Lily nem precisou ver Londres, apenas pelo cheiro ela já sabia onde estavam. Ela não foi muitas vezes a grande cidade, mas logo na primeira vez ela já identificou o aroma. Seu pai a levou lá quando ela era pequena, ele tinha um compromisso de trabalho e ela implorou para ele leva-la junto. Depois disso ela só foi a Londres com as excursões da universidade, ver palestras e eventos do curso.

Já James ia a Londres quase todo final de semana, a capital tem as melhores baladas e pubs, e o que ele mais gosta é a curtição. Conhece a cidade dos pés a cabeça, e estava disposto a mostrar a Lily o melhor de Londres.

– Bem vinda a Londres, ruiva. Vamos direto para... Castelo de Buckingham – disse James.

– Não acredito que vou tietar os coitados dos guardas – Lily colocou as mãos na frente do rosto, não acreditava naquilo.

Estacionaram um pouco longe do castelo e quando chegaram mais perto estava lotado de gente assistindo a troca da guarda. Lily ficou toda entusiasmada e correu até a multidão, pulava para tentar enxergar, mas sem sucesso.

James ficou de longe, rindo da cara de felicidade da ruiva. Chegou por traz dela e disse em seu ouvido:

– Deixa que eu te levanto – não deixou ela responder, a levantou, com a maior facilidade, e colocou ela sentada em seus ombros.

– Você tá maluco? Quase me matou de susto – reclamou ela, se segurando nas mãos dele pra não cair.

O toque das mãos foi eletrizante por alguns segundos. As mãos de James estavam quentes e firmes, como Lily notou. Já as mãos dela estavam frias e tremiam, James imaginou que seria por causa do medo dela de cair, por isso ele as apertou com mais força.

Quando o show terminou, foi liberada a entrada para conhecer o castelo. James falou:

– Não se preocupa, eu estou te segurando.

Ele soltou as mãos dele das dela e pegou em sua cintura, abaixou a cabeça e colocou-a no chão. Ele sentiu o alívio dela.

– Vamos entrar, só assim pra você conseguir sua foto – disse ele, puxando ela pela mão.

Lily não falou nada, ainda estava confusa. Ela morria de medo de altura, mas James foi tão atencioso... ela confiou nele naquele momento.

Depois de comprarem os ingressos eles adentraram os jardins. Ele pegou na mão dela de novo e a puxou, correndo para achar um guarda que não estivesse cercado de turistas. Avistou um do outro lado do castelo. Quando estavam chegando perto ele parou.

– Me empresta o celular pra eu tirar a foto – pediu, olhando para ela, ofegante.

– Tá bom – ela tirou o celular do bolso da jaqueta, colocou na câmera e deu pra ele.

– Ele é todo seu – disse James, rindo enquanto apontava para o guarda petrificado.

Lily o fuzilou, ele me paga, pensou ela, e foi em direção ao guarda. Parou do seu lado, tão séria quanto ele e esperou James tirar a foto.

– Sério que essa é sua melhor pose? Eu quero uma foto engraçada ruiva.

Ela decidiu entrar na brincadeira. Começou a fazer poses engraçadas e os dois riam como crianças. Então ela chamou James para sair nas fotos também. Eles tiraram vários selfies com caras estranhas, até que a barriga deles começou a roncar.

– Fome – disse Lily, colocando a mão no estômago.

– Eu conheço o melhor lugar daqui para comer fish and chips, vem.

Eles voltaram para o carro e James dirigiu até um bairro chamado Camden Town, cheio de pessoas estranhas. Eles pararam em frente a um lugar chamado Poppies. O lugar era todo decorado no estilo anos 50, com jukebox e tudo. Lily ficou de boca aberta.

– Como você conhece esses lugares? – perguntou ela.

– Você acha que eu não tenho cultura? Não vou só a balada não, sabia? – ele riu e os dois se sentaram em uma mesa.

– Não foi isso que eu quis dizer – disse ela, abaixando a cabeça.

– Foi sim, mas eu te perdoo – James chamou o garçom – duas fish and chips normais e duas cocas.

O garçom anotou o pedido e saiu.

– Coca? Pensei que já ia pedir uma cerveja.

– Eu estou dirigindo, não posso beber.

Lily ficou pensativa, estava conhecendo outro lado do James. Ele já se mostrou confiável e responsável em poucas horas. Fora o forte, pensou.

Quando a comida chegou James ficou só olhando qual seria o primeiro comentário de Lily quando ela comesse. Foi dito e feito:

– Esse é o melhor fish and chips que eu já comi – disse ela, de boca cheia.

Os dois riram. Conversaram e comeram, até que James sugeriu o próximo passeio.

– Que tal irmos para o London Eye?

– Não – disse ela, curta e grossa – Já fui lá várias vezes.

– Você pode até ter ido lá muitas vezes, mas não andou nele nenhuma vez – James a desafiou – Dessa vez você vai ter que ir.

– Como você sabe que nunca andei?

– Tá brincando? Você morre de medo de altura, se nos meus ombros você já ficou daquele jeito, imagina a 135 metros de altura.

– Eu não vou, James.

– Vai sim.

A discussão continuou até James estacionar em frente ao ponto turístico. Ele desceu do carro, mas Lily se recusou a sair. James deu a volta, abriu a porta e a carregou pra fora.

– Me solta Potter, eu não quero ir, que saco – James a colocou no chão ao ouvir seu sobrenome.

– Olha pra mim – ele pegou em seu queixo e fez ela olhar nos olhos dele – primeiro: já falei que meu nome é James, ruiva. Segundo: confia em mim – o olhar dele no dela fez com que Lily estremecesse, hipnotizada.

– Ok – ela assentiu.

Ela pegou na mão de James e ele ficou impressionado. Compraram o ingresso e pegaram uma fila gigantesca, mas quando chegou à vez deles Lily tremia tanto que achava que ia desmaiar. Subiram na cápsula e ela agarrou a mão dele com mais força. Conforme eles iam subindo ela ia ficando mais apreensiva.

– Vem ver como é lindo – James a puxou até o vidro e apontou para o Parlamento.

– Muito lindo – respondeu ela, e mexeu a cabeça rapidamente para cima e para baixo, assentindo. Quando James a olhou, ela estava com os olhos fechados, ele riu.

– Abre os olhos Lily – ele passou a mão no rosto dela – é lindo aqui de cima – sussurrou.

Ao sentiu o toque dele, Lily foi cedendo e abriu os olhos devagar. Porque eu sinto essa confiança nele?, pensou. Deparou-se com Londres vista de cima, a visão mais linda que ela já teve.

– É lindo – seus olhos brilharam.

James olhou para ela, reparou em casa detalhe do seu rosto. Ela mordia os lábios, os olhos verdes dela estavam ainda mais verdes, tinham uma luz, uma mecha de seu cabelo vermelho caiu sobre seus olhos. Ele não resistiu, pegou a mecha e a colocou atrás da orelha, passando levemente a mão em seu pescoço. Isso a fez arrepiar-se, ela olhou pra ele.

– Não faz isso – disse ela.

Seus olhares se encontraram e eles ficaram assim por alguns segundos, se olhando.

– Desculpa – ele disse, envergonhado. Peraí, James envergonhado? Eu não fico envergonhado, o que tá acontecendo porra?, pensou.

– Por que você ficou corado?

– Não fiquei corado, é o calor, lugar fechado, sabe como é – disse ele, nervoso.

Lily ficou desconfiada, mas assentiu. Depois do passeio eles foram dar uma volta no Regent’s Park. Ficaram lá o resto da tarde, sentados na beira do lago, conversando. Quando deu umas 6 horas, James decidiu que era melhor ir embora.

– Vamos para o próximo ponto da viagem.

– E você já sabe qual é?

– Claro que sei: Brighton. Estou louco por uma praia – disse ele, ajudando Lily a se levantar da grama.

– Eu amo praia, apesar dessa brancura toda - disse ela, enquanto caminhavam até o carro. James riu.

– Tá na hora de pegar uma cor, ruiva.

Antes de pegar a estrada novamente eles pararam em um supermercado e compraram algumas coisas para comer no caminho.

Eles seguiram viagem, em direção à próxima parada. Seriam longas 2 horas até a praia, onde só iriam poder nadar no dia seguinte. Porém, depois de 1 hora de viagem começou a chover. Depois de 10 minutos começou a chover bem forte, mais 5 minutos e eles perceberam que não daria pra seguir viagem, era uma tempestade.

– É melhor a gente parar em algum hotel por aqui James – disse Lily, começando a se assustar.

– Preciso ver alguma placa.

Logo que ele disse isso eles avistaram uma placa dizendo: Pease Pottage Services. James virou em direção à entrada da pequena cidade. Quando chegaram a um hotel, James estacionou.

– Vamos ter que ficar aqui essa noite, eu vou pegar as malas, você vai para a cobertura, não vai ficar tomando chuva – mandou ele.

Lily assentiu e saiu correndo com a mochila dos dois. James pegou as malas no porta-malas e a seguiu, molhado. Na recepção ela disse:

– Queremos dois quartos.

– Só temos um quarto disponível, com essa chuva todos decidiram parar aqui – respondeu o recepcionista.

Lily olhou para James.

– Precisamos de dois quartos – disse James para o homem.

– Esse quarto tem duas camas, é o único que temos, vão querer?

Dessa vez James olhou para Lily. Ela assentiu.

– Pode ser – ele pegou as chaves e subiram.

Quando abriu a porta do quarto ele largou as malas ali mesmo, estava exausto. Lily sentia o mesmo.

– Vai tomar um banho, você vai ficar doente molhado desse jeito.

– Ok, mãe – disse ele, rindo.

Ele abriu a própria mala, pegou algumas coisas e entrou no banheiro, fechando a porta. Lily sentou na cama e ficou ouvindo o barulho do chuveiro. Estou morta, pensou. Tirou os sapatos, a jaqueta e foi até a mala. Pegou o pijama e uma toalha e esperou James sair.

Quando ele abriu a porta foi como aquelas cenas em câmera lenta de filmes. James saiu só com uma calça de moletom, sem camisa, com algumas gotas de água escorrendo pelos ombros e o cabelo molhado. Esfregava a cabeça com a toalha e não reparou em como Lily admirava o seu belo físico.

– Pode entrar, já terminei – disse ele, trazendo ela a realidade novamente.

Lily levantou e foi até o banheiro. Tomou um longo banho, vestiu seu pijama e quando abriu a porta viu James espalhado na cama, dormindo como um bebê. Rápido ele, pensou. Ela não pensou duas vezes, também deitou e dormiu na hora.