Blood Royal escrita por jupiter


Capítulo 28
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Ei, meus amores, capítulo novinho para vocês. Então, depois desse devem vir mais dois capítulos e aí partiremos para o epílogo, preparem o core pois o último promete ser ó... Eu não estou preparada psicologicamente para me despedir de Nexi :(, mas acredito que estender muuuito a história acabará tirando um pouco da sua essência. Então, amores, aproveitem. ♥



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The Writer - Ellie Goulding

ACORDEI ANTES DO NASCER DO SOL, dormir por muito mais tempo me parecia impossível. E cada vez que eu me virava sobre o colchão e apertava os olhos, a imagem de Nicholas retornava viva e gritante na minha memória.

Sentei-me completamente alerta. Mesmo fazendo um dia após o anúncio, eu ainda me sentia pesada, como se meu corpo não correspondesse aos meus comandos. Passei a mão pelos cabelos e encarei o quarto mergulhado na penumbra.

Mesmo sendo tão cedo, eu precisava me mover. Levantei-me de um salto e me dirigi até o guarda-roupas. Dezenas de vestidos estavam pendurados, dos mais variados tamanhos e cores. Nenhum deles me parecia agradável, e vasculhei por entre eles até encontrar bem ao fundo as roupas que eu havia levado para o palácio.

Eu não havia usado nenhuma delas desde que havia chego, e aquele me pareceu um ótimo momento para desenterrá-las. Peguei uma calça jeans e a blusa de botões que havia usado no dia da entrega do formulário. Parecia que tudo havia acontecido há um milhão de anos, e fui tomada por uma enxurrada de memórias.

Lembrei-me de como me senti diminuir conforme minha mãe lia a carta, lembrei-me das expectativas de Lily comigo e principalmente do apoio que Theo me dera. Apertei com força a blusa entre as minhas mãos. Num passado nem tão distante assim, tudo parecia ser muito mais fácil.

Depois de tomar um banho, vesti-me com as roupas que havia separado e me olhei no espelho. Aquele traje simples me fazia parecer eu mesma, como a Alexia que vivia em Columbia e sentava-se no quarto todas as tardes para escrever. Como a Alexia que enxergava a vida através dos olhos de seus personagens. Como a Alexia que buscava encontrar algo no que se agarrar.

Peguei um dos travesseiros e puxei o lençol da cama. Depositei-os sobre o macio tapete e me deitei. O sol começava a despontar no horizonte, tingindo o céu de laranja. Puxei o lençol até o meu queixo e me encolhi em posição fetal.

Respire fundo, Alexia”, disse para mim mesma. “Respire fundo.”

Mas eu já não podia mais suportar. O nó em minha garganta me sufocava, e precisava ser colocado para fora. Apertei os braços em volta do meu corpo e soltei um soluço, depois outro, e depois outro. As lágrimas escorriam pela minha bochecha e molhavam o travesseiro; meu corpo inteiro tremia e era como se um buraco estivesse se abrindo em meu peito.

Chorei todas as minhas mágoas, todas as minhas dores. Chorei a saudade que sentia de Nicholas e chorei o medo de perdê-lo. Os soluços cederam lugar a um choro silencioso, e logo depois — não soube exatamente como —, caí no sono outra vez.

***

— Senhorita Alexia? — alguém cutucava meu ombro. — Senhorita Alexia.

Coloquei a mão na frente dos olhos ao me virar, e senti uma pontada de dor nas costas. Um sol pálido brilhava do lado de fora, e o rosto ansioso de Cali me encarava de cima. Soltei um gemido ao me sentar, e finalmente me pronunciei:

— O que houve?

— Há algo que a senhorita precisava ver, todas as outras criadas já foram chamar suas senhoritas também.

Franzi o cenho.

— Tem algo a ver com o príncipe ou o rei? — indaguei.

Ela balançou a cabeça, apertando os lábios. Sua expressão era quase de pena.

— Então, o que tanto eu preciso ver?

Ela estendeu a mão para mim e eu me apoiei nela para me levantar. Seus olhos passaram rapidamente pela minha roupa, mas se havia alguma objeção ela não disse.

Segui Cali pelos corredores em silêncio, sentindo-me aliviada por não estar vestindo aquelas camisolas pela primeira vez. Prendi meus cabelos em um coque enquanto andávamos e encontrei Miranda, Amber, Brittany e Rowena apoiadas no corrimão da escada que dava para o hall.

Cali parou e eu passei a sua frente, indo postar-me ao lado de Miranda.

— O que está havendo? — perguntei, em voz baixa.

Todas pareciam que haviam acabado de acordar, e ainda trajavam suas roupas de dormir. No centro do hall algumas malas estavam postas, e observei enquanto guardas apanhavam-nas e as levavam para fora.

— Anne e Felicity — ela falou. — Estão indo embora.

Minha boca abriu-se num “O” perfeito.

— Como assim? Por que?

Miranda levantou os ombros e me encarou.

— Acho que resolveram desistir por vontade própria, Anne já vinha comentando que não suportaria permanecer aqui por muito mais tempo — ela suspirou, olhando novamente para o espaço abaixo de nós. — Minha grande surpresa foi Felicity, não imaginava que ela pudesse fazer isso.

Concordei lentamente, balançando a cabeça.

As duas saíram ao mesmo tempo de uma porta lateral, com a rainha caminhando ao lado delas. Pareciam tristes, mas ao mesmo tempo caminhavam de maneira determinada. Anne sempre demonstrara um lado mais fraco para a estadia no palácio, a maneira como podia ser manipulável e seu horror aos ataques deixavam isso claro. Mas Felicity sempre havia me parecido perfeita; não se deixava abalar facilmente e sabia exatamente como se portar diante das situações.

Apertei minhas mãos em torno da madeira do corrimão e recordei as minhas próprias palavras. Talvez nem todas pensássemos da mesma forma. Talvez nem todas estivessem dispostas a cair.

Elas olharam para cima e acenaram para nós, numa despedida respeitosa e silenciosa. Atravessaram as grandes portas duplas e desapareceram. Olhei a minha volta para o rosto de cada uma que havia permanecido.

Éramos apenas cinco agora.

***

Sentei-me em um dos cantos do sofá que havia no Salão das Mulheres, e envolvi meus joelhos com os braços. Nenhuma das outras garotas parecia disposta a comentar a saída inesperada de Anne e Felicity, mesmo Rowena permanecia calada.

Eu permanecia com a mesma roupa que havia vestido ao acordar, e até então ninguém havia sido contra elas. Observei o programa que estava sendo transmitido, um show rápido sobre os vestidos e as maquiagens da moda. Estava no fim, e enquanto a apresentadora falava suas últimas palavras, os créditos subiam no centro da tela.

O programa foi encerrado e outro começou. Não sabia ao certo qual era a finalidade dele, mas soltei os joelhos ao ver meu nome e minha foto surgirem na tela. A fotografia era a que eu havia tirado com Nicholas;

— Aumente um pouco mais — pedi, batendo com a mão no braço de Miranda.

Franzi o cenho para a tela, esperando um novo bombardeio. Mas ele não veio, e para a minha total surpresa, a matéria era completamente o oposto do que eu esperava.

— Depois de ter suas atitudes questionadas por muitos, parece que uma grande reviravolta colocou Alexia Walcolt, uma das Selecionadas, no topo — a apresentadora começou. Usava um batom exageradamente vermelho, o que fazia sua boca parecer enorme. — Sob circunstâncias que desconhecemos, Alexia foi a responsável por fazer o anúncio do até então desaparecimento do rei e do príncipe. Sua atitude confiante mediante as câmeras, e a autoridade no olhar, levaram-nos a nos questionar: teria isso feito diferença com o que as pessoas estavam achando?

Ela fez uma pausa, e passou pequenos curtas sobre pessoas comentando a meu respeito após o artigo na revista. A maioria delas parecia confusa com relação ao que deveria achar, mas reconheci naquele momento que estive muito mais encrencada do que havia tomado nota.

— A resposta para nossa pergunta é sim — ela recomeçou. — Pelas ruas, ou em qualquer outro lugar, o assunto está sendo um dos mais comentados. Alguns dizem até que já estamos olhando para uma rainha brilhante. A questão é, Alexia conseguiu dar a volta por cima e realmente mostrou seu valor na Seleção. Agora, como a maior favorita do povo, resta-nos esperar que o príncipe retorne logo e sacie nossa curiosidade, e confirme nossas suspeitas. Estaria a jovem de Columbia prestes a se tornar uma das figuras mais importantes da nossa sociedade?

Minha foto surgiu no telão atrás dela, e depois outra, e outra... Até que o foco partiu para outra matéria e minha imagem desapareceu.

A palavra “favorita” estava presa entre os meus dentes, e me recusei a soltá-la. O silêncio ao meu redor era desconfortável, e por um momento eu desejei ter outras trinta e quatro garotas sobre o mesmo teto que eu novamente.

Olhei lentamente para Miranda ao meu lado e ela ergueu as sobrancelhas, num gesto claro de “eu te disse”. Esfreguei as mãos contra a calça e pigarreei. Levantei-me desajeitadamente e marchei para fora do salão.

— Favorita — murmurei, para mim mesma quando já me encontrava sozinha.

A palavra me inundou, derramando-se por cada parte minha. Depois de ser jogado ao vento que minhas atitudes poderiam ser pura atuação, agora lá estava eu. A favorita do público, sendo considerada por eles como a futura rainha.

As frase “o mundo dá voltas” nunca havia feito tanto sentido.

***

Two Pieces - Demi Lovato

Meus dedos moviam-se lentamente enquanto eu trançava meu cabelo numa trança lateral. A noite começava a dar o ar da sua graça, tingindo o céu de azul escuro e apagando os últimos resquícios do sol.

Meu rosto estava pálido e olheiras haviam se formado sob meus olhos. Havia substituído a calça e a blusa por um vestido cor de creme. Eu estava cansada, mesmo sem ter feito muita coisa durante o dia.

Depois de ter almoçado em meu quarto e ter permanecido nele pelo resto da tarde, decidi que não adiantaria em nada evitar as outras garotas. E depois, não era culpa minha a matéria que havia saído na televisão.

Durante todo o começo da Seleção eu havia engolido muita coisa, e por pouco não fui mandada embora. Se elas não haviam sentido o gosto do que eu havia sentido, aquela era uma boa hora para isso.

Cheguei ao final da trança e a prendi com um elástico. Inclinei a cabeça e soltei um suspiro.

A porta do meu quarto abriu-se com força, e virei-me rapidamente a tempo de ver o rosto vermelho de Tessa. Cali vinha logo atrás dela, com os olhos arregalados de expectativa.

— O que houve? — indaguei, preocupada.

— O rei... e o príncipe... — Tessa arquejou.

Coloquei-me de pé rapidamente, pronta para qualquer coisa que ela viesse a falar. Ou pelo menos eu achava que estava pronta.

— O que tem eles? — pressionei, aflita. Identifiquei a angústia na minha própria voz.

Tessa tomou fôlego, e senti meu coração parar por um segundo, aguardando a resposta. Então, ela falou:

— Eles chegaram.

Disparei para fora do quarto feito um foguete. Uma pontada se localizava na altura do meu estômago, mas eu não podia parar. Eu não queria parar. Passei por inúmeros guardas que me olharam espantados, e finalmente alcancei a escada.

Saltei os degraus, e era como se meus pés nem tocassem o chão. De acordo com o que eu conseguira captar de Tessa, eles estavam na ala hospitalar, apenas por precaução.

Parei por um segundo no hall apenas para jogar os sapatos longe, e continuei a minha corrida. Minha garganta ardia, e meu coração batia rápido demais; mas a minha vontade de encontrar Nicholas era maior, muito maior.

Atravessei as portas da ala hospitalar e parei derrapando.

Reconheci suas costas, e meus olhos foram subindo até encontrar seus cabelos loiros. A rainha estava ao lado do rei, e haviam lágrimas em seus olhos.

Cabeças voltaram-se na minha direção, enquanto eu recobrava o fôlego. O Dr. Garvin ergueu os olhos e me encarou. Nicholas seguiu o olhar dele, então nossos olhares se encontraram. Engoli em seco, sem saber exatamente o que eu estava sentindo.

Senti as lágrimas brotarem no canto dos meus olhos e um sorriso aliviado despontou em meu rosto. Nicholas saltou da cama e apressou-se na minha direção; soltei a saia do vestido e corri em direção a ele, lançando meus braços a sua volta e o apertando com toda a minha força.

Ele retribuiu e fiquei em êxtase por poder senti-lo de novo.

— Nunca mais faça isso — solucei, com o rosto afundado em seu ombro. — Por favor.

Ele juntou sua testa na minha, e com uma das mãos remexeu no bolso da calça. Dali retirou a corrente que eu havia lhe dado, e uniu minha mão a sua, prendendo o objeto entre nós.

— Durante todo esse tempo, me mantive confiante porque eu sabia que você estava comigo — ele depositou um beijo sobre meus dedos, seus olhos estavam úmidos. — E eu estava disposto a qualquer coisa apenas para vê-la de novo.

Eu o abracei novamente, fechando os olhos ao sentir sua respiração em meu pescoço.

A sensação de poder sentir seu batimento cardíaco contra mim, jamais, nunca poderia ser posta em palavras.


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