Uma canção de esperança escrita por Lu Rosa


Capítulo 25
Vinte e Cinco




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– Aqui. – Gerard apontou um ponto no mapa. - O comboio seguirá por essa linha férrea. Se conseguirmos interceptá-la, poderemos retirar a carga e render os soldados. Com sorte, os pegaremos sem a necessidade de uma batalha.

– O que será ainda mais humilhante para eles. – comentou Huntingdon. – Perfeito. Agora só precisamos reunir uma quantidade boa de homens e aguardar.

– Consegui falar com meus contatos. – revelou Claude – Não disse exatamente o que era, mas deixei claro que iríamos precisar de muitos homens.

– Se conseguirmos pelos menos dois ou três franceses para cada alemão os subjugaremos sem esforço e sem baixas.

– Como o trem ira passar pelas cercanias de Paris, precisamos dos grupos que ficam por perto.

– Alguém sabe quem são os líderes desses grupos? – perguntou Huntingdon.

– Só há um grupo nas redondezas. São liderados por tal de Julian Desmonts.

Gerard levantou a cabeça do mapa que estava estudando.

– Julian Desmonts? – perguntou ele.

– Sim. Você o conhece? – perguntou Cavendish.

– Sim. Era ex-pupilo de Lucille.

– Você acha que ele pode nos ajudar? – indagou Huntingdon.

– Fará qualquer coisa contra os nazistas. Estava na última emboscada a eles no dia em que a mulher de Von Gorthel chegou. Estava com um grupo de dez homens. Perderam só dois. Dizem que Von Gorthel ficou furioso pelo armamento perdido. – relatou Gerard.

– Hum. O rapaz é um bom estrategista. Talvez devamos falar com ele.

– Eu vou. – avisou Gerard.

– Leve a copia dos documentos com você. Assim ele terá as informações que precisa.

– Certo. – Gerard recebeu o envelope das mãos de Huntingdon.

– Amanhã à noite estarei indo para a Inglaterra. Querem que eu leve alguma coisa?

Claude e Gerard se entreolharam.

– Não. Só diga que estamos bem. – pediu Gerard

– E que ainda vivos, se interessar à Vossa Senhoria. – completou Claude.

Gerard revirou os olhos para a ironia do irmão. Huntingdon sorriu e saiu.

Claude aproximou-se do irmão.

– Julian Desmonts não é o homem que está morando com Lucille. – perguntou ele.

– É. – respondeu Gerard dobrando o mapa e colocando no envelope.

– E que odeia você de morte?

– É. – ele olhou para o irmão com ar inocente.

– E você vai sozinho encontrá-lo no acampamento aonde ele vive?

Gerard verificou sua arma e pegou seu casaco.

– Essa é a ideia. – ele começou a caminhar em direção à porta.

– Gerard, você não vai! Pelo menos não sozinho.

– Claude...

– Não adianta discutir, Vermont. Você não vai sozinho e acabou. Vou com você. E não discuta com seu irmão mais velho. – ele avisou abrindo a porta do carro.

Gerard olhou para o irmão querendo rir. Há muito tempo Claude não usava esse argumento com ele. Gerard não teve outra opção a não ser abrir a porta e entrar também

– Está bem, vamos.

***

Um homem se aproximou de Julian e disse:

– Julian, tem um homem ai querendo lhe ver.

Julian olhou para o homem e estranhou:

– Me ver?

– Isso. O nome dele é Vermont.

– Vermont? Não conheço nenhum Vermont. Só aquele professor bastardo que...

Um homem saiu das sombras dizendo:

– É uma tristeza que você se lembre de mim nesses termos, Desmonts. Mas acredito que você já tenha me chamado de coisa pior.

Julian arregalou os olhos.

– Não pode ser! Você está morto. Lucille me disse. Você está morto!

– Eu saí de circulação. É diferente – Gerard esclareceu. – Eu saí de cena para assumir outra missão.

– Você está morto para ela.

Gerard olhou para ele atentamente.

– E ela está morta para mim. É isso que você quer dizer, não é? E você realizou seu sonho juvenil?

Julian estufou o peito como um galo querendo disputar espaço.

– Sim. Ela me pertence.

Gerard riu.

– Eu sempre soube o que você sentia por ela, rapaz. Desde quando nos encontramos pela primeira vez. Eu vi a raiva em seu olhar.

– Você foi muito observador.

– Faz parte do meu trabalho. E é sobre ele que eu vim lhe falar. – Gerard tirou um envelope de dentro do seu casaco. – São planos de um novo carregamento de armas a ser enviado pelo Reich. Passará pela França em direção à África. É claro que um carregamento assim está superprotegido, mas com o fator surpresa e um grupo grande de homens poderá facilmente ser arrebatado. Um golpe e tanto nas forças nazistas no deserto e um golpe pior ainda no comando de Von Gorthel. Com um roubo desses, o Reich vai querer a cabeça dele.

– E isso te interessa?

– Enfraquecer e dividir são meio caminho para a conquista. Não vai acabar com o domínio nazista na França é verdade, mas vai deixá-los com o moral baixo. Além de dar mais tempo às forças aliadas no norte da África.

Julian olhou para o envelope que o outro lhe estendia.

– Como vou saber se isso não é uma armadilha?

– Basta ver o carimbo. Vai ver que os documentos estão com o selo da chancelaria do Reich. Mas se você não quiser arriscar, eu mostro para algum outro grupo. – Gerard se virou como se fosse sair.

– Espere! – Julian segurou o braço dele. Gerard o repeliu sacudindo o braço. – Eu não desisti da missão.

– Mas também não a aceitou. Entenda, rapaz... Nesse negocio você tem que ser rápido em tomar decisões. Os documentos estão aqui. São cópias, é claro.

– Está bem. Eu fico com a missão. Espero que valha a pena. – ele pegou o envelope.

– Irá valer a pena, eu garanto. Depois de se reunir com seus homens e com outros líderes, procure o senhor Claude Favel em Paris. Ele lhe colocará em contato com o restante do grupo. Agora eu tenho que voltar. Tenho outros negócios a resolver. – Gerard virou-se para sair.

– Nenhum relacionado à Lucille, espero. Aliás, agora que estou com os documentos, eu deveria tornar verdadeira a sua falsa morte... – uma lâmina brilhou a luz da lua.

Gerard virou-se e sorriu diante da visão do rapaz segurando a faca.

– Tudo isso é medo que eu retome a minha esposa? Ela não é um objeto para pertencer a mim ou a você. Eu vou voltar para a Lucille. Vou fazer o que for preciso para reconquistar minha esposa. – Gerard afirmou determinado – E vou reconquistá-la, Desmonts. Esteja certo disso. E outra coisa, - o barulho de duas armas sendo engatinhadas foram ouvidas na noite – Caso você pense em usar sua faquinha. Achou mesmo que eu iria vir nesse encontro com você despreparado? Sabendo o que você sente a meu respeito e pela minha esposa? – ela frisou bem a palavra minha. – Você tem muito que aprender rapaz. – seguro de si, Gerard deu-lhe as costas e mergulhou na escuridão.

Enfurecido, Julian fincou a faca numa parede de madeira próxima.


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