Folhas de Outono escrita por Woodsday


Capítulo 2
Capítulo I, Inverno - Molly.




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Inverno – Molly

Capítulo I.


“Quero apenas cinco coisas...
Primeiro é o amor sem fim

A segunda é ver o outono

A terceira é o grave inverno

Em quarto lugar o verão

A quinta coisa são teus olhos

Não quero dormir sem teus olhos.

Não quero ser... sem que me olhes.

Abro mão da primavera para que continues me olhando.”

Pablo Neruda



19 de Setembro de 2006.


Bom dia, Suzan. – Eu sorri para a garota morena sentada na mesa ao lado da minha. Suzan tinha por volta de seus 16 anos, uma idade tão boa e feliz, quem me dera voltar aos 16.

– Bom dia, Molly! – Entregou-me uma pasta parda com o que provavelmente seriam mais documentos para o trabalho do dia. – Como foi o fim de semana?

– Terrivelmente entediante. – Suspirei folheando os papéis. – E o seu? Algum novo garoto bonito, uh?

Suzan riu constrangida e a pele morena tornou-se vermelha instantaneamente, senti-me quase mal por envergonha-la, mas a verdade é que eu quase achava graça em seu jeito suave e calmo de ser, Suzan era quase como eu, mas eu não era tão bonita assim aos 16.

– Eu não namoro, Molly. – Ela revirou os olhos e começou a tiquetear a caneta na mesa de madeira.

– Pois devia. Um dia irá acordar e estará cheia de rugas, solteira e sem filhos. Como eu! – Pisquei em sua direção e ela riu.

– Você é muito bonita, e o Jason gosta de você.

Fiz um gesto de mãos. – Jason gosta de todas. Por favor. – Suzan riu e eu voltei meus olhos para os papéis em minhas mãos. – Tudo bem, o que temos para hoje?

– Vou te atualizar. – Ela girou a cadeira em minha direção. – A sua ultima coluna causou um alvoroço, aparentemente, ninguém acredita que alvejante com sabão em pó seja uma boa ideia. – Ela sorriu. – o Sr. Carter está pirando, aposto que logo ele te devolve para a coluna policial, você não tem condições de ajudar donas de casa. – Balançou a cabeça em desgosto. – Essas, são algumas cartas, maioria delas reclamando, sinto muito. Mas as demais são ideias, eu fiz algumas também. – Me passou um maço de folhas. – Mamãe me ajudou e eu pedi algumas ideias da vovó também, a propósito, você deveria ir falar com a sua família. Eles ligaram outra vez hoje.

– Eu não vou ligar para eles, Suzan. Eles nem ao menos sabem com o que eu trabalho, e eu trabalho com isso há quase dez anos!

– São seus pais Molly, eu piraria sem os meus.

– Eu sei, sinto falta deles, mas não vou mais escutar o quão péssima filha eu sou.

– Talvez eles queiram fazer as pazes. – Deu de ombros voltando os olhos para o computador e encarando a tela atentamente.

– Talvez. – Eu concordei sem realmente acreditar muito na hipótese. Desde que assumi a ideia de cursar jornalismo e não ser dona de casa, como acontecia há dez gerações – eu não podia acreditar que isso realmente existia –, minha mãe sentiu-se ultrajada, quase como se eu tivesse dito a ela que viraria uma cantora de cabaré. Os Parker, eram parte de uma limitada sociedade de famílias ricas, famílias essas que consistiam em esposas bonitas e sempre bem arrumadas, sendo mães e donas de casa exemplares e maridos que trabalhavam até tarde da noite, mas que na verdade, estavam dando uma passada na sala de suas secretárias. Fora horrível, mamãe ficara abismada, completamente chocada com a minha ideia de liberdade, quase como se eu tivesse feito tatuagens, pintado meu cabelo de verde e posto alguns percingis. Exageradamente, ela me impôs abandonar a faculdade ou abandonar Hamptons. Não foi uma escolha difícil, no final das contas. E além do mais, eu tinha feito um bom trabalho, eu tinha um bom apartamento – conseguido sofregamente com economias guardadas por anos -, tinha um carro, não o do ano, mas ele era um bom carro e eu tinha o Barnabeu – Beau -, meu melhor amigo e mais fiel companheiro.

Encarei mais uma vez os números no post-it grudado a tela do computador e o puxei amassando e jogando em direção ao lixinho embaixo da mesa.

Eu não precisava ouvir mais uma vez mamãe me pedindo para deixar de lado minha vida medíocre e voltar para casa.

Voltei a me focar sobre as cartas e como Suzan dissera, maioria delas eram sobre criticas ao meu modo de limpeza, eu tinha que admitir que as pobres donas de casa estavam certíssimas, eu mal sabia dobrar um lençol. Mas, infelizmente estava presa a essa terrível tarefa. Henri Carter, meu adorado chefe havia me retirado da área policial do jornal de Seattle, aparentemente, eu era expressiva demais em minhas matérias e isso estava lhe causando problemas.

Procurei com afinco um bom argumento que o fizesse me devolver para onde nasci feita para estar, mas depois de meia hora em sua sala, descobri que não tinha nenhum dos trinta itens que listei. Segundo Henri, eu era muito, muito intensa. E isso não era bom. Nem pra ele e nem pra mim. E muito menos, para o distrito de Seattle.

– Posso ligar para a mamãe. – Suzan sorriu encorajadora ao meu lado e eu forcei algo que saiu mais como uma careta. – Puxa, Molly! Sinto muito por isso, sei que é difícil para você.

– Tudo bem. – Eu uni as sobrancelhas encarando a pergunta gritante de como tirar manchas de bolor de roupas brancas. – Eu consigo, é um desafio, sou boa nisso.

– Tem certeza?

– Claro. – Eu a encarei com um sorriso quase confiante. – Obrigada Suzie.

Ela assentiu puxando para trás a franja dos cabelos pretos e lisos. – Qualquer coisa só me chamar. A propósito, você está melhor?

– Claro, estou bem. Foi só a falta de almoço.

Suzan balançou a cabeça. – Você precisa se cuidar, Molly. Puxa, nos assustou desmaiando daquele modo.

– Já passou, Suzie. Não se preocupe. – Sorri agradecida. – Estou bem agora.

Depois de algumas horas fazendo duras pesquisas sobre manchas, rasgos, costuras e gorduras eu finalmente consegui responder as dezesseis cartas, porque as outras dezesseis eram de pessoas reclamando da minha péssima conduta como dona de casa. Sem dúvida, ofensivo. Essas pessoas podiam se juntar com a mamãe e quem sabe, montar o clube do “Molly não sabe fazer serviços domésticos”.

Quando o horário de almoço chegou, meu celular tocou e eu soltei um suspiro ao ver o nome de Kirsten no visor.

– Oi Kirs. – Eu atendi no segundo toque.

– Olá, Molly! Como você está? Soube que desmaiou, não acredito que não está comendo, porque sinceramente, a gorda sou eu. E isso significa que você deve comer.

Eu suspirei.

– Eu estou bem Kirs, obrigada. E você? Dormiu bem esta noite?

A ouvi tomar fôlego do outro lado da linha e sorri ainda assim. Kirsten e eu éramos vizinhas, éramos amigas, ou quase isso. Tínhamos uma boa relação de companheirismo, mas era realmente incomoda o modo como ela agia em certas situações. Como essa.

– Eu só fiquei preocupada.

– Estou bem. – Repeti pela milésima vez. – E você não é gorda.

– Eu sou um leitão, quer me fatiar para o natal? – Resmungou do outro lado da linha. – Mas, esqueça, quer almoçar? Encontrei um bom restaurante vegetariano da 30th.

Acenei para Suzan e passei a jaqueta pelos braços enquanto apoiava o telefone entre o ouvido e os ombros.

– Eu não gosto de comida vegetariana.

– Eu estou de dieta. – Ela disse. – E é mato, não é? Mato emagrece.

Joguei a bolsa por sobre o ombro e caminhei em direção a saída da redação. – Há um terreno baldio perto do nosso prédio, é mais barato.

– Há Há. – Eu ri e quase pude ver Kirsten revirando os olhos do outro lado da linha. – Você é uma ótima amiga, Molly.

– Tudo bem, vamos ao restaurante. Te encontro lá, está bem?

– Obrigada! – Ela praticamente cantarolou e eu ri mais uma vez. – Até já! – Disse desligando e eu voltei a guardar o celular dentro da bolsa.

Balancei a cabeça achando graça do jeito espontâneo de Kirsten. Assim que coloquei meus pés para fora do prédio, fui saudada por uma rajada de vento do inverno de Seattle. Por sorte, já estávamos no fim dessa época deprimente e assustadora. Havia um estudo – tudo bem, um estudo feito pelas fofoqueiras do jornal -, que maior parte das coisas ruins aconteciam no inverno. Para dar um efeito dramático. Mas, isso era uma bobagem, coisas ruins aconteciam o tempo todo, com pessoas de todo o mundo, sejam elas como forem. Ao meu norte, estava o Space Needle, onde as pessoas almoçavam e conversavam animadamente, mesmo com o frio escaldante que fazia. Seattle era inabalável.

Eu segui em direção ao meu carro, estacionado alguns metros após a entrada do prédio e assim que me acomodei no banco quentinho me apressei a ligar o aquecedor. O restaurante que Kirs encontrara não era longe e parecia bastante confortável, não era grande ou luxuoso, como era de seu costume, o que eu aprovei imediatamente. Tudo que eu queria era ficar longe dos talheres barulhentos e dos celulares que não paravam de tocar, características dos restaurantes do centro. O recepcionista educadamente indicou-me a mesa onde minha colega se encontrava e eu acenei em sua direção vendo-a balançar os cabelos escuros – recentemente cortados, aparentemente.

– Olá garota! – Ela sorriu.

– Oi Kirs, então, como está? – Perguntei retirando o casado e acomodando-o na cadeira de madeira clássica.

– Eu estou bem. – Deu de ombros. – Pedi uma coisa estranha de tofu, o garçom disse que as calorias são baixas, porque sinceramente, Deus me livre ficar gorda.

– Não está gorda. – Revirei os olhos.

E realmente, não estava gorda, Kirs pesava por volta dos setenta quilos, isso seria muito, se ela não fosse tão alta quanto uma modelo, o peso era bem distribuído por seu corpo, ela tinha pernas grossas, seios fartos e um bumbum atribuído, coisa que eu estava passando longe de ter. Era tão magra quanto cinquenta e dois quilos podiam ser em um e sessenta de altura. Era triste.

– Diz isso porque é um esqueleto. – Alfinetou acidamente e eu suspirei me perguntando porque ainda dava atenção as frases ridículas de Kirsten.

Nos conhecíamos a cerca de cinco anos, quando eu conseguira uma promoção no jornal e consequentemente um bom apartamento no mesmo prédio que Kirs. Eu nunca fui boa em fazer amizades e isso era quase deprimente, mas depois da faculdade e o jornal, meus objetivos se tornaram minha vida, claro que eu ainda tinha a esperança de conhecer um cara legal, quem sabe ter filhos e um casinha pequena com um jardim cheio de orquídeas – porque eu não me via gostando de outra flor que não fossem orquídeas -, mas a pressa, não era uma coisa que eu tinha. Diferente de Kirs, eu não enlouquecia por estar velha e solteira. Como ela mesma diz, apesar de só termos três anos de diferença. Aos vinte e nove anos e com uma extensa lista de casos amorosos não bem sucedidos, eu estava muito bem em minha atual posição.

– O que vai pedir? – Kirs me encarou e eu franzi as sobrancelhas ao encarar o cardápio não tão atrativo quanto eu gostaria.

Eu não era uma pessoa de péssimos hábitos alimentares, mas tampouco conseguia lidar com tofus e integrais.

– Eu quero uma salada. – Dirigi minha resposta a garota jovem que nos encarava pacientemente com um bloquinho de anotações e uma caneta. Ela arqueou uma sobrancelha como se me desafiasse a falar algo que ela não soubesse, então eu me toquei que ali haviam muitas saladas, senti-me meio constrangida e voltei a olhar o cardápio procurando pelo primeiro nome da sessão. – Uma salada colorida. – Completei.

– Então... – Kirs chamou minha atenção e eu desviei os olhos do cardápio para encara-la. – O que está rolando de novidade na sua vida?

– Absolutamente nada, eu diria. - Dei de ombros. – Só Henri que resolveu achar que eu tenho cara de dona de casa e meus pais, que acham que eu vou largar tudo e voltar para Hamptons.

– Você devia voltar. – Ela disse levando o copo de água aos lábios.

– Não devia, não.

– Você é tão idiota. – Encarou as unhas. – Se eu fosse a filhinha preferida de papais ricos, provavelmente eu não estaria trabalhando em um escritório furreca como o seu. Eu já estaria em Nova Iorque, aproveitando tudo que o sol e o mar poderiam me oferecer de bom.

– Um câncer de pele. – Arqueei uma sobrancelha com certo deboche.

– Você pode pegar câncer em Seattle também, Molly.

– Pouco provável. Não faz sol em Seattle.

Kirsten deu um sorriso duro e nosso assunto morreu. Ela é uma boa amiga. Eu repetia para mim mesma o tempo todo, mas a verdade é que ela não era. Preparei-me para levantar da mesa e procurar um novo lugar para almoçar, de preferência sozinha, claro. Porém antes que eu pudesse levantar a expressão horrorizada de Kirsten chamou minha atenção, ao mesmo tempo que eu sentia algo molhado e quente acima dos meus lábios, me perguntei se eu estava tão abalada a ponto de quase chorar e meu nariz escorrer, mas assim que respingou a mesa pude notar que ao contrário do que eu pensava, era sangue. Abri a boca chocada e Kirsten me esticou um dos guardanapos, que eu rapidamente peguei para estancar o sangue enquanto corria em direção ao banheiro feminino.

Me apoiei sobre a pia enquanto lentamente esperava o sangramento estancar. Depois de alguns minutos, Kirs entrou pela porta, parecendo genuinamente preocupada.

– Você está bem? – Perguntou lentamente.

– Já está passando. – Respondi com pouca segurança. – Deve ter sido o estresse do dia.

– Talvez você devesse ir ao médico.

Neguei com a cabeça e lhe dirigi um sorriso afetado. – Está tudo bem, foi só um sangramento de nariz. É normal.

– Não é normal, Molly.

– Tudo bem, Kirsten. – Eu disse mais firmemente e abaixei o pano, encarando-me no espelho. – Já passou, viu? – Abaixei-me para lavar o rosto. – Está tudo bem. – Repeti ao nota-la ainda mais preocupada.

– Quer que eu a leve para o jornal?

– Não, não precisa. Eu vou tirar o dia de folga, para descansar.

– Qualquer coisa você pode me ligar, tudo bem? – Ela se aproximou pousando umas das mãos em meus braços e eu suspirei. – Sei que não sou uma amiga tão boa assim, mas me preocupo com você, Molly.

Eu sorri gentilmente. – Obrigada Kirs. Agora eu vou... – Murmurei apontando para a porta.

Parte de mim deu razão a Kirs, não era tão normal assim sangramentos, considerando que esse não era o primeiro. Já faziam duas semanas, mas, eu tentava me convencer de que era o estresse. Sim, porque eu andava muito estressada ultimamente. Tanto, que não conseguia me lembrar onde estacionara meu carro.

Franzi as sobrancelhas encarando ao redor e suspirei forçando minha mente a se lembrar, por fim, passei lentamente por todos os carros da rua, sabendo que, se eu visse meu carro, me lembraria qual era e onde estava. A informação viria, como um relâmpago.

Tudo bem esquecer algumas coisas, é normal. Acontece com todo mundo.

Quando por fim, me aproximei do Honda preto retirei as chaves do meu bolso, apertando o alarme, só para confirmar. Suspirei aliviada e me acomodei nos bancos confortáveis enquanto recostava minha cabeça no banco.

– Estresse. – Murmurei para mim mesma.

Abri o porta-luvas retirando de lá dois comprimidos relaxantes e engolindo-os a seco. Dei a partida logo em seguida, para que os remédios não fizessem efeito enquanto eu dirigia. Com sorte, não fariam, meu prédio não era muito mais longe dali, quem sabe dez ou quinze minutos.

O apartamento 301 ficava no quarto andar e infelizmente, eu não dispunha de elevador, então, fora uma tarefa árdua chegar até meu andar, mas de repente, compensou, porque a primeira coisa que eu vi quando abri a porta, foi Beau. Meu labrador e melhor amigo, ele estava sentado em frente a porta, como se soubesse que eu chegaria a qualquer momento, o rabo abanava de um lado para o outro, batendo constantemente na mesinha de centro.

Eu sorri abertamente para o cão. – Como vai garoto?

Ele latiu, como se me respondesse e eu suspirei seguindo até a secretária e apertando o botão de recados.

“Você tem novos três recados” ela disse.

Olá querida, – a voz de mamãe preencheu a sala e Beau ganiu, e eu o entendia, mamãe tinha uma voz terrivelmente fina -, sinto sua falta, tudo bem, não vou te dizer para largar tudo por aí e voltar para Nova Iorque... – Ela suspirou. – Eu sinto sua falta, Molly. Sei que te magoei, mas, eu sou sua mãe, poxa vida, por ser sua mãe, eu não tenho o direito de errar? Eu só quis o seu bem. Sinto muito ter dito as coisas que disse. Ter feito o que fiz... Eu só... Sinto sua falta, Molly. Venha para a casa, querida.

– Acredita nela, Beau? – Eu perguntei, já sonolenta pelos remédios. – Eu não acredito.

Passei para o próximo recado. Um era de Suzan que eu não ouvira durante o fim de semana e outro da operadora de telefone. Fiz uma careta constatando minha eminente solidão e me dirigi ao banheiro retirando todas as peças de roupa e deixando-as pelo caminho do quarto.

Eu estava bem. Estava bem. Repetia para mim mesma.

Mas a preocupação era como um monstrinho pesando em meus ombros. Observei mais uma vez, a estranha manchinha recentemente descoberta no quadril. Eu não a tinha antes.

Eu estava bem.

Mas então, porque me sentia tão cansada nos últimos meses? Porque nas ultimas duas semanas tinha sangramentos? E porque esquecia coisas e sentia dificuldade em fazer tudo que eu fizera a vida toda?

Eu sabia, lá no fundo, que não estava bem.

O remédio começava a fazer efeito, deixando meus movimentos lentos e cansativos, eu suspirei mais uma vez enrolada na toalha, enquanto lembrava-me de em breve, contatar um dermatologista.

Era a mancha, eu sabia que era a mancha.

Mas, por hora, tudo que eu queria era me deitar e esquece-la. Quem sabe, amanhã, ela não tivesse desaparecido?


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