Os Guardiões do Véu escrita por Moonchan


Capítulo 18
You know nothing, Ally Snow


Notas iniciais do capítulo

OLÁ GALERINHA DO MAL Q
Como vocês estão? Bem, eu espero.
Esse capítulo ta pronto desde o dia 2, mas como minha beta tava cheia de prova da facul, acabou me entregando só hoje D:
E eu admito que tinha esperança de mais gente comentar (sou muito iludida, vlw), acho que muitos leitores me abandonaram naquele tempo que fiquei sem conseguir escrever... MAS ENFIM, mês que vêm eu me FORMO e entro de férias do senai ♥, então vou escrever bastante MWAHAHA, os próximos não demoram tanto a sair.
Espero que tenham gostado do titúlo q, e espero do fundo do meu coração que vocês continuem acompanhando esses guardiões da pesada nessa jornada (leiam com voz de narrador de sessão da tarde).
Beijão.



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You think that something's happening
And it's bigger than your life
But it's only what you're hearing
Will you still remember?
When the morning light has come.
Will the songs be playing over and over
Till you do it all over again?

Play, play the game tonight,
Can you tell me if it's wrong or right?
Is it worth the time, is it worth the price
Do you see yourself in a white spotlight?
Then play the game tonight

Play the Game Tonight - Kansas

Seja lá o que Michi havia feito não durou mais de cinco segundos, depois disso os olhos da criatura voltaram a se focar. Quis fechar os olhos para não ver o que aconteceria, mas não conseguia fazer nada, era como se eu estivesse hipnotizada. O monstro sorriu malignamente para o meu irmão e deu um passo em sua direção.

Nunca irei esquecer a cena que se passou a seguir; de alguma forma ela marcou o início de uma nova vida para mim. Uma vida onde eu poderia lutar, onde havia esperança.

Ethan surgiu de repente por trás do monstro; a sombra da percepção nublou os olhos monstruosos, mas então já era tarde demais: não teve tempo de ao menos se virar, antes que Ethan lhe cortasse a cabeça. Eu e Michi ficamos observando o sangue jorrar, incapazes de mostrar alguma reação.

Olhando a nossa reação, Ethan fincou a espada manchada de sangue no chão e levantou os braços, mostrando que estava desarmado, e caminhou em passos lentos em nossa direção.

– Eu sei que pode ser um pouco difícil de acreditar, mas não vou machucar vocês.

Talvez para você isso possa parecer estranho, mas eu sabia que podia confiar nele, algo em mim sempre soube que eu poderia confiar qualquer coisa a Ethan. Quem diria que eu não estava tão certa?

Michi me olhava com um misto de medo e curiosidade escondidos sobre a sua calma controlada, que eu havia habilmente aprendido a identificar. Fiz o meu melhor para passar segurança para ele.

– Você está atrasado – disse a Ethan cruzando os braços.

Ele deu um meio sorriso.

– Sinto muito, aconteceram alguns contratempos: do tipo ser arremessado pela janela.

– Imperdoável. Mais um pouco e teria que elevar o meu cosmo.

– Eu estou vendo – disse ele em tom de deboche, mas, ainda lentamente, veio para perto de mim.

Michi estava sentado do meu lado, me olhando de um jeito preocupado.

– Eu sou Ethan, sinto muito por te conhecer nessa situação... – se interrompeu por um instante. – ....inusitada. Mas é um prazer, sua irmã me falou muito de você.

– É um prazer também... O estranho é que ela nunca me falou sobre você. Você é o namorado dela?

Eu quis enfiar a minha cabeça num buraco, mas a resposta de Ethan fez com que um buraco houvesse sido feito em mim. Ele riu por quase um minuto como se fosse o maior absurdo só pensar na possibilidade.

– Não, somos amigos. Faz pouco tempo, mas já tenho sua irmã como uma irmã pra mim.

Eu teria sentido dor no peito, mas ele já estava doendo por ter sido jogada na parede durante a luta anterior.

– É uma conversa muito interessante, mas por que ninguém está focando em dar algumas explicações? Sem querer pedir demais, mas o que era aquela coisa? Que tipo de pessoa anda com espadas no bolso? Seria legal começar a falar...

– Como você desejar, mas antes: você está bem? Consegue se levantar?

– Eu não sei, podemos tentar – disse tentando levantar.

Todo o meu corpo estava dolorido e minhas pernas moles, o que obrigou Ethan a me segurar pelo braço para que eu não voltasse a cair no chão.

– Acho que isso é um não – disse, me ajudando a sentar outra vez. – Vamos esperar a Havena e o Will; levaremos vocês para a nossa escola e lá explicaremos tudo, qualquer uma de suas dúvidas.

Eu acenei com a cabeça. Michi se ajeitou do meu lado, mas quando olhei pra ele seu olhar estava vazio.

Uma coisa era certa: a habilidade de aparecer do nada não era exclusiva do Ethan. Uma Havena ofegante, suada e com vários hematomas apareceu por trás de nós, cuspindo uma única frase:

– Nós precisamos sair daqui e sair rápido. Há mais deles e mais ainda estão vindo.

– Onde está Will?

– Na entrada – disse ela tomando fôlego. – E Ethan... Nós temos que correr, você não quer ver o que vem vindo. – Pegou Michi nos braços e começou a correr.

Eu olhei pra Ethan aterrorizada.

– Eu sinto muito...

Por um momento eu pensei que ele me deixaria para trás, mas não: ele pegou sua espada, me jogou sobre os ombros e correu atrás da morena. Eles eram muito, MUITO rápidos; quase não conseguia focalizar as imagens na minha frente, mas uma coisa eu sabia: havia algo atrás de nós. Algo se aproximandoo, tão rápido quanto.

Vi de relance um dos Sai de Havena voando à frente e acertando alguma coisa, que caiu no chão antes que pudesse nos alcançar. Era a segunda vez que ela salvava a minha vida naquele dia. Eles não diminuíram o passo quando a coisa não se levantou outra vez, algo me dizia que uma coisa pior ainda iria acontecer. E como eu estava certa...

Nós chegamos até o portão sem muitos problemas. Lá o garoto de olhos verdes nos esperava, com uma pilha de corpos de monstros empilhados ao seu lado.

– É melhor irmos logo, a coisa aqui não está muito boa, amiguinhos – falou com sarcasmo. – É melhor vocês dois serem muito importantes.

– Abra o portal, Will, estamos sem tempo.

– Você sabe que não é assim, a terra tem que querer e no momento ela não está muito feliz com essa bagunça.

Ethan me pôs no chão e só então eu vi várias figuras humanoides, de quatro metros de altura ou mais, vindo em nossa direção.

– Will! Agora! – gritou Havena enquanto obsevava os monstros encurtarem a distância.

Eles tinham um sorriso cínico nos lábios, como se fossem costurados e se moviam como grandes bonecos de posto.

– Eu vou atrasá-los – disse ela com um longo suspiro, antes de soltar meu irmão e correr para onde os monstros estavam.

Invejei a coragem de Havena naquele momento.

Ela se aproximou deles desviando de um soco; o golpe acertou o chão com tanta força que sentimos um leve tremor de terra. Havena aproveitou-se e subiu pelo braço do gigante, pulando sobre a mão que tentou agarrá-la. Percorreu o comprimento do outro braço até chegar ao ombro, onde então cortou a garganta do monstro. A cabeça caiu no chão jorrando sangue pela garganta aberta.

Mal deve tempo de se recuperar da queda junto ao corpo inerte do gigante e já estava desviando de mais mãos e sorrisos cínicos, que pareciam querer abocanhá-la inteira. Diferente dos outros monstros, esses não falavam, apenas atacavam enquanto encaravam com os olhares vazios e os sorrisos assustadores. E a pior parte era que seus olhares vazios estavam fixados em mim; eles tratavam Havena como se a garota fosse apenas um inconveniente para chegar ao objetivo e eu não queria saber o que seria esse objetivo caso alcançassem.

Will parecia aterrorizado, o número deles só aumentava.

– Você precisa focar, Will. Ela vai ficar bem. Temos que sair daqui logo! Eles estão atraindo mais youkais.

O garoto tentou, seu olhar estava fixo na morena. A cada novo golpe que Havena escapava, a agonia nos olhos de Will aumentava.

– Havena! – gritou.

– Abra esse maldito portal! – gritou ela em resposta.

Ela não deixava nenhum dos monstros chegar perto de nós, por mais que tentassem.

Finalmente o garoto abriu outro buraco na terra, mas então Havena já estava cercada.

– Vão! – Ela gritou, completando ao ver que Will não moveu um músculo. – Eu não sou importante! Eu ficarei bem, Will, mas o portal não vai se fechar se você ficar!

– Por favor, Havena! – respondeu com a voz vacilante.

– Você não deve ficar mais aqui, Will! Estou cumprindo meu dever! Vá logo!

– Ela está certa, Will – disse Ethan. – Se você ficar e se machucar ela pode ser morta. O portal só fecha se você for junto. Você pode tentar voltar depois.

– Eu não sei se posso, Ethan.

– Lembre-se do juramento, Will.

O garoto de olhos verdes suspirou e então fechou os olhos. O buraco surgiu embaixo dos nossos pés e caímos em queda livre.

*****

Eu não me senti melhor do que a primeira vez que pulei no buraco. Na verdade estava muito pior. Um misto de alívio e preocupação me preencheu: alívio por estar bem longe dos monstros, em um dos bem cuidados gramados de St. Valence, e preocupação por Havena. Eu devia minha vida à ela. Por que ela ficou para trás? O que queria dizer aquela conversa? O que eu era? Eu estava alucinando?

Esperava a Ygritte aparecer do meu lado dizendo "Você não sabe de nada, Ally Snow".

– Will?

Ethan chamou o garoto sentado em posição fetal. Ele encarava o chão como se esperasse que se abrisse e o engolisse, o que, considerando os acontecimentos do dia, parecia bem provável.

– Vá – respondeu, sem tirar os olhos do chão. – Vai ser mais fácil sem vocês aqui.

Ethan acenou.

– Vamos, Ally, Michi. Agora está na hora de vocês conhecerem Cru... Micaela – disse, nos ajudando a levantar e seguindo em direção ao prédio principal. – Talvez vocês ganhem algumas respostas.

– Talvez? – perguntei seguindo-o e segurando protetoramente a mão do meu irmão.

– Vai depender do humor de Micaela. Se tivermos sorte, até eu conseguirei algumas respostas.

– Não entendo... Por que você?

– Eu quero saber o que você... O que vocês são, Ally. Aquela coisa na escola, todos aqueles youkais, os monstros, aquele número... Nada disso é comum. Parecia que algo os atraía para lá e estou quase certo que era um de vocês. Estou apostando em você, Ally.

– Do que você está falando? – indagou Michi, fazendo a pergunta que eu mesma queria fazer.

Ethan suspirou, enquanto abria a porta do prédio escolar.

– Eu vou tentar resumir antes de chegarmos à Micaela – respondeu e, depois de um longo suspiro, recomeçou. – Existe um véu que separa o mundo humano do mundo real, onde existem demônios sanguinários que devoram almas. Treze famílias poderosas protegem esse véu, controlando uma espécie de organização de pessoas que podem enxergar sob o véu e ser treinados para virar um caçador, um guardião. Nós estamos em uma das sedes dessa organização agora. Aqui jovens são treinados para lutar contra aquelas coisas; demônios, chamados de youkais. Não são seguidores de Lúcifer, nem andam por aí praticando possessão, eles estão mais para aqueles monstros de filme de terror: são devoradores de almas.

Ele parou de falar e seguimos em silêncio pelos corredores escuros do colégio, esperei que ele continuasse, mas ele se mantém quieto. Minha cabeça dava voltas a respeito do que aquele dia tinha sido. Mal sabia que era apenas o princípio do caos.

A minha vida inteira nunca pude confiar no que via; tudo podia ser uma ilusão da minha mente, apesar de parecer real. Todas as marcas, todas as vezes que acordei no teto despencando até o chão. Não sabia o que me assustava mais: a possibilidade de ser real ou de, depois de tudo isso, não passar de mais uma alucinação.

Olhei para o meu irmão e, mais uma vez, não soube dizer o que ele sentia. Sempre quis ter a habilidade que ele tinha de esconder perfeitamente suas emoções; essa foi uma das coisas que eu nunca adquiri.

– Não vai dizer mais nada? – perguntei a Ethan.

– Eu não sei como te explicar isso sem uma incrivelmente longa e cansativa aula de história, que você provavelmente terá de qualquer jeito. Fazer resumos não é um dos meus talentos, sinto muito, Ally. Algumas das suas dúvidas serão respondidas agora mesmo – respondeu, parando no início de um corredor.

No final do caminho havia uma porta enorme, feita de madeira maciça. Respirei fundo e comecei a cobrir a distância entre mim e a sala, mas Ethan puxou meu braço, me obrigando a voltar.

– Vocês precisam saber algumas coisas sobre Micaela antes de entrarmos... – começou pausadamente, enquanto eu erguia as sobrancelhas. – Ela é uma mulher um tanto excêntrica.

– O que você quer dizer com excêntrica? – perguntei desconfiada.

Ele fez uma careta, como quem sente vontade de vomitar.

– Você vai entender quando chegar lá. Apenas tentem... Relaxar e manter a calma...

– Não sei se consigo relaxar e manter a calma depois dessa sua frase – disse Michi e eu não pude deixar de concordar com ele.

Ethan bagunçou seus cabelos e olhou para nós.

– Não importa, apenas lembrem-se: não vamos machucar vocês. Aqui vocês estão seguros, talvez mais do que estiveram em anos. – Então ele olhou apenas para mim, com aqueles olhos castanhos cobertos de uma espécie de culpa. – Eu sinto muito por ter sido tão vago com você mais cedo, principalmente se te machuquei de alguma forma. Não era minha intenção, mas estávamos sem tempo. E também me desculpe pela casa mal-assombrada, não teria deixado Will chegar perto de você se soubesse...

– Está tudo bem... – comecei a responder, mas a última sentença me atingiu e, na minha mente, era como se finalmente um quebra-cabeça começasse a se encaixar. – O que você quis dizer com isso, Ethan?

– Não é importante agora. Vocês têm um encontro com a Crue... Micaela... – disse e rapidamente foi em direção a porta.

Estava prestes a segurá-lo e obrigá-lo a me contar o que quer que estivesse escondendo de mim, mas ele já havia aberto a porta.

– Você está atrasado.

A voz feminina saiu de trás de uma cadeira de couro, virada de costas para nós. A cadeira girou e, apesar de Micaela nunca ter deixado de ser um enigma para mim, finalmente o “excêntrica” começou a fazer sentido.

A mulher à minha frente estava sentada atrás de uma mesa de madeira enorme, vestida em um terno vermelho de listras brancas, que imitava seu cabelo dividido em uma parte branca e vermelha cortado na altura do ombro. Tinha olhos laranjas por trás de um óculos redondo, o nariz era fino e na boca, coberta por uma camada de batom vermelho, estava um cigarro. Ela era sem dúvida alguma uma figura marcante.

Quando ela pôs seus olhos em mim e Michi, um sorriso brotou no canto de sua boca; Micaela colocou as pernas em cima da mesa e soltou a fumaça do cigarro.

– Vejamos o que você trouxe hoje, Maldito – falou com uma pitada de divertimento, mas sua era voz grave e cortante, combinando com o seu rosto de expressão assassina. – Nós temos uma pequena benção aqui – comentou, então olhou para Michi. – Ou talvez duas


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Notas finais do capítulo

1 - Vocês gostam da Havena e do Will? Tava pensando em fazer um capítulo extra ainda essa semana, contando o que acontece com a Havena enquanto eles estão separados. Mas não postarei a menos que vocês digam que querem.
2- Por favor, comentem. Eu quero muito saber o que vocês estão achando, é muito triste ter mais de 40 visualizações e três pessoas comentarem ;-; E por favor, da um trabalho danado escrever cada maldito capítulo, e não ver quase nenhum reconhecimento...
Btw.
Espero que gostem.
https://letras.mus.br/kansas/20713/traducao.html



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