Blood Royal escrita por jupiter


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Se eu tivesse que escolher apenas UMA música pra definir a Alexia, certamente seria a que vocês vão encontrar nesse capítulo. Sério, gente! Faz totalmente o estilo dela e eu consigo encaixá-la perfeitamente em todas as situações. Essa música é dela! ♥
Espero que gostem do capítulo.



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LOGO DEPOIS QUE A PAZ HAVIA SIDO restaurada novamente no palácio, foi permitido que ligássemos para nossas famílias, tudo para lhes dizer como estávamos. Quando Kaya bateu na porta do meu quarto e me entregou o aparelho, comecei a me sentir ansiosa. Já fazia semanas sem a ouvir a voz de nenhum deles, e a cada toque meu coração batia mais rápido.

— Alô? — disse a voz do outro lado.

— Lily! — me esganicei. — Meu Deus, Lily sou eu, Alexia!

— Alexia! — ela se animou. — Como você está?

Um sorriso imenso estava estampado no meu rosto.

— Eu estou bem — respondi. O tempo era curto e eu sentia que poderia ficar ali por horas. — E os meus pais?

— Eles saíram, mas... espere! — houve alguns segundos em que escutei a porta da frente se abrir e fechar. — Eles acabaram de chegar. Senhora, é sua filha ao telefone.

— Alexia? — indagou minha mãe, agora apoderando-se do telefone. — Você está bem? Ficamos sabendo do ataque.

Pisquei diversas vezes mediante aquela demonstração repentina de preocupação. Um calor espalhou-se pelo meu peito e pela primeira vez desejei ter todos eles por perto. Afinal, mesmo com todos os problemas, ainda éramos uma família e sempre seríamos.

— Estou bem — disse. — Não me feri, nem nada.

— Tem uma pessoa aqui que deseja falar com você — disse ela. — Espere só um momento.

Olhei para a porta e Kaya me fez um sinal para que fosse rápida, pedi-lhe mais alguns minutos e quase chorei ao ouvir a pessoa do outro lado da linha.

— Ei, Lexi! — Theo disse, ansioso.

— Theo! — eu quase gritei. — O que você está fazendo aí?

Eu não sabia que alguém poderia sentir tanta saudade até aquele momento; ouvir a voz dele, de todos eles, dava uma sensação impossível de ser descrita. Imaginei de mil e uma maneiras Theo sorrindo do outro lado da linha; Lily com as mãos apertadas diante do peito e minha mãe perdida em pensamentos.

— Sabia que possivelmente você entraria em contato — respondeu. — Queria estar aqui para quando isso acontecesse.

— Estou tão feliz de ouvir sua voz. Não faz ideia do quanto sinto saudades.

— Também sinto sua falta — ele suspirou. — Todos nós sentimos para falar a verdade. Mike gostaria de ter vindo, mas você sabe...

— Sempre muito ocupado — completei com um sorriso. — Tudo bem, quando falar com ele o agradeça por mim, por ter me ensinado primeiros socorros. Eu preciso desligar agora, outras pessoas precisam usar o telefone. Eu amo vocês, não se esqueçam disso.

— Não iremos — garantiu. — Também amamos você.

Quando Kaya me deixou sozinha novamente, senti um aperto em meu peito. Eu queria falar mais, eu queria saber mais; às vezes era preciso manter uma certa distância para ter noção da dimensão do nosso amor por alguém.

***

Human - Christina Perri

As notícias com relação a Duncan haviam corrido de funcionário para funcionário, de Selecionada para Selecionada e consequentemente haviam chegado aos ouvidos da mídia. Tive que falar a respeito da minha atitude diante de Illéa durante o Jornal Oficial, aturei os olhares acusadores das outras meninas e passei a ser cumprimentada por cada canto que eu passava.

— Elas acham que foi uma jogada minha — comentei para Lori. — Acham que eu o ajudei apenas para conseguir destaque.

— As pessoas sempre vão preferir enxergar o que querem do que a própria verdade em si — ela respondeu. — Você sabe o que fez e o porquê de ter feito, é isso que importa.

Suspirei e baixei os olhos para os bordados do vestido.

Lori tinha a mais completa razão, eu sabia o motivo pelo qual tinha ajudado aquele guarda, ainda assim, me incomodava o fato de que os outros tentassem enxergar uma manobra em meio aquilo tudo.

Três garotas haviam pedido para ir embora, havíamos sido reduzidas ao total de dezessete; dezessete garotas divididas em grupos pequenos e fechados. Observei que ao redor de Rowena grande parte das garotas veneravam ela, mal podendo saber que a qualquer momento poderiam vir a ser traídas.

Anne, que havia se juntado a elas, deslocou-se do grupo e veio na direção em que Lori e eu nos encontrávamos. Trazia nas mãos uma revista e pigarreou antes de falar. As únicas pessoas próximas o suficiente para ouvir eram Miranda e Brittany.

— Saiu um artigo falando a respeito das Selecionadas que ainda continuam, acho que vai gostar de ler. Ficou uma edição interessante.

Ela jogou a revista sobre o meu colo e virou-se, marchando a passos largos para o ninho de víboras no qual havia se enfiado.

— Que imbecil — ouvi Miranda murmurar.

Brittany e ela se aproximaram.

— Por que ela se daria o trabalho de fazer isso? — indagou Brittany.

Dei de ombros.

— Vamos descobrir.

A edição da revista havia sido elaborada para conter uma foto de cada uma impressa em uma página inteira, decorando a imagem havia algo que sugeria o que seria trabalhado na matéria correspondente a cada uma de nós. As fotografias não estavam em ordem alfabética, por isso precisei passar algumas boas páginas até finalmente encontrar a minha.

Senti como se uma pedra de gelo tivesse sido empurrada pela minha garganta e batesse com força no fundo do meu estômago.

A foto era a que eu havia tirado no dia da entrega do formulário, o sorriso divertido ainda estava lá, mas era a faixa preta sobre os meus olhos que tornava tudo cruel. Logo acima vinha um título grande e chamativo, letras berrantes marcavam o papel: “Quem é a garota por trás da máscara?”

Pensei mais de uma vez antes de começar a ler, relanceei os olhos para as meninas e vi que todas já haviam começado a ler o artigo, respirei fundo e comecei:

“Não é novidade para ninguém que ultimamente a senhorita Alexia Walcolt vem conquistando seu espaço. No último censo realizado em Illéa sobre a Seleção, Alexia aparecia dentre as últimas candidatas, e quando questionávamos a população, sempre havia a afirmação de que ela era apagada demais para estar onde estava.

A questão é que, subitamente, uma série de acontecimentos colocou Alexia Walcolt numa posição invejável nesse ranking. Fontes confiáveis, que habitam o palácio real, afirmaram que durante o último ataque rebelde um guarda teve sua vida salva por ela. O que nos questionamos é: Seria tudo isso pura e genuína bondade? Ou seria apenas um golpe para ficar sob os holofotes? Dizem também que, até pouco tempo, o que aparentava é que Alexia fazia pouco caso do lugar onde estava, o que nos leva a levantar ainda mais questões.

Indo mais a fundo na vida de nossa Selecionada da província de Columbia, descobrimos através de uma fonte que não quis ser identificada, que Alexia tinha muitos problemas com os pais.

As opiniões a respeito do que ela gostava de fazer eram muito divergentes, até onde sei Alexia mantinha uma convivência muito instável com os pais”, disse a fonte. “Acho que de alguma forma ela se sentia excluída do resto da família, afinal, seus irmãos são homens de um grande sucesso profissional.

Mediante essas informações resta-nos as dúvidas: Estaria Alexia mascarando sua verdadeira face apenas para nos conquistar? Quem é a garota de ar simpático e olhar brincalhão? Seria ela a esposa ideal para nosso querido príncipe Nicholas?

As dúvidas não param de surgir e o que nos resta é esperar que o tempo nos revele a verdade. Afinal, o que Illéa precisa é uma princesa, não uma atriz.”

O artigo terminou, deixando quem quisesse que o tivesse lido imaginar o que bem entendesse.

Ao passo que recuperei a consciência de onde me encontrava, notei que estava amassando a folha contra a palma da minha mão. Senti a raiva correr por minhas veias e as primeiras lágrimas escorreram.

— Mentiras — murmurei, odiando o tremor na minha própria voz. — Tudo mentira!

— Alexia, se acalme — Lori disse, afagando meu braço.

Joguei a revista longe e me senti imensamente envergonhada. Estavam distorcendo o que eu era, quem eu era. A Alexia que estavam querendo mostrar ao público não passava de uma garota calculista e falsa, coisas que de longe eu era; todas as minhas atitudes haviam sido coisas que eu teria feito por qualquer um, estando na Seleção ou não.

Não enxerguei mais ninguém a minha volta, a única coisa que eu queria era poder ficar sozinha em um canto e chorar. Me levantei sentindo minhas pernas vacilarem. Quantas pessoas já deveriam ter lido aquilo? Quantas pessoas já deveriam pensar que eu estava atuando?

Mantive meu olhar fixo nas portas de saída, as lágrimas borravam minha visão; ignorei até mesmo uma piada que Rowena lançou. Passei pelos guardas, passei pelos empregados e apenas continuei andando, sem fazer a menor ideia de onde estava indo.

— Alexia? — ouvi Nicholas chamar.

Senti um aperto horrível no peito e não parei. Apertei os lábios e sufoquei um soluço. Cada canto parecia cheio demais, e eu só queria ficar sozinha. Antes que eu pudesse alcançar mais algum corredor, Nicholas segurou meu braço e me fez virar de frente para ele.

— O que... — ele se interrompeu ao notar como eu estava. — Aconteceu alguma coisa?

Seu olhar era de total preocupação, eu queria lhe dizer que desejava ficar sozinha, mas uma grande parte minha desejava mantê-lo por perto. Respirei fundo diversas vezes e então desabei.

— Ei, ei — Nicholas avançou e me envolveu em um abraço.

Me aconcheguei ainda mais contra seu peito e deixei tudo o que estava me afligindo sair. Parte de mim tinha plena consciência do quanto a mídia podia ser maldosa, a questão é que eu jamais me imaginaria sendo a vítima. E o depoimento daquela tal fonte... as inverdades eram tão grandes que eu me sentia completamente oprimida.

— Acalme-se — Nicholas sussurrou, afagando meu cabelo. — Por favor, me diga o que aconteceu.

Sequei o rosto com a palma da mão e o encarei. Suas sobrancelhas estavam franzidas e os lábios crispados.

— Eu só... não sei como lidar com as pessoas, não sei como fazê-las entender que eu não sou uma farsa — falei.

— Está falando sobre o artigo que saiu na revista?

— Você viu? — gemi. — Por favor, me diga que não acreditou em nada do que foi escrito naquele papel e...

Nicholas segurou meu rosto entre suas mãos e olhou no fundo dos meus olhos, congelando até a minha alma.

— Eu vi o que você fez e sei que não houve atuação nenhuma na forma como ajudou o soldado Duncan. Sei que em outra situação qualquer outra pessoa teria seguido a ordem de meu pai — ele baixou a voz, quase sussurrando. — Você me mostrou o seu coração e os seus pensamentos, e acredite em mim, eu pude enxergar neles o mais sincero dos sentimentos. As pessoas são cruéis, e sempre serão. Não importa quem você seja; príncipe, rei ou Selecionada, sempre tentarão atingi-la de alguma forma.

Na metade do discurso dele eu já havia retornado a chorar, dessa vez um choro de gratidão, como ele havia dito, com o mais sincero dos sentimentos.

Ele deslizou os polegares pelas maçãs do meu rosto e repeliu as lágrimas.

— Nunca mais quero vê-la assim por conta das bobagens que a mídia expõe, você precisa se concentrar no que você é, no que sente no fundo do seu coração. Ninguém pode conhecer você melhor do que você mesma.

— Obrigada — sussurrei. — Talvez eu devesse me sentir estúpida por chorar, mas acontece que eu não sou nenhuma fortaleza. Eu estou sempre aqui, para quem precisar de mim, mas eu sou humana, Nicholas. Eu me magôo, eu sinto.

Ele suspirou e eu era capaz de sentir seu perfume.

— E não há nada de errado em sentir, do contrário, essa é a melhor coisa que você poderia fazer. Torna você ainda mais humana, te deixa forte. Deixe as pessoas falarem o que elas quiserem, sua indiferença é a sua maior arma.

Concordei em silêncio e agradeci a mim mesma por não tê-lo mandado embora. Dei-lhe um meio sorriso e falei:

— Não vai ser dessa vez que conseguirão me fazer desistir.

— É assim que se fala — sorriu.

Nicholas beijou minha testa, em seguida minhas bochechas, mas antes que pudesse chegar aos meus lábios eu me afastei.

— O que foi? — quis saber ele.

Pensei involuntariamente nas outras garotas, em quantas delas ele poderia ter beijado.

— Diga — pressionou.

— Não posso fazer isso — e eu queria tanto. — Não sabendo que você pode fazer isso com todas as outras.

— As únicas garotas que eu beijei até hoje foram Brittany e você — disparou. — E vá por mim, eu nunca tive tanta vontade de beijar alguém quanto tenho por você.

Meu coração disparou.

Nicholas segurou minha mão e me conduziu para uma porta que eu não havia notado. Adentramos um cômodo amplo, bem iluminado e vazio.

Assim que me virei, antes que eu pudesse falar qualquer coisa, os lábios de Nicholas uniram-se aos meus e dessa vez eu não recuei. Passei meus braços em torno do pescoço dele e me deixei levar completamente pelo momento.

Minhas pernas pareciam feitas de algodão, meu coração parecia prestes a me arrebentar o peito, e a única coisa que eu conseguia desejar era ter mais um pouquinho de Nicholas para mim. Quando nos afastamos e eu pude encarar seus olhos, senti a eletricidade que emanava de nós dois. Ele sorriu e me deu um beijo rápido.

Naquele momento não restaram dúvidas, o ciúme passou a fazer sentido e de repente eu soube que o que eu sentia por Nicholas já ia além do gostar. A sensação em meu peito toda vez que eu o via ou o tocava tinha nome.

Paixão.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Own.
Inventei a tal foto da Lexi no PS, não resisti hahaha
http://orig03.deviantart.net/6f1d/f/2015/095/f/1/sarah_sarah_bolger_8265597_261_371_by_beamccall-d8oj7h4.png