Para toda eternidade escrita por Palégia


Capítulo 2
Queime! – Fogo de determinação


Notas iniciais do capítulo

Ok, novo capítulo! O capítulo de hoje conta a história do protagonista principal de Shadow of the colossus, Wander! É isso! Espero que gostem do capítulo!!



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“Meu nome é Wander, senhor!”

Foi numa madrugada chuvosa de sábado para domingo quando se pode ouvir um choro de recém-nascido ecoando por toda casa. Era um menino, pequenino e aparentemente saudável. Aquele garoto tinha sido o primeiro filho do casal e é claro que eles estavam extremamente felizes. A parteira entregou o bebê nos braços da mãe, ela ainda ofegante tomou seu filho e acariciou seu rosto.

– Olhe, amor! Ele se parece com você! – dizia Elza comparando a semelhança que o bebê tinha com seu pai.

– Sim... – Nito não era um homem sensível, porém aquela ocasião tinha amolecido seu coração. Ele ainda se mostrava sério por fora, mas ele sabia que estava extremamente feliz. – Qual será o seu nome, meu filho?

– Eu tenho uma sugestão... – breve pausa. – Seu nome será... Wander!

– Wander... – pondera seu pai acerca do nome escolhido – Ótimo nome!

O tempo passou e Wander se tornou o primeiro e único filho do casal. Aquele garoto ruivo levava uma vida fácil na aldeia Dohan. Sua família tinha condições econômicas para garantir o melhor em termos de alimentação e vestimentas da época. Sua mãe, Elza, era uma curandeira que servia de exemplo para os aprendizes mais jovens, ela também era bastante hábil na fabricação de remédios para auxiliar no tratamento das enfermidades dos aldeões, e também na produção de venenos e toxinas poderosas que ajudavam o exército da aldeia. Seu pai, Nito, era um general, uma espécie de capitão para o exército daquela aldeia. Por ser general e fazer parte do exército de Dohan, Nito era uma pessoa muito ligada ao líder da aldeia, Lorde Emon.

Anos se passaram e agora Wander estava com 13 anos. Era um garoto não muito alto, franzino e não demonstrava ser tão forte fisicamente – na verdade ele não era – mas Wander possuía determinação e força vontade para atingir seus objetivos. Nessa idade ele já implorava para o pai para que pudesse ensiná-lo a usar algum tipo de arma e quando crescesse mais um pouco se juntasse ao pai no exército. No fundo Nito gostaria que seu filho viesse a se tronar um grande guerreiro, mas ele sabia que Wander não possuía as qualidades necessárias, então ele apenas tentava direcioná-lo para outro caminho.

Ele tentava explicar para Wander, sem magoá-lo, que o seu condicionamento físico não era dos melhores para se tornar um soldado e sempre recomendava a Wander para que ele fosse um aprendiz de sua mãe na medicina.

– Olhe para ele Elza... – dizia Nito enquanto observava Wander brincando com um pedaço de madeira fingindo ser uma espada. – O sonho dele é se tornar um guerreiro... – falava em tom de deboche

– Ele é um garoto saudável, deveria tentar ensiná-lo alguma coisa.

– Ele não tem o porte físico adequado, Elza. Você sabe que ele não tem.

– Sim, eu sei. Wander é um garoto não muito alto e também não muito forte, mas você poderia transformar a fraqueza dele em força. Pense bem, amor.

Nito passou dias pensando sobre o que Elza tinha falado. Ele começou a procurar e analisar posições no exército em que as fraquezas de Wander ganhassem um encorajamento maior. Foi aí que ele teve uma ideia. Certo dia, em dos raros momentos em que Nito estava em casa junto com sua família, ele chamou Wander para apresentar a sua ideia.

– Filho, vem cá. – Wander se aproximou – Você que ser um guerreiro, não é?

– Sim! Igual ao senhor, pai!

– Certo, certo. – Nito ficou feliz por ter ouvido aquelas palavras, mas como sempre não demonstrou. – Vem comigo, quero te mostrar uma coisa!

Nito levou Wander até o campo de treinamento de Dohan. Era lá que o exército da aldeia treinava a parte física e armava suas estratégias de batalha contra os inimigos.

– Tudo bem, filho. – Nito entrou em uma espécie de galpão. Ele procurava alguma coisa. – Você será um arqueiro! – Nito entregou a Wander um arco grande, feito da mais nobre madeira – E então? Gostou? Eu que fiz!

A decepção no rosto de Wander era nítida. Ele queria se tornar um guerreiro para manusear uma espada e se tronar herói de guerra como o seu pai, mas aquilo tudo era sonho de criança, seu pai tinha uma visão mais ampla nesse aspecto e sabia que Wander ia se sair muito melhor como arqueiro.

Dois anos se passaram desde de que Wander ganhou seu arco e passou a ser treinado pelo seu próprio pai. O garoto ruivo agora estava com 15 anos e um pouco mais alto. Wander não cresceu apenas em estatura mas também em maturidade, ele agora era um rapaz mas responsável, outra coisa que não parou de crescer no jovem foi a determinação e a vontade, estas que sempre foram características marcantes na personalidade de Wander. Ele ainda queria se juntar ao exército da aldeia mas para que isso acontecesse Wander teria que vencer um desafio que seu pai considerou como “o teste final”.

– Está pronto?

– Quando o senhor quiser.

Nito teria que acertar uma maçã em cima de uma pedra a uns 100 metros de distância, ventava muito e ele só tinha direito a um tiro, a mesma coisa teria que ser feita por Wander logo em seguida. Nito armou o tiro e direcionou o arco um pouco ao lado do alvo para que a flecha pudesse fazer uma curva em sua trajetória e acertar a maçã com mais precisão.

– Pai. – Nito permaneceu na mesma posição que armou o tiro e não desviou o olhar do alvo – Antes de atirar, diga-me uma coisa.

– Está tentando me desconcentrar? Fique sabendo que não está dando certo...

– Não, não é isso. Responda apenas uma pergunta: o que o senhor está vendo?

– Que tipo de pergunta é essa?!

– Pai, apenas responda...

– Eu estou vendo as montanhas atrás da pedra, estou vendo a arvore, estou vendo a pedra, a maçã...

– Certo. Pode atirar.

Sem entender muito bem o propósito da pergunta, Nito continuou na posição em que estava. Elza assistia tudo de longe e sabia o que aquele teste significava pra Wander, ela sabia que os dois ficavam bem sérios quando estavam treinando. Nito se concentrou mais um pouco e atirou. A flecha foi veloz, e como o próprio Nito tinha previsto ela fez a curva no ar. Entretanto, a curva fez com que a flecha se desviasse do caminho e acabou acertando a pedra abaixo da maçã.

– Minha vez. – disse Wander num tom de confiança

Naquele momento Elza olhava atentamente, ela estava torcendo muito para que Wander acertasse aquela flecha. Ele inclinou o arco para cima e, assim como seu pai tinha feito, direcionou o arco um pouco para o lado esquerdo.

– Wander, qual era o proposito daquela pergunta? – perguntou seu pai ainda confuso.

– Pai... – Wander não se moveu, continuou fixo na mesma posição. – Sabe o que eu estou vendo? – breve pausa. – Apenas a maçã.

Wander soltou o tiro. A flecha fez uma curva esplendorosa no ar, uma curva que ia velozmente conduzindo a flecha até o alvo. A flecha de Wander foi certeira.

– Isso! Isso! – Elza dava pulos de alegria.

– Exibido. – Resmungou Nito

– Eu consegui! Eu consegui! – Wander estava tão feliz quanto sua mãe – Eu consegui mãe! Eu consegui! – dizia Wander enquanto a abraçava.

– Tudo bem, tudo bem. Você venceu. Tem minha permissão para se inscrever no exército da aldeia. Mas lembre-se: você ainda precisa ser aceito pelo general.

– Eu sei, pai! Mas acho que não diria não para o seu filho que acabou de provar que é melhor do que o senhor! – falava em um tom cômico.

– Escute, Wander. Ser aceito como membro do exército não é pra ser uma coisa engraçada. Pessoas morrem, pessoas sofrem, nós passamos fome, nos ferimos, e temos que aprender a dar a vida pela a nossa aldeia se preciso for. Você entende o que isso significa?

– Sim, meu pai – disse Wander num tom mais sério

– Ótimo. É por isso que ainda preciso ver se vou aceitar sua entrada no exército. – Wander ficou cabisbaixo no momento, ele via mais um obstáculo se formar, um obstáculo que não dependia dele para ser vencido. No fundo ele sabia que aquilo tudo era porque o seu pai não queria o pior pra ele, mas mesmo assim ele queria entrar no exército – Mas, de qualquer forma... Você se tornou um excelente arqueiro nesses dois últimos anos. Meus parabéns, filho! – Wander ainda cabisbaixo sorriu e se alegrou com o comentário final do pai.

Aquilo animou Wander, ele saiba o quão era difícil ganhar um elogio do seu pai. Elza também estava muito feliz por ele, ela inda continuava torcendo para que ele entrasse no exército da aldeia. A seleção dos candidatos iria ser no dia seguinte, Wander iria comparecer mesmo esperando receber um não. No dia seguinte. No salão de treinamento, vários jovens ficaram enfileirados, o general Nito ia vendo a ficha técnica do soldo, avaliava-a junto com outros soldados experientes e dava a resposta final, ele decidia quem entrava no exército e quem saia. Ele não estava certo se Wander iria ou não comparecer, ia ser difícil para Nito dar uma resposta para seu filho.

Nito começou pelo primeiro da fila. Ele pegava a ficha técnica do candidato e analisava a sua posição. Ele e mais alguns soldados comentavam e enfim tinha-se uma decisão.

– Fora! – Wander se assustou com o primeiro não, e o pior que isso se seguiu até chegar na sua vez, era raro ouvir um sim. – Fora! – quando acabou de dar um não para o candidato que estava na frente de Wander, Nito viu que seu filho tinha comparecido. Naquele momento ele ficou preocupado pois finalmente teria que dar alguma resposta para Wander. – Dê-me sua ficha. – Nito tratou Wander como um candidato comum.

Wander sem dizer uma palavra entregou sua ficha para o pai. Nito examinou e comentou em voz baixa com seus companheiros. Ele finalmente tinha sua resposta.

– QUAL É O SEU NOME?!

– Meu nome é Wander, senhor!

– VOCÊ QUER SER UM SOLDADO?!

– Sim, senhor!

– Pois bem... – Nito baixou o tom de voz, colocou suas mãos sobre os ombros do filho e com um sorriso no rosto deu sua resposta. – Você está dentro, meu filho!

– Obrigado pa-, senhor! – Wander fez uma reverência. Seus olhos encheram de lagrimas de tanta emoção.

“Meu filho... Você irá lutar ao meu lado agora... Esse seu fogo de determinação permitiu que chegasse até aqui... Queime!” Nito guardava pra si todos os pensamentos que tinha, ele apenas manteve a expressão séria e passou para o próximo candidato.

Em casa, todos celebravam a aprovação.

– Parabéns, meu filho! – Elza não parava de abraça-lo.

– Parabéns, filho. Ou eu deveria dizer “soldado Wander”?

– Obrigado, mãe, pai!

Semanas depois Wander ainda não tinha sido chamado pra nenhuma batalha, pois felizmente não tinha contra quem lutar. Porém, eventualmente ele aparecia no campo de treinamento. Ele continuava treinando e se aperfeiçoando no arco e flecha. Nito estava bastante feliz e decidiu presentear Wander com uma égua que acabara de nascer na sua propriedade.

– Wander!

– Sim, pai.

– Essa égua. Tome, é sua.

– Uma égua pra mim? – Wander examinou o animal que estava se esforçando para dar seus primeiros passos – Sério?!

– Sério. Você merece!

– Obrigado, pai!

– Que nome dará a ela? – Wander olhou para a égua por mais alguns minutos, observou suas características. Era uma égua negra com um sinal branco em forma de losango em sua cabeça – Wander?

– Agro. – breve pausa. – O nome dela vai ser Agro!

Wander e Agro construíram uma linda e forte amizade. Wander a amava e ela retribuía este amor, como qualquer outro animal bem cuidado amaria seu dono. Agro cresceu e se tornou uma égua robusta e forte, além de ter uma saúde de ferro, Wander ainda não sabia o que era cuidar de um animal doente.

O tempo foi passando, Wander finalmente fora escalado para sua primeira batalha, ele estaria bem acompanhado, estaria ao lado do seu pai. As falhas físicas de Wander eram compensadas pelo seu bom posicionamento no campo de batalha, ele também dava tiros certeiros, era um dos arqueiros mais habilidosos da equipe. Muitas coisa aconteciam enquanto Wander e seu pai passavam semanas fora da aldeia nas guerras. Em uma de suas saídas, Elza conheceu alguém, alguém que iria mudar a vida de Wander para toda a eternidade...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Não se esqueçam de comentar e, se quiserem, deixar sugestões!
PS: O próximo capítulo vai demorar pra sair, só dia 07 agora... (ou dia 08).



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