Na segunda-feira da outra semana, a aula foi totalmente normal e irritante. Antes do intervalo, eu tinha perdido J eremy de vista e estava achando isso muito estranho. Até que achei um bilhete em meu fichário, escrito assim:
“Meu Amor, estou com muitas saudades de você. Me encontre na sala mal-assombrada do colégio na hora do intervalo. Terei uma surpresa te esperando. Beijos, Jeremy”
Ao ler o bilhete, logo abri um sorriso enorme e me perguntava qual era a surpresa que Jeremy tinha para mim na sala mal-assombrada. A sala mal-assombrada era mais uma invenção dos alunos mais velhos para assustar os alunos mais novos, porém, quase todos tinham medo dela. Diziam que lá, vivem espíritos que querem atormentar todos que pisam naquele lugar. Por isso, ela é abandonada.
Quando bateu o sinal do intervalo, eu saí correndo para o terceiro andar. Lá, estava vazio como sempre. Tudo isso por causa da sala no fundo do corredor. Eu sorri sem pensar em nada e corri até a sala. Lá, parei diante a sala, respirei fundo e abri a porta.
Então, percebi porque ela se chamava sala mal-assombrada.
Porque ela acaba de fazer parte de todos os meus pesadelos.
A imagem que testemunhei ao abrir a porta da sala, era a mais dolorosa possível para mim.
Jeremy estava no chão aos beijos com ninguém menos que Laura Jensen. Ela estava de quatro em cima dele e agarrando seus cabelos.
Imediatamente, uma lágrima caiu dos meus olhos e eu saí correndo desesperadamente para o segundo andar. Corri para o banheiro e me tranquei em uma cabine. Lá, comecei a chorar e soluçar. Mas, tentei segurar os soluços, pois ouvi vozes entrando no banheiro. Infelizmente, as lágrimas eu não pude conter. Encostei minha cabeça na parede como se ela fosse a única que podia me entender naquele momento.
As vozes foram ficando mais próximas, então percebi que eram as gêmeas mais irritantes de todo o colégio. Elas conversavam animadamente sobre maquiagem e garotos.
Tapei meus ouvidos, porque não queria ouvir falar de garotos tão cedo.
Estava muito decepcionada com Jeremy. Quando eu finalmente começo a amá-lo, ele me trai. E essa dor era grande demais para caber no meu coração.
Então, ouvi uma voz que me confortava:
- Ei, vocês viram a minha irmã?
- Oi pra você também, Susan. – As gêmeas disseram.
- Respondem logo! Viram ou não viram? – Sue perguntou.
- Não, não vimos. – Respondeu uma das gêmeas. – Agora temos que ir. Tchauzinho...
Ao ouvir a porta do banheiro bater, eu saltei da minha cabine e quando vi, estava nos braços de Sue, chorando.
- Meu Deus! Lilly, eu te procurei por todo o colégio! O que aconteceu? – Ela perguntou, preocupada.
Eu estava chorando tanto que não conseguia dizer uma palavra. Sue me puxou e nós sentamos no chão do banheiro. Ela me abraçou, me reconfortando. Era estranho, porque naquela hora ela estava fazendo o papel de irmã mais velha e responsável ali.
- Você sabe que pode me contar tudo. – Ela disse.
- Foi uma das piores imagens da minha vida. – Eu falei.
- Que imagem, Lilly?
- Eu vi... O Jeremy beijando a Laura Jensen! – Gritei e caí em lágrimas novamente.
- O que?! Jeremy e Laura? Não tem nada a ver, Lilly! Ele sempre te amou e agora que te conseguiu, vai jogar fora? Isso não é a cara do Jeremy, tenho certeza. – Sue disse, apavorada.
- Eu não sei se é ou não a cara dele. Só sei que vi isso.
- Meu Deus... Será que não tem como ele se explicar? Talvez tenha sido um mal-entendido. – Ela disse, tentando me confortar.
- Não, Sue. Nada que eu vi ali foi um mal-entendido. E eu também não quero ouvir nenhuma palavra vindo da boca dele. Ele me enganou, me fez sofrer. Não merece uma chance de se explicar. – Disse.
- E o que você vai fazer agora?
- Eu não sei... Acho que vou para casa. Não ia agüentar olhar para ele de novo. – Eu falei. E logo depois o sinal do fim do intervalo tocou. Me levantei, ainda chorando e Sue me deu um abraço forte.
Corri para pegar minhas coisas e ir direto para casa.

Sue PDV

Eu estava tão preocupada com a minha irmã... Nunca tinha visto ela chorar daquele jeito. Era de partir o coração de qualquer pessoa. Eu sabia que tinha que ajudá-la, só não sabia como.
Corri para a minha sala, mas não consegui prestar nenhuma atenção na aula de Ciências.
- É... Com licença, professor? – Perguntou a secretária da escola, entrando na sala. – Eu queria avisar à Susan Tyler que a sua irmã, Lílian, foi embora, pois estava se sentindo muito mal.
Eu assenti. Joe logo olhou para mim, curioso.
Assim que a secretária saiu, levantei o braço e o professor, assentiu para eu falar.
- É... professor, o senhor pode me liberar também? – Perguntei.
- Por que? Também está se sentindo mal?
- Não, mas tenho que ajudar a minha irmã. – Respondi.
- Ok... – Ele disse, hesitante.
- Qual é o problema com a sua irmã? – Joe perguntou.
- Jeremy. – Respondi e fui embora correndo, com vários olhares nas minhas costas.

Cheguei correndo em casa e minha mãe perguntou:
- O que houve? Lilly saiu correndo para o quarto e não quis conversar comigo.
- Ah, é um problema com Jeremy. – Respondi.
- É algo sério?
- É. – Fui para o quarto, mas ouvi minha mãe resmungar:
- A cada dia estou perdendo cada vez mais o controle sobre minhas filhas...
- Sue? Por que está aqui? – Lilly perguntou, da sua cama quando me viu chegar.
- Não podia deixar a minha irmã sofrendo e não poder fazer nada. Dane-se as aulas. – Eu disse e ela deu um pequeno sorriso.
- Obrigada. – Ela falou.
Joguei minha mochila no chão e fui lá ficar perto dela.
- Não precisa agradecer. Você já fez isso várias vezes comigo. E você não tem uma irmã mais velha para consolá-la. Então, é hora da irmã mais nova entrar em ação. – Eu expliquei, provocando um risinho dela. – Então, como você está?
- Um pouco melhor. Mas, aquela cena não sai da minha cabeça. – Respondeu.
- Durma um pouco. Assim, você pode ter um tempo de paz, sem pensar nisso. – Recomendei a ela.
- Ok. – Ela disse e eu saí do quarto, para deixá-la sozinha com seus sonhos.

Lilly PDV

Acordei às 14:15hs da tarde. Por um momento, esqueci o que havia acontecido. Mas, depois tudo veio à tona. Bati a cabeça 3 vezes no travesseiro, gritando:
- Por que você fez isso comigo?
As horas que eu sentia mais paz eram quando ficava com meu violão.
Então, peguei ele e comecei a compor uma música.

Você me enganou

Eu confiei em você.
Me apaixonei por você.
E agora você me deixa sem ter o que dizer.
Com a sua atitude terrível demais para ver.

Por que você fez isso comigo?
Por que me deu este castigo?
O que foi que eu fiz?
Senta ao meu lado e diz.

Eu não fiz nada para merecer essa dor.
Só senti e testemunhei o amor.
Eu te amava tanto...
Então por favor, não se faça de santo.

Por que você fez isso comigo?
Por que me deu este castigo?
O que foi que eu fiz?
Senta ao meu lado e diz.

Você me enganou.
Me amou e me usou.
Agora, lágrimas sofridas escorrem de mim.
E eu sei que nunca mais vou lhe dizer sim.

Por que você fez isso comigo?
Por que me deu este castigo?
O que foi que eu fiz?
Senta ao meu lado e diz.

Por favor, não faça isso de novo.
Não seja bruto e não aja como um corvo.
Não agüentarei sofrer mais.
É o vento do amor que te leva e traz.

Ao terminar de escrever a música, deixei ela na minha cabeceira e voltei a chorar, lembrando da terrível imagem que eu vi na sala mal-assombrada. O tamanho da dor que eu sentia não se podia contar em números.