Vênus escrita por Ninhax


Capítulo 6
Capítulo 6




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/599120/chapter/6

Era noite. Ela andava por uma floresta, e podia ouvir o barulho de seus passos esmagando as folhas e galhos. Não se ouvia nenhum outro som. Frustrada por não saber onde estava, parou. Tudo era muito confuso, e ela sentia como se estivesse andando em círculos há horas. Fechou os olhos, respirando fundo. Quando os abriu, avistou uma luz por entre as árvores, a alguns metros de distância. Esperança. Quando deu um passo em direção a luz, um pássaro voou, passando extremamente próximo de sua cabeça. Apesar do susto, continuou, mas o número de pássaros aumentava a cada passo, como se tentassem impedi-la de continuar. Um deles lançou-se em sua direção, puxando um medalhão que ela sequer sabia que estava carregando consigo. O pássaro manteve a corrente no bico, e tentou voar na direção contrária, apertando o mental contra seu pescoço. A corrente não se quebrava. Ela não conseguia se mover. Os outros pássaros começaram a fazer barulho, voando em círculo ao seu redor. A corrente diminuiu, apertando ainda mais seu pescoço. Tentou gritar, não conseguiu. Ela estava sufocando.

Hermione acordou com um sobressalto, respirando fundo e tossindo logo em seguida. Havia sido um sonho. Apenas um sonho. Ela levou a mão ao pescoço, como se quisesse se certificar que realmente não havia nada ali, enquanto tentava acalmar o próprio coração. Ela tentava lembrar-se da última vez que um sonho tivesse parecido tão real, quando um flash passou por sua mente: O medalhão. Hermione abriu as cortinas de sua cama, empurrando levemente os lençóis e abriu uma das gavetas de sua cômoda, afastando alguns papéis até encontrar o que procurava: O medalhão que encontrara na sala de Filtch. Retirou-o da gaveta, analisando-o. Ela se esquecera completamente. O medalhão era prata, e o relevo do pássaro que ela não conseguira identificar sob a luz da lua parecia ser um corvo. Ele possuía um fecho, que ela tentou abrir, sem sucesso.

Colocou-o no pescoço, dizendo a si mesma que iria a biblioteca hoje mesmo para pesquisar sobre. Desta vez não iria esquecer. O metal frio e a memória do sonho a fizeram arrepiar levemente.

Hermione levantou da cama e aproveitou a adrenalina causada pelo pesadelo para realizar suas tarefas matinais. O restante do dia ela passou feito um zumbi, já que mal conseguia se concentrar em fazer anotações ou ter conversas decentes. Não que muitas pessoas tivessem tentado contato também, afinal, Harry andava a estranhando depois da breve discussão e Rony andava sempre com Lilá.

Hermione nem sequer conseguia focar em problematizar o tamanho minimalista do seu círculo social. Só pensava no sonho e no medalhão.

Finalmente a última aula do dia acabou e Hermione saiu em disparada em direção a biblioteca, não se sentia tão ansiosa assim para pesquisar há tempos.

— Boa noite, Madame Pince. — Disse entrando pelos corredores sem sequer esperar uma resposta, ou olhar em direção a bibliotecária.

Andando pelos corredores, se acalmou um pouco e começou a pensar. Onde procuraria primeiro? Artefatos mágicos, animais, simbolismo? Livro dos sonhos? Revirou os olhos sozinha pensando nas aulas de Trelawney e seguiu em direção a seção de artefatos históricos.

Hermione mal deu dois passos e acabou esbarrando em alguém.

— Está um pouco adiantada, Granger. — Mas, o que? A garota se deparou com Draco e a compreensão atingiu seu olhar. Era sexta feira!

— Eu esqueci completamente! — Hermione murmurou mais para si mesma do que para Draco.

— Ei, não precisa machucar meus sentimentos, Granger. -- Malfoy riu levemente. Hermione revirou os olhos.

— Não sabia que gente como você tinha sentimentos, Malfoy.

— Tem razão. Não tenho mesmo, vamos. — Malfoy disse a puxando pela mão, em direção a saída da biblioteca.

— O que? Onde diabos você está indo? Eu preciso--

— Pare de fazer tantas perguntas, por Merlin, não estamos em uma aula. Confie. — Malfoy disse levemente frustrado, e Hermione ainda meio confusa assentiu.

Malfoy a guiou pelos corredores, virando a direita e subindo um lance de escadas. Ele a estava levando para um lado do castelo que Hermione não estava muito acostumada a rondar, próximo ao salão comunal da Sonserina. Continuaram por mais alguns minutos em silêncio e subiram outro lance de escadas, chegando em uma torre vazia, e aparentemente abandonada. Pelo menos era o que parecia a quem observava a pequena vegetação que começava a crescer nos rodapés. Ou talvez fosse pelos enormes buraco no teto e em uma das paredes.

— Bem vinda ao meu lugar favorito por aqui. — Malfoy disse, andando pela torre como quem apresenta uma casa.

Hermione começou a caminhar devagar pela ampla torre, e não respondeu. Ela tentava decifrar o que Malfoy pretendia a trazendo ali. Seria mais fácil perguntar, mas é claro que ela não faria isso.

— Bom, eu imaginei que seria bom variar. Já que a biblioteca é o seu lugar favorito de Hogwarts, pensei em te mostrar o meu. — Malfoy disse, como se lesse mentes.

Hermione franziu o cenho.

— Eu não sei bem se a biblioteca é o meu lugar favorito. Acho que as pessoas assumem muito sobre mim. -- Disse parando bem embaixo do buraco e olhando para cima. A visão do céu era ótima. Por um momento a garota se esqueceu com quem estava enquanto olhava as estrelas. Malfoy parou bem a sua frente.

— Eu não sei porque eu ainda me surpreendo, Granger. É claro que não é.

— Mas aqui é incrível mesmo. Achei que você não gostasse de parte alguma de Hogwarts.

— Eu gosto daqui, do lago e da sala do Slughorn. — Malfoy andou até o rombo que estava em uma das paredes e se sentou, olhando pra fora.

— Da sala do Slughorn? Sério?

— Sim, tem muitos itens lá que eu adoraria usar em poções. As aulas são incrivelmente simples pro potencial de ingredientes daquele lugar.

Hermione andou até onde Malfoy estava e se sentou também, o encarando. Que momento estranho. Ela estava conversando com Malfoy. Com Malfoy, dentre tantas pessoas daquela escola. E se sentia bem. Hermione não saberia explicar, mas via sinceridade em Malfoy. Não parecia um teatro com segundas intenções. Parecia só o que era, uma conversa. Sentiu borboletas no estômago e o coração batendo mais forte quando ele parou de olhar a paisagem e a encarou de volta.

— Eu gosto da estufa da Sra. Sprout. Mas só quando não tem ninguém lá. Gosto do lago também.

— Da próxima vez a gente vai lá então. — Mais borboletas.

— "Da próxima vez?"

— Sexta, Granger. Você acordou o dragão, não se lembra?

Hermione não conseguiu evitar a expressão surpresa, e sentiu-se enrubescer. Mas que porcaria. Malfoy riu, e ela também. Não sabia o que dizer. Recusar o convite nem sequer lhe cruzou a mente.

Se encararam por alguns segundos, e Hermione pode notar o olhar breve de Malfoy em direção a sua boca. Ele se aproximou. Ela não moveu um músculo, mas também reparou em seus lábios finos.

A centímetros de sua face, Malfoy a olhou nos olhos, como quem pede consentimento. O coração de Hermione parecia querer sair pela boca, mas ela se moveu levemente em direção a Malfoy, e pode sentir a boca dele pressionando contra a sua. Intensificaram o beijo, Malfoy a puxou mais para perto de si, e Hermione pode sentir o calor de seu corpo. O beijo de Malfoy era um dos melhores que ela já tinha experimentado na vida. Continuaram por mais algum tempo, até enfim se separarem.

— Acho que essa é a parte em que eu saio correndo. -- Hermione disse e sorriu para Malfoy. Não saiu do lugar. Malfoy riu.

— Talvez dessa vez eu devesse correr atrás.

— Seria demais para a sua reputação. Acho que seu pai tiraria sua herança.

— Você fala como se também não fosse demais para a sua reputação.

Era verdade. Talvez não envolvesse tantos níveis quanto Malfoy, mas ela possuía sim uma reputação. E sabe-se lá quantos contatos, oportunidades, e até amigos ela não perderia se soubessem que ela andava por aí aos beijos com um inimigo de Harry.

— Como são as férias no mundo trouxa? -- Malfoy perguntou, mudando de assunto. Hermione se surpreendeu pelo interesse.

— São angustiantes e também um alívio. Quer dizer, eu não sei. É bom estar com a família, mas eu jamais me desconecto desse mundo, e... Ah, você sabe. Essa guerra toda. Nunca descanso realmente.

Malfoy assentiu, sério. Voltou a olhar a paisagem.

— E as suas?

— Quando eu era pequeno costumava passar com a minha mãe na nossa casa de campo. Meu pai sempre foi ocupado. Mas eu não ligava, era ótimo sem ele. Hoje dia eu ainda gosto de lá, mas prefiro ficar sozinho. É bonito quando neva.

— A neve é mesmo a cara da sua personalidade. -- Hermione percebeu que Draco se retraiu um pouco ao falar de si e brincou, tentando amenizar o clima.

— Todo mundo gosta de neve. – Draco fez uma careta.

— Eu odeio neve. É terrível, congela nossos ossos, tudo fica desconfortável, me deixa gripada, forma uma lam—

— Ah, Granger! — Hermione foi interrompida pela reclamação, seguida de um beijo de Malfoy, mas no fundo não se importou muito, e riu, correspondendo logo em seguida.

Continuaram ali, conversando por horas. Hermione só percebeu que havia passado a noite com Malfoy quando notou o céu começando a mudar de cor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*Assoviando e olhando pro teto como se nada tivesse acontecido*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Vênus" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.