Os Guardiões do Véu escrita por Moonchan


Capítulo 4
Três - Existe um babaca vivendo no meu corpo


Notas iniciais do capítulo

I'm getting ready
I'm in the mood to fool around
It's time for action
Now the boys are back in town

So turn up the music
Make it loud and proud
Let's see reaction
Let the spotlite hit the crowd
Children Of The Night - Whitesnake ♥♥♥♥♥



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Três

Ethan/Yan

Existe um babaca vivendo no meu corpo

Yan, eu acho que você me deve algumas explicações.

Silêncio.

Yan!

Tá bom, era aquela garota da semana passada.

Qual delas?

Silêncio.

A que te deu um tapa? Sério?

Sim, ela mesma. Respondeu o outro mal humorado.

Não pode ser! Eu não acredito nisso.

Pois acredite, você tem a mesma cara de pervertido que eu, colega.

Eu odeio você.

O amor e o ódio são separados por uma linha tênue. Olhe o lado bom, sem mim você seria mais puro que a Virgem Maria.

Eu ainda odeio você. Disse Ethan, pondo fim ao seu diálogo mental com Yan enquanto segurava o punho da garota a sua frente, que parecia cada vez mais nervosa.

– Ally o que você está fazendo? – perguntou a garota vestida de Lolita.

– Sim, Ally, o que você está fazendo? – repetiu Ethan irônico.

– É ele, Annabelle! O aproveitador do beco!

Por um lado ele achava graça de ver Yan sendo rejeitado, não era algo que acontecia todos os dia, mas em compensação ele não gostava que o confundissem com o seu alter ego do mal. Ele tinha olhos castanhos! Não azuis...

Certo, que grande diferença. Vamos colocar assim: você é a garota chata e sem graça da Miley e eu sou a Hannah Montana, melhor?

Cale a boca, Yan.

Ele fez o maior esforço possível para desligar Yan de seus pensamentos.

– Olha, isso deve ser um mal entendido. O Ethan é famoso por ser meio... frio para essas coisas, você tem certeza que não é outra pessoa?

– Com certeza é outra pessoa – ele disse. – Eu nunca vi essa garota.

Ela semicerrou os olhos e o encarou de perto, avaliando cada detalhe do rosto dele. Eles ainda estavam perto demais, o punho dela bem próximo do seu rosto, então ela corou e se afastou.

– Os seus olhos são castanhos...

– Que bom que você não é cega! – respondeu ríspido.

– M-me desculpe... – disse sem graça e ele se sentiu mal.

Um silêncio constrangedor caiu sobre o grupo, mas a garota chamada Annabelle interviu.

– Tudo bem! Estamos aqui para nos divertir, por que não fazemos isso?

– Ótima ideia – disse Tyler e eles começaram a seguir o grupo parque adentro.

Os quatro mergulharam em uma conversa animada enquanto ele e a garota chamada Ally ficavam alheios. Ethan não pôde evitar observar a garota, mas em hora alguma ela voltou a olhar para ele. Ela era bonita com os cabelos ruivos e o corpo franzino; por baixo da cara de durona tinha uma expressão ingênua e isso o fazia lembrar de Suzan, sua irmã menor. Instantaneamente sentiu uma espécie de carinho pela garota, que só aumentou ao lembrar que ela tentou socar Yan. Ela olhava para os lados como se qualquer coisa fosse mais interessante que falar com ele, mas Ethan não a culpava. Quando ele viu onde o grupo havia parado se sentiu bem: uma roda-gigante. Ele gostava de altura, fazia com que se sentisse bem, fazia-o se sentir em casa, afinal para aqueles que controlavam o ar, a paixão por altura estava no sangue.

– Nós vamos mesmo para a roda gigante? – perguntou a ruiva um pouco pálida.

– Claro que vamos! – respondeu Annabelle empolgada. – Vai ser divertido.

– Muito divertido...

Ele olha para a garota, que estava cabisbaixa cutucando o canudo de um copo de refrigerante, e dela para os amigos. Eric parecia feliz com a garota que se vestia de Lolita e Tyler parecia encantado com a garota de cabelos azuis. Ele reconheceu quem era realmente a garota: Norah Collins, uma das herdeiras da América, filha de uma família de sangue-puro. Ele nunca teve muito contato com ela, por isso a demora, mas quando ele viu aqueles frios olhos azuis pousando nele, ele soube.

– Quem vai entrar primeiro? – perguntou uma atendente loira de voz irritante enquanto mascava um chiclete.

– Os dois vão! – respondeu Annabelle, agarrando a ruiva e Ethan e os empurrando na cabine antes mesmo que se dessem conta. A ruiva tentou protestar, mas já era tarde demais.

O silêncio preencheu o lugar, não era algo muito confortável, a roda-gigante tomou impulso e começou a girar. A ruiva tomou um longo gole de refrigerante e colocou os pés sobre os bancos, sentando-se em posição fetal e fechando os olhos. Ela tinha medo, era isso. Ethan não conseguiu não sorrir. Se ela visse as coisas que ele enfrentava todo dia! Ela abriu os olhos e o encarou, ele percebeu os olhos dela enfim: eram mais escuros que o castanho, eram cor de carvão, uma espécie de cinza quase preto, nunca havia visto olhos assim antes. Mas logo ela olhou pra fora, evitando um contado visual maior e foi aí que as coisas começaram a piorar. A garota ficou branca. Ela estava morrendo de medo. Ally desceu as pernas do banco e as balançou nervosa, encarando os pés e depois voltando a olhar pra ele cabisbaixa.

– Eu... Eu... Queria me desculpar...

Antes que ela terminasse seu pedido de desculpas, a roda-gigante parou no topo e Ally foi arremessada pra cima de Ethan, o refrigerante derramando sobre a roupa dele. Ela olhou pra janela e ficou paralisada.

– Não olhe para a janela. Olhe para mim – disse lentamente e ela obedeceu, prendendo a respiração e se afastando rapidamente. A sua energia havia se desestabilizado ao contato com ela, nada grave, só parecia... Diferente.

– M-e-me-ee desculpa! – pegou um lenço e passou pela sua blusa, numa tentativa falha de melhorar o estrago. Então o nariz dela começou a sangrar, ela abandonou de lado a tentativa de secá-lo e tentou parar o sangramento nasal.

Alguém teve muitos pensamentos pervertidos? Perguntou Yan

Ethan reprimiu o riso, depois voltou a expulsar o intruso.

– Deixa eu te ajudar com isso. – disse.

Então levantou o queixo da garota e limpou o sangue ao redor do seu rosto com a barra da jaqueta. Ele olhou dentro dos seus olhos e por um momento sentiu medo, uma fina camada escondida, tão fundo naqueles olhos intrigantes. Os olhos nunca mentem, principalmente para habitantes do Gehenna. Humanos normais não tinham olhos negros, pensou a estudando melhor.

– Perfeito. Isso acontece muito comigo, só mantenha o rosto levantado.

Ele não mentira. Seu nariz sangrava (ou outras partes) muitas vezes durante treinos e batalhas. Ele não sabia nada sobre ela, mas havia uma estranha necessidade de protegê-la. Não confunda isso com amor a primeira vista. Aquela atração envolvia muito mais coisas que uma simples bobagem romântica. Coisas antigas.

– Obrigada, eu sinto muito por tudo e por ter arruinado teu casaco... – agradeceu corando.

Adorável, pensou por um minuto. Quanto tempo desde que vira alguém corar ao seu redor? Muito, com certeza. Ele a entregou seu casaco e ela vestiu, ainda pressionando a manga no nariz com a cabeça erguida.

– Oh. Tudo bem – falou passando a mão pelo seu cabelo e sorrindo. – Ainda vamos ficar aqui por um tempo, devo tentar te distrair?

– Por favor – ela implorou.

– Qual o seu nome?

– Allicia.

–Posso te chamar de Ally?

– Bom, depois que eu derramei meu refrigerante em você e quase te dei um soco e agora estou encharcando sua camisa com meu sangue, pode me chamar do que quiser.

Ele riu.

– Sobre isso, está tudo bem.

– Eu ainda me sinto culpada.

– Quantos anos você tem?

– Dezesseis e você?

– Tão nova.

– Você fala como se fosse um velho. Quantos anos você tem?

– Dezenove.

– Nossa, você tem idade pra ser meu avô.

Ele riu.

– Quase – disse quando a roda gigante parou. – Viu só? Eu te distraí.

– Merece até palmas – disse batendo as mãos de leve.

– Obrigado, é sempre um prazer distraí-la, senhorita – fez uma reverência.

Ele saiu da roda gigante quando a porta da cabine abriu e ajudou a ruiva – que estava com cara de quem ia cair sozinha – a descer, segurando em sua cintura e a colocando no chão. Ela corou novamente e ele quis bagunçar-lhe o cabelo, mas ficou com medo de desta vez, ser ele o alvo dos socos da garota.

– Você quer alguma coisa? – perguntou quando ela se distancia e fica olhando para baixo, evitando encara-lo, enquanto tentava se afastar o máximo que podia da roda-gigante.

– Tipo?

– Comida. Talvez um pouco de açúcar no sangue te devolva a sua cor.

– Acho que eu posso pegar um algodão-doce, mas não devíamos procurar os outros?

– Você não vai achar – disse rindo – Eles se separaram. Seus amigos nem nos seguiram na roda gigante.

– Annabelle... Eu vou matar aquela... – ela resmungou com raiva. – Se você quiser ir embora tudo bem, depois de tudo não vai ser surpresa se você quiser ir embora.

Ethan riu.

– Está tudo bem, Ally, se você quiser, eu adoraria ser sua companhia essa noite.

Cof, cof, gay... Disse Yan em sua cabeça.

Eu já não te mandei calar a boca o bastante por hoje?

Não, e você sabe como eu sou , falou com uma falsa voz melosa, simplesmente não consigo ficar longe de você!

– O-obrigada, vai ser divertido.

E pelo visto essa aí também não. Eu devo te dar algumas dicas? Aposto que com os meus conselhos você a conquistaria rapidinho.

E acabar com outra marca de mão na cara? Não, obrigado.

Eu aposto que se eu tiver outra chance, ela fica de quatro por mim.

Certo. Boa sorte. Agora não tem nada mais divertido pra fazer?

– Você é estranho – ela disse rindo e chamando sua atenção.

– Desculpe?

– Às vezes você fica olhando pro nada, é como se estivesse perdido em pensamentos.

– Perdão, não fiz de propósito.

– Tudo bem, só me siga, ok? Não quero me perder de você também.

Ele acenou com a cabeça e a seguiu no mar de pessoas enquanto se arrependia de dar tanta atenção para Yan. A garota não tentou puxar assunto novamente, ele a deixou na fila e esperou sempre ao seu lado, quando ela pegou um algodão-doce azul, ele se recusou a deixar que ela pagasse e depois de um tempo sem saber o que dizer ou fazer acabou dizendo:

– Vocês têm algum lugar ou horário marcado para se encontrarem?

– Bom... Não, eu nem desconfiava do plano maligno de Annabelle, para falar a verdade, mas bem lembrado – pegou o celular e tentou fazer uma ligação, mas depois desistiu. – Eu vou mandar uma mensagem para ela e rezar que não esteja muito ocupada com Eric, mas se quiser ir, está tudo bem. Sério.

– Eu vou ficar! Já falei.

Ela se sentou no banco, perto da fila.

– Certo. Então... O que você faz, Ethan? De onde conhece o Eric?

– Eu... Bom, eu estudo, ele faz Kung fu comigo no colégio.

– Achei que já tinha se formado.

– Não, ainda estou no último ano – disse sorrindo.

A garota olhou para algum lugar atrás dele e começou a empalidecer.

– Ally, você está bem?

– Sim, estou – ela disse sorrindo. – Mas isso me deu sede. Vou comprar uma água e já volto.

Ele virou-se pra trás e viu um Youkai dos grandes, 5 metros de altura, na praia, vindo em direção ao píer. Algo dentro dele sabia que isso ia acontecer, afinal, quando era mesmo que ele tinha paz?

– Ally, eu vou no banheiro, enquanto isso não vá para muito longe daqui.

– Ok.

Assim que ela virou as costas, ele começou a correr como se a vida dependesse disso. A dele provavelmente não, mas a de muitos ali, sim. Correu até a praia, mas ao chegar lá não era bem o que ele esperava.

Havena deu um pulo em direção ao comedor de carne e fincou seus sai na barriga do demônio gigante, os retirou e pulou na mão do youkai, dando impulso para avançar sobre o pescoço da criatura e, usando novamente seus dois sai, o arrancar. Ela caiu junto ao corpo na areia, se desviando do sangue. Ethan não teve tempo nem de avaliar o youkai antes que ele começasse a virar uma massa negra e se desfazer. Havena levantou-se e começou a se limpar.

– Você está atrasado, Will – então se virou e cruzou os braços, o encarando – Na verdade, o que faz aqui, Ethan?

– Eu que deveria perguntar, Havena.

– Eu estou trabalhando. Micaela te mandou? Não espere... Hoje era sua noite de folga! O que faz aqui, Ethan? – disse a garota com um sorriso malicioso.

– Estou com uma garota – respondeu ele sem jeito.

A garota riu.

– Eles conseguiram mesmo te trazer? – perguntou em êxtase, rindo.

– Sim...

– E você não tentou ir embora?

– Não...

– Essa garota deve ser realmente muito especial.

Ethan sorriu.

– Você lembra da garota que Yan encontrou na última semana.

– Qual delas?

– Aquela garota – falou dando ênfase e com um sorriso.

– Aquela que deixou uma marca na sua cara por dias?

Ethan riu.

– Essa mesma, ela é a garota com quem estou aqui hoje. E tentou me dar um soco quando cheguei.

Ele observou a morena rir até seus olhos azuis se encherem de lágrimas.

– Eu adoraria conhecer essa garota.

– Onde está Will? – perguntou Ethan.

– Eu não sei, resolvemos nos dividir porque sentimos duas presenças. Eu tenho que procura-lo, Micaela avisou que poderia ser coisa séria, mas não acho que seja algo que ele não consiga resolver.

– Como vocês estão cuidando de tudo, até mais.

– Se acabarmos cedo, você podia nos apresentar a sua garota!

Ele revirou os olhos.

– Espero não ver vocês outra ver hoje, Havena.

Dizendo isso ele ignorou o gesto obsceno que a garota fez, deu-lhe as costas e foi de encontro a ruiva.


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Notas finais do capítulo

Queria agradecer ao pessoal que comentou, e desculpem a demora para responder, obrigada pelo carinho! E desculpem a demora para postar, vou tentar ser mais rápida, mas eu estava ocupada com um monte de coisas da escola T-T
Espero que estejam gostando, os próximos capítulos terão mais sangue e pancadaria, só avisando pro caso de alguém não gostar :3
Comentem mais ♥
Até a próxima
Ps: A musica das notas iniciais é essa aqui, coloquei com a tradução caso alguém não fale inglês, é de uma das minhas bandas preferidas, e a história terá muitas referencias sobre eles: http://letras.mus.br/whitesnake/1187762/traducao.html