Os Guardiões do Véu escrita por Moonchan


Capítulo 11
Nove- Correr ou Correr


Notas iniciais do capítulo

Queria dedicar esse capítulo a duas pessoas muito especiais: Mrs Fiction e a Yori Chan! Meninas muito obrigada pelo carinho! ♥
Tears are shed, a shame
I should have known
I should have thought
I could have thought
Before I cast that stone

The waves radiate far and wide
There's a ringing in my ears
For a minute
I think I'm going blind

Tears are shed, a shame
I should have known
The crown weighs heavy
Heavy as I sit back in my throne

I say hey, it wasn't me
I'm just a pawn
But the devil's not into details
Where have all the heroes gone?
Hey I Don't Know - Kongos
http://letras.mus.br/kongos/hey-i-dont-know-2/



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Por sorte a ruiva já estava longe quando o jato de chamas foi disparado, mas ela saiu levantando vários mortos com ela.

Não temos tempo para sentimentalismo barato, disse Yan, ou você se preocupa consigo mesmo, mata o dragão e talvez a garota viva ou se preocupa com ela e todos morremos. Eu voto em B.

Às vezes você me enoja, Yan.

Eu sei, mas não me importo desde que você movimente essa nossa linda bunda e acabe com ele. A cabeça do Falcor ali vai ficar linda na lareira.

Nós não temos uma lareira, disse Ethan dando um passo a frente e convocando Mizuryo.

– Sagrada espada dos ventos... – ele disse fechando os olhos. – Me empreste sua força – e quando retornou a abrir, seus olhos estavam vermelhos.

Mizuryo era uma espada gigante do vento, o tipo que você tem que segurar com as duas mãos de tão pesada, com cerca de um metro e meio.

O dragão o encarava, como quem avalia um forte oponente. Eles se deram uma reverência silenciosa, então o dragão cuspiu outro jato de fogo de 2 metros.

Ethan pulou, com a ajuda do ar, por cima desse jato e continuou correndo. Enquanto o dragão se preparava para disparar outro jato, Ethan pulou novamente e enfiou a espada no olho direito do dragão, pousando em cima da cabeça do animal. Enlouquecido, o dragão se mexia descontroladamente, trombando nas paredes com força e abrindo um buraco na lateral da igreja. Ethan pulou pelo buraco, aterrissando numa espécie de relva, no mesmo segundo que a igreja desabou.

Por um minuto ele respirou aliviado e até chegou a virar de costas, mas logo depois estava no chão, abaixado para desviar de um jato de fogo.

Um dragão irado. Uma garota em apuros.

Ele tinha que andar rápido.

O dragão rugiu para Ethan e partiu em sua direção: abocanharia o garoto, trituraria cada osso do seu corpo e usaria abissal como palito de dente; isso se, no último minuto, Ethan não tivesse desviado. Embaixo do corpo do dragão, acertou uma de suas patas, o animal urrou e ficou sobre as duas patas traseiras. Ethan pulou sobre a barriga e fincou a espada, correndo e rasgando as entranhas do animal, enquanto os urros percorriam todo o labirinto e gelavam a espinha de quem quer que os ouvisse.

Ally

Perna direita. Perna esquerda.

Não tropece.

Respire fundo.

Eles estão atrás de você.

Era o que repetia uma vozinha dentro da minha cabeça, enquanto eu corria, com todas as minhas forças, dos restos humanos que me perseguiam.

O cenário dessa vez era um campo aberto coberto por relva seca, que fazia barulho a cada passo que eu dava. Olhei pra trás: os corpos em decomposição ainda me perseguiam. Se eu fosse foda como a Jill ou a Claire (ou talvez não ser foda, só a arma bastaria) já teria saído dessa.

Me aproximava a um pequeno bosque e tudo em que podia pensar era que tinha duas opções: continuar correndo e esperar eles me alcançarem (porque estava certa de que iriam) ou entrar no bosque (onde certamente teria algo mortal me esperando) e me esconder, despistar os mortos vivos e tentar sair antes que “algo” me encontrasse.

Devo confessar que nunca gostei muito da Branca de Neve, achava aquele filme assustador, principalmente a parte da floresta... E agora estava no mesmo lugar: escuridão, algumas árvores sem folhas que pareciam te encarar, raios que pareciam só cair ali.

Ouvi um barulho, como gritos de um animal ferido, e tive que me segurar para não me jogar no chão e tapar os ouvidos implorando para que parasse. Tropecei numa raiz de árvore, começava a ficar sem ideias do que fazer para despistar os mortos ou me manter viva, e eles estavam cada vez mais próximos. Tentei levantar, mas só então senti a dor, meu tornozelo estava doendo e muito. Respirei fundo e me recusei a olhar para ele: desviei os olhos para cima e tive uma única ideia.

Vamos lá, Katniss, riu uma vozinha na minha mente, você claramente vai morrer.

Mas se eu iria morrer, não seria para um bando de mortos vivos, respondi a ela.

Me preparei pra subir na árvore: estava escondida e tentava não gritar de dor, várias farpas entravam na minha pele, mas eu cheguei alto o bastante no exato momento em que aquelas coisas apareceram no meu campo visual. Eles pararam no lugar onde eu havia caído e permaneceram lá por cerca de cinco minutos, pude ver cada detalhe da sua pele deformada (ou falta dela) e os olhos brancos, alguns nem tinham olhos. Eram cinco no total, cinco túmulos profanados.

Continuaram a correr para dentro da floresta. Respirei fundo e me preparei para tentar descer, quando vi seis pares de olhos me encarando. Dei adeus a preparação e aterrissei nada graciosamente no chão, a dor se tornando maior, mas apenas pensava em escapar da aranha gigante.

Eu odiava aranhas. De algum modo parecia que elas sempre estavam presentes na minha vida. Pulei algumas raízes, forçando meu tornozelo. Corri mais rápido. Estava vendo a relva, quase chegando nela. Talvez a aranha fosse embora, talvez eu sobrevivesse, talvez eu visse Michi outra vez.

O que aconteceu foi rápido demais: vi uma silhueta humana aparecendo na entrada do bosque e então eu já tinha topado com ela e sido jogada longe, para a relva. Primeiro pensei na minha adorável fantasminha, agora eu provavelmente devia perder as esperanças, então vi uma espada cortando a cabeça da aranha e a silhueta humana virou-se para mim.

– Ethan! – suspirei aliviada me sentando.

Ele sorriu pra mim.

– Toda vez que te encontro você está sempre com problemas.

Sorri de volta pra ele.

– Então que bom que o seu timming nunca falha... – antes que isso virasse um assunto constrangedor, mudei para um fato importante. – Onde conseguiu essa espada?

Era uma espada bonita, mas era enorme também, com um cabo simples de couro, parecia completamente afiada, a ponto de cortar qualquer coisa.

– Eu achei por aí – Ethan disse dando de ombros.

– Posso pegar? – perguntei animada como uma criança no natal.

Ele me encarou por alguns minutos , então me entregou a espada.

Ela era surpreendentemente leve. Balancei um pouco, como uma idiota, e uma espécie de ventania surgiu. Ele pegou a espada me olhando de um jeito engraçado.

– Consegue andar? – perguntou, olhando meu tornozelo.

Tentei me levantar, mas quando passei meu peso para a outra perna, uma dor enlouquecedora me atingiu. Eu dei o meu melhor sorriso pra ele e fingi que nada acontecia.

– Eu posso te carregar – disse ele, conseguindo ver por trás do meu sorriso. Abaixou-se para que eu me apoiasse em suas costas.

– Não, senhor – falei me afastando e tentando descobrir um jeito de andar. – Você fica com a arma e nos defende.

Ele riu.

– Se apoie em mim, pelo menos.

– Ok... – respondi.

Ele pôs meu braço ao redor de seu pescoço e segurou minha cintura.

– O que fazemos agora?

– Achamos os outros e a saída.

Passamos um tempo andando na clareira: estava de noite e era como se estivéssemos a céu aberto, não no subterrâneo. Havia estrelas no céu.

– Isso é até bonito – eu disse, encarando o céu. – Faz você esquecer que está nesse jogo bizarro. Sinto como se estivesse a dias aqui. Parece que fomos transportados para uma espécie de outra dimensão, onde estamos participando de um filme de terror b.

– Tudo vai ficar bem, Ally. Vamos sair logo daqui e você vai esquecer de tudo isso.

– Tenho minhas dúvidas – eu tinha certeza que os pesadelos viriam até mim por muitas e muitas noites.

Paramos de andar por um minuto. Se déssemos mais um passo estaríamos de volta ao cenário do hospício.

Ouvimos um grito feminino, corremos (ele correu, eu fui arrastada) e nos deparamos com os outros. Havena estava segurando duas adagas e a cabeça de uma criatura bizarra, o corpo estava no chão, jorrando sangue.

Por que todo mundo tem armas legais menos eu?

Ela nos viu e então jogou a cabeça longe, ficando com as adagas.

– Que bom ver vocês outra vez.

O grupo não tinha sofrido grandes perdas, estavam lá Malcon, o garoto novo e chato, Mellane e Steve.

Antes que eu ou Ethan pudesse responder, a voz reapareceu.

– Parabéns por chegarem até aqui! Vocês todos são campeões, então darei uma ajuda a vocês! – havia um tom de sarcasmo na sua voz.

As paredes do labirinto desceram, afundando no chão, e o céu se tornou um teto com luzes que não funcionavam muito bem. Podíamos ver a porta de saída uns 100 metros a frente, assim como uma gaiola de ferro gigante 100 metros atrás de nós, como se fosse uma cela.

– Ninguém nunca chegou tão longe antes, foi um prazer ter vocês aqui. Aquele é meu filho, eu gosto de chama-lo de Eddie. Não é fofo? Enfim...

Da gaiola de Eddie, saiu um som de correntes batendo. Era um som assustador que penetrava até os ossos. O chão da cela era um ladrilho branco manchado de sangue seco. Então as luzes começaram a piscar.

– Vocês só têm que chegar ao outro lado. Vocês têm cinco segundos de vantagem. Que os jogos de verdade comecem!

Estávamos correndo antes mesmo que ele tivesse terminado de falar.

A gaiola se abriu em um clique e o som de correntes ficou cada vez mais alto.

– Você pode me deixar – tentei dizer para Ethan, mas ele me ignorou e continuamos correndo mais rápido.

Eu não olhei para trás quando o barulho de metal batendo no chão surgiu. Eu me recusei a olhar, porque algo me dizia que se eu olhasse não poderia mais me mover.

A única coisa que pude fazer foi ignorar a dor e focar na saída. Eu sabia que ele estava cada vez mais perto, mas não conseguia olhar para trás. Anne estava atrás de nós, com Malcon logo atrás dela, Steve e Mellane na frente, junto com o garoto sem nome. Eu sentia o medo dos dois atrás de mim, queria poder ajudar, mas já tinha o meu próprio medo para lidar.

Estávamos mais perto da saída, quando ouvi Malcon gritar. Tudo aconteceu muito rápido, faltavam apenas cinco metros. Todos tinham chegado a porta. Ethan me puxou para fora, mas não antes que eu pudesse ver: Malcon estava de joelhos, segurando o que antes fora seu braço, no lugar só um cotoco, tinha sido completamente arrancado.

Havena virou-se, tirado as adagas, pronta para enfrentar o monstro. Eu entendi porque não devia ter olhado para trás: ele usava preto da cabeça aos pés e em cada mão tinha uma corrente com uma espécie de faca na ponta, a pele parecia ter sido queimada, não havia olhos, as narinas não passavam de dois buracos pequenos e a boca possuía alguns dentes como os de um tubarão.

Eu senti como se ele me olhasse e então um sorriso brotou em sua face. Algo como “eu vou te pegar garotinha”. E aí eu me juntei a Malcon no coro de gritos enquanto caía cada vez mais fundo na escuridão sem fim que era aquela saída.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado♥ Eu estou muito feliz porque desde a primeira versão essa casa mal assombrada é quase uma maldição D: toda vez que acabo quero reescrever -q
Comentem ♥
E eu editei o outro capitulo pela versão betada, desculpem ter postado ele daquele jeito tão cru, mas eu estava tão ansiosa >< e eu ia ficar fora a semana toda....
BEM!! COMENTEM!
AMO VOCÊS!
COMENTEM!
Espero realmente que tenham gostado!
FINALMENTE ADEUS A ESSA FUCKING MANSÃO -Q
(Proximo capitulo vou fazer os posters dos personagens pra vocês



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