“03 de março de 2015

Caro Christopher,

Tive aula de biologia com um dos gêmeos hoje, Bryce, o dançarino. Gostiaria de ficar sem dupla no laboratório, mas aluno que entra no meio do ano não tem muita escolha, não é? Fizemos uma dupla, Bryce e eu, devo confessar que começamos a conversar muito rápido, acho que ainda tem remédio correndo em minhas veias, ou isso, ou minha doença está regredindo e eu estou parando de desconfiar das pessoas.

O professor nos passou um trabalho para ser entregue na semana que vem Bryce virá aqui amanhã para começarmos, não queria que ele viesse, não conhecendo-o a tão pouco tempo, mas depois de tudo o que aconteceu, não preciso te relembrar, minha mãe não me deixa sair de casa tão facílmente assim.

Almocei com a mesma galera de ontem, fui arrastado pelo Bryce para lá, acho que estavam fazendo de tudo para me integrar ao grupo grupo, mas sei lá, ainda é cedo para dizer. Comecei a notar algumas diferenças nos gêmeos, como por exemplo, Bryan possuía um furo na orelha esquerda, apesar de eu nunca vê-lo usar um brinco ou alargador, ele era mais quieto e reservado que o irmão e parecia não gostar muito de mim.

Pouco antes do almoço acabar, eu fui para o banheiro e acabei me esbarrando com uma bela garota afro-americana, ela tinha um cabelo cacheado e olhos verdes claros que migravam para o castanho, ela era linda.

–Porque anda com eles, novato? - ela me perguntou.

–Como assim? - perguntei de volta.

–Eles não são seus amigos.

–Deixa o garoto em paz, Diana – Bryce falou vindo por trás de mim e a garota foi embora.

Bryce me contou que Diana era uma dançarina, a melhor da escola, ela dividia o posto no grupo com ele, até que ela quebrou a perna e parou de dançar.

Quando voltei para casa, minha mãe havia saído e meu pai estava no trabalho. Pelo menos não ouvi nenhuma discussão deles hoje.

Mudando de assunto, acho que te vi na rua hoje. Está de volta? Me fala assim que der.

Até mais Chris”.