Quinta e sexta-feira passaram mais rápido do que Quinn gostaria – ela podia apostar que pela primeira vez na vida – e logo a loira se viu sentada na sala do coral, enquanto todos esperavam Will para as três aulas seguidas de apresentações.

– Relaxa Quinn. – Rachel pediu segurando as mãos inquietas da namorada.

– Eu acho que... Eu deveria ter escolhido outra musica.

– Eu tenho certeza que você escolheu a musica perfeita.

– Hey, gente! – Will sorriu para o grupo, parado na porta – Estão animados?

– É uma apresentação, Senhor Shue. Estamos sempre animados para apresentações. – Mercedes respondeu.

– Isso é bom. Por que eu tenho uma surpresa para vocês.

– Eu sabia que ele estava aprontando. – Santana disse.

– Vamos para o auditório.

– Ele não disse que não estava aprontando. – Sam falou – Péssimo sinal.

Alguns minutos depois, o grupo estava entrando no auditório, seguindo Will.

– Muito bem. Encontrem seus pais e sentem-se com eles.

– O que? – o grupo entoou em coro e, ao olharem para frente, encontraram seus pais sorrindo para eles.

– Senhor Shue. – Quinn o puxou pelo braço para fora do auditório novamente, e o homem a encarou sem entender – Eu não vou me apresentar na frente de todos eles.

– Por que não? É só uma apresentação, Quinn. Não é como se fosse diferente de se apresentar para o clube.

– É sim. Meus sogros estão ai. E eu vi minha irmã também. Não posso cantar sobre como meus pais são uns inúteis na frente deles.

– Você pode sim. – Will suspirou – Faça isso, Quinn.

– Ninguém precisa saber dos meus problemas.

– Ninguém vai perguntar. É só ir lá, cantar, e descer do palco como se isso não te afetasse.

– Eu não teria escolhido essa musica se não me afetasse.

– Quinn...

– Hey! Pensei que já iam estar lá dentro. – Sue disse se aproximando dos dois.

– O que está fazendo aqui? – Will perguntou.

– Eu vim assistir. Te dei uma das minhas aulas, amigo. Tenho esse direito. – respondeu batendo no ombro do professor – Sabe, Quinn, estou louca para ver a sua apresentação.

– Mas eu não vou me apresentar.

– Eu disse que pelo menos um deles não ia gostar disso, William.

– Eu lido com isso, Sue.

– Não, William. Sempre tem um medroso que não quer se apresentar.

– Sue.

– Estou sendo realista. Espero vocês lá dentro. Com meus fones de ouvido. – disse tirando o celular do bolso e entrando no auditório.

– O que...?

– Quinn, por favor. – Will disse, ignorando o fato de Sue estar ali – Sua irmã veio para te ver, não aos outros. Além disso, Rachel vai ficar decepcionada.

– Elas vão entender.

– Isso não significa que elas vão gostar disso.

– Professor...

– Olha só, o pessoal começa a se apresentar, e, quando chegar sua vez, se você estiver pronta, se apresenta. Tudo bem?

– Tá. – a garota resmungou.

Os dois entraram e Quinn se forçou a sorrir antes de sentar entre a irmã e a namorada, cumprimentando os sogros no caminho.

– Muito bem, vamos começar. Algum voluntario?

– Senhor Shue, se a gente não se voluntaria nem quando nossos pais não estão aqui, por que acha que faríamos isso agora? – Santana perguntou.

– Tem razão. Por que não começa, então?

– Um dia você aprende a ficar calada, latina. – Quinn riu.

– Dessa vez eu passo, Senhor Shue. – Santana sorriu e Will riu.

– Vou te dar um desconto dessa vez, Santana. Vamos do jeito clássico. Sorteio. – Will falou e foi até o piano, pegando um papel – Um sorteio que eu já adiantei, então, a ordem será a seguinte: Rachel, Blaine, Santana, Kurt, Mercedes, Tina, Artie, Noah, Brittany, Mike, Finn, Quinn, Sam, Joe, Rory e por ultimo, Dani.

– Então, o palco é meu. – Rachel disse se levantando.

A judia subiu no palco e Will parou ao lado dela.

– Quando descer, convença Quinn a cantar. – murmurou antes de descer do palco.

Rachel franziu a testa, mas balançou a cabeça negativamente, antes de apontar para os músicos.

Fucking perfect foi aplaudida de pé por todos os que estavam ali.

– Ai, anã, você se superou! – Santana gritou recebendo um tapa da mãe como resposta – O que?

– Isso é jeito de falar com a garota?

– Mas é um apelido carinhoso.

– Tem alguma coisa para falar para os seus pais? – Will perguntou.

– Bom, eu acho que eles entenderam o que eu quis dizer. – Rachel sorriu – Falem o que quiserem sobre dois homens estarem casados ser errado. Eles são meus pais e a melhor família que eu poderia querer.

Rachel desceu do palco sob aplausos e sorriu, sendo abraçada pelos pais assim que chegou perto deles.

Blaine foi o próximo a subir no palco.

Enquanto ele cantava Lean on me Rachel encarou as mãos inquietas da namorada e nem mesmo Quinn sabia dizer em que parte da musica, exatamente, tinha sido puxada para fora do auditório.

– O que aconteceu?

– Por que você não quer se apresentar?

– O senhor Shue não sabe manter a boca calada? – a loira resmungou – Olha, Rachel, eu não posso cantar sobre minha família na frente de todos eles.

– Pode sim! Além disso, Frannie, eu e o New Directions somos sua família agora. Eu sei que você escolheu uma musica que fale sobre seus pais. Tenho certeza disso.

– Então você entende que eu não posso fazer isso, não entende?

– Entendo que você não quer, mas acho que você devia ir. Suba lá e não só cante a musica. Se despeça dos seus pais. Cante a musica que você escolheu como... Uma ultima coisa. E depois disso, tenta seguir em frente. Eu sei que é difícil, afinal, são seus pais. Mas, Q, não faça isso com você mesma. Não deixe as coisas de lado por causa deles.

– Eu só... Eu sinto falta deles, sabe? – a loira murmurou, segurando o choro – Eu deveria ser mais importante do que o preconceito idiota deles.

– E você é. É importante para mim, para Frannie, e não importa quem diga o que, Quinn, você vai continuar sendo.

– Obrigada, Rach. – Quinn deu um selinho na namorada, que sorriu.

– Então, você vai cantar.

– Eu não disse isso.

– Quinn!

– Tá bem, baixinha. Eu canto. – a loira riu, abraçando a judia.

– O que vocês estão fazendo aqui? – Sue perguntou, saindo do auditório – Voltem lá para dentro e não saiam até essa tortura acabar!

– Vem. – Rachel entrou puxando Quinn pela mão.

As duas voltaram a sentar, já quase na metade da apresentação de Santana, e Quinn sorriu assim que reconheceu a musica. Sabia que aquela musica seria vista, pela maioria, com um sentido completamente diferente aquele que a latina queria demonstrar.

Não seria a única a criticar a família ali, afinal.

Kurt cantou uma musica que parecia ter significado apenas para ele e seu pai, que não seguraram as lágrimas.

A música de Mercedes devia ter alguma piada interna, pois apenas ela e seus pais estavam rindo ao final.

Em algum momento entre as apresentações de Tina e Artie, Quinn viu, pelo canto do olho, Sue voltar para o auditório, acompanhada de duas pessoas, e franziu a sobrancelha.

Alguma a treinadora estava aprontando.

Puck, Brittany, Mike – que mais dançou do que cantou – e Finn se apresentaram e foram aplaudidos por todos – com exceção de Finn, que não recebeu os aplausos entusiasmados nem dos Berry, nem das Fabrays.

– Quinn? – Will chamou e a loira respirou fundo.

– Desculpe. – murmurou para a irmã antes de levantar e subir no palco.

A loira respirou duas vezes antes de acenar para os músicos.

Eu não cometerei

Os mesmos erros que você

Eu não me permitirei

Causar tanto sofrimento ao meu coração

Eu não vou desabar

Do jeito que você fez, você se machucou profundamente

Eu aprendi da maneira difícil

A nunca me deixar chegar até esse ponto

Sentada ao lado de Frannie, Rachel segurou a mão da Fabray mais velha e sorriu para ela, enquanto Quinn cantava com toda emoção que conseguia se permitir.

Por sua causa

Eu nunca ando muito longe da calçada

Por causa de você

Eu aprendi a jogar do lado seguro

Assim eu não me machuco

Por sua causa

Eu acho difícil confiar

Não só em mim, mas em todos à minha volta

Por causa de você

Eu tenho medo

Eu perco meu caminho

E não demora muito até você mencionar isso

Eu não posso chorar

Porque eu sei que isso é fraqueza aos seus olhos

Eu sou forçada a fingir um sorriso, uma risada

Todos os dias da minha vida

Meu coração não pode se partir

Quando não estava inteiro para começar

Por sua causa

Eu nunca ando muito longe da calçada

Por sua causa

Eu aprendi a jogar do lado seguro

Assim eu não me machuco

– Ela é melhor do que eu pensei. – Frannie murmurou – E muito mais corajosa também.

Por sua causa

Eu acho difícil confiar

Não só em mim, mas em todos à minha volta

Por causa de você

Eu tenho medo

Eu assisti você morrer

Eu ouvi você chorar

Toda noite em seu sono

Eu era tão jovem

Você deveria saber melhor

Do que apenas se apoiar em mim

Você nunca pensou

Nos outros

Você só viu sua dor

– Ela é tão... Guarda tanta magoa dos pais. – Hiram murmurou para Leroy.

– Acredite, não tanto quanto eu tinha.

E agora eu choro

No meio da noite

Pelo mesmo maldito motivo

Por sua causa

Eu nunca ando muito longe da calçada

Por sua causa

Eu aprendi a jogar do lado seguro

Assim eu não me machuco

Por sua causa

Eu dei o meu melhor só para esquecer tudo

Por sua causa

Eu não sei como deixar alguém se aproximar

Por sua causa

Eu estou envergonhada da minha vida

Porque ela está vazia

Por sua causa, eu tenho medo

Por sua causa

Por sua causa

Ninguém excitou em aplaudi-la, enquanto Quinn segurava as lagrimas que queriam sair a todo custo.

Frannie levantou e foi até a irmã, a abraçando.

– Eu amo você, Q. E eles não importam. Somos só nós agora. – Frannie murmurou e Quinn suspirou, permitindo que algumas lagrimas caíssem.

Assistindo a apresentação, Sue intercalava seu olhar entre as Fabrays no palco e seus convidados, se perguntando se aquilo tinha realmente sido uma boa ideia.