Como sempre meu dia começou horrível desde que voltei para Starling. Estou deitado com a cabeça embaixo do travesseiro quando ouço a porta e logo dois corpos se jogando em cima de mim.

– Acorda!– Falou minha irmã puxando o travesseiro.

– Me deixa Speedy.– Falei me virando.

– Qual é Ollie? Não deixa o que a Laurel falou te afetar, nada do que aconteceu é sua culpa.– Nyssa falou deitando ao meu lado.

– É verdade Ollie, tem que parar de se culpar.– Minha irmã falou se deitando do outro lado.

Esperei alguns minutos para que elas saíssem do quarto e nada. Me levantei irritado e fui em direção ao banheiro.

– Vocês venceram. Speedy, Nys, podem me dar licença?– Pergunto com falsa educação o que fazem as duas rirem. Saem do quarto juntas, mas Nyssa volta e me abraça.

– Obrigada por não ter contado a verdade, mas é melhor contar, já que vamos estudar na mesma escola.– Disse antes de me soltar.

Fui tomar banho e desci para o café. As mulheres da minha vida já estavam na mesa rindo e brincando. Minha mãe, que foi contra Nyssa ficar, agora a trata como filha.

– Bom dia.– Respondi sentando.

– Oliver, você tem que levar Nyssa para conhecer o colégio.– Minha mãe falou.

– Não precisa tia Moira.– Nyssa falou.

– Precisa Nys.– Respondi sorrindo. – Te deixo lá e vou seguir o seu conselho.

Tomamos o café com brincadeiras e risos, e assim saímos, deixei Nyssa no colégio e fui em direção à casa da minha ex que agora namora meu melhor amigo.

Bati na porta e quem atendeu foi o sr. Lance.

– Em que posso ajudá-lo Oliver?– Perguntou de forma rude como começou a me tratar desde a morte de Sara.

– Preciso falar com o sr., e com a Laurel.– Respondi educadamente.

– Claro. Entre.– Me deu espaço para entrar e chamou a Laurel.

– O que você quer Oliver?– Perguntou fria.

– Contar a verdade.– Respondi tomando coragem para contar a verdade sobre algo que fui considerado culpado à 3 anos. – Eu e Sara éramos melhores amigos, quando eu não estava nem com o Tommy nem com você, estava com ela. Eu nunca te traí com a Sara, com muitas garotas, ela não.

– Então por que passavam tanto tempo junto e ficavam de segredinhos?– Laurel perguntou confusa.

– Pra resumir tudo? Íamos tomar sorvete e olhar as pessoas. Em um dos nossos passeios, encontramos uma garota muito machucada. Ajudamos ela, eu quis pedir ajuda mas ela nos fez prometer segredo. Sara concordou com ela. Assim ficamos por meses, até que um dia vimos a garota ser espancada. Corri para ajudar e Sara também, a garota era viciada e estava devendo. Eles nos espancaram e quando a polícia veio, eu assumi a culpa e mandei a garota ir embora, a Sara já tinha morrido nos meus braços, assumi o meu "vício" e criei aquela história. Eu nunca fiquei com a Sara.– Terminei com os olhos cheios de lágrimas.

– Por que nos deixou pensar isso?– Laurel perguntou quase gritando. – POR QUE?– Gritou.

– A Sara me fez prometer que nunca contaria a verdade a ninguém, mas uma amiga me convenceu do contrário.

– O que aconteceu com a garota?– Finalmente o sr. Lance se pronunciou com a voz embargada.

– Passou três anos numa clínica de reabilitação e hoje está em Starling também.– Não podia contar que essa garota é a Nyssa. – Ela me procurou antes de eu ir embora e pediu ajuda. Ajudei e hoje ela está limpa.

– E você o que fez esses três anos?– Laurel perguntou.

– Fiquei passeando pela europa.– Respondi simplesmente. – Agora eu tenho que ir.

Sr. Lance apertou minha mão e me agradeceu por contar a verdade e Laurel me acompanhou até a porta.

– Estou feliz por você e o Tommy.– Disse e entrei no carro e dei a partida até a casa do meu amigo de infância.

Ele não estava então dirigi até o lugar onde eu e Sara encontramos Nyssa, fiquei lá por algum tempo até que começou a chover e eu entrei num restaurante ali perto.

A chuva não cessava. Meu celular toca, Nyssa.

– Ollie...– Ela estava chorando.

– Nys, o que houve?– Perguntei já indo para o carro.

– Ele bateu o carro no poste, por que não queria me atropelar...– Falou entre soluços.– Ele está sendo atentido aqui no hospital geral.

– Estou indo, ok?– Perguntei preocupado com o cara que salvou ela, mas ainda mais preocupado com ela.

– Sim.– Respondeu.

Fui o mais rápido que eu podia para o hospital, como estava chovendo não era tão rápido assim.

Cheguei ao hospital e fui em direção ao balcão de informações.

– Boa tarde. Minha amiga chegou aqui, com um rapaz que sofreu um acidente de carro.– Falei para a recepcionista.

– Sinto muito, não posso informar dados de pacientes se você não sabe o nome e não tem grau de parentesco.– Falou séria.

– Escuta aqui moça. Esse rapaz sofreu um acidente para não atropelar minha amiga, que está se recuperando das drogas. Se acontecer algo com ele, ela vai se culpar e há grandes chances de voltar a se drogar se eu não encontrá-la.– Falei tentando não pensar em como foi difícil tirar Nyssa dessa vida.

– Ok, quarto 572, terceiro andar.– Diz com um pequeno sorriso, dou as costas e vou em direção a quarto.

Já estou na porta quando uma garota morena se bate em mim.

– Me desculpe.– Pediu já se virando para sair sem nem olhar para cima.

– Está tudo bem.– Afirmo.

Vejo Nyssa no pé da cama de um cara moreno, alto com cara de culpa.

– Não deixa ela sair.– Ele falou.

A garota largou a mochila e correu para as escadas. Peguei sua mochila e entrei no quarto.

– Oi Nys.– Falei.

– Ollie!– Falou e correu para me abraçar.

Nos soltamos e me apresentei para o o homem, que descobri ser Ray Palmer e que a garota que me bati é sua irmã caçula, Felicity.

Logo um garoto que deveria ter a minha idade entrou no quarto. Descobri que ele também era irmão deles. Discutiram por alguns minutos sobre onde ela poderia ter ido e decidimos ir procurá-la. Eu sozinho e Roy e Nyssa, já que ele não conhecia a cidade e o irmão não poderia ir.

Dirigi por mais ou menos uma hora e meia antes de passar na ponte e ver uma garota sentada na grade de proteção. Vi que ela era na hora. Meu coração disparou, não sei o motivo, nem a conheço.

Chamo sua atenção e conversamos, tento convencê-la a me deixar tirá-la da grade e ela não quis e quase caiu. A puxei pelos braços e tropecei, nos levando ao chão. Olhei para seus lábios e quis beijá-la na hora, o que faria se o namorado dela não aparecesse, o que não foi muito bom para ele. Que machucou seu braço e me fez perder a cabeça, o soquei, e o ameacei para defendê-la. Entramos no carro e a levo para o hospital.

Antes de decermos do carro ela me pergunta o por que de ter batido no seu agora ex, algo nos seus olhos azuis não me deixaram e mentir e fui sincero, disse que não sabia e que simplesmente me descontrolei ao vê-lo machucando seu braço, ela corou e me agradeceu.

Subimos novamente e assim que entramos ela correu e abraçou Roy.

– Fel... Me perdoa.– Falou Ray da cama. Felicity só assentiu. – Sério Fel, me perdoa.

– Ok.– respondeu calmamente.

– Eu prometo que nunca mais repito aquilo, não tive a intenção de te magoar. Saiu antes que eu me freasse.– Continuou se desculpando.

– Você tinha razão. Foi minha culpa, eu não olhei. Me desculpe, de verdade. Sei o que é a dor de perder os pais acredite em mim.– Nyssa falou olhando para Felicity, que deu um pequeno sorriso para ela.

– Eu te perdoo Ray. Da próxima vez que você repetir essas palavras, vocês não vão me achar.– Disse com um sorriso doce.

– Vem cá pirralha.– Ray falou e ela o abraçou.

– Para me desculpar, eu queria saber se vocês aceitam ir jantar lá em casa?– Nyssa perguntou.

– Não precisa, obrigado.– Respondeu Roy.

– Precisa sim, insistimos. Assim vocês conhecem minha irmã e minha mãe.– Declaro. – Não aceito não como resposta.

– Sendo assim... Aceitamos.– Felicity diz.

Dei nosso endereço e saimos do hospital em silêncio. Chegamos na mansão e fui direto para o quarto.

Oliver não conseguia dormir, pois um par de olhos muito azuis enchiam seus pensamentos, e pela primeira vez, em muito tempo ele foi capaz de acreditar num recomeço. Quando enfim conseguiu dormir, sonhou com um morena de olhos azuis.