“01 de março de 2015

Caro Christopher,

adivinha, mamãe foi “transferida” de novo, ela acha mesmo que eu não faço ideia do que ela faz. Vou começar a estudar em uma escola nova amanhã, mais uma escola de riquinhos esnobes, detesto eles, detesto tudo isso.

Era para eu tomar os remédios hoje, mas eu cuspi assim que mamãe saiu, estou ficando rebelde. Me sinto cansado de ficar sempre tão limitado, Kyle me disse da última vez que nos vimos que me drogam porque tem medo de onde eu posso chegar, eu não sei, não consegui falar com ele hoje, Nolan chegou em casa na hora que eu o vi, aquele filho da puta. Adora me exibir para os investidores, o filhinho artista, com vocabulário culto que encanta a todos. Ontem ele estava novamente tentando convencer minha mãe a me internar. Tudo bem, eu admito que não sou fácil de lidar, mas pensar em me internar?

Queria que você estivesse aqui agora, escrever para você e conversar pessoalmente não é a mesma coisa. Porque ninguém nunca me entende? Só você consegue me entender Chris. E eu estraguei tudo. Estou chorando e rindo amargamente agora.

Até mais, Chris.”

Guardei o diário no fundo falso da minha escrivaninha e me deitei, colocando meu rosto no travesseiro para enxugar minhas lágrimas e abafar meus soluços.

Estava pegando no sono, quando senti um peso sobre minha cama. Ele passou a mão em meus cabelos e me levantou, me deixando sentando na cama. Christopher enxugou minhas lágrimas e me abraçou.

–Vai ficar tudo bem, Adam – ele sussurrou em meu ouvido – Vai ficar tudo bem.

–Porque eu tinha que estragar tudo? - sussurrei de volta.

–Você não estragou, Adam. Eu ainda estou aqui, não estou?

–Está. Está dentro da minha mente. Em um sonho.

Acordei com o despertador tocando.

Queria que você estivesse aqui, Chris.