Blood Royal escrita por jupiter


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulos, meus amores. Estão preparadas? Lá vem!!!
APROVEITEM!



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CADEIRAS ESTAVAM DISPOSTAS NUM SEMICÍRCULO no meio do Grande Salão, e observei as pessoas que estavam ao redor. Guardas, empregadas e outros diversos funcionários também haviam sido convocados. Explicações a respeito do que havia acontecido seriam dadas, e era bom que todos estivessem presentes.

Depois do reencontro na ala hospitalar, não pude ficar muito tempo com Nicholas. Apesar de ter acabado de chegar, ele e o rei precisavam resolver bastante coisa. E mesmo relutante, compreendi seu lado. Muita coisa ainda precisava ser colocada em pratos limpos.

Não havia um rosto que não estivesse ansioso pelo o que estava por vir, e mesmo eu permanecia inquieta no meu lugar. Depois do que pareceu uma eternidade, o rei finalmente adentrou o salão em companhia de Nicholas e da rainha; sua expressão era branda e firme, e compreendi o porquê de ser tão idolatrado por todos.

Três cadeiras especiais haviam sido dispostas na nossa frente, postas ali especialmente para eles. Mas nenhum dos três se sentou, e o silêncio se abateu sobre nós como uma grande manta.

— Os últimos dias foram tão confusos para mim quanto foram para vocês — começou o rei Maxon. — As coisas ocorreram de maneira tão abrupta que precisei de um momento para conseguir pôr os pensamentos em ordem. Direi-lhes, no entanto, o que aconteceu exatamente conosco.

Umedeci os lábios com a língua, sentindo a necessidade de apertar a saia do vestido entre as minhas mãos. Encarei Nicholas, mas os olhos dele estavam distantes, e desejei poder saber o que se passava em sua mente.

— Fui solicitado pelo conselho da Nova Inglaterra para me juntar à eles numa conferência que tinha como principal finalidade, a discussão de acordos que pudessem ser proveitosos tanto para eles, quanto para nós. — prosseguiu o rei. — Como meu futuro sucessor no governo de Illéa, é função de Nicholas acompanhar-me em eventos desse porte. Acontece que ao deixarmos o aeroporto, fomos surpreendidos por um grupo de rebeldes que de alguma maneira havia descoberto que estaríamos viajando para lá.

Franzi o cenho e empertiguei-me em meu lugar. Ninguém falava nada.

— O fato é que: tal informação não foi passada para mais ninguém, e a discussão da viagem ficou apenas entre os conselheiros da Nova Inglaterra e eu. Graças a soldados muito bem treinados, fomos guiados para uma área rural, onde conseguimos abrigo e comida. A casa onde fomos alocados pertencia a uma família simples, e em consequência disso, ficamos alheios a qualquer meio de comunicação externo. As pessoas que nos escoltaram só conseguiam frequências baixas, o que não era o suficiente para um contato direto com o governo. — o rei trocou o peso de uma perna para outra. — Ficamos completamente alheios a qualquer informação, sem saber se um confronto havia despontado ou não. Somente no terceiro dia, a noite, foi que um dos soldados conseguiu fazer contato, e então uma equipe de resgate foi enviada para nos buscar e nos conduzir até a sede inglesa. A parte estranha no meio disso tudo, no entanto, foi que Zacharias Smith, chefe do conselho, afirmou que qualquer ameaça rebelde desapareceu logo depois que um certo anúncio foi feito.

Os olhos do rei avaliaram os presentes e por último repousaram em mim. Ele não estava com raiva, ou com ódio. Estava curioso. Seus olhos brilhavam com curiosidade.

Senti como se uma pedra de gelo fosse empurrada pela minha garganta e repousasse com força no fundo do meu estômago. Me questionei internamente se eu deveria me pronunciar, se eu deveria explicar ali na frente de todos o motivo pelo qual havia sido eu. Então, a rainha se manifestou.

— A senhorita Alexia só fez o que lhe foi pedido — disse. — Logo após o conselho da Nova Inglaterra entrar em contato conosco, recebemos uma carta de origem rebelde que ordenava que ela deveria fazer o anúncio de seu desaparecimento. Não haviam explicações, não haviam motivos, eles apenas queriam que fosse ela. Como não podíamos saber com quem vocês estavam, e se estavam em segurança, preferimos prevenir do que remediar.

Suspirei, sentindo um peso sair de cima do meu peito. Eu era capaz de sentir os olhares das outras pessoas fuzilando meu rosto, minhas costas e cada parte livre minha. Mas não as encarei de volta, não conseguia me mover.

Nicholas me encarou e uma ruga surgiu no ponto entre suas sobrancelhas. Ele estava preocupado, e estava tentando me mostrar isso de alguma forma. Esperei alguns segundos e formulei um “tudo bem”, quase não movendo os lábios.

Mas na realidade um nó havia se formado nos meus pensamentos, fazendo com que eu tentasse encontrar lógica naquelas atitudes rebeldes. Eles haviam tentado atacar Nicholas e seu pai, e logo depois recuaram. Deixaram-nos regressar para casa depois do meu anúncio, e ninguém parecia ter a menor ideia do que estava sendo tramado.

— Farei o anúncio de nosso retorno amanhã — concluiu o rei. — Quero que todos saibam que estamos aqui, que estamos bem.

Seguiu-se um murmúrio de concordância geral, então Nicholas deu um passo a frente.

— Quero deixar outro aviso — começou ele. Senti algo se agitar dentro de mim, borbulhando em expectativa. — Durante o tempo em que estive fora, refleti muito a respeito das minhas atitudes e devo lhes dizer que estou pronto para tomar uma decisão.

Minha pulsação se acelerou ao ouvir a palavra “decisão”.

— O que quero dizer é que não faz mais sentido estender a Seleção por mais tempo, não quando meu coração já tem seu rumo traçado. Então, quero dizer que sinto muito às outras, mas quem irá partir para a escolha são Alexia e Brittany. — Nicholas engoliu em seco. — O anúncio será feito amanhã, logo após meu pai dar seus avisos.

Pisquei diversas vezes diante da informação, e finalmente me atrevi a olhar para o lado. Miranda segurou minha mão e a apertou, dando um sorriso. Amber e Rowena pareciam que haviam acabado de engolir um limão e Brittany mantinha um sorriso tão largo no rosto que me questionei se suas bochechas não estavam doloridas.

Depois disso todos fomos dispensados, e um frenesi intenso começou no palácio. Os preparativos para o dia seguinte precisavam ser feitos e havia muita coisa a ser posta em prática.

— Conseguimos! — exclamou Brittany, lançando os braços a minha volta. — Nem consigo acreditar.

Meus braços fecharam-se em torno dela, mas meus pensamentos estavam distantes, quase em outro mundo. Vi Rowena deixar o salão batendo o pé, e Amber seguindo-a em seguida. Recebi inúmeras parabenizações, e senti diversas mãos dando tapinhas gentis no meu ombro.

Eu imaginava que tudo pudesse se estender por mais tempo, que ainda demoraria para uma decisão ser tomada. Mas Nicholas parecia disposto a colocar um ponto final em tudo, a finalmente conseguir um pouco de paz.

Avistei-o do lado de fora do salão, conversando apressadamente com Kaya. Desloquei-me sorrateiramente do meu lugar e fui em direção a ele. Sem precisar que nenhuma palavra fosse dita, seguimos em silêncio para os andares superiores.

— Quero que venha comigo a um lugar — falou, finalmente.

Não questionei. Segui-o até o terceiro andar, sentindo-me entorpecida pela notícia de que tudo estava próximo do fim. Dobramos o corredor que dava para os aposentos reais e me senti tensa. Tudo ali parecia mais silencioso, mais sereno.

Passamos por inúmeras portas até que paramos diante da última, bem no fim do corredor. Nicholas apoiou-se nela, me encarando.

— Sabe o que tem atrás dessa porta? — perguntou.

— Não faço a menor ideia.

Ele suspirou e sorriu para mim.

— Está prestes a conhecer um dos lugares mais secretos desse palácio.

— Qual?

Ele girou a maçaneta e empurrou a porta.

— Bem-vinda ao meu quarto.

Kiss Me - Ed Sheeran

Senti meu coração ir bater na minha garganta, e logo assim que passei na frente dele para dentro do quarto, a porta fechou-se atrás de mim. Senti sua presença à minhas costas, e tentei me manter centrada.

O quarto era amplo e bem iluminado. Uma cama grande se situava em um dos cantos, pôsteres e mais pôsteres cobriam as paredes, uma escrivaninha ficava posta perto da porta que dava para a sacada e uma pilha de papéis estava espalhada sobre ela.

Não sei bem o que desejava esperar do quarto dele, mas aquilo me pareceu perfeitamente adequado. Presumi que pelo menos ali ele poderia agir como um jovem normal.

Seus dedos roçaram nos meus e deslizaram pelo meu braço, até encontrarem apoio nos meus ombros. Nicholas passou um dos braços pela minha cintura, e senti seu corpo próximo ao meu.

— Você sabe qual é a minha escolha, não sabe? — sussurrou, com a boca próxima ao meu ouvido.

Estremeci, e um sorriso de satisfação surgiu em meu rosto. Era como se nenhum problema pudesse nos atingir quando estávamos juntos; como se fôssemos invencíveis. Levei minhas mãos até as dele, que estavam sobre a minha barriga.

— Acho que sei — murmurei em resposta.

— Você acha? — indagou, e eu sabia que ele estava sorrindo.

Começamos a caminhar em direção a cama, ainda abraçados. Parando apenas quando meus joelhos encostaram na lateral da mesma. Virei-me de frente para ele, passando meus braços em torno de seu pescoço.

— Pensando melhor — falei. — Acho que sei bem a resposta.

O sorriso dele se alargou, e ele me beijou rapidamente, com os lábios próximos ao meu sussurrou:

— Só me resta saber se essa garota também me escolheria.

Deslizei meu indicador pela bochecha dele, segurando seu queixo.

— Ela seria uma grande estúpida se não o fizesse.

Dessa vez nos beijamos com vontade, um beijo com gosto de saudade. Agarrei-me a ele como se a qualquer momento alguém pudesse tirá-lo de mim. Nicholas era a primeira coisa boa que havia surgido em meio a bagunça que minha vida era; perdê-lo seria o mesmo que me perder novamente.

Afastei meu rosto apenas o suficiente para recuperar o fôlego. Cada parte do meu corpo parece estar tomada por eletricidade, e permanecer sob o olhar intenso de Nicholas só faz a sensação se tornar maior.

— Obrigado por não desistir — murmurou, brincando com uma mecha do meu cabelo.

Sorri.

— Eu teria que estar bem louca para isso.

Nós nos deitamos em sua cama e eu me aconcheguei contra seu peito. Permanecemos em silêncio por alguns minutos, e eu me concentrei apenas em sentir sua respiração. Calma e ritmada.

Um sorriso bobo fazia questão de permanecer em meu rosto, e de maneira alguma eu queria repeli-lo. Lembrei-me então do que eu havia dito a rainha, e talvez eu devesse contar a ele. Levantei-me, ficando apoiada nos meus joelhos.

— O que foi? — ele perguntou.

— Se lembra da noite em que resolvemos fazer um passeio pelo palácio? A noite em que lhe contei minhas teorias?

— Sim, mas... — ele franziu as sobrancelhas.

Mordi o lábio antes de prosseguir.

— Acontece que eu cheguei a uma conclusão, Nicholas. E acho que você precisa saber.

Ele ergueu-se também, ficando no mesmo nível que eu. Ambos de joelho sobre a cama. Seus olhos brilhavam em expectativa.

— Então, conte-me. Diga o que sente por mim, Alexia.

— “Amar se baseia em se apaixonar pela mesma pessoa todos os dias, em apoiá-la nos momentos mais difíceis e estar sempre ali, pro que der e vier...” — recordei, sentindo o sorriso em meu rosto se tornar cada vez maior. — E eu quero que você saiba que eu sempre estarei aqui, Nicholas. Por você. Porque você é o responsável por tudo o que eu sinto, você é o responsável por me fazer ficar assim — segurei a mão dele e a posicionei sobre meu coração, que a essa altura faltava pouco para atravessar o meu peito. — Porque... Tem sido você desde o primeiro momento, e não será outro.

— Alexia... — a voz dele tremeu.

As lágrimas embaçaram minha visão, e eu finalizei:

— Eu amo você, Nicholas. Cada parte minha, tudo em mim ama você.

Quase me desmontei inteira ao olhar para seu rosto; suas bochechas estavam coradas e... Ele estava chorando. Haviam lágrimas no rosto dele.

— Você... Eu achava que nunca seria capaz de sentir isso por ninguém — ele fungou, enxugando os olhos. — Mas você surgiu e de repente tudo mudou. Você me disse também que eu teria bastante tempo para saber quem eu realmente amava, e agora eu sei. É você, Alexia. Eu também amo você.

Suas mãos seguraram meu rosto e seus lábios pressionaram os meus. Nunca havia me sentido tão viva quanto naquele momento; não me lembrava de nenhuma sensação que se igualasse ao que eu sentia.

Eu estava a um passo de me casar com o homem que eu amava.

***

Alguém estava pulando sobre o meu colchão para me acordar, e antes de abrir os olhos para ter que encarar o longo dia que me aguardava, me questionei o porque das minhas criadas estarem agindo daquela maneira.

— O que há com vocês? — resmunguei, sonolenta.

— Anda sua molenga, levanta!

Era impossível não reconhecer aquela voz. Abri os olhos de uma vez e abri a boca para formular uma frase, mas não saiu nada. O cabelo castanho estava agora na altura dos ombros, o sorriso continha o mesmo tom inocente e os olhos dela brilhavam. Lori estava de pé na ponta da minha cama, saltitando como se estivesse em uma cama elástica.

— Ah, meu Deus! — gritei, empolgada. — O que você está fazendo aqui?

Ela gargalhou, sentando-se na minha frente.

— Todas as outras também vieram, mandaram nos buscar. Você sabe... É como um ritual e tudo o mais — respondeu.

Eu estava completamente embasbacada.

— Eu... Eu escrevi para você, porque não me respondeu?

— Eu li a sua carta, mas muitas coisas estavam acontecendo lá fora, não consegui responder a tempo. Sinto muito, agora venha cá.

Ela me puxou pelos ombros e me envolveu em um abraço apertado.

— Senti tanto a sua falta — falei.

— Eu também, mas aquilo precisava ser feito — ela suspirou. — Veja bem, estou ótima! Consegui sair da casa dos meus pais, e agora vivo sob meus próprios comandos. É fantástico!

— Isso é incrível, meus parabéns!

— E você também se deu bem aqui, nunca tive tanto orgulho em poder dizer que era amiga de alguém. Você merece tudo o que conquistou — as mãos dela envolveram as minhas. — Preparada para mais tarde?

Neguei com a cabeça.

— Minha ansiedade está me corroendo por dentro. Acho que vou vomitar.

Ela gargalhou, enchendo o quarto com sua energia.

— Levante-se, mulher. Daqui a algumas horas você se tornará noiva do futuro herdeiro do trono.

Fiz uma careta.

— Tranquilizador, Lori. Tranquilizador.

***

Meu vestido era azul marinho, e o busto transparente era tomado por detalhes de folhas. Meus cabelos foram deixados soltos e Leah fez questão de prender a tiara no topo da minha cabeça.

— Estamos confiantes na senhorita — ela falou. — É a escolha perfeita.

Sorri para ela através do espelho.

— Obrigada — falei. — A cada uma de vocês.

Elas retribuíram o meu sorriso, e coloquei-me de pé.

— Podem me dar um minuto sozinha? — pedi.

— Claro — responderam em uníssono.

A porta do meu quarto se fechou e eu finalmente soltei o ar pela boca. Meu estômago embrulhava, como se eu estivesse rodando a muito tempo e começasse a me sentir mal. No andar debaixo o ritmo era insano, tudo já estava pronto para a hora do anúncio.

O tom alaranjado do céu indicava que o dia estava se despedindo, e apertei minhas mãos contra a minha barriga. Minhas pernas tremiam e eu me sentia ansiosa, mesmo já sabendo qual seria a escolha de Nicholas.

Não havia o visto durante todo o dia, e tive trabalho apenas com algumas das outras meninas que apareciam no meu quarto para me parabenizar. Nem mesmo havia visto Brittany.

A porta do meu quarto tornou a se abrir e me virei, encarando o soldado Harrison.

— O que faz aqui? — perguntei.

— O grande dia, não é? — indagou ele, fechando a porta e marchando na minha direção.

— É, depois de tanto tempo...

— O grande babaca e a garota idiota — disparou, inclinando a cabeça ao me encarar. — Encantador.

Franzi o cenho para ele, notavelmente confusa. Decidi por mim mesma aumentar a distância entre nós.

— Do que está falando? — questionei, hesitante.

— De você e do príncipe, é claro — respondeu. — Não faz ideia de como contei os minutos para este dia, Alexia. O dia em que eu finalmente iria agir...

Ele levou a mão ao coldre e retirou pistola dali, girando-a entre as mãos. Havia um brilho maléfico em seus olhos, e seu rosto já não possuía mais o mesmo ar risonho. Recuei até minhas costas tocarem a cômoda.

— O que você está fazendo? — minha voz tremeu.

Ele coçou o queixo, sem desgrudar os olhos de mim.

— Vou lhe contar uma história — começou. — Durante toda a minha vida vivi com pessoas que não suportavam essa forma de governo, que detestavam a monarquia e que, consequentemente, sempre odiaram a Seleção. Observei essas pessoas durante anos, completamente fascinado pelo o que faziam. Todos aqueles ataques... Toda aquela fúria...

Meu coração disparou. Não era preciso que ele me dissesse quem eram as pessoas.

— Rebeldes — murmurei. — Você é um rebelde.

Ele sorriu friamente.

— Sempre soube que você era inteligente — respondeu. — Agora continuando... Logo que conquistei idade o suficiente para lutar, ajudei-os na construção de seu plano mais engenhoso. Ou seja, infiltrar um de nós dentro do palácio. Como um bom soldado, nada mais justo do que me candidatar.

Seu comportamento estranho então passou a fazer sentido para mim. A maneira como sempre olhava em volta, a forma como agiu diante da família real no baile... E principalmente a maneira como hesitou durante o ataque.

— Foi você quem vazou as informações da viagem do rei — soltei. — Você quem escreveu aquele bilhete...

Ele acenou com a cabeça, nem se dando ao trabalho de negar. Olhei a minha volta procurando por algo que pudesse me ajudar, e que pudesse me permitir ser mais rápida que a arma dele.



— Tudo isso também tinha um propósito, nós precisávamos tornar alguma de vocês na favorita de Illéa.

— E por que eu?

Ele passou o cano da arma pela bochecha.

— Sempre observei você e Nicholas, sabia dos seus encontros sozinhos nesse quarto. Ele sempre comentava de você com o rei também, e sei disso porque constantemente montava guarda no gabinete. Então, apenas usei a lógica, decidindo usar a favorita dele.

Eu me sentia enjoada, e ao mesmo tempo sentia a adrenalina se espalhar por minhas veias.

— Você foi escolhida, Alexia, porque iremos mostrar para o povo o quanto somos engenhosos. Iremos esfregar na cara do rei que somos melhores, e para isso usaremos você — ele fez uma pausa, aproximando-se lentamente de mim. — E sabe como, querida? Matando-a ao vivo.

Agarrei um jarro de plantas atrás de mim, mas não fui rápida o suficiente. Lancei-o na direção dele, mas Luke repeliu-o com uma das mãos. Com a outra acertou um murro em meu rosto, deixando-me zonza por um momento.

A dor se espalhou pelo meu corpo, fazendo-me soltar um gemido. Ele acertou o outro lado, dessa vez contra os meus lábios, e senti o gosto de sangue se espalhar pela minha língua. E os socos continuaram, parando apenas quando ameacei desabar. Eu era capaz de sentir meu lábio inferior inchado, e não conseguia abrir completamente o olho esquerdo. Pontos pretos dançavam na frente dos meus olhos.

Eu queria chorar, mas a simples menção de contorcer o rosto para isso enviava ondas de dor por todo o meu corpo. Luke agarrou o alto dos meus cabelos com força, erguendo meu rosto até ficar no nível do seu. Seus olhos escuros pareciam apenas duas cavidades ocas em seu rosto.

Ele riu, em seguida, apoiou o metal duro e frio da pistola contra o meu pescoço. Meus músculos ficaram rígidos.

Ouvi o clique da arma sendo destravada.

— Parece que a última a ficar de pé — sussurrou, com o rosto bem próximo do meu. — Será a primeira a cair.


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Notas finais do capítulo

E aí, meu povo? O que cês acharam? Vocês já desconfiavam do Luke? Sempre dei indícios do comportamento estranho dele, e o que vocês achavam que fosse? O próximo promete altas emoções, até lá. Beijos!