A Retribuição escrita por BadWolf


Capítulo 16
Durante o Adeus, Uma Saudação


Notas iniciais do capítulo

Hey!

E então, vamos a mais um cap.

Bom, vocês devem ter percebido que a postagem tá beeeem devagar, não é?
Pois então, estou com uma rotina muito atribulada. Este ano de 2015 trouxe muitas mudanças - mais até do que gostaria. Enfim, só queria dizer que sinto muito por meus problemas pessoais trazerem tantos problemas a esta história. Eu queria que as postagens fossem mais frequentes, mas prometo que farei o que posso. E queria me desculpar também por erros de português que com certeza vocês devem estar encontrando pelo meio do caminho.

Bom, chega de chorumelas e boa leitura!!!



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Cemitério de St. James. Londres, Inglaterra. 17 de Junho de 1900.


Uma garoa insistente, por fim, tinha cessado naquela manhã sombria e cinzenta. O cheiro da chuva, entretanto, permanecia no ar, tomando as narinas, misturado ao cheiro das fezes dos cavalos e da poluição das fábricas mais próximas. Jenkins detestava Londres por isso. Maldita cidade que não para de chover, amaldiçoava o meio-inglês, meio-russo agente da Ohkrana. Jenkins achava um mero acidente ter nascido na Inglaterra. Jamais se sentira inglês. Por sorte, isso não atrapalhou sua vida em Moscou. Pelo contrário, abriu até certas portas. Ao menos isto.

Não era difícil entender porquê o Duque Ivanov escolheu o Cemitério de St. James como local de encontro. Os jornais pela manhã já noticiavam o funeral do Inspetor-Chefe Edmund Reid, após dias de um inexplicável desaparecimento. Diziam os veículos de comunicação que quem associara tenazmente o sumiço do inspetor com a explosão da mina foi a esposa, Norah Reid. Decerto ela sabia que o marido escondia seus segredos lá, concluiu Jenkins. Haveria qualquer chance dela possuir qualquer coisa que incrimine Sherlock Holmes? Jenkins sabia que era difícil, mas considerava todas as possibilidades. E esperava que o Duque também pensasse assim. Ele mal esperava para colocar as mãos na mulher e na criança, fazê-los pagar pela perda desnecessária de seus homens...

E falando no Diabo, lá estava ele. Vestido com um grosso sobretudo negro, decerto para se misturar a todos que compareceram ao enterro do inspetor. Jenkins ria internamente do quão destoante estava o Duque Ivanov, em meio a tantos civis. Embora estivesse de preto dos pés à cabeça, seu traje luxuoso e completamente inadequado para um dia de calor não ajudava em discrição.

–Então, me parece que seu plano saiu um tanto dos eixos... – questionou o Duque Ivanov, após alguns segundos de silêncio. Ambos contemplavam, a uma distância segura, a cerimônia de enterro de Reid. Em suas vistas, estavam a esposa e a criança, claramente enlutados e tristes. Não seria exagerado concluir também que metade da Scotland Yard estava ali também. Policias de todas as patentes e níveis estavam presentes para se despedir do famoso colega.

O som do caixão sendo coberto por terra era abafado pela prece final do pastor.

–Entregamos à terra o corpo do nosso querido irmão Edmund Reid - terra à terra, cinza às cinzas, pó ao pó; e encomendamo-lo ao julgamento justo e misericordioso d'Aquele que conhece inteiramente o coração dos homens, Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.

–Amém. – repetiram todos os presentes. Após fazer um inadequado sinal da cruz – uma vez que aquela era uma cerimônia protestante -, Jenkins continuou, quase cochichando no ouvido do Duque.

–Sim. O maldito miserável... Levou praticamente todos os meus homens juntos. Quem não foi morto naquela explosão perdeu uma perna ou um braço.

–Homens são substituíveis, Mr. Jenkins. Todos eles, na verdade. – insinuou duramente o Duque, congelando as veias de Jenkins.

–Minha vontade é de mandar a esposa e o fedelho deste inspetor ao quinto dos infernos também. – disse Jenkins, enquanto observava Norah sendo consolada por alguns oficiais da Scotland Yard.

O Duque, no entanto, não parecia gostar da idéia.

–Poupe energia. A morte da mulher e da criança não nos dá serventia alguma, só irá atrair ainda mais atenção indesejada. Reid está morto, e levou suas provas consigo. Teremos de buscar outro meio de atingir Sherlock Holmes.

–Meus homens estão vigiando a casa. Conseguimos instalar uma escuta com relativo sucesso. Foi necessário alugar o edifício ao lado do 221-B para isto, mas tudo deu certo. Há uma escuta na tubulação, e nos permite escutar conversas. E o que me chegou até agora é que suas suspeitas estão deveras corretas, Sua Graça. Realmente, Sherlock Holmes e Mrs. Sigerson, ou melhor, Esther Katz, vivem uma espécie de casamento secreto.

O Duque pareceu interessado.

–Prossiga. – pediu.

–Meus homens andaram a perguntar pela vizinhança, e também escutaram conversas íntimas entre os dois, quando estão sozinhos.

–Adoraria escutá-las. Mas não há tempo para isto. Peça para que eles continuem a escutar, até conseguirmos algo relevante. Aliás, conseguistes escuta nos aposentos de Esther, também?

Esther. O Duque sempre a chamava de forma íntima, percebeu Jenkins. Desde que o nome da mulher apareceu, as atenções do Duque se voltaram para ela. Ele adoraria entender o porquê desta recente obsessão do nobre para com a moça, mas sabia que uma mera pergunta poderia significar sua morte. Precisou guardar sua curiosidade para si.

–Não. O apartamento dela é afastado e não dá para instalar. O máximo que consegui foi na sala de estar de Holmes, entretanto, isso já se mostrou o suficiente...

–Eu digo quando for suficiente, Jenkins. – interveio o Duque, com firmeza. – E por hora, estou parcialmente satisfeito. Espero que seus próximos passos sejam melhores, e que menos erros sejam cometidos.

–Sim, Sua Graça.

Quando ambos estavam prestes a sair, acabaram avistando Norah Reid, acompanhada de uma mulher. Uma mulher loira, bonita, com o semblante triste como de todos os presentes, mas havia algo nela especial, percebeu o Duque. Algo que irradiava força.

A viúva do inspetor e acriança, sendo escoltados pela moça, caminhavam em direção ao portão principal, e acabaram passando pelo Duque e Jenkins. O agente da Okhrana limitou-se a disfarçar, fingindo também estar triste, mas o Duque adotou uma tática diferente e inusitada.

–Sir...? – Jenkins ficou boquiaberto, ao notar o Duque dando alguns passos em direção a Norah e a mulher misteriosa.

–Minha senhora... – disse o Duque, retirando a cartola. – Gostaria de deixar meus pêsames pela morte de seu marido.

Norah apenas assentiu, voltando a ficar com a cabeça baixa e abraçando seu filho. A mulher que estava ao seu lado, ajudando-a, entretanto, pareceu momentaneamente pálida.

Seus olhos.... Havia algo de familiar ali...

–Perdoe-me, senhorita... – disse o Duque, se voltando à misteriosa mulher loira. – Mas nós nos conhecemos de algum lugar?

–Creio que não. – disse a mulher misteriosa, friamente. O Duque pensou em perguntar seu nome, mas logo um tumulto de jornalistas e uma confusão entre alguns guardas da Scotland Yard lhe impediu de fazer qualquer pergunta.

Aquela mulher... Eu a conheço de algum lugar...

–Estás bem, Sua Graça? – perguntou Jenkins, ao notar o semblante confuso do nobre. Após alguns segundos, entretanto, o Duque pareceu voltar à si.

–Sim, estou bem. Acho que é melhor voltar para o Hotel, antes que volte a chover de novo nesta maldita cidade. Dê-me notícias.

–Como queira, Sua Graça.


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Malditos jornalistas.

Retirar Norah e o pequeno Eric naquela confusão de abutres impertinentes foi complicado, mas graças aos esforços dos colegas de trabalho de Reid eles conseguiram despista-los.

Para não dizer do Duque Ivanov, presente ali. O que ele estava fazendo ali, no enterro de Reid, um homem que ele sequer conhecia? A presença dele, depois de tantos anos, trouxera pânico a Esther. Ao estar cara a cara com o Duque, Esther sentiu suas pernas tremerem e um arrepio sufocante na espinha a lhe acossar. Ele ainda trazia um sorriso gentil, e se esforçava em esconder o forte sotaque russo. E ao notar seu gélido olhar sob ela... Esther sentiu uma súbita náusea.

–Você está bem, Sophie? – perguntou Norah, ao notar Esther pálida.

–Sim. Só não gosto de enterros, é isto. – justificou Esther, recebendo um assentimento pesaroso de Norah.

Sabendo que a casa dos Reid estaria cercada por jornalistas, Esther decidiu levar sua amiga e a criança para Baker Street.

Mrs. Hudson ajudou a recepciona-los. Ofereceu ao pequeno e guloso Eric biscoitos e leite, que o menino prontamente aceitou. Norah pareceu aliviada em ver seu filho mais animado.

–Eu me sinto culpada por enganá-lo. – disse a viúva, aceitando uma xícara de chá das mãos de Esther. – Eu disse a ele que Edmund estava viajando, enquanto procuravam o corpo... Só pude contar agora de manhã. A reação dele... Por Deus, Sophie, foi tão horrível...

Esther se aproximou da amiga, tentando consolá-la.

–Jamais pensei que Eddie me deixaria tão cedo. Ele sempre voltava para casa... Não posso entender o que aconteceu. Pensei que esse cargo de Inspetor-Chefe o livraria dos perigos de trabalhar em campo. Nos últimos tempos ele estava investigando tão pouco... “Faço mero trabalho administrativo”, ele me dizia. Não posso entender... Será que foi um caso antigo?

–Norah, pare de pensar nisto agora... – pedia Esther, pois sabia que tais pensamentos apenas trazia sofrimento.

–Ele estava na mina... E eu tenho certeza de que ele escondia coisas do trabalho dele ali. Quando eu soube que aquela mina explodiu... – Norah sequer conseguiu terminar a frase, caindo no choro outra vez.

Sherlock Holmes estava em seu quarto quando ouviu o som de um choro feminino. Terminando de trocar as cordas de seu violino, o detetive rolou os olhos. Decerto Esther e seu espírito de bom samaritano trouxera Norah para Baker Street. Holmes chegou a pensar em ir ao enterro, mas sabia que não seria bem recebido pelos colegas de trabalho de Reid. Todos da delegacia de Whitechapel sabiam da má relação do detetive consultor e do inspetor. Se soubessem que Reid era detentor de seu maior segredo...

–Mrs. Reid. – disse Holmes, no limiar da porta de seu quarto, após um leve pigarreio. – Eu sinto muito por sua perda.

Após um suspiro, e enxugar outra vez suas lágrimas em seu lenço, Norah assentiu.

–Tenho consciência de que minha relação com seu marido não era das mais afáveis, mas saiba que o Inspetor tinha minha total estima. Ele era um homem honesto e íntegro.

–Obrigada, Mr. Holmes. Tenho certeza de que isso era mútuo, muito embora Reid jamais tenha dito com todas as letras. Os senhores eram mais parecidos do que pensam.

Holmes deixou escapar um leve sorriso.

–Deveras. Se nos encontrássemos agora em situação oposta, ele teria dito o mesmo para Sophie. De todo modo, eu escutei uma menção a algum caso antigo...

Esther fez um semblante de poucos amigos.

–Sherlock... – disse, alertando-o. Mas Norah a ignorou.

–Não há problemas, Sophie. Uma vez, eu soube que Reid possuía parte de uma mina esgotada. Mina esta que Reid e sua família costumavam trabalhar, quando Reid ainda era um menino. Por que ele teria tal coisa? Isso sempre me intrigou. Quando o pressionei uma vez, ele me disse que guardava coisas importantes ali, mas não deu muitos detalhes. Foi dada pouca importância à explosão desta mina, pois aparentemente, ela estava abandonada e ninguém teria morrido. Mas Reid já estava desaparecido há 3 dias, sem qualquer vestígio ou suspeita. Foi então que sugeri à polícia que investigasse ali e...

–... E eles encontraram os corpos. – completou Holmes, diante da voz embargada da viúva.

–Só reconheci o corpo de Reid graças... Graças à nossa aliança. Também foi reconhecido o corpo de um jornalista, Mr. Albin, devido a dois dentes de ouro. Ele tinha desaparecido na mesma noite. Outros três corpos foram encontrados, mas sem identificação.

Holmes parecia analisar todo o desenrolar.

–Então, seu marido morre em uma explosão no local onde ele costumava esconder coisas de interesse, sendo ele acompanhado de um jornalista e três pessoas... Deveras intrigante.

–O que está sugerindo, Mr. Holmes?

Após um breve silêncio, Holmes retrucou.

–Nada por hora, Mrs. Reid. Nada por hora. – disse o detetive, com o olhar distante. Esther conhecia bem aquele olhar. O típico olhar de Holmes perante um caso interessante.

Ao perceber que Holmes deixara a sala, decerto para se trancar em seu quarto e tocar violino enquanto pensa, Esther decidiu tocar em outro tópico.

–Norah, você conhecia aquele homem?

–Que homem, Sophie? Vi tantos rostos naquele cemitério...

–Aquele, que te deu os pêsames na saída do cemitério...

Norah pareceu compreender.

–Não, jamais o vi. Mas isso não me assusta. Reid conhecia tanta gente. Posso dizer que um quarto dos presentes naquele cemitério era estranho a mim. Mas ele parecia conhecer você.

–E-Eu?! – questionou Esther.

–Sim, ele perguntou “nós já nos conhecemos de algum lugar”, não foi?

–S-Sim, foi. – disse Esther, quase pálida. – Mas ele se confundiu.

–Que bom. Havia algo nele que me trouxe desagrado. Reid sempre disse que eu tenho uma espécie de sentido para isto, muito embora desdenhasse do que eu chamo de “intuição feminina”. Mas são poucas às vezes em que erro. E... Não sei. Havia algo de sombrio nele. De... Maléfico em seus olhos. Mas ainda bem que tudo não passou de um grande engano.

Esther deu um forte gole em seu chá.

Como eu queria que fosse um grande engano, Norah. Como eu queria que fosse...


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Notas finais do capítulo

E o Duque viu a Esther!!!!! :O :O

Ainda bem que ele não a reconheceu!!! Pudera, ele a viu quando ela ainda era uma menina de 11, 12 anos.... Mas ainda assim, ficou intrigado... Esther que não se cuide...

Mas o que eu me pergunto é: será que ela vai contar desse "encontro" com o Duque para o Holmes?
Aguardem os próximos caps!!!

Obrigada pela leitura e pela paciência com essa fanfic tartarua, e deixme reviews!!!
Bjs e até o próximo cap!



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