Intocável como

Um distante céu de diamantes

Estou alcançando

E eu apenas não posso te dizer porque

Eu estou presa a você

Eu estou presa a você

~Pov Meg

“Minha Rainbow,

Não achei maneira melhor de começar essa carta se não assim (e eu também não sei por que usei o “minha”. Talvez seja porque você é minha única confidente nesse mundo. Vai saber.) Você chegou bem? E seu quarto, tem grades nas janelas? Hahahaha’

Acho que sua mãe não gostou muito de ter nos visto naquela situação. Também acho que ela não gosta de mim, mas tudo bem, eu não ligo. Vou continuar escrevendo pra você.

Sobre o que aconteceu hoje... Sim, eu beijaria você. Me desculpe por isso, sei que não quer se envolver com ninguém e eu te entendo, mas foi o momento e... Tudo.

Suas lâminas estão com você? Por que eu não quero que as jogue fora agora. Tá, eu sei, isso parece muito estranho, mas você só vai jogá-las fora quando estiver pronta pra isso okay? Caso contrário você não aguenta e sufoca. É eu já tentei. Não foi uma coisa muito legal de se ver.

Sempre que sentir saudade da lâmina, que quiser parar de comer ou até vomitar, me escreva tá bem? Estarei aqui pra você.

Depois que você foi embora eu voltei pra casa. Não devia ter feito isso. Não sei se sabe, mas não sou muito próximo do meu pai. Ele me odeia.

Motivo: Minha mãe morreu quando eu nasci. Ela teria sobrevivido, mas era eu ou ela, e ela disse que não queria ser salva se eu não fosse. Eu deveria ter morrido no lugar dela. Minha madrasta também me odeia.

Enfim, quando cheguei em casa ele estava bêbado. Nós brigamos e eu fiz de novo. Me desculpe por isso, eu sou fraco Meg. Não tenho metade de sua força.

Acho que essa carta já está ficando bem grande hahahaha’ Vou terminar por aqui...

Boa noite, e aguente firme Rainbow, eu vou te fazer acreditar em si mesma mais uma vez, te darei um novo começo princesa.

Beijos... Liam

PS.: Eu não tenho covinha!”

Sorri ao ler a ultima linha e corri para pegar uma pena e um pergaminho, escrevendo uma carta que eu tinha certeza que – assim como a dele – ficaria grande. Não que eu estivesse me importando com isso.

Meu Liam,

Se você tem o direito de me chamar de sua eu tenho direito de te chamar de meu hahahaha’ Você acertou, tenho grade nas minhas janelas, além de não ter minha varinha. Idiotas. Hahahahaha’

Sim, eu cheguei bem. Fiz uma viajem completamente silenciosa ao lado de minha mãe. Ela não fala comigo direito desde que eu tentei fazer aquilo. Acho que ela sente vergonha de mim.

Hoje eu quase tive uma recaída por causa dela. Você acredita que ela não me abraçou antes de ir embora? Tudo o que disse foi “Então é isso. Nos veremos em breve”. Ás vezes eu só queria um abraço dela.

Sobre você ter feito de novo: Você não é um fraco! Você me ensinou isso. Olha pra mim, se eu não sou fraca você também não é! E você não deveria ter morrido no lugar dela, não pense mais assim, sua mãe te ama e ela sempre vai te amar! E seu pai, ele não te odeia, é que ele ainda não superou o que houve.

Só continue tentando okay? Por favor, não desista. Minha mãe acha que me internando aqui nessa clinica idiota eu vou ficar bem e que meu “problema” vai ser resolvido, mas a verdade é que eu nunca acreditei em nada antes de você aparecer aquele dia no hospital. Achei que morreria, e queria mesmo morrer, mas você apareceu.

E sobre o nosso quase beijo... Sim, aquilo foi o momento, mas não precisa se desculpar. Eu também me deixei levar.

Hoje eu conheci várias pessoas que me acham maluca e que vão “cuidar” de mim. Estou com medo Liam! A única notícia boa que recebi até agora é que se o tratamento correr bem eu poderei voltar pra casa para passar o Natal. Eu não quero ficar aqui nessa clínica. Não vou suportar ficar aqui.

E sobre esse “novo começo”, eu espero que você esteja incluído nisso porque eu não consigo sem você.

Então é isso Liam. Obrigada por tudo, você apareceu na hora certa. E sim, você tem covinha, não adianta negar, eu sei que tem e você também sabe.

Boa noite, eu escreverei novamente amanhã...

Beijos da sua Rainbow

Fui até minha coruja e a soltei, acariciando-a. Entreguei-lhe a carta e abri a janela. A observei até que ela sumisse na noite junto com a carta.

Quando ela sumiu, eu me deitei em minha cama pensando em tudo o que poderia acontecer enquanto eu estava aqui. Eu sabia que não estava maluca, mas minha mãe não pensava desse jeito.

Durante a nossa viajem de avião ela me perguntou por que eu me corto e eu não tive coragem de responder. Ela me pediu pra parar, mas quando me deu as costas daquele jeito e me deixou aqui ela só me deu mais motivos. Ela me perguntou se doeu, mas quando ela me deixou sozinha doeu muito mais. Eu queria ter coragem para dizer tudo isso, mas eu continuo em silêncio porque as marcas não estão apenas nos cortes em meu corpo, estão em minha alma me lembrando de quem eu sou.

Mas Liam viu algo em mim. Ele quer me ajudar e está conseguindo. Será que vou conseguir ajuda-lo tanto quanto ele me ajuda? Eu queria que ele viesse aqui e dissesse que estaria comigo sempre.

E aquele quase beijo... Eu não quero me machucar de novo, tenho medo. Não quero perde-lo. É melhor que continuemos amigos. Nada mais que isso.

Mas também, por que ele iria querer algo comigo? Por que ele iria querer alguém assim? Que ameaça desabar a qualquer momento? Por que ele iria querer alguém como eu? Como ele?

E com esses pensamentos, chorando eu peguei no sono.

Eu só estava cansada de chorar durante a noite. Será que um dia eu dormiria com um sorriso nos lábios? Será que um dia eu iria superar tudo isso?

Talvez quando Liam me mostrar o nosso novo começo eu possa sorrir e ser feliz.

No meio da noite

Quando estou nesse sonho

É como um milhão de estrelinhas

Soletrando o seu nome

Você tem que vir, vir

Diga que vamos ficar juntos

Vamos, vamos

Gostinho de céu