James acordou na manhã seguinte por volta das 7 horas. É madrugada ainda, pensou. Tentou voltar a dormir, mas não conseguiu. Decidiu levantar e chamar Lily para eles continuarem a viagem.

Levantou, espreguiçou e coçou os olhos. Quando se virou para a cama de Lily deu de cara com a mais bela visão que ele poderia ver a essa hora da manhã. Ela estava com um short minúsculo cinza, uma blusa regata coladinha na mesma cor e estava deitada de lado abraçada ao lençol. Belas pernas, ele pensou.

Rindo ele foi até a cama dela e sentou na beirada. Se sentiu tentado a tocá-la. Os cabelos ruivos dela estavam espalhados pelo travesseiro, e uma única mecha cobria seu pescoço. Ele chegou perto de seu ouvido, sentiu o cheiro de lírio que ela exalava, tirou a mecha com os dedos, tocando levemente sua nuca e sussurrou:

— Acorda ruivinha.

Ela resmungou baixinho.

— Acorda logo antes que eu tenha que te acordar de outro jeito – sussurrou ele, malicioso.

Lily abriu os olhos na hora e deu um tapa no ombro dele.

— Sai daqui James.

— Ai, que mão pesada lírio.

— Lírio? Você não cansa de me dar apelidos não? – disse ela, irritada, enquanto levantava e prendia o cabelo em um coque.

— Nunca, você me deixa criativo.

Lily revirou os olhos, pegou algumas roupas na mala e se fechou no banheiro. James ficou seguindo-a com o olhar, depois se deitou na cama que ela estava e sentiu o cheiro dela no travesseiro. Qual é o meu problema?, pensou, o problema não sou eu, é ela, por que ela tem que ter um cheiro tão bom?

Os pensamentos dele foram interrompidos com a saída de Lily do banheiro. Ela vestia uma saia florida e uma blusa solta branca.

— Vai ficar ai parado? A gente tem mais uma hora de viagem e eu estou morrendo de fome.

— Já estou indo lírio – reclamou ele enquanto levantava e colocava uma camiseta qualquer que achou na mala e entrava no banheiro.

Depois de uns cinco minutos eles pagavam o hotel e partiam rumo a Brighton. Durante a viagem eles comeram alguns cookies para enganar o estômago e conversaram sobre a tempestade do dia anterior.

Quando entraram na cidade eles foram direto procurar um hotel para deixar as coisas e tomar café da manhã. Escolheram um próximo a praia. Antes de descerem do carro James falou:

— Preciso por gasolina no carro, não da nem pra virar a esquina com isso.

Eles pegaram as malas e decidiram que seria melhor um quarto só para os dois, como o anterior, assim eles não perdiam tempo. Subiram para o quarto e deixaram as coisas. James pegou uma bermuda na mala e colocou-a rápido no banheiro.

— Lily, vou pegar gasolina em um posto aqui perto, fica pronta pra quando eu voltar à gente já ir tomar café e depois ir para a praia.

James saiu e ela pegou seu biquíni na mala e outra roupa. Se trocou, colocou um short jeans e uma regata soltinha. Pegou uma bolsa de praia e colocou duas toalhas, óculos de sol e protetor solar. Decidiu descer para esperar James na calçada. Fazia uns 5 minutos que esperava quando avistou ele correndo em sua direção.

— O que foi James? – gritou ela.

Ele não respondeu, foi tudo uma questão de segundos. Ele veio correndo olhando para traz, se aproximou dela, a puxou pela cintura e a beijou. Ela, surpresa, colocou as mãos sobre o peito dele. Ele a segurou mais forte pela cintura, colocou uma mão em sua nuca e aprofundou o beijo.

Ela apenas correspondeu, não teve outra reação. Sentiu a mão quente dele se afogar em seus cabelos e a outra mão achar uma brecha em sua blusa, passando a mão pelas suas costas. Ela estava completamente embriagada com aquela situação.

James ficou tão surpreso quanto ela quando decidiu beijá-la. Ele não imaginou que seria daquele jeito. Não imaginou que iria gostar tanto. Suas línguas de entrelaçavam, o gosto dela se misturava com o dele, seus corpos estavam tão próximos, tudo se encaixava.

Mas Lily caiu na real e o empurrou, interrompendo o contato deles. A única coisa que ela conseguiu dizer foi:

— Por que você fez isso?

James a encarava, ou melhor, encarava sua boca. Por um momento ele esqueceu completamente por que a beijou.

— Desculpa, eu não consegui pensar em outra coisa. Eu fui ao posto e tinha um carro de policia lá. Ai eu tive uma ideia genial. Eu sempre quis roubar gasolina de um carro de polícia – ele viu Lily revirando os olhos – eu sei que é idiota, mas eu sou idiota, ok? Aí o policial viu e eu saí correndo e quando te vi a única coisa que pensei foi que se eu te beijasse ele ia passar reto e não ia me ver – terminou ele, batendo na própria cabeça.

— Você tem problema? Roubar um policial? Você quer ser preso? Imagina a cara do seu pai, imagina o resultado do meu trabalho – ela estava ficando muito vermelha - E me beijar? Você perdeu completamente o juízo – Lily entrou no hotel novamente, com muita raiva.

James correu atrás dela, quando ela fechou a porta do quarto com força ele conseguiu segurar antes de bater. Entrou apressado e a segurou pelo braço, virando-a.

— Lily, me perdoa, por favor. Eu sei que não devia ter feito aquilo, eu sei que essa viagem também é importante pra você. Eu fiz sem pensar, prometo que não vai mais acontecer – ele implorou, olhando nos olhos dela.

Lily pensou por alguns instantes. Preciso pensar na minha tese, se eu abandonar ele agora não vai ter mais trabalho nenhum, respira, pensou.

— Tudo bem, mas se você fizer isso de novo eu vou embora e te largo sozinho, entendeu?

— Entendi, pode deixar, vou me comportar – respondeu ele, aliviado.

Eles foram tomar café da manhã em uma lanchonete ali perto. Comeram em silencio. James pensava no beijo. Será que ela gostou? Ela correspondeu no começo. Não, deve ter sido o susto, eu sou um idiota, pensou.

— Vamos pra praia? – perguntou ele, esperançoso.

— Pode ser.

Eles foram caminhando até a praia mais próxima. Estava um dia bem quente. Lily colocou os óculos de sol e James colocou os dele. As praias de Brighton não tem areia, são de pedregulhos, o que pode ser um pouco desconfortável. Quando James avistou o mar ele saiu correndo, tirou a camiseta e adentrou o mar gelado, dando um longo mergulho.

Lily ficou apenas observando. Tirou uma toalha da bolsa, estendeu nos pedregulhos e sentou. James se divertia como uma criança.

— Tá uma delícia a água, vem – gritou ele.

— Deve estar um gelo – gritou ela de volta.

— Se você não vier eu vou ai te buscar – ameaçou ele.

Ela revirou os olhos. James ficou observando de longe. Ela levantou, tirou os óculos, soltou os cabelos, tirou a blusa e depois o short. Tudo foi passando bem lentamente. Ele ficou petrificado, ela era perfeita. Magra, branquinha e com um belo par de coxas.

Lily foi andando até a beirada do mar, encostou o pé e constatou que realmente estava um gelo.

— Tá muito gelada James.

— Larga a mão de ser medrosa – ele disse isso enquanto corria na direção dela, a pegava no colo e corria mar adentro.

— Não James, tá maluco?

Ele a soltou depois de uma onda passar por eles e molhá-la inteira. Ela começou a rir, enquanto seus lábios tremiam.

— Tá realmente muito frio – disse ela, abraçando os próprios braços.

— Nem vem com essa, ruiva – ele começou a jogar água nela e ela, irritada, começou a jogar água nele também.

— Chega, você já conseguiu o que queria, já estou toda molhada – gritou ela, pedindo trégua.

— Temos um vencedor – disse ele, levantando os braços.

Quando James olhou para Lily ela tremia dos pés a cabeça.

— Você tá com frio mesmo né?

Ela apenas assentiu. Ele foi até ela e a abraçou, tentando esquentá-la. Ela parou de tremer um pouco, mas o corpo dela estava muito gelado. Ele a puxou até onde ela estava sentada, tirou a outra toalha da bolsa dela e cobriu seus ombros. Ela se enrolou na toalha e sentou.

— Melhorou? – perguntou ele.

— Um pouco – disse ela, tremendo.

James sentou ao seu lado e a abraçou, tentando mantê-la quente. Ela não fez objeção, apenas deitou a cabeça no ombro dele. Ele sentia a respiração quente dela no seu pescoço, isso o fez arrepiar-se. Manteve os braços envolta dela até senti-la parar de tremer. Ele levantou um braço e mexeu nos próprios cabelos, bagunçando-os. Isso fez com que ela saísse dos seus braços. Droga, pensou ele.

— O que você acha da gente ir para o hotel, tomar um banho e dar uma volta por ai? – perguntou ele.

— Ótima ideia.

Ele ajudou a guardar as coisas na bolsa enquanto ela colocava a roupa. Ele colocou a camiseta e eles voltaram caminhando para o hotel.

— É melhor você ir tomar banho primeiro, vai ficar doente desse jeito.

— Ok, mãe – disse ela, rindo. Ele riu também.

— Eu vou abastecer o carro – disse ele, cabisbaixo – já volto.

Lily assentiu e foi para o banho. Foi um grande alívio quando a água quente caiu sobre o seu corpo. Ela ficou pensando no beijo. Sentiu-se esquisita, como se aquilo fosse certo. É claro que não foi certo, ele é só uma cara que pega todas e fica se achando depois, pensou.

Ela terminou o banho, colocou a mesma roupa de antes da praia e saiu do banheiro com o cabelo molhado. Deu de cara com James sentado na cama, esperando ela sair.

— Pode entrar – disse ela, penteando os cabelos.

Ele entrou no banheiro e sentiu o cheiro dos cabelos dela. Para com isso James, pensou. Tomou um banho rápido e trocou de roupa. Quando saiu Lily já estava pronta para saírem.

— Aonde vamos? – perguntou ela.

— Vamos caminhar no calçadão até o Brighton Pier.

Ela assentiu. Eles foram de carro até lá e estacionaram perto. Era por volta das 11 da manhã e a barriga dos dois já estava roncando.

— Vamos almoçar no Pier, tem alguns lugares ótimos lá – disse ele.

Eles foram caminhando no calçadão.

— Então James, você não tem ideia do que fazer da vida?

— Não, estou perdido. Meu pai fica me pressionando para administrar a empresa dele, mas eu não gosto disso. Ele também quer que eu siga a área acadêmica como ele seguiu, mas eu tenho cara de área acadêmica? – perguntou ele, apontando para si mesmo.

— Absolutamente não – respondeu Lily, rindo.

— Tá vendo – ele riu – eu sou um inútil.

— Deve ter alguma coisa que você gosta de fazer, que você é bom.

— Ter até tem, eu gosto de futebol, sou um ótimo atacante, mas já estou velho pra seguir carreira, e meu pai nunca quis investir nisso.

— E não tem mais nada?

— Bom, eu sou muito bom na cozinha.

— Você cozinha? – perguntou ela, surpresa.

— Sim, sei fazer de tudo, doce e salgado, é um dom – respondeu ele, rindo.

— Eu pago pra ver – debochou ela.

Quando eles chegaram ao famoso píer foram direto almoçar. Comeram em um restaurante e depois deram uma volta por lá. Se divertiram na montanha-russa e tomaram um sorvete enorme.

— Você é um bundão James, não aguentou nem comer metade.

— Eu to cheio, ruiva. Seu estômago é infinito?

— É que eu não sou marica.

James olhou feio pra ela.

— Você vai ver só – ele pegou o sorvete e enfiou na cara dela, sujando seu nariz.

— Você quer guerra? – eles começaram a lambuzar um ao outro de sorvete, até que estavam completamente sujos.

— Vamos pro hotel, nos limpar – disse ele – ai a gente pode aproveitar que está de dia e seguir viagem.

— Ok, estou toda melada mesmo.

Eles voltaram, se limparam e seguiram viagem rumo ao próximo destino.