Clarion já foi, em tempos que apenas anciões recordam, um reinado próspero. Um rei preocupado com seu povo, uma rainha bondosa. Bons tempos. No entanto, alguns anos depois, surgiu uma concubina. Esta era fútil, continuamente gastando os impostos em jóias e vestidos caros. Ao passo que a rainha ficava mais débil, a concubina tornava-se mais poderosa. O rei já não era mais o mesmo: aparentava ser apenas uma marionete de sua concubina. Toda sua honra e glória foram estilhaçadas pelas mãos dela.

Revoltas começavam a aparecer. Ninguém estava contente com a situação do país. Quanto mais caros os impostos iam ficando, mais pessoas declaravam falência, mais aumentavam os preços dos produtos e mais pessoas perdiam suas casas. A fome e a miséria tornaram-se comuns. A sociedade estava virando o caos, uma revolução prestes a estourar, até que a concubina resolveu reviver uma lenda há muito tempo esquecida: as bruxas Aracneas.

Dizia-se que, se alguém quiser mudar o seu destino, deveria enfrentar a fúria das bruxas Aracneas. Elas eram cruéis e sanguinárias. Não mediam esforços para matar brutalmente qualquer um que ameaçasse a ordem natural dos fatos. Ninguém deveria se rebelar nem questionar o seu rei. Caso o fizesse, estaria violando não somente o próprio destino como o destino do reino e as consequências para isso seriam graves, diziam que era tão desesperador que a pessoa implorava pela morte. Essas bruxas não tinham nem um pingo de piedade.

Eram criaturas horrivelmente feias que poderiam matar alguém de susto só por sua aparência. Ninguém voltou de um encontro com elas para contar com mais detalhes. Viviam no meio das florestas e só apareciam nos vilarejos e cidades raramente, e, na maioria das vezes, estavam disfarçadas. Entretanto, quando elas caçavam alguém, não tinha como fugir. Não adiantava se esconder, elas sabiam o que fez e exatamente onde estava. Restava apenas rezar muito para ter uma morte rápida. Bem, é isso o que diziam.