Levantei sentindo dores pelo corpo, por ter dormido numa cadeira. Olhei ao redor e vi Roy dormindo na poltrona reclinável e Ray na maca. Sacodi Roy para avisar que estava indo para casa.
– Roy.– Chamei. Ele abriu os olhos. – Vou arrumar as coisas em casa, tudo bem?
– Tudo bem. Eu ligo quando estivermos saindo.– Disse, dei um beijo em sua bochecha e um na testa de Ray e saí a caminho de casa.
Andei meia hora até chegar em casa. Entrei e fui arrumar tudo que estava fora do lugar. Terminei e fui fazer o almoço. Tinha desligado as panelas quando a porta foi aberta.
– Vocês não iam me ligar?– Perguntei pegando os pratos e colocando na mesa.
– E ligamos. Você não atendeu.– Ray respondeu se sentando.
– Deve ter descarregado.– Falei e vi Roy apertar o joelho. – Droga. Você não deveria ter dirigido. Anda senta, vou pegar os remédios.
Falei já subindo para o quarto. Quando desci ele estava sentado ainda apertando o joelho.
– Toma.– Entreguei o remédio e esperei ele beber. – Depois você vai descansar.– Quando ele ia reclamar, completei.– Não vamos brigar. Você vai descansar e não se fala mais nisso.
Decretei já começando a comer. Terminamos de comer em meio a risos e brincadeiras. Levamos Ray até o quarto e desci para arrumar a cozinha.
Deitei no sofá para assistir e acabei dormindo. Sou acordada algumas horas depois por Ray mandando me arrumar. Subi a fui direto para o banheiro. Enchi a banheira e fui escolher uma roupa, como Ray ia reclamar se vestisse calça, abri a parte do meu armário que não mechia a tempo, e peguei um vestido e um salto.

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Tomei um banho demorado e comecei a me arrumar. Fiquei pronta e desci me deparando com meus irmãos me esperando. Eles sorriram e antes de sairmos começou a chover. Travei na porta.
– Está tudo bem Fel. Eu prometo que vai ficar tudo bem.– Roy falou me abraçando.
– Ei, não vamos ficar até tarde se você não quiser.– Ray falou. – Eu só quero ver como Nyssa está... Não foi o que eu quis dizer, é que...– Ray começou a se embolar como eu também faço desde pequena.
– Você gosta dela.– Roy falou e me olhou cúmplice.
– Não.– Ray falou corando.
– ELE ESTÁ APAIXONADO! O RAY ESTÁ APAIXONADO!– Cantarolamos como fazíamos quando éramos mais novos.
– Não estou.– Ray retrucou infantilmente.
– Aham... Sei.– Disse irônica e entramos no carro, fomos o tempo todo implicando com Ray.
Ao pararmos na frente da mansão, meu coração disparou, ao lembrar de Oliver. "Controle-se Felicity", me repreendi mentalmente.
Ajudei Ray a subir os degraus da entrada, Roy tocou a campainha. Uma garota de cabelos castanhos e olhos azuis, bem magrinha.
– Oi, eu sou Thea Queen.– Falou se apresentando.
– Felicity, Ray e eu sou o Roy.– Roy falou nos apresentando. Olhei incrédula para ele que geralmente ficava mais calado.
– Claro. Entrem.– Falou nos dando passagem.
– Obrigada.– Falei entrando.
– Vamos.– Thea falou nos guiando até uma sala onde estavam Oliver, Nyssa e uma mulher que defini como a mãe dele.
Nos apresentamos e conversamos banalidades até que o jantar ficou pronto. Fomos até a sala de jantar e jantamos com algumas perguntas feitas e respondidas pelas duas partes.
Estava tudo indo bem até que a sra. Queen perguntou sobre nossos pais.
– E os pais de vocês?– Ela perguntou.
Parei a garfada da sobremesa no meio do caminho.
– Mãe!– Oliver falou em tom de advertência. Ray e Roy me olharam para medir minha reação. Olhava fixamente para meu prato. Respirei fundo e olhei para ela.
– Está tudo bem Oliver.– Falei com um sorriso amarelo. – Eles morreram ano passado num acidente de carro, que resultou numa fratura no joelho para Roy, Ray abdicou a vida dele aos 18 anos para cuidar dos irmãos mais novos, nada demais sra. Queen como pode ver.– Falei olhando para meu prato.
– Me desculpe, de verdade.– A senhora Queen pediu. – E me chame de Moira.
Assenti me lembrando daquela noite e respirei para conter as lágrimas.
– Eu sei como é a sensação disso.– Olhei confusa para Nyssa que tinha começado a falar. – Ficar orfã. Meu pai matou minha mãe e minha irmã, ia me matar mas, ouvimos sirenes e ele atirou na própria cabeça. Depois daquele dia vivi na rua até que Ollie entrou na minha vida. - Terminou sorrindo para ele.
Uau. Dei um sorriso cúmplice para ela e vi que muitas pessoas passaram por coisas piores. Thea mudou de assunto rápido e conversamos besteiras até que decidimos ir embora.
Abrimos a porta e vimos que a chuva estava forte. Travei na porta assim que o Roy fez mensão de sair.
– O que houve?– Ouço a voz de Thea perguntar mas não acho minha voz. Roy responde.
– Chovia naquela noite. Forte. Desde então, a Fel até anda de carro a noite, mas não quando chove, ela só veio pelo Oliver e pela Nyssa.– Ele explicou.
– Nesse caso, eu insisto que durmam aqui hoje e amanhã vão para a escola de manhã.– Moira ofereceu.
– Não podemos aceitar.– Eu disse quando achei minha voz.
– Claro que podem. Como estudamos na mesma escola, vamos juntos amanhã. E você e Roy nos mostram tudo.– Thea falou animada.
– Por favor, não precisa...– Roy começou, foi interrompido por Moira.
– Não aceito um não como resposta.– Disse decidida.
Acabamos aceitando e fomos para a sala ficar conversando. Ray foi se deitar e logo Nyssa foi também. A forma que eles agiam perto do outro era engraçada, assim como Roy e a irmã caçula de Oliver. Roy e Thea conversavam com Moira e Oliver estava conversando comigo. Nunca tinha ficado a vontade assim com ninguém além de Ray e Roy, nem mesmo com Cooper.
Senti o sono chegar, mas fiquei com vergonha de pedir para ir para o quarto. Me apoiei no ombro de Oliver e nem percebi quando dormi. Ouvi alguns múrmurios ao meu redor e logo uma leveza, minutos depois estava sendo colocada em um lugar macio e a última coisa que ouvi antes de dormir realmente foi a voz de Oliver.
– Não sei como você consegue mexer tanto comigo assim, mas eu gosto.– Senti seus lábios em minha testa e assim dormi.
Levantei de manhã com o toque do meu celular, levantei assustada tentando lembrar aonde estava até que compreensão me bateu. Não tive tempo de pensar em como cheguei na cama, por que meu celular estava quase morrendo de tanto tocar. Atendi sem olhar o visor.
– Alô.– Respondi esfregando os olhos.
– Hacker? Estou na porta da sua casa e não tem ninguém aqui.– Cooper falou, me chamando pelo meu apelido.
– Talvez por que não tenha ninguém aí?– Perguntei com sarcasmo.
– E onde você está? Me diga que eu vou te buscar e nós conversamos.– Pediu carinhosamente, o que me fez sentir mais raiva ao lembrar da ruiva.
– Não temos nada o que conversar Cooper.– Disse grossa.
– Eu sou seu namorado.– Disse já alterado. Me irritei ainda mais.
– Não, você não é. Não mais.– Disse também alterada e desliguei.
Me joguei de costas na cama e suspirei olhando o teto, logo alguém bateu na porta.
– Pode entrar.– Falei.
Era Nyssa.
– Bom dia.– Falou simpática. – Ray me pediu para te emprestar uma roupa minha para ir para escola.
– Bom dia.– Respondi com um sorriso. – Obrigada.
Ela me entregou um short e um moletom. Fiz uma careta ao ver o short.

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– Não é que eu não estou agradecida, eu estou, muito. Apenas, não poderia me emprestar uma calça?– Pergunto esperancosa. Ela ri e responde.
– As minhas calças não cabem em você. Desculpe.– Pediu e foi saindo do quarto.
– Nyssa.– Chamei quando ela já estava com a mão na maçaneta.
– Sim?– Ela respondeu se virando.
– Desculpa pelo que te disse no hospital, estava fora de mim. De fato não foi sua culpa.– Disse rápido e entrei no banheiro.
Alguns minutos depois desci. Com a roupa de Nyssa, meu sapato, e os cabelos como ontem, soltos. Desci muito desconfortável com o fato de que iria para a escola de short.
Vi Ray prender o riso, quando tentei esticar o comprimento da roupa. Dei um sorriso cínico e o abracei antes de saírmos.
– Eu sei que você pediu para que ela não me desse uma calça. Você vai amar o almoço hoje.– Disse e saí.
Chegamos na escola e comparamos os horários da aulas. Tinha química com Oliver, Roy, Thea e Nyssa tinham matemática.
Roy os levou na secretária, pegar o número dos armários deles enquanto eu ia ao meu armário pegar os materiais da aula. Uma desculpa, para pensar em como lidaria com Cooper e Oliver na mesma sala e como me livrar de Cooper, meu parceiro.
– Precisamos conversar.– Falando no diabo.
– Não precisamos não.– Falei já procurando uma saída.
– Tivemos uma briga e dois dias depois, você vem vestida totalmente diferente pra escola e com aquele idiota da ponte.– Falou me prendendo entre ele e o armário.
O sinal tocou e vi Oliver vindo em nossa direção com os punhos cerrados e o maxilar tenso. Empurrei Cooper e corri em direção a ele. Peguei sua mão e puxei na direção da sala.
– Ele te machucou?– Oliver perguntou tenso.
– Ahn?– Perguntei tentando assimilar a pergunta.
– Ele te machucou? Seu ex?– Perguntou especificando.
– Não.– Respondi.
O professor entrou na sala e disse que ia misturar as duplas, acabei ficando com Oliver. E Cooper nos olhava com raiva.
Ele sorriu para mim e retribui sem precisar forçar um sorriso. "O que fez comigo, Queen? Você não deveria mexer tanto comigo". Me falei mentalmente.