Blood Royal escrita por jupiter


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Sim, gente, eu amo Daughtry. Hahahah ♥



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Drown In You - Daughtry

— PRECISAMOS SAIR DAQUI AGORA!

O rei Maxon disparou pelo mesmo lugar de onde havia surgido e me puxando pelo braço, Nicholas me fez segui-los. Meu coração batia acelerado enquanto cruzávamos inúmeras portas; uma janela à nossa esquerda explodiu, lançando os estilhaços sobre nós.

Gritei devido o susto e cobri o rosto com as mãos.

— Está ferida? — perguntou Nicholas, rapidamente.

Apenas balancei a cabeça, sentindo uma leve ardência em meu braço.

— Majestade, o que faz aqui? — indagou um dos guardas que havia acabado de cruzar o corredor. — Deveria estar em um dos abrigos.

— Escolte-nos até o mais próximo — disse o rei.

Sem hesitar um só minuto em cumprir um ordem do rei, o guarda empunhou sua arma e deu meia-volta. Dei apenas um passo para acompanhá-los e parei.

— O que foi? — indagou Nicholas.

Retirei os sapatos e os segurei com uma das mãos, com a outra agarrei a saia do vestido e a ergui alguns centímetros.

— Agora podemos correr.

O guarda fez inúmeras curvas, dobrou a direita e a esquerda, seguiu em frente e tornou a virar. Ainda conseguia ouvir o som distante dos tiros, mas eles pareciam cada vez mais longe; ainda assim, não conseguia me sentir tranquila. O som da janela explodindo, os gritos e todo o clima de tensão que pairava no ar me faziam ter calafrios.

Finalmente alcançamos o corredor onde se localizava o abrigo.

— Por aqui, alteza.

A cerca de uns quinze passos de onde estávamos, um guarda arfava e apertava com força um ponto próximo ao peito. Ele trincava os dentes a cada novo aperto que dava em si mesmo.

— Não podemos deixá-lo ali — murmurei.

— Alguém virá para ajudá-lo — disse o rei.

Balancei a cabeça.

— Ele pode não ter tempo — respondi.

O guarda que havia nos conduzido até ali estava vasculhando a parede, mas minha atenção estava concentrada no homem. Desloquei-me do grupo, jogando os sapatos ao chão, e corri em direção a ele.

Ajoelhei-me ao seu lado e observei que todo seu rosto estava banhado de suor. Uma mancha de sangue havia se formado em seu uniforme.

— Consegue me compreender? — indaguei, levando as mãos a testa dele.

Estava gelado e eu não sabia se os tremores em seu corpo eram de dor ou de frio. Talvez pudessem ser ambos. Com um esforço tremendo, ele concordou com a cabeça. Ouvi quando a pesada porta do abrigo deslizou e levantei os olhos naquela direção.

Nicholas e o rei trocavam olhares silenciosos, e num acordo mútuo, avançaram na direção em que eu me encontrava com o ferido.

— O que faremos com ele? — perguntou o rei.

— Podemos levá-lo até o abrigo — sugeri. — É o ponto mais próximo, não sei como foi o ferimento, mas posso estancar o sangramento até que tudo esteja bem.

— Está certo — concordou. — Nicholas, segure-o pelas pernas, eu o levarei pelos braços.

— Tente a cintura — me apressei. — O ferimento está nessa região.

Apontei para a mancha no uniforme e ambos compreenderam. Contando juntos até três, eles ergueram o corpo do guarda de uma só vez. O mesmo soltou um berro e por um momento achei que ele pudesse desmaiar.

Gritos e ordens aproximaram-se de onde estávamos e adentramos o abrigo rapidamente. Mergulhamos na completa escuridão quando a porta foi fechada e logo depois de colocarem o corpo ferido no chão, Nicholas acendeu a luz.

O abrigo em que nos encontrávamos era completamente diferente do primeiro ao que havíamos ido. Haviam algumas cadeiras empilhadas ao fundo, a luz era consideravelmente precária, uma pia estava disposta em um dos cantos e num dos lados do cômodo situava-se uma prateleira com inúmeras caixas empoeiradas.

— O que fazemos agora? — indagou Nicholas.

Ajoelhei-me ao lado do guarda tentando me recordar de todas as dicas importantes que Mike me dera algum tempo atrás.

— Qual o seu nome? — perguntei.

— Duncan, senhorita — balbuciou.

— Certo, haja o que houver permaneça acordado, tudo bem? Tentarei parar o sangramento.

Olhei em volta tentando encontrar algo que pudesse ser útil.

— Do que precisa? — questionou o rei.

— Um pano, para começar. Existe algo nessas caixas que pode nos servir?

Nicholas encontrou um pano jogado próximo as cadeiras e o umedeceu na pia. Enquanto isso, o rei vasculhava as caixas em busca de algo que pudesse ser utilizado. Abri com cuidado os botões do uniforme do guarda e deixei apenas sua camiseta branca exposta. A mancha de sangue havia se alastrado, cobrindo-lhe até o peito.

— Aguente firme, Duncan — avisei.

— Desde quando tem experiência com feridos? — perguntou Nicholas, apoiado nos joelhos na minha frente.

O encarei brevemente.

— Não tenho.

Segurei a gola da camiseta de Duncan e comecei a rasgá-la, abrindo-a até a barriga. Prendi a respiração ao ver o ferimento completamente exposto. O furo no ombro dele era grande o suficiente para caber um dedo; o sangue escorria em grande volume e era preciso agir rápido.

Segurei o pano com firmeza entre as mãos e o posicionei sobre o ferimento, os olhos de Duncan encontraram os meus e ele assentiu lentamente. Respirei fundo e pressionei. O grito cortou o ar fazendo meu coração parar por um milésimo de segundo; Nicholas sentou-se no chão e o rei fitou o guarda por um momento.

— Permaneça comigo — falei. — Duncan, concentre-se na minha voz.

— Graças a Deus! — ouvi o rei exclamar.

Virei-me na direção dele e o vi segurando uma caixa de primeiros socorros. Algo se iluminou dentro de mim, me dando um novo gás para encarar a situação.

— Pode manter isso pressionado para mim? — perguntei a Nicholas.

Ele avançou e notei que suas mãos estavam trêmulas, contive o impulso de segurá-las e peguei a caixa. Dentro haviam algumas gases, algodão e o essencial, álcool.

— Isso vai impedir de infeccionar — eu disse. — A bala deve estar alojada, mas tudo o que posso fazer agora é impedir que a coisa toda piore.

— Era médica na sua província, senhorita Alexia? — indagou o rei, enquanto puxava uma cadeira.

Comecei a molhar o algodão no álcool.

— Estava começando a engatar uma vida como escritora, Majestade — respondi. — Meu irmão mais velho, Mike, ele sim é médico. Me ensinou o básico, apenas por precaução. Tire o pano.

Nicholas removeu o pano e todo o sangue coagulado havia sumido, ainda assim, a visão do ferimento expelindo uma quantidade menor de sangue não era muito boa. Avaliei o rosto de Duncan e me certifiquei para que permanecesse acordado; seus lábios estavam brancos feito papel e eu podia ver claramente em seu rosto que ele estava resistindo.

Passei o algodão sobre o ferimento e ele oprimiu um grito. Apertou a mandíbula com força e cerrou fortemente os olhos. Não podia parar, aquilo era preciso e todos nós sabíamos. Tornei a passar e Duncan passou a respirar mais rápido. Limpei todo o ferimento sob os constantes urros e contorções dele.

Prendi uma gase precariamente sobre o local e finalmente me permiti relaxar. Encostei-me contra uma das paredes e apoiei minha cabeça contra ela. Pensei no comunicado que o rei havia feito e agora eu havia compreendido perfeitamente do que ele estava falando. Eu me sentia cansada, esgotada e só queria dormir um pouco; mas lá estava eu, de vestido e sem sapatos, na companhia do rei, do príncipe e de um guarda baleado.

***

Baptized - Daughtry

Não soube exatamente quando peguei no sono, mas despertei assustada quando Nicholas sacudiu levemente meu ombro. Meu pescoço e minhas costas estavam doloridas; manchas do sangue de Duncan estavam no meu vestido e nas minhas mãos, e levou um tempo para que eu me desse conta de que nem ele e nem o rei estavam mais lá.

— O que aconteceu? — perguntei.

— O ataque foi controlado, levaram o soldado Duncan até a ala hospitalar — ele me ajudou a ficar de pé. — Minha mãe ansiava por ver meu pai, e ele foi encontrá-la.

Concordei lentamente enquanto as ideias assentavam. Fechei os olhos por um momento e soltei a respiração.

— Que loucura — comentei. — Podemos... podemos ir ver como o soldado Duncan está?

— Acho melhor você descansar e fazer isso uma outra hora.

— Por favor — pedi. — Não conseguirei fazer nada sem saber se o que fiz foi útil.

As partes do palácio pelas quais passamos pareciam irreconhecíveis, como cenários de guerra fora do lugar. Móveis haviam sido destruídos, pinturas rasgadas, estátuas levadas ao chão e buracos de bala estavam nas paredes.

Atravessamos rapidamente o hall de entrada e praticamente corremos em direção a ala hospitalar. Dezenas de guardas feridos ocupavam os leitos, alguns com apenas uns poucos hematomas, outros com ferimentos de tiros de raspão ou até mesmo atingidos em si.

O doutor Garvin estava debruçado sobre um leito e encaminhou-se na nossa direção ao ver que nos aproximávamos.

— Alteza, senhorita — cumprimentou. — São seis da manhã, porque não vão dormir um pouco?

— A senhorita Alexia deseja saber como o soldado Duncan está passando — disse Nicholas.

— Ah, então a senhorita foi a responsável por fazer aquele curativo? — indagou, e eu assenti. — Pois bem, então devo lhe dizer que foi uma grande atitude, se o ferimento tivesse infeccionado ele poderia não ter resistido. Salvou a vida de um homem. Antes de tomar os analgésicos e adormecer ele murmurou que a senhorita era uma heroína.

Suspirei aliviada. Abri a boca para falar, mas não consegui formular nenhuma frase. O soldado Duncan estava bem e eu havia colaborado para aquilo acontecer, não poderia ter recebido melhor notícia.

— Salvou a vida de um homem — disse Nicholas, quando saíamos da ala hospitalar. — É um grande mérito a ser considerado.

— Não sou uma heroína — murmurei. — Sou apenas... Alexia. A garota que por sorte recebeu dicas de primeiros socorros do irmão.

Subimos as escadas e nos dirigimos em direção aos quartos. Tivemos que passar sobre mais escombros, até por fim pararmos diante da porta do meu quarto. Nicholas virou-se para mim.

— Você não quer ser vista como um heroína, não quer a fama, não quer a glória... — ele me encarou. — O que você quer?

— Essas não são minhas ambições — respondi. — Eu só quero paz, ser feliz, amar e ser amada. Entende?

Senti meus olhos marejarem ao dizer aquilo e funguei. Um sorriso compreensivo havia surgido no rosto dele; seus olhos pareciam tão brilhantes em meio aquela pouca distância que nos envolvia.

Nicholas segurou meu rosto entre as mãos e depositou um beijo no topo da minha cabeça, em seguida uniu sua testa a minha.

— Procure descansar agora — sussurrou. — E não importa o que deseje, será sempre uma heroína para mim.

Ele se afastou e eu o observei até dobrar o corredor. Senti como se de repente todo o peso do mundo tivesse desabado sobre os meus ombros.

Eu havia salvado a vida de alguém, eu era uma heroína e a única coisa que eu conseguia desejar profundamente era ter algumas boas e tranquilas horas de sono.


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