Prólogo

Um dia você acorda, e de repente, assim, do nada, tudo está diferente. Um dia, você acorda e se dá conta de que, aquele médico idiota, bem, ele não está louco. Se dá conta de que perdeu tempo demais sendo gentil quando deveria dizer para sua amiga que sim, ela está gorda e não, não é difícil encontrar uma academia perto de casa. Se dá conta que não é o fim do mundo se você não teve um filho e já tem trinta anos. E que, aquela sua lista ridícula de coisas para fazer antes de morrer, que você só usaria aos oitenta anos, bem, é uma ótima oportunidade para coloca-lá em prática. E se dá conta de que, se você encontrou o amor verdadeiro, o cara com quem passaria seus últimos seis meses de vida, bem, não deveria deixa-lo se apaixonar por você.

Algumas vezes na vida, acontecem coisas para as quais você não tem nenhuma explicação. Coisas que por algum motivo simplesmente acontecem. Coisas que te levam a crer que quem sabe, tudo tem um plano, um propósito. Ou era isso que eu acreditava, até conhecer Molly. Quando a conheci, ela tinha menos de seis meses de vida. Os cachos e o sorriso radiante não revelavam sua verdadeira condição. Ela era linda, doce e apaixonante. Como eu poderia em mil anos resistir ao charme daquela mulher? Era uma condição injusta, devo acrescentar. Como era possível? Como as pessoas simplesmente morriam? Era um mistério para mim. Pessoas que merecem viver mais do que tudo... E que querem viver, ah e como Molly queria. Nunca conheci alguém com mais desejo pela vida do que ela. Mas, dizem que quando tudo está por um fio, às coisas passam a ser diferentes. Assim foi com Molly. Eu não conseguia acreditar que ela estava viajando o mundo com uma mala e parando pelo caminho para fazer coisas de uma lista idiota. Não conseguia acreditar que ela, aquela mulher viera parar na minha cidade minúscula e deserta. No entanto, ela me encontrou e encantou. Sua força e sua determinação em não se deixar abater, puxa vida, como ela era forte. E eu me apaixonei por sua força. Mesmo querendo mais do que qualquer coisa – e quase obtendo sucesso – me afastar de si, eu sabia que Molly seria aquela pessoa para quem eu gostaria de sorrir todas as manhãs. E ela também sabia.

Mas o destino, ele é uma coisa engraçada. Engraçada e cruel.

Em cinco meses, eu amei Molly Parker como nunca amei uma mulher em minha vida. Eu amei cada um de seus sorrisos, amei cada uma de suas lágrimas, amei cada um de seus momentos, cada fraqueza, cada surto. Cada beijo. Eu a amei até quando a odiava. Afinal, não dizem que se trata disso o amor? Eu amei Molly e eu tenho certeza que nunca vou encontrar alguém como ela ou amar alguém como ela.

O amor da minha vida, a metade da laranja, a tampa da panela, o par de chinelo, o lado esquerdo da cama. Os produtos cosméticos no banheiro. Chame como quiser...

Ela foi mais. Não foi a mulher que morreu tristemente jovem demais. Ela foi muito mais. Molly Parker fez minha primavera a mais feliz de todas e o meu outono, o mais triste de todos. No entanto, eu não posso me deixar de sentir grato por ter a conhecido.

Essa é uma história sobre Molly Parker e sobre mim também. É uma história linda, romântica e emocionante. E particularmente, muito engraçada.