Blood Royal escrita por jupiter


Capítulo 22
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem meus amores. E a propósito, amei todos os comentários de vocês. Espero estar respondendo a altura. ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/599394/chapter/22

NÃO ME JUNTEI AOS OUTROS em nenhuma das refeições que sucederam a saída de Lori. Minhas criadas ficaram encarregadas de dizer — caso perguntassem por mim —, que eu estava indisposta. O que na realidade, não era de todo mentira.

Elas não comentaram o ocorrido, ao menos não na minha frente, e fiquei aliviada por isso. Eu não queria falar de Lori, não ainda. Nem mesmo com Nicholas eu havia conversado a respeito. O fato dela ter ido embora ainda não havia sido aceito completamente por mim. Grande parte minha desejava acreditar que ela ainda estava lá, em seu quarto, pronta para ouvir o que quer que eu tivesse para lhe dizer; e eu esperava também que ela batesse a porta do meu quarto com alguma novidade, alguma dúvida ou algum medo pronto para ser exposto.

As escolhas de Nicholas quanto as garotas que continuariam me surpreenderam, não imaginava que Amber e Felicity pudessem conseguir. De todo modo havia sido acrescentado uma dose extra de pimenta a situação. Com o número de opções tendo sido reduzido drasticamente, as pessoas agora começariam a torcer pela sua favorita definitiva. Por aquela que se tornaria princesa.

Não quis assistir a transmissão do Jornal Oficial depois, a sensação de ter presenciado aquilo tudo de perto já era o bastante. Não queria ter que ver tantas garotas indo embora de coração partido. Não.

Momentos tristes não mereciam ser revividos.

***

Sabendo que não haveria como me esconder para sempre, finalmente decidi sair do quarto para tomar café junto com os demais. Encarei meu rosto pálido no espelho, enquanto Tessa prendia meus cabelos num rabo-de-cavalo.

Meus olhos estavam tomados por um tom de azul sem graça, o que se assimilava ao meu humor. As palavras de Lori rodopiavam em minha mente, por mais que eu tentasse afastá-las. Como ela desejava que eu engolisse aquilo tudo de uma só vez? Se eu ao menos tivesse sido preparada antes...

Fechei meus olhos com força, tentando encontrar um foco. Eu havia dito a ela que não iria desistir, e estava disposta a ir até o fim. Mas eu precisava de gás, eu precisava de alguma coisa que me desse impulso novamente.

Pense, Alexia”, disse para mim mesma. “Pense!

— Theo — o nome dele escapou por entre meus lábios antes que eu pudesse me dar conta.

— Perdão, senhorita? — falou Tessa.

Balancei a cabeça.

— Estive pensando alto, apenas.

Passei quase todo o café em silêncio, sentindo-me ansiosa. Precisava encontrar Kaya, pedir-lhe que permitisse que eu fizesse uma ligação. Eu precisava ouvir as palavras diretamente da boca de Theo, não lê-las e nem nada do gênero. Eu precisava ouvir sua voz.

Miranda e Brittany foram gentis comigo. Por sermos apenas sete nossos lugares já não eram mais demarcados, e as duas sentaram-se próximo de mim. Me lançaram sorrisos tímidos, mas não chegaram a dizer nada. O que era bom, pelo menos para o momento.

Encontrei o olhar de Nicholas algumas vezes, e tentei disfarçar indicando-lhe que estava bem. Eu não queria fazê-lo se sentir culpado, não mais do que ele se sentia. Mandar todas aquelas garotas embora havia mexido de uma certa forma com ele.

Comi o mais rápido que me era permitido comer, e depois que a família real deixou a mesa, pulei do meu lugar e disparei em busca de Kaya. Precisei fazer um esforço muito maior do que eu imaginava, perguntando a diversos empregados onde eu poderia encontrá-la.

Acabei de por achá-la numa sala próxima da biblioteca, e tomando fôlego para me recompor e tomar coragem, finalmente resolvi pedir. O rosto dela tornou-se uma máscara indecifrável, e logo depois uma expressão confusa surgiu.

— Porque deveria lhe conceder essa regalia? Sabe que pode escrever para sua família quantas vezes precisar...

Não estava disposta a desistir.

— Por favor, eu preciso fazer essa ligação. É muito importante para mim, no momento é a única coisa que posso pedir.

Ela me avaliou, seu rosto fino e longo estava sério.

— Tudo bem — cedeu. — Mas não se acostume com isso, sabe que telefonemas são apenas em último caso. Vá para o seu quarto, estarei lá dentro de alguns minutos.

Um alívio instantâneo se espalhou pelo meu peito quando ouvi as batidas na porta. Enquanto aguardava que Kaya fosse até o meu quarto, já havia pego o número pessoal de Theo no fim do meu caderno de anotações, pronta para ligar.

— Não demore — avisou ela, entregando-me o aparelho.

Concordei com um aceno rápido e me sentei sobre a cama.

A cada toque meu coração enchia-se com mais ansiedade, eu torcia para que ele estivesse em casa. Falar com Theo era tudo o que eu precisava, ele saberia o que me dizer, eu tinha certeza.

Ninguém atendia o telefone, e passei a me sentir como um balão furado, murchando cada vez mais. Mais um pouco e a ligação cairia, tentar de novo seria algo inútil e Kaya me censuraria por demorar demais.

Atenda. Atenda.

Houve um clique do outro lado, um chiado se sucedeu e então uma voz ofegante falou do outro lado da linha. Quase comecei a chorar antes de falar qualquer coisa.

— Alô? — disse Theo.

— Theo, sou eu, Alexia — minha voz saiu afobada, as palavras atropelando-se no caminho.

— Lexi! Como você está? Sinto muito pela sua amiga, assisti ao Jornal... Mal pude acreditar.

Theo falou tudo tão depressa que precisei de um momento para processar suas palavras. Ouvir a voz dele era algo tão bom, tão tranquilizador.

— Não sei como devo me sentir, Theo — falei, por fim. — Estar feliz me parece errado, mas estar triste também não me parece certo. Lori me disse para seguir em frente, mas estou completamente perdida. Não sei o que pensar — baixei os olhos para o meu vestido. — Estou mais confusa do que já estive em toda minha vida.

Do outro lado da linha ouvi quando ele deu um longo suspiro.

— Gostaria de estar aí, ou então que estivesse aqui. Seria muito mais fácil te dar um puxão de orelha — disse, e eu sorri. — Lexi, se ela não queria que você ficasse abalada com a saída dela, pode parecer loucura dizer isso, mas não fique...

— Ela era...

— Eu sei — cortou ele. — Ela era sua amiga, sua companheira aí no palácio. Mas às vezes certas coisas acontecem para que você possa aprender a lidar com situações difíceis. Acredito que a última coisa que Lori iria querer seria você triste, vá por mim.

Ele se calou, e eu também permaneci em silêncio. As palavras dele faziam total sentido, mas porque eu ainda continuava achando que era errado?

— Lexi? — chamou.

— Sim.

— Você gosta dele? — perguntou. — Gosta do príncipe?

— Sinto que não posso deixá-lo — falei, sinceramente. — Sinto que... Devo cuidar dele, de alguma forma. Theo, estar perto dele é diferente.

— Entendo — pela maneira como sua voz soou, consegui captar o sorriso em seu rosto. — Você gosta dele, sei disso. Então, continue lutando, lute por ele. Proteja-o se for o caso, mas não abra mão de algo que gosta. Nunca. Assim como você não abandonou sua paixão pela escrita quando nossos pais foram contra. Você sabe que é forte o suficiente para resistir, é um instinto natural seu. Por isso faça o seu melhor, mostre ao príncipe que você é a escolha certa.

Fechei meus olhos e respirei fundo.

— Você está certo — concordei. — Tem razão.

A porta do meu quarto se abriu e Kaya surgiu no vão, indicando que era hora de encerrar a ligação.

— Preciso ir — falei. — Até mais, Theo. Amo você.

— Também amo você.

Assim que me vi sozinha novamente, olhei para o amplo quarto diante de mim como se de repente ele me parecesse mais iluminado. A presença de Lori estava comigo, e eu sabia que ela estava torcendo por mim. Decepcioná-la era a última coisa que eu precisava.

Theo estava certo, e eu não desistiria de Nicholas.

***

I Never Told You - Colbie Caillat

Nós estávamos deitados sob a sombra de uma árvore, beirando a entrada da floresta que se estendia além dos limites do palácio. Nicholas havia disposto uma toalha sobre a grama, e uma cesta já vazia estava posta ao nosso lado.

Nossos ombros se tocavam e os dedos dele brincavam com os meus. Eu estava feliz, muito feliz, por poder ter aquele tempo sozinha com ele. Parte de mim acreditava que os momentos que passamos sozinhos haviam sido necessários.

— Como você se sente agora? — perguntei, observando as folhas balançarem-se ao vento.

— Acho que posso dizer bem — ele virou o rosto na minha direção. — Ou ótimo. Ou muito bem acompanhado. Ou maravilhosamente bem acompanhado.

Soltei uma risada.

— É sério — o encarei também.

— Estou falando a verdade — ele entrelaçou os dedos nos meus. — Estar com você me acalma, é como se... Eu pudesse deixar todos os meus problemas para trás, e ser apenas eu.

Ouvir aquelas coisas vindas diretamente dele me faziam sentir especial. Era bom saber que eu podia causar aquele tipo de sensação em alguém, fazia eu me sentir bem comigo mesma.

— É realmente bom saber disso — confessei.

Ele ergueu as sobrancelhas e sorriu.

— Sério?

Concordei com um aceno de cabeça.

— Gosto da maneira como é sincera comigo — murmurou ele. — Suas palavras sempre soam tão puras, você nunca luta para esconder o que está sentindo. Não sente medo em se expor tanto?

Ponderei por um momento antes de responder.

— O medo sempre existe, e nunca vai deixar de existir. Eu sempre me pergunto se isso é bom, sabe? Muitas vezes já pensei em mudar, em me trancar um pouco dentro de mim. Mas não consigo, essa não seria eu. Além do mais, sinto que posso confiar em você.

Com a mão que estava disponível Nicholas acariciou meu rosto; fechei os olhos sob seu toque e senti a maciez da pele dele contra a minha.

— Como alguém foi capaz de não se apaixonar por você? — sussurrou ele, estava tão próximo que eu sentia sua respiração em meu rosto. — Não consigo entender como nunca encontrou ninguém que fosse capaz de fazê-la nunca ter se inscrito na Seleção.

Abri meus olhos e encarei os seus, tão intensos e tão profundos.

— Eles não eram você — sussurrei em resposta.

A mão dele em meu rosto me puxou para perto e seus lábios pressionaram os meus com força. Um calor espalhou-se por todo o meu corpo e minha mão deslizou por seu braço.

— Me diga que isso não é um sonho — pediu, de olhos fechados. — Me diga que não terei que acordar.

Deixei que meus dedos passeassem por seu cabelo e beijei o canto de seus lábios.

— Estou aqui. E tudo isso é real.

Ele sorriu.

— Me prometa que nunca irá embora.

Aproximei meus lábios de seu ouvido e sussurrei:

— Eu prometo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esses dois são tão kpasopaksopakmdeajaedoeka
♥♥♥♥