FLASHBACK ON

– Obrigada, Ted. - Samantha Brooke disse ao condutor da carroça, enquanto recolhia as saias e descia daquilo.

Ela agradecia todos os dias por ter o rapaz para levá-la e buscá-la.

Samantha havia se estabelecido com Damon Salvatore em uma casa de fazenda nos arredores de Mystic Falls.

Deu tchau para o rapaz e entrou na casa.

–Dam! Cheguei! - ela gritou indo para a cozinha e depositando suas compras.

– Damon? - pegou as saias e saiu as arrastando pelos cômodos. - Não irá me assustar de novo, seu cretino. - disse em uma voz bem humorada.

Chegou à sala. Damon estava sentado no sofá, com uma mulher, provavelmente uma meretriz, sentada em seu colo. O cheiro de sangue jazia no ar, como se fosse o fardo particular que sempre seguia o homem com quem partilhava aquela casa.

Revirou os olhos.

– Não acredito. - resmungou e se dirigiu a escada em passos largos e duros.

Sentiu a mão pesada tocar seu ombro.

– Sam! - Damon suplicou.

– NÃO ME TOQUE! - ela gritou. - Aceito suas aventuras noturnas, pois não tenho opções! - ela estava extremamente irritada. Damon a via assim sempre. Gostava muito de provocá-la. Achava que ela ficava mais bonita assim, selvagem.- Mas colocar uma prostituta de sangue dentro da minha casa eu não aceito, Sr. Salvatore!

Sua voz se extinguiu de repente. A respiração pesada era o unico som a ser ouvido.

– Com licença, senhor. - a meretriz olhou cada um. - Meus serviços...

– SAIA JÁ DAQUI! - o grito assustou a mulher ruiva que saiu correndo na mesma hora.

Sentiu Damon a abraçar pela cintura e a puxar para perto.

– Amo quando você grita. - sussurrou.

Samantha se virou em seus braços.

– Eu te odeio, Damon Salvatore. - sua voz foi puro veneno.

Damon sorriu.

– E eu quero te levar para a cama nesse exato momento. - ele disse e a pegou no colo, e com sua velocidade em um piscar de olhos ela já estava sento atirada na cama.

Samantha ralhou um pouco, discutiu por alguns segundos. Mas quando sentiu as mãos pesadas arrancarem seu espartilho, desistiu de lutar.

***

– Quero que pare de me fazer de boba - Samantha disse encostada ao peito de Damon.

Sentiu o peito se mover com o riso silencioso.

– Não falo idiotices, Damon.

– Sei que não. - ele disse a pegando pelo rosto. - Amo você, Sam. Sei que as vezes não acredita. Mas é verdade. - deu um sorrisinho. - Você me salvou.

Samantha o olhou nos olhos.

– Sei que faz isso para extravasar a raiva, Dam. - ela olhou para baixo. - Nunca conheci Stefan, mas sei o que ele fez e sei que é terrivel...

– Ele me forçou a beber sangue. - sua voz era amarga e ao mesmo tempo distante. - Mesmo sabendo que eu não queria. Que eu não poderia viver sabendo que Katherine está presa em uma tumba...

Samantha pegou o rosto de Damon entre suas mãos, forçando-o a olhá-la.

– Katherine não vai voltar, Dam. - ela disse lentamente como quem explica algo para uma criança. - Você sabe.

–Assim como seu tão amado William Herondale. - Damon disse, sua voz soando triste.

Samantha assentiu segurando as lágrimas.

– Sei que Will era um caso perdido...- ela refletiu. - Como amigo ou amante... nunca daria certo. Nunca iria querer ver ele envelhecendo, ficando decadente, e ainda por cima perde-lo. - Sam balançou a cabeça freneticamente. - Tessa Gray chegou em boa hora.

Damon a abraçou.

– A solidão é uma coisa horrivel, Damon. - ela disse. - Ela te destroi de dentro pra fora. "Nós imortais, temos que nos agarrar a oportunidades fixas." Foi o que Magnus Bane me disse antes da minha partida de Londres... Você não vê? Essa amizade é a única coisa que temos. Nós dois...

Damon concordou com um aceno de cabeça.

– Eu vou me agarrar a isso. - ele disse.

FLASHBACK OF

Seus olhos dourados se abriram no meio da escuridão. Samantha se sentou lentamente na cama gigante de Damon. No outro lado da cama, Rammona Carter ainda dormia. A vampira se arrastou para fora da cama lentamente.

Samantha ouviu o som distante de um gotejar. Foi até o banheiro e viu Damon dentro da espuma branca que o cobria todo com exceção da cabeça.

Ele lhe deu um sorriso.

– Ótima visão logo cedo, Senhorita Brooke. – ele disse a olhando de cima para baixo.

Samantha revirou os olhou.

– Lorde Comandante do tempo e do espaço. Senhor Damon Salvatore. – ela se curvou caçoando.

Damon riu.

– Você anda assistindo muito Doctor Who. – ele disse.

Ela deu de ombros.

– Talvez.

Samantha entrou na banheira, fazendo com que a espuma transbordasse. Damon sorriu e pegou uma de suas mãos.

– Como nos velhos tempos, não é Sam? – ele disse brincando com sua mão.

– Pare, Damon. – ela disse.

Damon a olhou sem entender.

– Roma. – ela disse. – Cancele esse acordo. É uma bobagem. Você não confia nela?

Damon olhou para o lado por um momento. Depois olhou para Samantha e a puxou para perto rapidamente.

– Por que você confia tanto? – ele perguntou a milímetros próximos ao rosto dela.

Samantha mordeu os lábios.

– Ela é apenas uma garota. – ela se interrompeu. – Claro uma eximia caçadora... Mas é uma garota que tem uma família. Uma mãe problemática e um pai perdido. E claro, aqueles idiotas Winchester...

– Pelo que você falou, Sam. – Damon disse. – Os Winchester estão contra ela também.

– Eu sei. Ela pode ficar conosco, sabe... – Samantha riu. – Mas sem contrato de sangue. Isso é sujo, nojento...

Damon sorriu.

– Você realmente gosta dela, não é?

Samantha confirmou com a cabeça.

– Eu realmente gosto dela. – Sam refletiu.

Damon balançou a cabeça lentamente.

– Nunca pensei que você fosse desse tipo...

Samantha deu um tapa forte em seu ombro.

– Pelo amor de Deus, Damon! Você me entendeu! – ela ralhou. – Eu não sou lésbica seu idiota! Gosto dela como amiga!

Damon segurou o riso.

– Não sabia! Talvez Magnus Bane tenha a influenciado de alguma maneira. – Damon exclamou. – Toda aquela purpurina!

Samantha saiu da banheira e pegou uma toalha.

– Quando o conheci ele era hétero... ou quase. – ela ponderou. – Magnus está sempre mudando de opinião. Sinto sua falta, não o vejo desde 1949. Aquele auge todo de Guerra Fria... Ele adorava uma boa disputa. Como se para ele a guerra fossem apenas a disputa de dois cavalos no Jóquei.

Damon começou a se levantar.

– NÃO! – Samantha apontou para ele e Damon caiu sentado na banheira novamente. – Fique ai sentadinho!

Damon levantou uma sobrancelha.

– Está com medo de que se você visse meu corpinho nu, você voltaria para essa banheira? – ele sorriu. – e nossos velhos tempos voltassem de novo?

Samantha gargalhou, se aproximando da banheira. Ela se apoiou na beirada e encostou seus lábios nos dele. Rapidamente Damon pegou em seus cabelos aprofundando mais o beijo. Sam parou o beijo, mordendo o lábio inferior do vampiro.

Ela se afastou e sorriu.

– Não sou eu que tenho esse medo, Damon. – ela sorriu mordendo os lábios e saiu correndo do banheiro.

– Volte aqui, Samantha! – Damon gritou, mas Samantha já estava no corredor.

FLASHBACK ON

Junho de 1920 - New York.

O jazz tocava alto e animado, enquanto Damon Salvatore rodava a mulher loira pelo salão. Ele havia escolhido a dedo sua parceira dessa noite. Porém seus planos foram reduzidos a pó quando visualizou a figura atravessar o salão elegantemente. Samantha Brooke, sua melhor amiga, chamava-a assim, pois não sabia distinguir seu relacionamento com ela. Ele a amava, mas como amigos se amam. Mas também gostava de ficar com ela. Eles davam certo em vários aspectos, e na cama principalmente.

Ela estava excepcionalmente bela nessa noite. A maquiagem mais escura e séria, os cabelos longos no estilo channel apenas preso com muitos grampos, com um enfeite de correntes de ouro no penteado. O vestido ia até o joelho como um mar de franjas metálicas e tecido cintilante que tilintavam enquanto ela andava.

Ela sorriu com os lábios cor de vinho para ele. E enlaçou os braços ao redor de seu pescoço assim que chegou perto, fazendo com que a moça que estava com Damon se afastasse.

– Já a caça, Sr. Salvatore? -ela disse em uma voz mansa.

Damon assentiu sorrindo maliciosamente.

– Já que você está bem acompanhado...- Olhou para a loira que estava um pouco distante, entretanto os observava atentamente. - ou quase. Acho que devo ir à caça também.

Ela sorriu triunfal quando viu a expressão em seu rosto.

– Não, não vai. - ele disse entre dentes.

– Ora, Damon! - Samantha exclamou. - Não me encha a paciência, e vá dançar com a sua loira peituda!

Disse e foi em direção a um homem no outro lado do salão. Ficou observando cada movimento seu. O jeito como ela dançava agarrada ao homem. Rebolando em seus braços, sabendo que isso o afetava.

Quando viu a mão do homem deslizar nas costas de Samantha cada vez mais para baixo. Não aguentou. Quando percebeu já estava em cima do homem distribuindo socos por sua face.

Sentiu as mãos da única pessoa que era forte o suficiente para controlá-lo. Samantha o puxou pelos ombros. Ele se levantou rapidamente e a pegou pelo braço. Sem falar nada ele a arrastou para fora do bar.

Todo o caminho de volta para o hotel fora isso. Damon com a mão de ferro apertando o braço da garota e a arrastando pelas ruas com um olhar mortal.

Eles chegaram ao hotel e ele a atirou na cama e se ausentou por um momento.

Samantha pôs as mãos no rosto tentando controlar as lágrimas.

Ouviu os passos pesados de Damon vindo em sua direção. E depois o peso dele que havia sentado em suas pernas.

Arrancou bruscamente as mãos de seu rosto e as jogou acima de sua cabeça.

– Está chorando? - perguntou cinicamente. - Devia chorar. Depois de tudo que me fez passar naquele bar...

– Não fiz nada, seu idiota. - ela cerrou os dentes. - Tenho tanto direito quanto você.

Damon riu secamente, brincando com o decote do vestido da mulher.

– Pare. - Samantha ordenou. - Não quero que me toque.

Damon ergueu uma sobrancelha. Ele sorriu e apenas pegou o vestido com as duas mãos. Com um puxão o rasgou ao meio.

Samantha gritou.

– E eu não gosto que me dê ordens. - ele disse em seu ouvido, enquanto trilhava mordidas começadas da orelha e cada vez mais baixas.

– Vai me violentar, Sr. Salvatore? - perguntou secamente.

Damon riu.

– Se for preciso... - disse enquanto pegava um de seus seios sobre o sutiã e o apertava levemente. Samantha soltou um gemido abafado. - Mas irá descobrir que é bem mais fácil se você apenas se entregar...

Os beijos molhados atravessaram o ventre da mulher, cada vez mais para baixo. Quando a boca chegou à peça intima de tecido rosê, Samantha o agarrou pelos fios negros e trouxe seus olhos até os dela.

– Se entrega? - ele perguntou.

Ela apenas lançou suas penas em volta da cintura dele e o trouxe para mais perto.

– Eu já disse que te odeio, Damon Salvatore?

Ele riu.

– Não seria a primeira vez, minha cara.

E voltou para a parte de baixo de Samantha.

***

Samantha se levantou da cama bruscamente.

– Por que levantou? - ele se sentou na cama. O lençol branco escorreu de seu corpo, mostrando o abdome liso.

Samantha desviou o olhar mordendo os lábios. O ignorou e foi até o armário, escolheu o vestido e o vestiu.

Sentiu as mãos fortes de Damon remexendo os fios de cabelo ondulados.

– Por que, Sam? - sussurrou ao seu ouvido.

– Não podemos viver assim, Damon. - ela disse o afastando com as mãos espalmadas em seu peito. - É doentio.

Damon revirou os olhos.

– O que temos não é doentio. É saudável até demais. - ele sorriu torto. - Sexo faz bem.

Sam bufou.

– Idiota.

– Você me ama! - Damon exclamou.

– AMO. MUITO. - ela gritou dando murros em seu peito. - Mas eu não sou seu cão de estimação. Que você pode brincar e brincar e largar na sarjeta quando quer e me substituir por uma prostituta!

– E eu sou o seu?! - ele gritou segurando seus pulsos. - O que você fez com aquele homem no bar foi...

– Paguei na mesma moeda! - esbravejou.

Fez-se um momento de silêncio. Os dois olhavam um para o outro calados, as respirações aceleradas.

– Você tem razão. - Damon disse. - Não podemos viver assim.

Ele chegou mais perto da garota e pegou seu rosto com as duas mãos, encostando sua testa na dela.

– Eu te amo, Sam. - ele disse, seu polegar acariciando o maxilar da garota. - Mas eu nunca vou ser o ideal para você. Eu tenho que ir.

Em um movimento rápido. Ele torceu o pescoço da mulher, ouviu o osso se quebrar, e Samantha pendeu mole em seus braços.

Ele abraçou o corpo com certo carinho. Depois a aninhou em seu colo como se estivesse dormindo e a colocou na cama.

Arrumou tudo que era seu ali. Jogou tudo em uma mala e a fechou.

No final, pairou sobre a cama e beijou a testa da mulher que parecia realmente estar dormindo.

– Eu sinto muito. - ele disse com uma voz rouca. - Não consegui me agarrar àquilo...

E foi embora do quarto batendo a porta na saída.

FLASHBACK OF

Samantha desceu as escadas apenas para flagrar Damon sentado no sofá de frente para a lareira. Roma também estava lá, sentada no chão com os olhos fixos nas chamas.

Sam o abraçou pelo pescoço.

– Esfriou a cabeça, amor? – perguntou ironicamente.

Roma olhou para trás observando a cena rindo. Ela sabia de toda historia. Damon havia a contado de mal grado.

Damon sorriu e a puxou pelos braços, fazendo com que ela caísse ao seu lado no sofá.

– Aliás, vou fazer isso para você. – ele disse. – Dane-se o contrato. Nossa querida “aminimiga” também concordou com essa quebra no contrato. – ele disse olhando para Roma, enquanto Samantha sorria. – Esse é meu presente, feliz aniversário.

Samantha o abraçou.

– Aniversário? – Roma perguntou interessada.

– Sim.- Damon respondeu rindo. – 754 anos não é pra qualquer um.

– Tenho 22 na verdade. – Samantha ressaltou. – Morri com 22, tenho 22 e pronto.

Rammona gargalhou.

–Nossa! Espero chegar pelo menos aos 50 com essa pele de pêssego que você tem. – ela disse bem- humorada.

Samantha se levantou do sofá e deitou no chão ao lado da caçadora.

– Não se preocupe. – ela disse piscando para Roma. – Renew te ajuda com isso.

Damon e Samantha começaram a rir, Roma apenas revirou os olhos, porém se segurando para não rir. Por fim Damon também foi para o chão junto das duas trazendo cinco garrafas de Bourbon, as quais eles beberam até a última gota.