Blood Royal escrita por jupiter


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Oi, meus amores. E aí, tudo bem?
Bom, eu ia atualizar ontem só que eu fui pra casa da minha e acabou não dando. Pois é. Mas hoje, felizmente, eu terminei o capítulo e recomendo que se preparem. Hahahaha
Eu iria colocar a Elite apenas depois desse capítulo, mas decidi emendar tudo de uma vez. Espero que vocês gostem, e que daqui em diante comecem a captar os pequenos detalhes. Já que as coisas prometem esquentar ~eu espero~.
Beijos e até o próximo, aproveitem. ♥



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HAVIA UMA CERTA MAGIA EM poder finalmente passar uma tarde nos jardins do palácio, apenas descansando. Todos haviam ido para lá, mesmo o rei e a rainha; uma mesa com alguns petiscos havia sido disposta sob uma tenda, e observei o quanto a presença da família da rainha havia trazido consigo uma energia diferente ao lugar.

Lori estava sentada em uma cadeira ao meu lado, concentrada numa folha de papel onde desferia riscos precisos. Grande parte das garotas procurava absorver o calor agradável que Angeles emanava, e eu conseguia me sentir absurdamente calma.

Olhei na direção oposta aquela e vi Nicholas conversando com Felicity, me lembrava vagamente dela nos primeiros dias. Havia sido uma das garotas que passara por uma mudança radical no visual, chegara morena e agora tinha brilhantes cabelos loiros. Ela falava alto, e tinha uma risada engraçada, algo que lembrava uma tosse. Ainda assim era simpática, e sua simpatia lhe deixava quase radiante.

Em um ponto mais atrás de onde eles se encontravam Rowena lhes lançava um olhar que era puro veneno. Usava um vestido bastante indecente para uma tarde como aquelas, mas por outro lado ela tinha como preencher aquilo. Ao lado dela Anne parecia quase uma menina, concentrada apenas em prestar atenção em um livro.

Observei cada uma delas e tentei imaginar quem poderia ser eliminada e quem provavelmente já estaria garantida na Elite. Tentei fazer a lista sem me incluir, como se eu fosse apenas uma mera espectadora que estava criando suas próprias teorias.

Peguei uma das folhas que Lori não estava usando e depositei a ponta do lápis contra ela. Observei todas as garotas e comecei a criar uma lista, quando terminei ela se encontrava assim:

Brittany

Miranda

Lori

Rowena

Anne

Christina

Nancy

Por mais que me causasse aversão enxergar o nome de Rowena ali, eu tinha que encarar as possibilidades. Eu não sabia como ela era ao estar na presença de Nicholas, portanto, não podia dizer qual era a visão que ele possuía dela. Brittany, na minha concepção, já estava mais do que garantida. As pessoas nutriam uma certa paixão por ela, e elogios não eram poupados quando lhes eram dirigidos.

Christina e Nancy haviam entrado no meu campo de visão a pouco tempo, e faziam o tipo que não desistia facilmente. Conseguiam tomar a atenção de todos para si quando queriam, e sabiam se expressar muito bem diante das câmeras.

Tornei a olhar novamente para a lista precariamente rabiscada diante de mim e amassei a folha. Recostei-me contra a cadeira e suspirei.

— O que você está fazendo? — indaguei a Lori.

— Estou treinando uma coisa — respondeu, em seguida levantou os olhos na minha direção. — O que você acha?

Ela passou o papel para mim e eu finalmente pude fazer o que ela estava fazendo. Lori havia desenhado um vestido, mas não um vestido comum para um dia-a-dia no palácio, não algo que seria usado durante um baile. Não. Lori havia criado um vestido de noiva, que por sinal era maravilhoso. Deslizei os dedos pela figura, observando com certo fascínio todos aqueles detalhes.

— Isso está fantástico, Lori! — falei. — Está... Impecável. Por que nunca me disse que tinha tanto talento para desenho?

Ela sorriu satisfeita, e deu de ombros.

— Não sei, fazia tanto tempo que eu não desenhava nada que achei que não tinha mais talento.

— Definitivamente o que não está faltando para você é talento — rebati, ainda fascinada pelo desenho.

Observei a imagem por tento tempo que achei que a folha pudesse ser decomposta pelos meus olhos. Sem querer, ou até mesmo querendo, me imaginei vestindo um daqueles. Certamente que seria o momento mais feliz da minha vida.

A reunião nos jardins parecia que iria se estender até o pôr-do-sol, por isso quando tornou-se entediante apenas observar Lori desenhar, me levantei e comecei a me dirigir para o interior do palácio. Passei direto pelos guardas que estavam de sentinela e comecei a vagar pelos corredores, como já havia pego o hábito de fazer.

Cada parte daquele lugar sempre me revelava um novo segredo, algo fascinante pelo qual valia a pena doar meu tempo. Subi as escadas devagar, deslizando os dedos pelo corrimão bem lustrado e dobrei o corredor que dava para os quartos. Guardas estavam sendo disponibilizados para efetuar nossa segurança, por isso era comum que cruzássemos com um diferente a cada turno. O guarda que estava lá naquele momento era o mesmo que havia dançado comigo antes do baile, Luke Harrison.

Ele estava encostado de maneira informal contra a parede, mas quando me viu aprumou-se rapidamente e assumiu uma expressão dura feito pedra.

— Dia chato? — soltei.

— Já estou habituado, senhorita — respondeu. Ele possuía uma certa cautela ao falar. Como avaliasse cada uma de suas palavras antes de soltá-las.

— Deve ser bem ruim ficar aqui sem ter nada para fazer, ou se distrair.

Ele me encarou.

— Estou habituado, senhorita — repetiu. — Não deveria estar lá fora assim como todos os outros?

— Estou cansada, apenas isso — falei, seus olhos se desviaram de mim e cravaram-se na parede. Entendi aquilo como um sinal de que a conversa estava encerrada. — Até mais, soldado Harrison.

Adentrei meu quarto e o encontrei vazio, dirigi-me até a sacada e observei as pessoas lá embaixo. A família da rainha partiria na manhã seguinte, e estaríamos cada vez mais perto de uma decisão de Nicholas.

Naquele momento, qualquer paz interior que eu estivesse sentindo, se desfez.

***

Stay - Miley Cyrus

Meu estômago embrulhava a cada passo que eu dava em direção ao Grande Salão. O anúncio das Selecionadas que iriam para a Elite seria feito ali, ao vivo para toda Illéa. Minhas mãos estavam frias, e eu passava-as constantemente pela saia do vestido para me livrar da umidade. Talvez eu não devesse estar tão nervosa, talvez eu devesse confiar no instinto de Nicholas.

Mas quando avistei todas aquelas câmeras, aqueles holofotes e as cadeiras especiais para a família real, meu coração afundou um pouco mais em meu peito. A ideia de ser dispensada ao vivo me parecia cruel demais; todos estariam apontando as que saíssem chorando, ditando-lhes seus defeitos e ressaltando o que haviam feito de errado.

“Não”, pensei com firmeza. “Irei ficar.”

Eu não via Nicholas há dois dias, e acreditava que sua reclusão se devia ao fato da decisão que tinha que tomar. Eu não conseguia me imaginar no lugar dele, tendo que mandar pessoas embora, sem saber se a escolha que eu estava fazendo era mesmo a correta; tendo que de algum modo conviver com a ideia de que eu estava destruindo sonhos.

Kaya avançou na minha direção com seus cabelos brancos brilhantes esvoaçando atrás de si, segurou-me pelo pulso e me arrastou até as cadeiras onde seríamos alocadas. Assim que me sentei Lori surgiu no mesmo espaço em que eu estivera antes, e sem esperar por Kaya ela apenas avançou e acomodou-se ao meu lado. Seu vestido era de um azul tão escuro que beirava o preto, e sua expressão trazia tanta confiança que até me surpreendeu.

— Preparada? — perguntei, avaliando seu rosto.

Lori sorriu.

— Pela primeira vez, desde que cheguei aqui, sinto que a coisa certa irá ser feita.

Franzi o cenho para ela e tentei encontrar a lógica em suas palavras.

— Do que está falando?

— Apenas confie, Alexia — ela segurou minha mão. — Apenas confie.

A medida que as outras garotas iam chegando eu identificava a tensão em seus rostos. Lábios apertados, mãos retorcendo-se a todo instante... Fray surgiu trajando um terno verde brilhante e antes de tomar seu posto diante das câmeras, passou para nos cumprimentar. Nicholas surgiu com seus pais pouco tempo depois, trazia no rosto uma expressão séria e carregada.

Quando as luzes foram ajustadas, e as pessoas assumiram suas devidas posições, eu sabia que estava na hora. Fray testou o microfone e uma voz abafada começou uma contagem regressiva. Olhei para Lori ao meu lado e ela mantinha os olhos fixos a sua frente. “Apenas confie”, meus neurônios queimavam tentando compreender o que ela queria dizer com aquilo.

Depois de uma entrada contagiante, Fray passou um resumo sobre como as coisas estavam no palácio e em todo país. Brincou com o rei e com a rainha, e até tentou dissipar um pouco a tensão que havia entre nós.

— Concedo o espaço para nosso querido príncipe Nicholas! — anunciou.

Nicholas ergueu-se e meu batimento cardíaco acelerou-se imediatamente. Mesmo tendo recebido todas aquelas palavras vindas dele, medo era algo inevitável. Observei-o caminhar e ajustar o terno diversas vezes; ele sorriu para Fray, mas aquele não era o mesmo sorriso que eu estava acostumada a ver. Seus olhos focaram em nós, e seguindo esse mesmo propósito as câmeras começaram a nos filmar também.

— Há alguns dias eu estava aqui com um propósito diferente, estava aqui para conhecer trinta e cinco garotas que poderiam vir a mudar minha vida. Dá para imaginar? Trinta e cinco? — ele passou a mão pelo cabelo, outro indício de seu nervosismo. — Apesar disso, eu não posso manter todas aqui. Afinal, no fim das contas me casarei apenas com uma. Me dói ter que vê-las partir tristes, mas antes que eu anuncie minha decisão precisam saber que foi difícil, muito difícil.

Meus olhos estavam fixados nele, completa e inteiramente nele, não me fazia diferença nenhuma as câmeras que focavam em nosso rosto. Nicholas soltou um profundo suspiro e por fim falou:

— Sete Selecionadas seguirão daqui em diante, e lhes direi os nomes agora. São elas as senhoritas: Brittany Lowel, Alexia Walcolt, Miranda Hale, Rowena McLean, Anne Jones, Amber Cole e Felicity Munroe. As demais que eu não citei os nomes, sinto muito se as desapontei. Mas agi ao máximo com o coração, falarei com cada uma assim que o Jornal for encerrado...

Me perdi no final de suas palavras, meu nome havia sido chamado, eu ainda continuaria na Seleção. Mas eu queria gritar, gritar para ele que havia esquecido um nome. Gritar para ele que aquilo estava errado, que Lori deveria substituir alguma das garotas. Meu queixo caiu e foi como se tudo a minha volta desmoronasse também. Por mais que aquilo fosse uma competição, Lori havia se tornado minha amiga. Uma amiga que eu jamais esperaria encontrar ali dentro.

Virei-me na direção dela pronta para lhe encontrar aos prantos, mas seu rosto estava impassível e seu olhar encontrou o meu como se já esperasse por aquilo. Ignorei os choros e lamentos que vinham de todos os lados, ignorei a agora risada despreocupada de Rowena.

Lori não havia sido chamada.

Lori iria embora.

Ao passo que o Jornal Oficial foi encerrado, Nicholas avançou em direção as Selecionadas que estavam aos prantos e tentou consolá-las. Eu ainda não havia esboçado qualquer reação, estava errado. Tinha que estar.

— Precisamos conversar — disse Lori, tirando-me do meu torpor e me puxando pela mão para um canto.

— Temos que falar com ele — exclamei, de repente. — Ele pode reconsiderar, ele pode incluir você também. Ele...

Lori segurou meu rosto entre suas mãos e me encarou.

— Alexia, eu pedi por isso — ela disse. — Eu pedi ao príncipe para que não me incluísse na Elite.

Meu coração pulou uma batida e fiz uma careta confusa.

— Como assim? — murmurou.

Ela me soltou e cruzou os braços na frente do corpo.

— Pode parecer loucura, mas há algum tempo eu percebi que não amava o príncipe. O que eu nutria e nutro por ele é uma grande admiração, assim como atração também. Alexia, eu percebi que o único motivo pelo o qual eu estava aqui era porque eu desejava fugir dos meus próprios fantasmas. Pode ter sido egoísmo da minha parte ter tomado consciência disso e não ter lhe falado, mas o príncipe não teve culpa de nada. Eu apenas lhe disse que não poderia dar certo entre nós — ela suspirou. — Não como dá entre vocês dois.

Senti as lágrimas começarem brotar em meus olhos. Era sobre aquilo que ela havia falado antes do anúncio ser feito.

— Você desistiu — rebati. — Me disse que esse era o seu maior sonho, e simplesmente abriu mão dele. Você não podia...

Lori deslizou o polegar pela minha bochecha, impedindo uma lágrima de completar seu percurso.

— Era o meu maior sonho estar aqui, e eu estive. Sim, eu desisti, mas apenas porque notei que o que eu estava fazendo aqui era apenas me esconder. Alexia, você me ensinou muita coisa nesse tempo que passamos juntas, inclusive a me impor. Estou voltando para casa agora, mas as coisas não serão mais como antes. Você mesma me disse isso!

Balancei a cabeça, não querendo lidar com aquela situação.

— Você não pode...

Mas ela já estava lançando seus braços a minha volta, me envolvendo num abraço apertado e sincero, cortando minhas palavras.

— Minha torcida é sua, sempre foi — falou, sua voz soando abafada por conta do meu cabelo. — Ele gosta de você, reparei no brilho dos olhos dele quando diz o seu nome. Haja o que houver, você não deve desistir nunca. Está me entendendo? Pode fazer isso?

Concordei com um aceno de cabeça e a apertei ainda mais.

Não quis comemorar, não quis me despedir de mais ninguém. Não quis muito menos receber todas aquelas felicitações por continuar. Me dirigi para o meu quarto e depois de dispensar minhas criadas, apoei-me contra a base da sacada.

O vento fez meu vestido e meu cabelo esvoaçar, mas além de tudo secou minhas últimas lágrimas. De onde estava consegui ver a fileira de carros pretos que iriam conduzir as garotas para o aeroporto.

Vi cada um começar a deixar o palácio aos poucos, como se estivesse assistindo a um filme. Acompanhei o último carro partir e então o portão foi fechado.

Atrás de mim a porta do meu quarto abriu-se e fechou com suavidade, ouvi o som de passos e a mão de Nicholas tocou meu ombro.

Virei-me para ele, mas não o encarei. Apenas deixei que me abraçasse e enterrei meu rosto em seu peito. Não chorando, não mais. Agora determinada a vencer aquilo, a pôr um ponto final em tudo.

Lori Greene havia ido embora.

E a Elite estava formada.


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