Blood Royal escrita por jupiter


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores! Bem, o capítulo 11 tá pequenino porque eu o coloquei mais como uma intro para o capítulo seguinte que, por sua vez, vai se tratar de um baile e deve ser longuinho ~comemora~. Enfim, esse tá bem simples se comparado ao anterior, mas eu espero que vocês gostem. ♥



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Parachute - Cheryl Cole

DAQUI HÁ TRÊS DIAS haverá um baile para receber os membros do Conselho da França, fortes aliados do governo de Illéa — anunciou Kaya. — Os preparativos para esta festividade já estão sendo realizados pela rainha, e vocês precisam saber como irão se portar mediante uma festa no palácio. Afinal, além de estarem vindo discutir assuntos políticos, eles querem conhecer vocês.

Nós estávamos sentadas em puffs alternados no Grande Salão, observando em silêncio e tentando absorver cada palavra que Kaya dizia.

— Eles virão em um número consideravelmente grande — frisou. — Por isso vocês estão aqui. Franceses gostam de dançar e preciso me certificar de que não farão feio, uma de vocês pode vir a ser a nova princesa de Illéa, precisam saber como... se mexer.

Algumas meninas deram risadinhas.

— Muito bem — ela continuou. — Rapazes! Música! Estarei observando vocês e ressaltando no que devem melhorar.

Um grupo de guardas deslocou-se através das grandes portas e deslizou na nossa direção. Algumas meninas trocaram olhares confusos, mas nós já sabíamos o que ia acontecer. Cada um deles se encaminhou até uma de nós e cordialmente nos guiou pela mão até o meio do salão.

— Agora! — disparou Kaya.

E a música começou.

— Para onde? — o guarda me perguntou.

— Direita.

Nos deslocamos ao mesmo tempo que os demais seguindo o ritmo da música, alternando os movimentos entre leves giros e trocas de mão. Por cima do ombro dele consegui avistar algumas das outras meninas. Lori e Brittany iam bem, movendo-se graciosamente, encontrei Miranda mais ao fundo, parecendo rígida demais.

— Relaxe os ombros — escutei Kaya lhe dizer.

Continuamos dançando e a música entrou num frenesi mais intenso. Os movimentos tornavam-se mais fortes e precisos. Uma das qualidades que eu mantinha guardada comigo era a de que eu sabia dançar; no aniversário de dezoito anos de Theo nós havíamos sido as atrações da festa quando dançamos juntos.

O guarda que me fazia companhia também era muito bom. Movia-se com destreza e não era preciso que houvesse nenhum comando entre nós, apenas seguíamos a música e nos adaptávamos a ela.

Ele parecia jovem, tinha cabelos escuros, maçãs do rosto salientes e rosadas e o tempo todo parecia estar sorrindo.

— Qual seu nome? — sussurrei.

— Soldado Luke Harrison, senhorita — respondeu ele, em tom formal.

Certamente minha pergunta o pegou desprevenido, pois ele pareceu um pouco receoso em me responder. O que seria aquilo? Talvez medo do que os demais pudessem achar.

Seus músculos ficaram tensos e ele comprimiu o maxilar.

— Relaxe, soldado Harrison — disse com um sorriso, vendo que Kaya se aproximava.

Ela parou a alguns passos de distância e nos observou minuciosamente, desde as formas como nossos pés se moviam, até a posição das mãos.

— Bom, muito bom, Alexia — elogiou. — Onde aprendeu a dançar?

O soldado e eu continuamos num ritmo mais lento, para que eu pudesse responder.

— Costumava ensaiar quando mais nova com meu irmão — respondi.

— Foi muito útil, continue assim.

Nós dançamos por mais alguns longos e arrastados minutos, até que Kaya finalmente interrompeu a música e anunciou que poderíamos fazer uma pausa de vinte minutos.

— Continue assim, soldado Harrison. Se nada disso der certo, entramos em um concurso de dança — brinquei.

Ele deu uma breve risada e começou a olhar em volta como se alguém pudesse estar nos observando. Engoli em seco e me voltei para o lugar onde uma criada distribuía garrafas de água para as Selecionadas.

Depois de dançarmos valsa e outras músicas alternativas, finalmente fomos dispensadas. De acordo com o anúncio de Kaya, apenas algumas poucas garotas precisariam aprimorar seus dotes na dança. Logo depois disso pudemos ir para nossos quartos.

— Meus pés estão acabados — reclamou Lori.

— Minhas pernas parecem de algodão — continuei. — Meu corpo parece estar em chamas.

Subimos as escadas como duas tartarugas, nos agarrando ao corrimão e fazendo o maior esforço possível para não revelar nenhum incômodo quanto aos sapatos de salto.

— O guarda que dançou comigo quase esfolou meus dedos — ela disse.

Eu ri.

— Vocês pareciam bem — comentei.

— Na verdade você parecia bem, Alexia. Todo mundo estava reparando em você e naquele soldado — finalmente alcançamos o topo da escada. — Vocês pareciam ter coreografado tudo.

— Por sorte o soldado Harrison sabia dançar, isso facilitou muito as coisas — nos dirigimos em direção aos quartos. — E depois, dançar não é nenhum bicho de sete cabeças. Você apenas sente a música e se deixa levar.

Paramos de súbito ao dobrar a esquina de um corredor com outro. Nicholas e o rei vinham caminhando pelo mesmo e pelo fato de estarem conversando não nos notaram. Um imenso espelho ficava fixado na parede a nossa esquerda e encarei meu reflexo nele.

Meus cabelos estavam presos em um rabo-de-cavalo desengonçado no alto da cabeça, mechas soltas e desalinhadas pendiam grudadas no meu rosto. Tanto Lori quanto eu estávamos terríveis. Tarde demais para dar meia volta e sair correndo.

Nicholas foi o primeiro a nos ver ali paradas, eu não falava com ele fazia três dias, desde a noite em que ele beijara minha bochecha na sacada, ainda assim quando ele me encarou eu soube o que se passou na cabeça dele.

— Alteza — eu disse, minha voz soando fraca.

Lori e eu fizemos uma reverência de dar vergonha e nos esquivamos pelo corredor. Caminhamos apressadas e não nos atrevemos a olhar para trás até que estivéssemos em nosso corredor.

— Isso foi péssimo — ela gemeu. — Muito ruim. Olha o nosso estado!

— Parece que você foi atropelada por um caminhão — provoquei, segurando o riso.

— E parece que um bando de soldados dançou em cima da sua cara — rebateu ela.

Nos entreolhamos por meio segundo e caímos na gargalhada. Curvei meu corpo e apoiei minhas mãos nos joelhos, Lori apoiou-se contra a parede oposta e jogou a cabeça para trás. Era bom, muito bom rir daquele jeito.

— Isso foi cruel — eu disse, sem fôlego.

— Não entendo como o príncipe ainda mantêm vocês duas aqui — comentou uma voz, no início do corredor.

Lori e eu nos viramos na direção de quem havia falado e nosso sorriso desapareceu instantaneamente. Rowena deslizava pelo tapete como uma víbora, um sorriso malicioso cravado na lateral de seus lábios e um olhar de desdém.

— Muito menos eu compreendo o que ele viu em você — retruquei, no mesmo tom que ela havia usado.

Ela estalou a língua e balançou a cabeça como se fosse óbvio.

— Querida, ele viu em mim tudo o que falta em vocês — disse com simplicidade. — Beleza, educação, porte de quem aguenta uma vida aqui no palácio... além do mais, sou de família tradicional, adepta aos bons costumes.

Olhei brevemente para Lori e notei o quão tensa ela estava, provavelmente temendo o que poderia vir a acontecer se aquela discussão fosse mais a fundo. Encarei Rowena friamente e mantive minha melhor postura.

— Estou com uma dúvida — comecei devagar.

— Pois então pergunte.

— Com tanto dinheiro assim, o que impediu sua família de lhe comprar um cérebro?

Lori oprimiu uma risada e me deleitei com a expressão de confusão de Rowena. Sua boca se abriu e tornou a fechar novamente. Sorri para ela e me virei na direção em que meu quarto ficava.

— Coitada — disse Lori, fingindo estar com pena. — Tão bonita por fora, mas tão oca por dentro.

— Não se preocupe com ela — respondi. — Temos coisas muito mais interessantes com as quais nos preocupar.

"Um baile", pensei comigo mesma enquanto alcançava a porta do meu quarto. "E nós precisávamos ser fantásticas."


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