Para toda eternidade escrita por Palégia


Capítulo 3
Como uma pluma


Notas iniciais do capítulo

Novo capítulo! Eu tinha dito que o próximo ia ser só dia 07 ou 08, mas aí consegui postar ele hoje. O próximo fica pra o dia 07 ou 08. Espero que gostem do capítulo!



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“Meu amor...”

Foi na parte pobre da aldeia Dohan que aquela garota nasceu. A casa em que nascera era feita de madeira, a singela construção mal aguentava a tempestade torrencial que caia naquele momento tão especial. Apesar da casa ter sofrido sérios danos por conta da tempestade, tudo tinha ocorrido bem no parto. O pai, após ter sido obrigado a fazer o parto, segura sua filha em seus braços, em seguida ele a envolve com uma manta e a mostra para sua esposa.

– Olhe, Maruo... Nossa filha! – dizia Han alegremente.

– Como é linda! – Maruo apreciava a beleza de sua filha. – Vai se chamar Mono!

– Ela será abençoada pelo Lorde em breve!

– Sim!

A jovem que acabara de nascer era filha de um casal de camponeses que morava na parte pobre de Dohan. Seu pai, Han, um homem grande e robusto, era um exímio pescador, sustentava ele e sua esposa com essa atividade. Sua mãe, Maruo, era uma bela mulher, delicada, terna e serena, ela ajudava seu marido no comércio pesqueiro. Ambos viviam numa casa modesta de madeira velha feita por Han logo que ele passou a viver por conta própria. Eles não tinham as melhores condições para se viver, mas eram felizes apesar de tudo.

Dias depois de seu nascimento, Han e Maruo levaram sua filha para que Lorde Emon pudesse abençoá-la, uma espécie de batismo para aquele povo. Durante esse processo realizado por Emon, ele podia prever, por meio de inspiração divina, o destino da pessoa que estivesse sendo abençoada. Emon via, durante o procedimento, como aquela pessoa iria se posicionar em decisões importantes de sua vida e a que caminhos as decisões iriam levar, porém, ao repousar sua mão na cabeça de Mono, Emon ficou paralisado por alguns minutos.

Naquele instante em que repousara sua mão sob a cabeça daquela criança, Emon sentiu algo que nunca havia sentido antes. A menina possuía um destino amaldiçoado, um destino que colocaria em risco todo o povo da aldeia Dohan, a vida de seus pais e a vida dela mesma e, possivelmente, a vida de todo mundo. Emon era um bom líder para sua aldeia, segurança e conforto para o povo de Dohan era para ele imprescindível, por isso ele fez uma recomendação para os pais de Mono, visando apenas o bem de todas as pessoas envolvidas.

– Sua filha terá que ser sacrificada. – disse Emon friamente enquanto tirava a mão da cabeça de Mono.

– Porque, Lorde Emon? – indagou Maruo bastante alarmada.

– Sua filha possui um destino amaldiçoado. Um destino que põem em risco a vida de todos que fiquem ao seu redor, e isso é um fato que não pode ser mudado. Para o bem de vocês, para o bem da nossa aldeia, é o melhor a se fazer.

– Mas Lorde Emon, Mono é a filha que sempre queríamos ter. Deve haver outro jeito. – Han tentava desesperadamente convencer Emon.

– Eu não vou sacrificar minha filha! – Maruo chorava copiosamente enquanto abraçava sua filha.

– Se não for feito pelas suas mãos eu e meus homens cuidaremos disso.

– Espere! – vendo sua mulher chorar desesperadamente, Han percebe que há apenas uma coisa a se fazer. – Eu a matarei. – Maruo cessou o choro e olhou aterrorizada para seu marido. – Eu farei o que pede, Lorde Emon.

– Ótimo. Sei que parece doloroso para vocês no momento, mas acreditem, com essa atitude vocês estão livrando toda aldeia de um destino maldito. – Maruo continuava a olhar para Han com um olhar de terror. – Façam aonde quiserem, da maneira que quiserem... e estejam cientes disso: é o melhor a se fazer.

– Não... NÃO! EU NÃO VOU DEIXAR VOCÊ MATAR NOSSA FILHA! – Maruo protestava contra a atitude de Han enquanto ele a arrastava pelo braço para fora do templo.

Quando estavam do lado de fora do templo, Maruo segurava sua filha com todas as forças, enquanto Han pôs suas mãos sobre seus ombros.

– Maruo, escute! – ela não parava de espernear e chorar enquanto tentava proteger sua filha. – Maruo, ESCUTE!

– Você não é o homem que eu amo! Você é um monstro! Eu não vou deixar você matar a minha filha...

– Maruo, escute. Eu não irei matar nossa filha! Eu nunca faria isso!

– Você disse que iria matá-la, você disse ao Lorde Emon!

– Escute... eu tenho um plano... – houve uma breve pausa, tempo suficiente para Maruo se acalmar. – Vamos pra casa agora, pegaremos tudo que nos pertence e vamos fugir para longe daqui. – Maruo olhou para Han e afirmou balançando a cabeça.

Ao chegar em casa o casal recolheu todos os seus pertences e mantimentos que tinham. No final da seleção não se tinha muita coisa, mas era o suficiente para iniciar uma nova vida longe da aldeia. Não esperaram o outro dia, partiram assim que estava tudo em cima da carroça. Eles se dirigiram até o extremo sul da aldeia, a partir daquele ponto eles já estavam sem rumo. Depois de um dia andando sem parar, a família chegou até uma área de mata fechada. Han e Maruo concordarão em fazer uma casa improvisada ali mesmo.

– Aqui está bom. – disse Han avaliando o local. – Já estamos à quilômetros da aldeia, será difícil eles nos encontrarem aqui.

– Como vamos sobreviver aqui? – questionou Maruo.

– Fique tranquila, amor. Nós vamos construir uma pequena casa aqui. Vamos explorar os recursos desse lugar. – ao olhar para sua esposa, Han avistou uma tristeza no seu rosto. – Maruo... Nós somos uma família, vamos conseguir. – essas palavras confortaram e fortaleceram Maruo.

E assim foi durante muito tempo. Han e Maruo aprenderam muitas coisas nesse período que passaram a viver na floresta, eles aprenderam a viver do que a natureza tinha pra os dar, essa parte era na maioria das vezes difícil, mas eles conseguiam se virar. Outra coisa que aprenderam nesse tempo foi a serem pais, Mono havia crescido e se tronado uma bela jovem, ela agora tinha 15 anos. Possuía um lindo e longo cabelo negro, uma pele tão clara quanto a luz da lua e feições meigas em seu rosto. Han e Maruo nunca mencionaram para Mono o motivo de morarem num lugar como aquele, Mono não sabia de nada a respeito do seu nascimento. Embora ficasse curiosa pra saber o verdadeiro motivo de morarem ali, ela nunca perguntou.

– Bom dia, mãe!

– Bom dia, querida! – respondeu Maruo.

– Está bem?

– Muito bem, filha. Onde está seu pai?

– Ele saiu quando ainda estava escuro, acho que foi recolher lenha.

– Ah... Vou aproveitar e tratar alguns peixes que ele trouxe ontem. Porque você não vai ajudar seu pai, querida?

– Sim, mãe!

Mono saiu da casinha e entrou sozinha na mata fechada para procurar o seu pai. Ela sabia o local exato onde Han pegava a lenha, era perto de um lago. Depois de alguns minutos de caminhada, Mono chega até as margens do lago e não vê ninguém por perto, ela grita pelo pai mas ele não responde. Mono deduz que seu pai não estava ali. Em vez de voltar pra casa, Mono acaba ficando as margens do lago. Sentou-se em uma pedra e ficou observando a paisagem. Mono adorava aquele local, todas as vezes que não tinha nada pra fazer ia até aquele lago para observar o cenário e arriscava cantar algumas músicas que seus pais cantavam para ela quando era criança.

Depois de alguns minutos no lago, Mono vê uma nuvem de fumaça ao fundo. Ela fica curiosa e decide seguir aquela nuvem. Ao chegar próximo do local, Mono avista algumas arvores que lhe parecem familiar, ela acelera o passo, a sua respiração fica ofegante, seus olhos começam a se encher de lagrimas quando ela avista aquela cena. A casa que Han e Maruo construíram com tanto esforço estava a queimar, assim como os corpos dos seus amados pais.

– MÃE! PAI! – Mono clamava de desespero

Ela tentava, de alguma maneira, tirar os corpos do seus pais daquele local, porém ela mal conseguia chegar perto devido ao calor intenso. Mono chorava copiosamente diante daquela cena, ver a casa em que passou a vida queimar junto com as pessoas que ela mais amava e não poder fazer nada. Até que em meio aos escombros, que ainda estavam em chamas, seu pai rasteja em sua direção, Mono vai rapidamente até o seu pai que está com graves queimaduras.

– Sua mãe não resistiu, meu amor... – enquanto Han falava com dificuldade, as lagrimas de Mono caiam sobre sua pele – Ela disse que ouviu você cantar... “Escute Han, nossa querida está cantando aquela música!”

– P- pai... Pare de falar, eu vou cuidar do senhor!

– Não... cuide de si mesmo... – ele pôs sua mão sobre o seu rosto e continuou – Querida... eu e sua mãe te amamos, estaremos sempre ao seu lado... – Mono não parava de chorar. – Agora, querida... fuja... fuja o mais rápido que puder... eles provavelmente estão atrás de você...

– Quem, pai?! – aquela suposição deixou Mono ainda mais assustada.

– Apenas, fuja... meu amor...

Mono assiste o último suspiro do seu pai, ela abraça o seu corpo por alguns segundos gritando de dor. Ela se levanta e antes de ir ela vê sua mãe de longe, infelizmente não era possível ir até onde ela estava pois as chamas ainda permaneciam queimando a madeira com vigor.

– Adeus, meus pais! – diz Mono com a voz transmitindo a angústia que ela sentia naquele momento.

Mono corre. Desesperadamente, ela corre. Sem rumo, sem direção, ela apenas corre. Com os olhos cheios de lagrimas, sem saber para onde, ela apenas corre. Depois de algumas horas naquele ritmo, Mono se encontrava com sono, com fome, exausta, nem mesmo ela sabia como ainda conseguia caminhar. Sobre a cadencia de passos curtos, ela anda até avistar algumas casas ao longe, ela força o seu corpo, caminha mais um pouco, até que sua vista fica escura, seus membros ficam fracos e ela cai.

– Enfermeira Elza!

– Sim?

– Nós achamos o corpo dessa garota desacorda nos arredores da aldeia, ao sul. Checamos o pulso, ela ainda está viva.

– Deixem-me ver.... – dois rapazes, habitantes da aldeia, mostraram o corpo da jovem para que Elza pudesse examinar sua situação. – Nossa! Ela está péssima! – disse Elza apenas fazendo uma análise da aparência da jovem que se encontrava pálida. – Isso é sinal de fome. Meninos, vão até o comércio e comprem alguns alimentos dessa lista... – Elza pegou um pedaço de papel e escreveu o nome dos alimentos que ela queria – Vão, rápido!

– Sim!

Elza, com a ajuda de outras enfermeiras, levou a jovem até um quarto e lá fez o que podia ser feito para que ela recuperasse a consciência. Depois de algumas horas a moça foi abrindo os olhos aos poucos, ela observou ao redor, não fazia ideia de onde estava. Ela logo é surpreendida quando Elza entra no quarto carregando cuidadosamente uma tigela. Ela coloca a tigela ao lado da cama, e ao olhar para a menina, percebeu que ela finalmente tinha acordado.

– Oh! Que bom! Você acordou! Esplendido! – dizia Elza com um sorriso estampado no rosto

– Quem é você? – sussurrava Mono.

– O meu nome é Elza! E o seu, querida?

– Querida? – Mono recordou das últimas palavras de seu pai – Meus pais... – as lagrimas desceram ao seu rosto.

– Está tudo bem?

– Meus pais... eles... morreram...

– Quan- quando? – disse Elza assustada.

– Hoje... ou ontem... Eu não sei quanto tempo se passou desde que fugi...

– Fugir?! Onde você estava?!

– Eu morava na floresta com os meus pais... Porém hoje, ou ontem, quando estava voltando pra casa, ela estava pegando fogo... meus pais morreram no incêndio...

– Minha nossa... – Elza ficou em silêncio por um tempo, apenas via a jovem chorar. – Não chore, não chore! Diga-me, qual é o seu nome?

– Mono...

– Mono... Muito bem, Mono. Você não tem pra onde ir não é? Acho que pode ficar aqui na casa de saúde de nossa aldeia enquanto arrumamos um lugar pra você... Tudo bem?

– Não... Eu estou morrendo de fome....

– MINHA NOSSA! SUA SOPA! Quase me esqueci! – Elza pegou a tigela que colocou ao lado da cama e deu para Mono – Tome! Vai ajudar! – sem cheirar ou examinar, Mono tomou a sopa que lhe foi dada, ela estava faminta.

Alguns dias se passaram desde que Mono entrou na casa de saúde, ela já estava totalmente recuperada. Lá ela conheceu uma garota chamada Rin. Assim como Mono, Rin também tinha ficado órfã recentemente depois que seus pais morreram vítimas de uma doença fatal pela qual se suspeitava que Rin também estivesse infectada. Ela foi levada até a enfermeira Elza para ser curada, depois do seu tratamento, foi constatado que ela não poderia deixar de tomar determinado medicamento, pois o vírus poderia voltar. Ela pediu para ficar na casa de saúde pois além da sua condição de saúde ela não tinha para onde ir. Rin permaneceu lá e estava começando a ser treinada por Elza para se tronar uma enfermeira.

Elza viu que Mono também tinha potencial e então decidiu junta-las e adota-las como suas aprendizes. As duas começaram as primeiras aulas juntas e em um ano de treinamento elas já sabiam manusear algumas ferramentas medicas, tratar ferimentos graves e aplicar remédios. Morando naquele hospital por um ano, Mono e Rin se tronaram grandes amigas, compartilhavam dos mesmos sonhos, gostavam de coisas parecidas e também descordavam em alguns pontos.

Embora Mono adorasse a companhia de Rin, gostasse de viver na casa de saúde de Dohan e tratasse Elza como se fosse sua segunda mãe, ela se sentia presa a uma rotina sem fim, e aquilo pra ela era ruim. Ela estava, aos poucos, se acostumando, porém ela mal sabia que iria conhecer uma pessoa... alguém que iria mudar a vida dela para toda a eternidade...


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Notas finais do capítulo

Ok, como já tinha dito: próximo capítulo dia 07 ou 08. Gostaram? Não gostaram? Por favor pessoal, comentem! Se alguém tiver uma sugestão também, pode mandar!



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