Blood Royal escrita por jupiter


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, cá está o capítulo. Ele ficou pronto ontem à noite, mas eu me segurei pra postar somente hoje! Muahahaha
Eu espero que vocês gostem, e que usufruam bastante dele. Beijos, amoresss. ♥



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SE O DIA ANTERIOR JÁ HAVIA SIDO UMA LOUCURA com a chegada dos franceses, nada se comparava ao que acontecia no palácio naquele momento devido os preparativos para o baile. Um completo pandemônio havia se instaurado no lugar e até mesmo nós estávamos uma pilha de nervos.

O plano de arrumação da rainha America estava dentro dos conformes, o Grande Salão já estava quase todo pronto, mesmo faltando algumas horas para a festa. A questão que estava nos enlouquecendo devia-se aos nossos visitantes.

Os franceses haviam chegado na tarde do dia anterior. Homens acompanhados de suas esposas e filhos, juntando-se ao fato de que ainda éramos vinte e cinco, me questionei se algum dia o palácio ficara tão cheio.

As crianças corriam pelos corredores do palácio trombando umas nas outras e gritando. A todo momento que pensávamos estar sozinhas, alguém surgia e engatava uma conversa empolgada, numa língua enrolada que fazíamos um esforço enorme para conseguir compreender.

A maioria das mulheres gostava de saber de nós como era estar na Seleção, como era saber que éramos adversárias umas das outras e se alguém se sentia suficientemente próxima do príncipe. A maior parte do tempo eu me sentia grata por ainda estarmos em grande número, dessa forma eu conseguia me esgueirar para longe sempre que possível.

Leah, Tessa e Cali já haviam preparado meu vestido e só me deixaram vê-lo quando começamos os preparativos para a noite. Todas nós recebemos um tratamento extra, hidratação nos cabelos e até mesmo massagem!

Enquanto Tessa segurava meus cabelos entre suas mãos, ponderando se o mantinha preso ou solto, Cali e Leah postaram-se ao meu lado exibindo rostos ansiosos. Traziam junto de si uma enorme capa preta, sob a qual presumi que meu traje se encontrava.

— Vamos lá, estou curiosa — disse, batendo as mãos.

Quando a capa foi posta de lado observei aquela obra-prima. O vestido era cinza e quando a saia começava a chegar ao fim, um leve degradê conduzia a cor ao preto. As mangas eram longas e transparentes, contendo delicados bordados de flores; tanto no busto quanto na cintura havia uma linha prateada que cintilava à luz.

— Ficou incrível! — comentei.

— Prove, senhorita. Precisamos saber se teremos que ajustar algo — disse Cali, seus olhos grandes e castanhos cintilando.

Joguei o roupão para o lado e permiti que elas me ajudassem com os pontos do vestido que eu não era capaz de alcançar. Na parte de trás das minhas costas ainda havia uma parte transparente e já no fim uma cauda pequena e escura se estendia. A cintura acentuara-se perfeitamente a minha, e o busto não tampava tudo e nem mostrava demais.

— Estou encantada — disse.

— Combinou perfeitamente com a senhorita — Tessa disse, orgulhosa.

— Muito bem, ainda temos muito o que fazer — apressou Leah.

Ao passo que superamos uma enorme indecisão, meus cabelos permaneceram soltos, o único diferencial eram as tranças laterais que uniam-se na parte de trás da minha cabeça. Cali deslizou as jóias pelo meu pescoço e pulsos, quando ela terminou, fitei meu reflexo no grande espelho.

A noite já começava a cair, e uma fraca luz atravessava a janela. Meus olhos haviam adquirido um tom de azul cor de gelo e o delineado que Tessa fizera marcara-os ainda mais, a junção de toda a produção em si estava impecável.

— Cada vez vocês se superam mais — comentei para as três.

***

Smile - Mikky Ekko

Da sacada do meu quarto observei que mais alguns convidados chegavam, e tomei nota para tentar não fazer nada de errado. Depois de terem me dado alguns preciosos minutos sozinha, agora minhas criadas anunciavam que estava na hora da minha descida.

Antes que eu pudesse alcançar de fato as portas do Grande Salão já comecei a ouvir o burburinho das vozes. Diminuí o passo, hesitante e observei quando a minha frente Amber abriu um sorriso imenso e adentrou o salão.

“Apenas seja você mesma, Alexia”, repeti para mim mesma.

Tomei fôlego e fui.

Logo da entrada observei a magnifica decoração do salão. Inúmeras mesas haviam sido dispostas ao longo do mesmo, cada qual contendo toalhas azuis e flores amarelas dentro de jarros como decoração. Ao fundo, um patamar mais alto havia sido disponibilizado e uma banda tocava uma música animada que eu desconhecia. Diante das imensas janelas que circundavam as paredes, cortinas finas haviam sido penduradas. Garçons circulavam entre os convidados servindo champagne, vinho e comida.

Inúmeras cabeças voltaram-se na minha direção quando eu entrei, guardei meu nervosismo no bolso e sorri para todos, mesmo que os desconhecesse. Apertei dezenas de mãos e recebi inúmeros beijos na bochecha, me vi repetindo meu nome acima do ruído da música e observei as expressões que iam do ponderamento ao reconhecimento. Eles sabiam quem eu era, mesmo eu não sabendo quem eles eram.

Avistei Lori no outro extremo do salão e me esquivei até ela. O vestido azul turquesa dela destacava-se, fazendo-a pela primeira vez não parecer tão ingênua e doce.

— Não imaginei que apareceria tanta gente — comentei, apertando as mãos e correndo os olhos pelo salão.

— Nem eu — concordou ela. — Mas ouvi histórias a respeito dos franceses, são festeiros. As pessoas gostam de estar onde eles estão, imagino que essa não era a princípio a ideia da rainha, mas veja como eles parecem felizes.

Nisso eu tinha que concordar. Os franceses bebiam e riam alto, dançavam e cumprimentavam aqueles que haviam ido ali para conhecê-los. O sorriso em seus rostos era algo impagável, eles estavam mesmo se divertindo.

Continuei correndo os olhos pelo salão, observando tudo e todos. Avistei o rei Maxon conversando com alguns homens em um canto, a rainha America, absurdamente deslumbrante em um vestido dourado, estava cercada por um monte de mulheres interessadas em ouvir o que ela dizia. Avistei Nicholas pouco tempo depois, trajando seu terno branco bem alinhado, ele conversava empolgadamente com Brittany e algumas outras garotas.

Um garçom passou por nós carregando algumas taças de champagne e eu me apoderei de uma delas. O gosto, a forma como as bolhas faziam um efeito sobre a língua... aquilo era maravilhoso.

— Não exagere na dose — advertiu Lori.

O modo como ela falou me fez rir, pois me recordei das inúmeras vezes em que minha mãe delimitava o quanto eu poderia beber no Natal, e eu sempre ia até a cozinha escondida depois e me servia um pouco mais.

— Fique tranquila — respondi.

Ao passo que todos já se encontravam no salão, o rei Maxon dirigiu-se ao local onde a banda estava e subiu. Com um gesto a música cessou e todos nós nos aproximamos para ouvi-lo.

— Prometo que não tomarei muito do tempo de vocês, ainda temos muito o que aproveitar hoje — começou o rei. — Quero agradecer a presença de todos, e espero que a noite possa ser muito proveitosa. A nossos companheiros franceses, bem, espero que tenham consigo que fazemos tudo de coração. Espero poder revê-los em breve, para mais festividades como essa — ele fez uma pausa, e um monte de assobios e gritos ecoaram. — Agora, como reza a tradição, escolham seus pares cavalheiros e vamos dançar.

O rei desceu e a banda recomeçou a tocar, num ritmo nem muito lento e nem muito agitado.

— Senhorita Alexia — disse um homem à minha esquerda.

Me virei na direção dele, sua mão estava estendida para mim. Fiquei momentaneamente confusa, eu não sabia o nome dele, seria indelicadeza demais? Resolvi tentar.

— Senhor...? — peguei a mão dele.

— Oh, chame-me de Sebastian — respondeu ele. — Senhor me faz parecer mais velho do que eu de fato sou.

Sorri e começamos a dançar.

Sebastian tinha cabelos escuros com algumas mechas grisalhas, mas seu rosto era consideravelmente jovem. Uma barba rala ia de encontro a seus cabelos e seus olhos eram de um castanho mel.

— Tantas de vocês, e apenas um único homem — comentou ele.

Fiz um giro.

— O que quer dizer? — indaguei.

— Não incomoda saber que... mesmo estando compartilhando dos mesmos momentos, apenas uma um dia ocupará esse cargo?

Franzi o cenho.

— De forma alguma, acredito que se alguém fica decepcionado ao ir embora, isso logo depois se dissipa.

— Eu assisti você — ele comentou, conduzindo-nos mais para o canto do salão. Por cima do ombro avistei Nicholas e Miranda. — É inteligente, bem-humorada, se não continuar aqui pode ter um grande futuro.

Ergui as sobrancelhas.

— Bom, se isso for uma profecia espero que se concretize — sorri.

Ele baixou a voz, para se certificar de que ninguém nos ouvia.

— Certamente haverão também muitos pretendentes para você, não dará tempo nem de sentir falta do Nicholas — ele não me encarou, mas a mão dele que estava na minha cintura me apertou com mais força.

Algo se fechou em minha garganta e meu coração disparou. Aquele homem estava ignorando todas as regras permitidas nos limites do palácio, estava flertando com uma Selecionada. Estava dando em cima de mim.

Dei bruscamente um passo para trás e esbarrei no garçom que estava passando; por um milagre ele não derrubou as taças e tanto ele quanto eu congelamos por um momento.

— Desculpe, desculpe — murmurei apressadamente.

— Eu que me desculpo, senhorita — respondeu ele, e se afastou rapidamente.

Sebastian não desistiu. Novamente tomou minha mão e me puxou para que continuássemos a dança. Ninguém a nossa volta pareceu ter notado nada.

— É muita deselegância abandonar seu par no meio da música — ele sussurrou ao meu ouvido. — Uma dama nunca faz isso.

Cerrei os dentes e não o respondi.

— Espero que não tenha me interpretado mal — prosseguiu ele. — É só que... você é uma garota bonita, e esse traje deixou você absurdamente espetacular — ele soprou no meu pescoço, senti o cheiro do álcool escapando de sua boca. — Daria uma linda esposa.

Seus dedos deslizaram pelas minhas costas e algo revirou no meu estômago. Minhas pernas pareciam pesadas feito chumbo e eu já não tinha mais a mesma graciosidade para dançar. Tentei encontrar Lori no meio das pessoas, mas ela estava longe demais para que eu pudesse tentar qualquer tipo de contato com ela.

Girei a cabeça em diversas direções, e até mesmo Brittany me parecia um alvo inalcançável. Relanceei os olhos na direção de Nicholas e imediatamente encontrei seu olhar. Movimentar os lábios silenciosamente seria perceptível demais, olhei para Sebastian e em seguida para Nicholas, de maneira suplicante, esperando profundamente que ele compreendesse.

Ele franziu o cenho aparentemente confuso e formulou “o quê?” com os lábios.

Meu lábio inferior tremeu quando Sebastian tornou a apertar minha cintura. Olhei novamente suplicante para Nicholas e arrisquei: “me tira daqui”.

— Disse algo? — indagou Sebastian.

— Não — respondi, friamente.

Concentrei meu olhar em qualquer coisa que não fosse Sebastian; a rainha America e o rei Maxon deslizavam graciosamente pelo salão, olhavam-se nos olhos o tempo inteiro, e não disfarçavam o quão apaixonados um pelo outro eram.

— Com licença — disse Nicholas, parado atrás de Sebastian.

Quase chorei de alívio quando o vi ali, seu rosto estava sério, e ele não retribuiu o sorriso cínico que Sebastian lhe deu.

— Pois não, alteza.

— Me permite tirar a senhorita Alexia para uma dança? — indagou Nicholas, uma certa autoridade contida em sua voz.

Meu coração parecia prestes a me saltar pela boca. Sebastian procurou meu olhar de alguma forma, mas eu não o encarei.

— Claro — respondeu amargamente. — Foi um prazer dançar com a senhorita.

Ele se afastou e pegou duas taças de champagne da bandeja de um garçom. Permaneci estática até que Nicholas pegou minha mão e nos conduziu em uma dança lenta.

— O que aconteceu? — quis saber. — Ele dançava tão mal assim? Você parecia a ponto de chorar.

Avistei Sebastian ao fundo, conduzindo outra Selecionada para uma dança. O que aconteceria se eu contasse a verdade? E o que aconteceria se eu não contasse? Ele poderia fazer aquilo com outras, quantas delas contariam?

Encarei Nicholas.

— Ele... ele estava dando em cima de mim, Nicholas.

O rosto dele foi um misto de confusão, descrença e incredulidade.

O quê? Como ele ousa?

— Por favor — depositei uma das mãos em seu peito. — Estou contando porque acho que você tem o direito de saber, mas não faça nada.

— Alexia, como pode me pedir para não fazer nada? — perguntou incrédulo. — Ele quebrou uma regra crucial.

— Eu sei, eu sei — concordei. — Mas não faça nenhuma loucura, deixe ele achar que ninguém sabe, por ora. Mas não o chame para mais nada no palácio, e quando ele lhe questionar o motivo, diga a ele que ele sabe o porquê.

Ele tornou-se distante por um momento e em seguida perguntou:

— Como você consegue?

— O quê?

— Manter a calma.

— Não consigo — disse sinceramente. — Eu apenas tento disfarçar um pouco mais minhas emoções.

Ele deslizou os dedos por uma mecha dos meus cabelos e nós paramos de dançar ao mesmo tempo.

— Você é como uma runa antiga, Alexia — comentou ele. — Nunca consigo entender.

Eu ri.

— Nicholas! — chamou alguém com um sotaque arrastado. Nós dois nos viramos na direção de uma loira de quase dois metros de altura, uma taça de champagne pendendo perigosamente em uma das mãos.

— Lorena! — disse ele, num tom de voz alterado.

— Estou interrompendo algo? — ela perguntou, olhando de mim para ele.

— Oh, não — me adiantei. — Fiquem a vontade.

— Não suma — disse Nicholas, quando comecei a me afastar. — Precisamos dançar mais um até o fim da festa.

Contornei o salão e tentei me manter o mais afastada possível de qualquer canto em que Sebastian estivesse. Conversei com algumas das mulheres vindas da França e tentei me adaptar ao jeito espalhafatoso e alegre que elas usavam para conversar. A maioria insistia para que eu tomasse mais champagne, mas aleguei que já estava me sentindo até mesmo um pouco mais tonta do que deveria.

— Para passar pelo que vocês passam eu precisaria de muitas, muitas garrafas de vinho — gritou Natalie, cuja voz já soava mais do que enrolada.

— Não é tão ruim — respondi.

— E como é conviver com o príncipe? — indagou outra, Patricia. — Digo, ele é bonitão e tudo o mais...

— Ni... o príncipe Nicholas é uma pessoa muito agradável, nos vemos quando temos que nos ver.

Elas trocaram olhares maliciosos entre si e me encararam, por um momento me senti parte de um interrogatório.

— E vocês já... se beijaram? — quis saber Natalie.

— Não! — exclamei, um pouco rápido demais. — Nós nunca nos beijamos.

— E o que faltou? Oportunidade? — pressionou Patricia.

Forcei uma risada e comecei a me afastar.

— Vocês são curiosas demais, moças. Curiosas demais!

Love Me Like You Do - Ellie Goulding

Pelo andar da carruagem tudo indicava que a festa iria rolar madrugada a dentro. Os convidados agitavam-se pela pista de dança enquanto riam e bebiam. A maioria das Selecionadas também aproveitava para se divertir, afinal, ninguém sabia quando outra comemoração como aquela iria ocorrer, e muito menos se quando ocorresse ainda estaríamos lá.

Sebastian estava lá, sentado em um canto afastado, os olhos vermelhos devido a bebida. Desviei minha atenção quando o olhar dele passou por mim, eu não queria chegar perto dele nem tão cedo. Se sóbrio ele havia sido capaz daquilo, eu não queria imaginar o que poderia vir dele bêbado.

— Ai, que festa! — disse Lori, jogando-se numa cadeira ao meu lado. — Vamos lá, Alexia. Anime-se!

— Já dancei bastante, estou apenas descansando — retruquei.

Um rapaz deslocou-se até nossa mesa e esticou a mão para Lori, que havia acabado de se sentar.

— Senhorita, gostaria de dançar?

Por um momento achei que ela fosse negar, mas ela foi. Saltitando feito uma criança feliz; não pude evitar um sorriso ao observá-la.

Após mais alguns longos e arrastados minutos decidi que a festa já havia dado para mim. Olhei em volta para dizer a Nicholas que estava de saída, mas não o avistei no salão. Com um dar de ombros, me virei em direção a porta e comecei a sair.

Do lado de fora do Grande Salão o palácio se encontrava silencioso, uma calmaria acolhedora por sinal. Comecei a subir as escadas, mas não alcancei nem a metade.

— Fugindo de mim?

Me virei.

Nicholas tinha aberto mais botões do que devia de seu terno, o cabelo estava desalinhado e as maçãs do rosto estavam rosadas. Havia um sorriso brincalhão em seus lábios enquanto ele me encarava com as sobrancelhas erguidas.

— Qualquer coisa só para não ter que dançar de novo — respondi.

Ele começou a subir.

— Eu danço tão mal assim?

— Não, nada disso. Você dança bem até demais, tão bem que me senti oprimida — disse, sarcástica.

— Muito bem — ele parou no mesmo degrau que eu. — Para onde iremos?

Ergui as sobrancelhas.

— Você eu não sei, mas eu estou indo para o meu quarto.

— Ótimo, podemos ficar na sua sacada e... conversar.

— Sentirão sua falta — lembrei. — E não é muito bom você ir para o meu quarto quando não há nenhuma das minhas criadas lá.

Mas ele já estava subindo, as mãos enfiadas nos bolsos e uma expressão despreocupada.

— Você vem? — perguntou quando alcançou o topo da escada.

Suspirei pesadamente.

— O que eu faço com você? — indaguei.



Leah, Tessa e Cali haviam deixado o quarto impecavelmente arrumado antes de saírem. Mesmo minha cama já estava pronta para quando eu quisesse me deitar. Me senti tentada a me jogar sobre ela e dormir até dizer chega.

Mas enquanto eu olhava com carinho para a cama, Nicholas já estava apoiado na sacada. Retirei os sapatos e me dirigi até onde ele estava; parei a seu lado e segui seu olhar até os jardins.

— Foi uma grande festa — comentei.

— Essa foi só a primeira, ainda virão muitas outras — respondeu ele.

Baixei os olhos para as minhas mãos.

— Contando que aquele cara não apareça mais...

Notei quando os dedos dele apertaram com mais força a borda da sacada. Praguejei mentalmente por ter tocado naquele assunto.

— Desculpe — me apressei. — Vamos falar de coisa boa.

Nicholas me encarou e sorriu, em seguida deslizou sua mão até a minha.

— Esse vestido é muito bonito — elogiou.

— Não é? Maravilhoso!

Ficamos em silêncio por um momento e senti o sono começar a se aproximar, puxando-me de maneira tentadora. Sussurrando para que eu me jogasse sobre aquela grande, macia e confortável cama.

— Acho melhor eu ir, você parece cansada — disse ele.

— Não, tudo bem...

Ele virou-se e começou a se dirigir para sair do quarto, estava na metade do caminho quando eu o chamei.

— Nicholas...

Ele virou-se para mim, esperando que eu dissesse algo; mas o que eu iria falar? Vasculhei no fundo da minha mente e não encontrei absolutamente nada que pudesse ser dito naquele momento. Mas seu olhar esperançoso me impelia a fazer algo.

Me aproximei dele, ignorando meu coração que havia começado a bater rapidamente e fiquei na ponta dos pés para dar um beijo em sua bochecha. Senti um calafrio percorrer todo meu corpo e permaneci ali, parada.

Diga alguma coisa”, ordenei a mim mesma. Mas eu não disse nada.

A meia luz encontrei os olhos brilhantes de Nicholas, eu era capaz de sentir a respiração dele no meu rosto. Tão perto e ao mesmo tempo tão longe... me peguei pensando nos “e se?” e ouvi claramente a voz de Theo na minha cabeça.

Permita-se, Lexi...

Engoli em seco e o encarei mais uma vez.

Que se dane”, pensei.

Me inclinei no lugar em que estava e o beijei. Senti o corpo dele ficar rígido devido ao choque, em seguida senti o mesmo relaxando. Os lábios dele eram suaves e tinham levemente o gosto do champagne; seu beijo era tão terno, carinhoso... algo completamente diferente de qualquer coisa que eu já tivesse recebido antes.

Nos afastamos, mas nossas testas permaneceram coladas. Abri os olhos esperando encontrá-lo confuso ou até mesmo surpreso pela minha atitude, porém ele estava sorrindo. Seus olhos ainda fechados.

— Nicholas, eu...

E ele me beijou de novo, dessa vez passando os braços em torno da minha cintura. Senti a essência do momento, meu coração acelerado. A felicidade em carne e osso ali, nos meus braços. Sorri entre o beijo e finalmente nos encaramos.

— Boa noite, Alexia — ele disse, com um sorriso encantador.

Retribuí.

— Boa noite, Nicholas.

Não seria nenhuma surpresa dizer que, aquela noite, Nicholas visitou os meus sonhos.


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