Vênus escrita por Ninhax


Capítulo 7
Capítulo 7




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Hermione entrou em seu dormitório com o sapato nas mãos, na esperança de que suas meias fossem o suficiente para abafar o barulho de seus passos. Uma das garotas do dormitório se virou levemente na cama e Hermione ficou paralisada por alguns segundos, hesitante. Ao perceber que ela ainda dormia, continuou andando, pôs seus sapatos no chão e deitou, fechando as cortinas de sua cama o melhor que podia. O sol ainda batia ali, mas ela estava tão sonolenta que dormiria em qualquer lugar.

Milhares de fragmentos da noite com Draco rondavam sua mente, e ela não podia evitar um sorriso. Se perguntava se ele se sentia tão bem quanto ela estava se sentindo agora, se também sorria ao lembrar do tudo e nada que conversaram.

Hermione se lembrava dos beijos, das expressões de Malfoy ao falar. Pensava tanto que nem sequer percebeu quando dormiu, e as lembranças tornaram-se sonhos.

 

(...)

— Hermione! — A garota acordou em um sobressalto. — Hermione, por Merlin, tá na hora de acordar! Pensei que você tinha morrido!

Gina Weasley estava parada ao lado da cama, e nem sequer esperou respostas.

— Você tem ideia de que horas são? Você sumiu ontem, sumiu hoje, e agora eu te encontro aqui dormindo às 15h em pleno sábado!

Hermione olhou incrédula para Gina. Elas não tinham uma conversa decente há semanas, Gina nunca se interessava por onde ela andava, e além de tudo interrompeu um ótimo sono.

— Sra. Weasley? Como você está jovem! O que anda fazendo aqui em Hogwarts? — Hermione respondeu, sorrindo de forma cínica.

Gina ficou tão vermelha, que mal era perceptível onde acabavam seus cabelos ruivos e onde começava a sua cara.

— É sério, Hermione. Eu preciso de você. — A garota continuou, de cara fechada.

— O que é, então? — Hermione ainda estava se espreguiçando e tentando combater o sono.


— É o Rony. Eu estou preocupada, ele já não é muito atento, e com esse relacionamento, não faz as tarefas, nunca está disponível, até no quadribol ele está terrível. Deixa várias passar, e não anda nem respondendo os berradores da mamãe. A gente tem que fazer alguma coisa.

— Nossa, Gina. Eu sinceramente estou surpresa, achei que você estava muito ocupada com o Dino pra ligar pros seus irmãos.

— Ah, estou um pouco. Mas os Weasley nunca se abandonam. — Gina disse, com orgulho. — E a mamãe mandou um berrador pra mim também. Então está na minha mão.

— Ele foi enfeitiçado, não foi? — Hermione disse, expondo suas suspeitas.

— Bem, eu não sei. Mas acho que sim. Isso está muito estranho. Lilá Brown? — Gina dizia, indignada — Ele nunca pôs um olho nela, e agora isso?

— O que nós fazemos?

— Eu pensei em falar com ela. Se ele está enfeitiçado, é ela quem está enfeitiçando. A gente pode pedir pra ela parar com isso. Ele precisa da vida dele de volta.

— Onde eu entro nisso, Gina? — A garota ficou vermelha outra vez.

— Ah... Bem... É que eu não sou muito próxima dela, e nem muito boa com as palavras, como você é. Além do mais, eu sou um ano mais nova, e isso me deixa com menos credibilidade. E eu sou irmã dele, que vergonha.

— Resumindo: Você quer que eu fale, não é?

Gina assentiu, envergonhada. Hermione não gostou nada da ideia. Não é como se ela fosse próxima de Lilá, e todos sabiam que ela era quase como uma irmã de Rony também. Na verdade, quase como uma babá. Mas alguma coisa precisava ser feita. E Harry não iria ajudar. Então aceitou e prometeu a Gina que falaria com Lilá o mais cedo possível. Pelo menos tinha apoio. Conversaram um pouco sobre as suas aulas, e sobre Dino, e depois Gina se despediu, saindo do dormitório.

Hermione não disse uma palavra sobre Draco. Será que ele falava dela pra alguém? Por Merlin, o que estava acontecendo com a sua vida? Hermione se levantou, e foi ao banheiro. Lavou o rosto e se encarou no espelho. Já não se reconhecia. Sempre foi tão firme sobre quem ela era, seus valores, sobre o que queria, e as pessoas com quem andava. E agora... andava aos beijos com Draco Malfoy. Ficava amiga dele. Riam juntos. Ela o conhecia para além da fachada de garoto mimado, ao menos aos poucos. E não podia acreditar.

No espelho, sua face era a mesma. Seus cabelos, olhos, expressões. Mas dentro dela, alguma coisa mudava. Ao acordar o dragão de Draco, ela havia acordado também o seu.

 

(...)

Onde estaria Lilá Brown?

Hermione andava pelos corredores a se perguntar. Estaria ela dando tempo livre a Rony para ter a oportunidade de refazer sua poção do amor? Seu feitiço sobre Rony? Sua mente acelerada a puxava cada vez mais fundo em suposições e isso lhe deixava levemente desesperada. Ela tinha que achar essa garota.

Depois de muito procurar entre as salas, acabou por avistar Lilá em um dos pátios, com algumas outras garotas.

— Oi, Lilá. Posso falar com você?

— Claro, Hermione!

As duas garotas foram para o outro lado do pátio e Hermione começou:

— É sobre o Rony.

— Eu imaginei. Aconteceu alguma coisa? — A garota sorria, mas seus olhos pareciam genuinamente preocupados.

Hermione perdeu o jeito; o que estava prestes a fazer era uma acusação grave. Pelo menos para ela era.

— Bem, ele anda diferente desde que... vocês começaram a sair juntos.

— Diferente? Diferente como? – Lilá parecia confusa.

— Ah, sabe ele não liga para as aulas, e está... 

De repente, Hermione entendeu Harry. Qual era a diferença entre o comportamento de Rony antes e depois de Lilá? Não ir às aulas, se atrasar, dormir na sala? Rony fazia isso desde sempre. O que mudava era que agora ele estava sempre acompanhado por Lilá. O que era bom, já que agora Harry andava ocupado, e Hermione, bem... Além disso, ultimamente ele andava sempre com um sorriso no rosto. Ele fazia tudo que ela queria? Sim, mas também não era surpresa que Rony tivesse obsessões, assim como tinha pelos seus jogadores de quadribol favoritos. E isso também podia explicar o porquê da queda de seu desempenho no quadribol. Lilá era realmente sua nova paixão, e não mais o esporte.

— Hermione? — Lilá a encarava confusa, enquanto Hermione se chocava com seus próprios pensamentos. Então Hermione caiu em si.

— Me desculpa, Lilá. E, ah, esquece. Eu já vou indo. — Hermione saiu, sem dar tempo suficiente para que Lilá entendesse alguma coisa. "Esquisita..."

Por Merlin, Hermione se sentia estranha. Talvez Rony não estivesse mesmo enfeitiçado... Harry só queria que ele ficasse feliz e ocupado. Precisava se desculpar. Com os dois.

Enquanto caminhava de volta para o Salão Comunal, Hermione avistou longos cabelos ruivos logo a sua frente, e eles estavam acompanhados.

— Gina! – Hermione aumentou a voz, para que a garota parasse. Gina se virou, e Dino também.

— Oi, Dino. – Hermione o cumprimentou e sorriu, tentando ser simpática. — Gina, sobre o seu irmão... Eu acho que no fim das contas, não tem problema nenhum. – Não quis usar a palavra “feitiço” do lado de Dino.

— Você falou com ela, Hermione?

— Ah, mais ou menos...

— Hermione! – Gina disse em tom de reclamação.

— Olha, Ginny, eu vou te esperar ali na frente, ok? — Dino disse e saiu, ao perceber a mudança de tom de Gina.

Gina assentiu e assim que ele se afastou alguns metros, se voltou para Hermione.

— Você disse que ia ajudar!

— É, eu disse. Mas eu mudei de ideia. Não tem problema nenhum com o Rony. Ele sempre foi desatento.

— Mas e os berradores que a mamãe tem me mandado?

— Bom, aí você tem que dizer pra sua mãe que você não é babá dele. -- "E eu também não sou." Hermione prnsou. -- Além do mais, ele é mais velho.

Gina não parecia nada feliz. Poderia ser muito protegida pela Sra. Weasley, mas sabia como a mãe era insistente. E a sua insistência agora era para que a sua sensatez salvasse Rony. E ela jamais conseguiria fazer isso sozinha.

— Se te preocupa tanto, talvez você devesse conversar com ele. Era o que eu também deveria ter feito. – Hermione continuava, quando uma dobradura de papel no formato de um pássaro pousou em seu ombro. Ela o pegou, enquanto Gina também encarava. Em letras bem miúdas, em uma das asas do pássaro estava escrito ‘Estufa. 20h. D.’ "D, de Draco.". Ela pensou.

— Tudo bem, Hermione. Eu já vou indo, o Dino está me esperando. – Gina disse, chamando a atenção de Hermione de volta. Nem sequer questionou sobre o pequeno pássaro. – Eu... eu vou falar com o Rony. Ou com a minha mãe... eu não sei...  de qualquer forma, valeu a tentativa. Obrigada, até. – Acenou e começou a se afastar, levemente abatida. Hermione pode observar como ela ainda se esforçou por sorrir ao chegar perto de Dino, mas era nítida a sua tensão.

Olhou outra vez para o pássaro. A dobradura era perfeita, e o papel, em um tom verde. Riu internamente, ele podia ter disfarçado mais.

(...)

Hermione saiu da biblioteca, e ao invés de seguir, como de costume, em direção ao Grande Salão para jantar, foi para o lado oposto, tentando não ser notada. O caminho até a estufa era relativamente longe, mas também vazio. Hermione se sentia feliz, ansiosa, boba. Mal conseguia pensar, só podia perceber as borboletas em seu estômago. Merlin queira que a fome por pular o jantar as mate.

Chegando na estufa, tudo parecia apagado. Será que ela entendeu errado? Draco não parecia estar em nenhum lugar próximo. Deveria entrar na estufa? Retirou o pequeno pássaro de papel do bolso, verificando. ‘Estufa. 20h. D.’ Estava tudo lá,  e já era 20h. Ou ela tinha recebido um bolo, ou Draco estava atrasado.

Decidiu entrar, pois ficar parada ali fora a essa hora da noite pareceria no mínimo suspeito.

Hermione estava prestes a sussurrar “Lumus”, para afastar a escuridão de dentro da estufa, quando notou que pequenas luzes amarelas começavam a surgir.

— Boa noite, Granger. –- Malfoy saudou do outro lado da sala. Hermione pensou que ele estava lindo, apesar de Draco usar uma roupa cotidiana: Camisa branca, calças pretas e uma gravata verde escuro.  

Hermione olhou ao redor e notou que a iluminação vinha de vários potes de vidro com vagalumes, dispostos pelo lugar. Estava claro demais para ser mero trabalho de vagalumes, Draco havia feito algum feitiço. Mas junto as cores das plantas da estufa, estava perfeito.

— Oi, Malfoy. – Não pode evitar um sorriso.

Draco andou em direção a Hermione. Ele também sorria. Hermione sentiu como se seu peito fosse explodir.

— Pobres vagalumes. – Ela brincou, ainda encantada com o ambiente. Se a estufa já era um de seus lugares favoritos, assim ficava ainda melhor.

— Nós podemos soltar, mas acho que as chances de você engolir um são bem altas. – Draco disse, arqueando as sobrancelhas, com tom de desafio.

— Tudo bem, eu ainda não jantei.

Draco gargalhou, e Hermione ficou levemente chocada, não era tão engraçado assim. E ver Draco rindo sem escárnio ainda não era algo com que ela estava acostumada.

— Bem, me desculpe, eu não pensei nisso. Mas nós podemos colher algumas frutas daqui.

Não era uma refeição completa, mas também não era má ideia. Hermione assentiu, e eles começaram a procurar. Hermione encontrou uma amoreira pequena. Draco ainda andava, procurando.

— Tem muitas ervas ótimas pra poções aqui. – Ele comentou, enquanto mexia em alguns galhos. Ficaram em silêncio.

Enquanto colhia as amoras Hermione sentia as borboletas em seu estômago voltarem. Ela queria proximidade. Sentia falta da sensação de calor, e da proximidade com Draco. Mas estava insegura.

— Draco? — Ela chamou, hesitante. E ele se virou. – O que é isso aqui?

Draco franziu o cenho.

— Uma amoreira? — Ele não havia entendido.

— Não, eu... – Hermione continuou. – O que somos nós? Isso aqui que está acontecendo agora?

Draco ficou quieto por alguns instantes, e depois respondeu:

— Foi você que me beijou primeiro, então diz você.

Hermione ficou rosa. Não sabia como responder. Se sentia bem quando estava com Draco, mas detestava essas partes em que ficava nervosa e se sentia meio burra. Malfoy esperava. Decidiu abrir o jogo.

— Eu não sei.

— Eu também não, Granger. Mas seja lá o que for, eu quero mais. Passo o dia todo pensando em você, nem consegui esperar até sexta.

Draco se aproximou, e Hermione pegou em sua mão, a guiando em seguida em direção ao seu peito. Seu coração estava acelerado.

— Isso diz alguma coisa? — Hermione perguntou. Draco sorriu.

— Não. – Respondeu, e com sua mão livre a puxou mais pra perto, pela cintura, e a beijou.

O corpo de Hermione se arrepiou inteiro, e pelo que podia perceber, o de Draco também. Eles se beijavam com intensidade, talvez até com carinho maior do que muitos casais que estavam juntos a anos. O estômago de Hermione roncou, e Draco parou o beijo, rindo.

— Acho melhor você comer essas amoras. – Hermione concordou, ainda meio zonza pelo beijo, e começou a comer algumas das amoras que havia colhido.

— Quer? — Ofereceu a Draco.

— Na verdade, não. Sou alérgico. Umas duas dessas e eu começo a inchar que nem um balão.

— Sério? Que pena. Elas estão ótimas. – Hermione disse enquanto comia mais uma. — Nunca conheci alguém com alergia a amoras.

— E eu nunca beijei uma grifinória. A vida é uma caixinha de surpresas.

Hermione riu.

— Se eu te beijar depois de ter comido, será que você cai mortinho no chão?

— Acho difícil. Mas eu não tenho nada a perder. – Draco disse, se inclinando em direção a Hermione para outro beijo, mas ela foi mais rápida.

— Você fala isso toda hora! Qual é o problema, afinal?

Draco ficou sério.

— Ah, Granger... – Draco hesitou. — Você sabe, com toda essa guerra, e o histórico da minha família, acho que as minhas chances de sobrevivências são baixas. E pra ser sincero, eu não ligo muito.

Hermione entendeu.

— Draco, você não precisa seguir os passos do seu pai. Vocês são pessoas diferentes. A vida não tem que ser assim, se você quiser, nós podemos conversar com o Dubledore e—

— Não, Hermione. – Ele respirou fundo. Tenso. – Eu não quero ajuda, e não é tão simples assim. Eu não vou acordar como o novo bom moço amanhã, só porque escolhi.

— Mas Draco—

— É sério. Eu só não ligo, está bem? A única coisa que me importa é o agora. Eu e você. Por hora, isso me faz feliz. O que tiver que ser, será. E eu não vou lutar contra o meu destino. Eu aceito. Está tudo bem.

Draco encarou os próprios sapatos. Hermione pensou em continuar argumentando, mas era visível o que quanto ele estava incomodado com o assunto. Não estragaria esse momento.

— Ei... – Hermione chamou a atenção do garoto, que olhou novamente pra cima. – Não quer provar um pouquinho da minha morte vermelha? — Hermione fez piada, e mostrou um pouco da sua língua tingida de vermelho pelas amoras.

Draco assentiu, sorrindo. E eles voltaram a se beijar.

Hermione desistiu de brigar, mas não desistiria dele tão fácil.


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Notas finais do capítulo

Oi, gente!

Eu não falei nada no outro capítulo, porque não sabia como as coisas iam se desenrolar, mas acho que agora cabe alguns comentários.

Primeiramente, muito obrigada por todos os comentários me incentivando a continuar. Apesar de ainda não ter respondido a todos, li cada um com um sorriso no rosto, e eles foram fundamentais para que essa fanfic saísse desse hiatus enorme.

Agora, sobre o hiatus...
Eu comecei a escrever essa fanfic em 2015, e agora estamos em 2018. Muita coisa mudou, não só no mundo, mas acredito que também na vida dos antigos leitores, e na minha. Eu não leio mais fanfics como antes, sai da escola, comecei a faculdade, vivi outras experiências, conheci pessoas diferentes, estudei outras coisas, etc. E acredito que isso afeta não só a forma como encaramos a vida, mas também o modo como escrevemos. Por isso, sinceramente, não sei se vai existir muita discrepância entre como estão os primeiros capítulos e como essa história vai fluir daqui pra frente. Comecei com uma ideia, e agora estou vendo a fic de outra forma... mais afastada desse universo, mudando coisas aqui e acolá, enfim... Tá tudo meio bagunçado, mas a vida é assim mesmo, não é? Espero que entendam.

Acredito que o intervalo entre os capítulos vai ser maior por conta disso - é claro, que não a cada 3 anos, heheh - mas eu pretendo finalizar essa história, leve o tempo que levar.

Novamente agradeço a todos os comentários e incentivos, vocês são incríveis. ♥

É isso, até!



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