua seu caminho. – Apenas me lembrei de algo que preciso fazer.

– Se refere ao teste? – A loira arregala os olhos e encara a modelo novamente. Aquarius sorria cinicamente. O que aconteceu com “guardarei seu segredo, Lucy”? Huh?! Era melhor bancar a louca e entrar no jogo perigoso da azulada.

– Teste? – Questionou Virgo, confusa.

– É, Aquarius. Mas a que teste você possivelmente poderia estar se referindo? – Ela esperava que a modelo captasse a tonicidade de sua voz e entendesse de uma vez por todas que ela deveria ficar CALADA.

– Ué, viemos conversando sobre ele a caminho daqui, Lucy. Sua memória está falhando ou o quê? – Uma veia saltou na testa da loira e uma onda de pânico instalou-se.

– Oh, espere. – Interrompeu Yukino. As meninas a encararam. – Você quer dizer a prova de roupas que acontecerá amanhã, certo?

– Na verdad—

– EXATAMENTE! – Nem mais uma palavra, Aquarius! A azulada arqueou uma sobrancelha ao ser interrompida por Lucy. – Quero dizer... Aquarius, por que não disse logo que era sobre a prova? Haha... O teste das peças já foi feito antes. – Deu um sorriso amarelo. A azulada pareceu finalmente entender.

– Mesmo? Desculpe. É, quis dizer a prova das roupas. Mas espere, já é amanhã?

A loira expirou secretamente, sentindo-se aliviada. Porém... Oh... É mesmo... A última prova das peças é amanhã! Isso quer dizer que... Natsu estará aqui...

– Ah não... – Ela disse consigo.

– Hm? O que foi, Lucy-san, algo errado? - Virgo perguntou curiosa.

– N-Nada, é sobre aquilo que eu precisava fazer... Eu vou para o meu quarto! Nos falamos daqui a pouco, okay?

– Hm.. – Disseram Yukino e Virgo.

A azulada estreitou o olhar e observou enquanto a garota corria em direção às escadas e subia rapidamente.

– Aquarius-san... Aconteceu algo enquanto estavam fora? – A azulada desviou o olhar e fitou a perolada com cara de poucos amigos.

– É verdade que ela parece um pouco tensa. – Disse Virgo, ainda sentada e apoiando o queixo sobre a mão. Parecia um tanto entediada. A branca retornou seu olhar para as escadas.

– Nada demais. Mas vocês têm razão, ela está tensa.

– Verdade? Então também percebeu? – Disse Yukino.

– É melhor que eu vá checar, não é? – Ela inclinou e deu um sorriso. – Melhor confirmar que o motivo de sua tensão não sou eu.

– Oh. Tenho certeza que não, Aquarius-san, não se preo—

– Acho que irei mesmo assim. Podem ficar tranquilas. – Disse abanando a mão, sem fitá-las. – Voltarei logo.

A azulada sobe as escadas calmamente e chega ao quarto da loira. Mas ela não a vê. A branca franze levemente a sobrancelha, olha ao redor e chama pela estilista. A quietude não durou tanto e a modelo ouviu uma pancada que vinha debaixo da cama.

– Au! – A garota levantou-se rapidamente massageando a cabeça. – Ah, é você. – A loira correu e fechou a porta do quarto.

– O que estava fazendo embaixo da cama? – Perguntou com sobrancelha arqueada.

– Shh.. – Ela voltou a abaixar-se. – Estou escondendo aquilo.

– O quê, o teste de gravidez que nós—

– Aquarius, fala baixo! – Ela se estende e põe uma mão na cintura. – Falando nisso, pode me explicar o que foi aquilo lá embaixo? Pensei que havia dito que guardaria segredo!

– É, acontece que mudei de ideia.

– O quê?! M-Mas isso não é uma escolha sua!! – Apontou em direção a modelo, indignada.

– Lucy, aquelas não são suas amigas? – Questionou a modelo.

– Ora, por isso mesmo! O que elas vão pensar se souberem que eu comprei um teste de gravidez? “Nossa, que amiga irresponsável nós temos, não acha Virgo?”, “É verdade, Yukino. Quem diria, uma pessoa como a Lucy-san!”. – A modelo a observava.

– Tch... – Ela se senta sobre a cama de Lucy. – Acho que não entendo muito bem a sua lógica. – Ela cruza as pernas. – Os amigos não são justamente para contarmos coisas embaraçosas? Se eles vão te julgar, então, para quê ter amigos, primeiramente?

– Não é isso, eu só... É que... Bem, na verdade...

– Pff.. Pare com isso. Olhe para você, nem ao menos consegue arranjar uma justificativa convincente. Está apenas com medo!

– Quer saber, estou sim! – Começa a andar de um lado para o outro. – Um filho agora seria um desastre! Além disso, que tipo de mãe eu seria? Criando um filho sozinha?! Ninguém quer comprar roupas de uma mãe solteira! – A loira se joga de bruços ao lado de Aquarius, que apenas a observa calmamente. Algo pousa sobre a janela de Lucy e prende a atenção de Aquarius, que se levanta e vai até ela. – Hm? Aquarius? – A loira levanta a cabeça.

– Aqui. – Ela vira e a vê acariciando um gatinho azul que parecia gostar do carinho recebido.

– Ah não... Esse gato ainda aqui. – Ela afunda o rosto no colchão.

– Não é seu? – Fita o gatinho.

– Não... – Lucy a fitou e sentou-se na cama. – É do Natsu.

– Oh... – A branca fitou o gatinho, mais uma vez.

– Mas, ultimamente, ele não sai do meu pé.

Aquarius pareceu pensar em algo e deu um risinho.

– Oh... O que foi, Aquarius? Por que está rindo? – A modelo a fitou.

– É que seu comentário me fez lembrar de uma curiosidade sobre os gatos. – A fitou. – Quer saber?

– Ahn... Claro. – Nem tanto, mas aquilo fez Aquarius rir, isso era raro. A branca deu um sorriso e continuou.

– Eles gostam de estar perto de gestantes. – Comprimiu levemente os olhos num sorriso. Parecia gostar de provocá-la. – Você sabe... Por causa do aumento da temperatura corporal. – A loira pareceu pálida de repente.

– Sabe, Aquarius.... Você não está exatamente me ajudando a relaxar com esses comentários... – Uma gota desce sobre a testa da loira. A branca deu de ombros.

– Foi apenas um comentário inocente. – Fez bico. A branca virou. – Bem, vou voltar. – Lucy expirou e jogou-se em seus travesseiros. – Ainda acho que deve contar para Virgo e Yukino. – A loira a fitou, mexendo apenas os olhos, sem levantar-se. – Quatro cabeças pensam melhor, quem sabe te tranquilizam. – Ela seguiu para fora. – Além disso, tranquilizar alguém nunca foi o meu forte, de qualquer maneira... – Continuou murmurando mesmo depois de sair.

A loira ainda não tinha certeza do que exatamente a impedia de falar com suas amigas. Talvez fosse a ideia de que mais pessoas sabendo faria tudo aquilo se tornar ainda mais real. Isso ainda era algo impossível. Lucy Heartfilia não estava grávida. Ponto.

A garota cobriu seu rosto e expirou. Arrastou suas mãos sobre o rosto e jogou os braços sobre a cama, fitando o teto. Não muito tempo depois, ela percebe Happy se aproximando de fininho e acomodando-se ao lado dela.

– Arh... Eu vou acabar ficando louca!

Ela se vira e afunda o rosto no travesseiro.

...

Algum tempo havia passado e a rapper estava mais calma. A última cena com Gajeel se repetira tantas vezes em sua cabeça que, agora, já se sentia uma idiota por ter agido daquela forma. Ele contou algo doloroso sobre seu passado, mostrando o tamanho da confiança que tinha por ela, entretanto, ela não hesitou em estragar tudo. E mesmo depois de entregarem-se um ao outro...

– Arh... Não consigo dormir. – A garota se senta e encara a porta de seu quarto. Parecia ter um peso em seu coração. Ou era simplesmente sua consciência.

Ela levanta e resolve ir até a cozinha para fazer um chá que a ajudasse a pegar no sono. A azulada põe um sobretudo e dá um pequeno nó, fechando-o frontalmente. Desce as escadas e segue até a cozinha. Felizmente a mansão não ficava completamente escura durante a madrugada, havia sempre luzes ambientes localizadas em cantos estratégicos. Dessa forma todo o espaço continuava minimamente iluminado.

A garota estava sentada e mexia lentamente a xícara à frente. Seu pensamento estava longe e não parecia ter interesse algum em tomar o líquido na xícara de porcelana. Quem estou tentando enganar... Esse chá não me fará dormir. A garota se esparrama na mesa de mármore e bagunça seus cabelos.

– Droga... – Diz abafadamente enquanto sua cabeça está escondida entre seus braços. A garota ouve alguns passos.

– Levy? – Ela continua imóvel por alguns segundos. Ela tinha vergonha de olhá-lo novamente depois daquela cena ridícula. A garota eleva lentamente seu rosto e encara o segurança, que a fitava desconfiado.

– Gajeel... – O moreno fita a xícara e vê o fio de papel que saia de dentro.

– Está fazendo chá a essa hora? – Ele questionou. A azulada olha para a xícara e volta a olhá-lo. – Se sente mal ou o quê?

– Ah... – Ela torna a mexer seu chá com uma colher de louça. – É que eu... Não consigo dormir... – Ela não olhou para ele, mas sabia que ele a estava encarando. Levy olhou para o lado, ainda com o olhar baixo.

– É. Acho que essa foi uma noite e tanto, não foi? Tch... – Ele se sentou em frente a ela. Ela o fitou rapidamente, voltando a encarar seu chá que permanecia intocado.

– É...

... Você é assombrado todos os dias por seu passado negro, então por que acha que sua mãe está em paz apenas por não te ver? Você escolhe fazê-la esquecer do passado se mantendo longe... Eu escolheria apenas voltar para sermos infelizes juntas. Porque no final, teríamos uma a outra. Isso seria o suficiente para superar qualquer coisa...

Seria uma noite e tanto se Levy não tivesse se tornado tão impulsiva de repente. Afinal, o que deu nela para que simplesmente surtasse na frente de seu segurança? Não é como se ele tivesse pedido para ter uma mãe enquanto a da rapper se foi tão cedo. Levy sentiu seu rosto esquentar levemente, estava realmente constrangida por lembrar do que havia feito. Era como se traísse a confiança que Gajeel havia lhe dado... E se ele não se sentisse livre para se abrir? Isso seria sua culpa.

– Sobre o que aconteceu mais cedo...

Ah não... Ele realmente vai falar disso... A garota continuou fitando seu chá e mexendo aleatoriamente a colher dentro do líquido.

– Me desculpa. – Ela o encara. Ele está mesmo se desculpando quando a errada sou eu? – Eu devia apenas ter explicado de forma resumida. Você perdeu a sua mãe e, claramente, ficou muito comovida... Eu acabei estragando tudo.

– G-Gajeel, não é isso, eu é que—

– Mas você está certa. – Ela franziu a sobrancelha. Ele abaixou o olhar. – Tudo que você disse... Eu pensei muito e talvez eu seja o único complicando as coisas... – Ele a encarou.

– Não precisa fazer isso para que eu não fique mais chateada, Gajeel... Eu não sei o que deu em mim... Eu não deveria ter me intrometido em algo tão particular. Quero dizer, essa é sua vida, eu não tenho nada a ver com—

– Agora tem. – Ele se levanta e anda até ela. Ele fica de pé em frente a ela, que se vira para encará-lo. – Eu não disse isso para te animar. Acho que finalmente alguém enfiou bom senso na minha cabeça dura.

– Gajeel... – A azulada nunca viu seu segurança agir daquela forma. Na verdade, convencê-lo a qualquer coisa era trabalho para os próprios agentes da CIA..

– Me desculpe por estragar nossa primeira noite juntos, baixinha. – Ela corou levemente. Abaixou o olhar.

– Você apenas se abriu... Eu é que estraguei tudo metendo meu passado no meio da coisa toda...

– Tudo bem. Foi uma conversa tensa, não? Tch.... – Ele estendeu sua mão até o rosto dela, que o fitou. – Vamos apenas esquecer. Não quero terminar essa noite te deixando mal.

– Hm. – Ele dá um meio sorriso.

Tudo estava resolvido, mas a garota ainda parecia um tanto triste.

– O que foi?

– É que toda essa história... Sobre como você teve que fugir e vir para cá... Assim como eu também tive que fugir. – Ela expirou. – Apenas queria que nosso passado tivesse sido diferente. – Ele estreitou o olhar.

– Eu não. - Ela franziu a sobrancelha. Ele acariciou a bochecha da rapper com o polegar e sorriu serenamente. – Porque de outra forma eu não seria seu segurança. E você não seria a Vikky McGarden.

Desde quando ele se tornou tão... Profundo? A garota não conseguiu evitar seu sorriso. Ambos se encararam por alguns segundos. Talvez Levy devesse fazer como Gajeel e apenas aceitar seu passado. Afinal, foi aquele passado que a levou onde estava agora. Parar de se lamentar e focar no presente. É, até que não era uma má ideia.

Ele a ajudava a aceitar seu passado e ela o ajudava a mudar seu futuro. Completando-se como o Yin e Yang.

– Por que sempre tem as respostas certas, Redfox?

– Tch.. Acho que apenas sou muito sábio.

– Pff... Não se ache muito.

– Não consigo evitar. – Ele sorriu e puxou seu rosto para um beijo.

Seus lábios se entrelaçaram algumas vezes antes de serem afastados abruptamente pela garota.

– Ói, eu disse que podia me beijar?

– Depois do que houve hoje? – Ela o empurrou e desceu do banco, virando-se.

– Bom, não é como se estivéssemos namorando! Além disso, está tarde, vamos apenas dormir. Anda logo, isso é uma ordem!

– Tch.

O moreno sorriu e seguiu a garota para fora da cozinha. Ela sorriu secretamente pelo beijo roubado do segurança. Sentia-se mais leve por ter se acertado com Gajeel. O rapaz seguiu de volta a seu quarto e sentia que algo havia mudado. Sentiu como se algo houvesse despertado, mas não sabia... Talvez fosse algo como... Algo chamado...

Esperança...?


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Notas finais do capítulo

Tá, eu sei que só teve Gale hoje e que tem um tempão que Jerza não aparece! Mas eles vão aparecer logo, prometo! E Gruvia também! (Isso se o Romeo deixar), Lyvia também (Isso se a Wendy deixar) enfim... Não se preocupem!
Até a próxima, meus rappers! E estou preparando uma surpresinha para vocês no próximo capítulo, espero que vocês... Ah, eu sei que vocês vão amar. kkk.. Beijos!