"She looks so perfect standing there

[...]

And I know now, that I'm so down

[...]

Cuz' all I really want is you"

– Sim, mãe. Eu sei disso. - Percy revirou os olhos pela quarta ou quinta vez enquanto ouvia Sally explicar como era importante que ele não se esquecesse da data da festa de comemoração dos trinta anos da clínica médica que o marido e o filho atendiam.

– Ano passado você mal permaneceu uma hora na confraternização - Sally olhou acusadoramente para o filho estirado no sofá - Seu pai é um dos acionistas daquela clínica, um dia você herdará a parte dele, e não causa uma boa impressão você se mostrando tão desinteressado nos eventos de lá. Compreende isso, meu filho?

– Em minha defesa, a festa estava chata e eu, cansado. Mas tudo bem, esse ano irei me esforçar ao máximo, Dona Sally.

– Promete, Percy?

– Eu prometo - Ele confirmou.

– Ótimo. Também há outro assunto no qual preciso tratar com você.

– Sim?

– Annabeth. - Responde ela simplesmente.

Percy estreitou os olhos:

– O que há com a Annabeth?

– Você convidará ela para ser sua acompanhante, certo?

– Errado. - O rapaz negou com a cabeça.

– Como não, Percy? - Sally disse descrente - Eu achei que você gostasse dela.

– Acha que... bem, ela aceitaria mesmo?

– Mas é claro que sim, Percy. Ela também gosta de você.

– Eu sei, somos amigos e ...

Sally o interrompeu:

– Oh não, não quis dizer que ela gosta de você como amigo.

Percy se sentou no sofá, confuso com o que a mãe acabara de dizer:

– Não entendi.

– Percy, você já é um adulto, sabe exatamente o que eu quis dizer.

– Desculpe. Não sei não - Insistiu ele

Sally suspirou:

– Já pensou que ela pode estar apaixonada por você?

– Não. - Respondeu ele.

– Querido, você não é mais um adolescente. Me diga, o que realmente sente com relação à ela?

Percy passou os dedos pelo cabelo, como sempre fazia quando ficava nervoso e queria mudar de assunto:

– Amizade, não é nítido? Somos amigos.

– Não é o que parece quando vejo vocês dois saindo juntos.

– Não quero falar sobre isso. - Declarou ele.

– Não é possível que você nunca reparou na forma como a Annabeth te olha. - Sally arqueou as sobrancelhas.

– Ela olha para mim normalmente, como eu a olho.

– Querido, você não a olha normalmente. - ela afirmou - Responda para mim com sinceridade, o que sente?

O rapaz se deu por vencido, sabendo que sua mãe insistiria naquilo até o fim:

– Eu não sei. Não sei o que sinto verdadeiramente por ela. É... confuso.

– Você tem que saber, é importante.

– Tudo bem, tudo bem.

– E você vai convidá-la. Não existem tantas garotas como Annabeth disponíveis, não há todo o tempo do mundo para você se decidir, Percy.

– A Annabeth é mesmo linda, não é? - Disse ele com um ar sonhador e um sorriso nos lábios.

– Sim, ela é linda - Sally assentiu - Mas duvido que só nos dois compartilhemos dessa opinião.

Percy fechou a cara de tal forma que, Sally se perguntou o que havia de errado.

– O Luke - Soltou ele, por fim - Aposto que ele também a acha linda.

– Luke?

– É um cara que gosta da Annabeth, eu acho.

– Está vendo, Percy? É por isso que eu lhe digo para não perder tempo.

– O que quer que eu faça? Vá correndo procurá-la agora mesmo? - disse ele em escárnio olhando diretamente para a mãe, que devolveu o olhar extremamente séria. Percy suspirou pesadamente, entendendo o recado - Está bem, entendi. É exatamente isso que eu irei fazer agora. - Ele se levantou e abraçou Sally - É por isso que eu te amo.

(...)

– Não gostei - Analisou Annabeth com uma expressão pensativa.

– Nem eu. - Concordou Piper.

Thalia encarou seu reflexo no espelho de um dos provadores da loja:

– Muito menos eu.

– Tenta o vestido preto de mangas compridas com aquele sobretudo acinzentado - Sugeriu a loira.

– Ah! É mesmo, Thalia. Aquela combinação é ótima! - Piper estimulou.

– Eu me cansei... são tantas roupas... - Reclamou a garota.

– Thalia! - disse Annabeth - Faça um esforço. Tiramos o dia só para fazer compras.

A morena fez uma careta:

– Não me culpe, estou com sono.

– Eu sei, mas ... - Annabeth sentiu o celular vibrar no bolso da calça - Espere um segundo - pediu ela se afastando um pouco das amigas e deslizando o dedo sobre a tela, atendendo a ligação:

– Oi, Cabeça de Alga! - saudou ela, alegremente.

– Annabeth, onde você está? - A voz de Percy apareceu.

– Em Mayfair.

– Mayfair?

– O que há? Mayfair é o melhor lugar para se fazer compras. - disse ela.

– Então você está fazendo compras?

– Ahn - Ela pensou em negar, mas desistiu - Sim, eu estou. Preciso usar roupas, sabia?

– Não é mesmo uma boa ideia que você saia por aí sem elas. - Percy respondeu na outra linha.

– Qual o motivo da sua ilustre ligação? Tenho certeza que não foi para falar sobre roupas.

– Preciso falar com você.

– Percy, já estamos nos falando.

– Pessoalmente.

– Quer vir até aqui?

– Depende. Você está muito ocupada?

Annabeth olhou para as amigas, ainda conversando entre si:

– Não muito, dá pra conversamos se você quiser.

– Qual o endereço da loja em que você está?

– A5600 à direita da avenida principal.

– Eu te acho por aí. - Foi a última coisa que ele disse antes de desligar.

– O que aconteceu? - Perguntou Piper enquanto Annabeth se aproximava novamente.

– Percy quer falar comigo pessoalmente, não entendi direito.

– Ele vai se declarar! - Thalia elevou um pouco a voz para ser ouvida ainda de dentro de um provador.

Annabeth ignorou-a, já Piper pareceu encantada com a ideia:

– Awn! Não acredito que vou mesmo testemunhar um pedido de namoro!

– Pipes - disse Annabeth - Não é isso, a Thalia que é chata, não acredite nela.

Piper pareceu decepcionada, os olhos castanhos como os de um cachorrinho:

– Droga. Pare de me iludir, entendeu Thalia?

A outra abriu o provador novamente:

– Não estou iludindo ninguém. A Annabeth que não aguenta a verdade.

A loira revirou os olhos:

– De qualquer forma, ele virá. Enquanto isso vou procurar alguma coisa de que eu goste por aqui.

(...)

Percy estacionara o carro numa das primeiras vagas que achara e saíra pelas calçadas comerciais de Mayfair.

Lojas e mais lojas, extremamente elegantes, eram o que não faltavam, por um momento ele se perguntou se realmente conseguiria achar Annabeth por ali, até que de repente, enquanto passava por uma vitrine, reconheceu duas figuras femininas: Thalia e Piper, sem dúvidas.

E como que para comprovar que havia achado a tal loja, no fundo do estabelecimento fino, onde se encontravam os provadores, através do próprio vidro do lado de fora, Percy pôde ver uma garota esbelta, alta e loira, com fios da cor de caramelo, se admirar num espelho, trajando um belo vestido azul claríssimo.

O rapaz seria capaz de reconhecer aquela garota em qualquer lugar, não importasse quantas pessoas estivessem a seu redor.

Era Annabeth, claro.

E só de vê-la , mesmo que a certa distância, Percy temeu que alguém pudesse ouvir as batidas descompassadas e frenéticas de seu coração.

Ele respirou fundo, tentando acalmar aquilo que estava dentro de seu peito parecendo bater à 120 a cada segundo, e adentrou a loja.

Quem o viu primeiro foi Piper, que até o momento parecia absorta em uma arara cheia de peças, mas ao o notar sorriu e acenou timidamente.

Ele decidiu se aproximar dela antes das demais e para sua surpresa recebeu um abraço super entusiasmado da garota:

– Oi Percy!

– Oi Piper - ele sorriu.

– Você veio se declarar, quer dizer, falar com a Annabeth, não é?

– É.

– Eu vou te levar até onde ela está - Ela sorriu o puxando consigo na direção das amigas.

Thalia jazia ao lado de Annabeth e parecia murmurar como o vestido que a loira usava era bonito e combinara com a mesma.

Annabeth pareceu notar uma outra presença próxima de si, e antes de se voltar para o espelho novamente, começou a dizer:

– Piper, eu acho que ... - Então focou os olhos, pelo espelho, na figura refletida atrás de si, que em nada se parecia com a amiga - ... Percy? - murmurou ficando de frente à ele.

– Te encontrei. - declarou ele.

– Eu... vou trocar de roupa e então... bem, nós saímos.

– Sim, e, bom - ele se voltou para as outras duas - Vocês se importam se eu roubá-la um pouquinho, meninas?

– Não, claro que não - Thalia se apressou em dizer - A Annabeth é toda sua.

– Mas ... - Piper abriu a boca para dizer algo, porém recebeu um leve empurrão de ombros de Thalia, que a fuzilou - A Annabeth é sua. - Disse no final.

Ele riu e assentiu.

– Vem, Piper - Chamou Thalia - Vamos olhar aquele sapato ali.

– Thalia, eu não quero...

– Você quer sim - Thalia a puxou - Acredite em mim, você tem que querer. Anda logo.

(...)

– E então? O que você queria me dizer de tão importante? - Começou Annabeth, os olhos cinzas com um brilho intenso de curiosidade.

Percy pensou por um momento para onde fôra toda aquela sua coragem. Agora, quando mais precisava, ela simplesmente não se fazia presente.

– Er... - ele tentava desesperadamente processar uma forma de começar aquilo - Eu acho que preciso, de certa forma, da sua ajuda.

– Minha ajuda? Com o que?

Ele prendeu o ar nos pulmões momentaneamente, antes de se pronunciar novamente:

– Haverá, daqui a alguns dias, uma espécie de comemoração dos trinta anos da clínica em que eu atendo e eu pensei ... - A voz de Percy falhou, o traindo no momento mais importante.

– Que eu poderia o ajudar a escolher um terno? - Annabeth sorriu completando por ele - É claro que eu posso o ajudar com isso, Percy.

Ele pigarreou e olhou para o outro lado da rua, voltando seu olhar para o cappuccino à sua frente logo em seguida, e se recostando na cadeira suspirou:

– Não é nada disso para falar a verdade.

A loira franziu as sobrancelhas:

– Então me diga o que é.

– Vocêquerserminhaacompanhante? - As palavras saíram rápidas e emboladas pela boca dele.

– Desculpe, não entendi.

– Você me daria a inestimável honra de aceitar ser minha acompanhante? - Percy disse pausadamente .

Ela balançou a cabeça levemente, com um sorrisinho no rosto:

– Nunca recebi um convite tão fofo.

– Você não me respondeu - lembrou ele - Isso é como um "Não"?

– Dessa forma parece que você não quer que eu aceite de verdade.

– É claro que eu quero, então você deveria me responder rápido e acabar com isso.

– Acha que eu seria capaz de recusar um convite vindo de sua parte?

– Então isso é um "Sim"?

– Não.

– Bom, eu entendo e ...

– Não, Percy! Meu Deus! Como você é lerdo... isso é tipo um "Claro".

–Aaah!

– Aaah! - repetiu ela, irônica.

– Por um momento achei que estivesse recusando por... sei lá, não gostar mais de mim, talvez?

– Que ideia idiota! Eu ainda gosto de você. Como eu poderia não gostar?

– É porque eu sou lindo, não é?

– E também é convencido.

– E lindo. - Ele repetiu.

– Lindo e muito mais convencido.

– Muito mais lindo, pode admitir.

– Tudo bem, Percy. Você é lindíssimo. Satisfeito Sr.Perfeição?

– Muito. - Ele sorriu.

– Eu tenho que voltar, as meninas estão me esperando.

– Certo, meu problema está resolvido, graças à você, então acho que está liberada pra continuar seu dia de compras.

– Eu nem comprei nada até agora.

– Apenas até agora. - Ele se levantou e deixou uma nota por baixo da caneca de cappuccino - Vou te acompanhar até a loja.

Annabeth colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha e a concordou com a cabeça, se afastando do café com Percy ao seu lado.

– Mais tarde eu ligo para você te perturbando.Se prepare. - Disse ele.

– Você sabe que eu amo essas suas ligações chatas. - Respondeu ela parando na entrada da loja em que estava minutos antes do amigo chegar.

– Eu sei. - Ele piscou para ela se afastando.

Percy já devia ter dado seus dois passos de distanciamento quando se lembrara de um detalhe importante.

Annabeth apenas havia se virado, e ele não pôde se controlar ao chamá-la novamente:

– Aliás - Percy falou girando nos calcanhares, com um sorriso genuinamente cafajeste se dirigindo à ela - Você ficou perfeita naquele vestido azul claro. Espero que o compre e pense em mim quando decidir usá-lo.