Na segunda-feira de manha, Rachel entrou na escola sorrindo.

Andou pelos corredores sem muita presa, afinal, como sempre, estava adiantada, indo em direção ao seu armário.

O que ela não esperava era ver que um “armário” a esperava junto a ele.

– Finn, se puder me dar licença, preciso pegar meu material.

– Rachel. – o garoto deu um sorriso tímido – Eu queria me desculpar pelo jeito que tratei você.

– Tá tudo bem, Finn. Passado. Agora, sai da minha frente.

– Não, eu realmente quero me desculpar. Antes da Fabray e da Santana aprontarem pra cima de mim, era isso que eu estava tentando fazer. Eu queria me explicar. É que... Você me pegou de surpresa e, eu acredito que você não saiba, eu estou namorando, então...

– Eu sei Finn. Fiquei sabendo sobre sua namorada. Agora, se me der licença, eu tenho que pegar meu material e ir para a aula. Você está desculpado, se é isso que te preocupa.

– Estamos bem, então?

– Somos colegas de coral, Finn. – Rachel deu de ombros – Nunca fomos mais do que isso.

– Bem, podemos ser amigos.

– Claro. – Finn se aproximou de Rachel, com a intenção de abraça-la, e a garota colocou a mão no peito do garoto, o afastando de si.

– Amigos. – Rachel disse estendendo a mão.

– Tudo bem. – Finn apertou a mão que Rachel estendia e se afastou.

Rachel encarou as costas do garoto até que ele sumisse no corredor, antes de se virar para o armário, atrás das suas coisas. Ainda ia até o armário de Quinn antes de ir para a sala.

***

– Quero uma dica. – Quinn brincou quando sentiu duas mãos taparem seus olhos.

– Acredito que você me considere uma das garotas mais bonitas que já viu, e sou a única para quem você tem olhos. Eu espero. – Rachel murmurou no ouvido da loira.

– Se não for Stana Katic, você errou feio. – brincou se virando para a namorada – Bom dia.

– Stana Katic? Serio?

– Bom, Becket é uma ótima personagem.

– Hum...

– E, você sabe... Não me importaria se você fosse minha Becket.

– Quinn, você não tem nada de Castle. Na verdade, talvez tenha um pouco do charme. Mas, fora isso, passa longe de poder ser chamada de uma versão feminina dele.

– Mas, com certeza, eu concordo com ele em uma coisa.

– E eu posso saber em que?

A loira deu um sorriso de lado e se aproximou da judia, para sussurrar no ouvido da garota.

– Se você quiser, pode me bater.

– Quinn! – Rachel riu.

– Sou eu mesma. – a loira disse antes de puxar a judia para si e beija-la.

– Hey, casal chiclete, vão descolando as bocas ai! – Santana disse, parando ao lado delas.

– Qual é o seu problema, latina inconveniente? – Quinn se afastou de Rachel e fuzilou a latina com o olhar.

– Preciso da ajuda de vocês.

– Acredite, não é nos atrapalhando que você vai conseguir. – Rachel reclamou.

– Eu estou falando serio. É importante.

– O que aconteceu?

– Dani quer que eu conheça a família dela.

– E? – Quinn arqueou a sobrancelha.

– Ela quer que eu conheça a família dela, Fabray!

– Santana, vocês estão juntas há mais de um ano. Já passou da hora de isso acontecer. Ou você está esperando conhecer seus sogros só quando levar ela pro altar? Se isso acontecer.

– Durante a cerimonia, de preferencia. – a latina concordou.

– Santana, eu e Rachel estamos juntas há pouco mais de uma semana, e eu já conversei com Hiram e Leroy. E são dois pais!

– E daí? Se você não tem amor à própria vida o problema é seu.

– Santana, o que de tão ruim pode acontecer? Você e Dani estão juntas há bastante tempo. Eu nunca vi vocês brigarem, e, ao menos, parecem felizes juntas. Os pais dela não tem o menor motivo para, sei lá, te expulsarem da casa dela. – Rachel falou.

– Eles tem sim!

– Me fale um. – Quinn pediu.

– São assuntos pessoais demais até pra mim.

– Oh! Meu Deus. Santana!

– O que?

– Vocês... Urgh! – Rachel balançou a cabeça negativamente.

– Não é como se você tivesse certeza que eles sabem que vocês... Bom...

– Oh! Pelo amor, Quinn. Não é disso que eu to falando.

– Santana, você fala de tudo tão abertamente quanto um livro com a lombada partida ao meio. Do que mais você poderia estar falando?

– Eu também não sei! – a latina jogou as mãos para o alto.

– Eu não entendi essa.

– Eu menos ainda.

– A questão aqui é: eu não sei o que fazer! – Santana gritou.

– Começa respirando fundo, abaixando a voz e marcando um dia para conhecer os dois. – Quinn disse.

– Loira, eu gosto do meu pescoço.

– Se você gosta de sua namorada, é melhor perder esse medo idiota e enfrentar logo o problema. Qual é, Santana? Eles sabem que vocês namoram e nunca foram contra. Não é por que você tem essa cara feia que eles vão mudar de ideia.

– Abaixa sua bola, loira, ou vou deixar a Rachel viúva.

– É preciso estar casada para ficar viúva.

– Foda-se!

– Santana, vai por mim, seus sogros são legais. Eu conheço os dois. O máximo que eles vão fazer é te dizer para cuidar direito da filha deles. – Rachel disse.

– Mas...

– Santana, vocês já pararam para pensar no ano que vem? Já consideraram, por exemplo, a ideia de fazerem faculdade em lugares próximos e dividirem um apartamento? – Quinn perguntou.

– Claro. Foi a primeira coisa em que pensamos.

– E como você acha que vai conseguir morar com ela se nem coragem para conhecer os pais da garota você tem? E se eles forem visitar ela?

– Eu saio de casa por uns tempos.

– E você acha que os pais dela vão confiar a filha única nas mãos de uma garota que nunca viram antes?

– Q, o que eu faço? – Santana praticamente implorou.

– De verdade, se eu fosse você, já teria ido conhecer os pais dela há muito tempo.

***

– Não se preocupe, San. Meus pais são tranquilos. – Dani disse, sentada ao lado da namorada no clube do coral.

– Eu espero que sim. – a latina murmurou.

– Hey gente! – Will entrou na sala, sorrindo, como sempre – Como andam os trabalhos?

– Acho que vou usar ele para me despedir desse mundo. – Santana murmurou.

– Deixa de drama, Santana. – Brittany empurrou a latina de leve.

– O que houve?

– Santana está com medo de conhecer os meus pais, no fim de semana. – Dani riu.

– Bom, se eu fosse você, tentaria adiantar isso para antes de sexta. – Will sorriu.

– Por quê? – Santana perguntou.

– E então, os trabalhos? – ignorou a pergunta da latina.

– Senhor Shue, o que você está aprontando dessa vez? – Kurt perguntou.

– Eu não estou aprontando nada. Parem com essa mania de achar que qualquer mudança que temos na aula é sinal de que estou aprontando, como vocês dizem. Em fim! Bom, temos nossa apresentação sexta, então, acho que todos teremos que correr. Principalmente você, Finn.

– Eu dou conta. – o garoto sorriu.

– Quinn? – Will olhou para a loira que suspirou e abaixou a cabeça.

Antes que tivesse a chance de mudar de ideia, a loira sentiu Rachel segurar sua mão e olhou pelo canto do olho para a namorada.

– Você consegue. – Rachel murmurou no ouvido de Quinn e a loira olhou para Will, acenando positivamente.

– Ótimo! Todos vão se apresentar. Sem exceções.

– Por que a Fabray tinha escolha? – Mercedes perguntou – Não que eu não queira me apresentar, ou algo assim, mas...

– É uma historia longa e irrelevante para a aula, Mercedes. – Will a cortou – Então, alguém precisa de ajuda com a musica? Por que é nisso que se resumirão as aulas dessa semana.

***

Dois dias depois, durante o treino das lideres, Santana parecia mais animada do que nunca.

– O que aconteceu? – Quinn perguntou quando Sue deu uma pausa na coreografia.

– Conheci meus sogros ontem. Depois que o Senhor Shue falou aquela coisa de antes de sexta... Em fim, vai saber o que ele tá fazendo e em como poderia interferir.

– E no que deu? – Quinn sorriu.

– Talvez logo, logo, Dani acabe com um sobrenome novo.

– Não vá se adiantar de mais, Santana.

– Não vou. O que quero dizer é que eles não me jogaram pela janela, ou algo assim. Na verdade, acho que eles gostaram de mim.

– Nesse caso, meus parabéns, latina. Acho que você venceu seu único medo.

– É. Acho que sim. – Santana sorriu.

– Mas essa animação não vem toda de ter conhecido os sogros.

– Não. Vem da sensação de peso tirado dos ombros. E você, como andam as coisas?

– Tranquilas.

– Seus pais deram noticias?

– Não.

Não muito longe das duas, Sue, que ouvia a conversa, sorriu, se afastando, e acabou não ouvindo o resto da frase.

– Ainda bem que não.