Evolution: Parte 2 escrita por Hairo


Capítulo 3
Herói sem nome


Notas iniciais do capítulo

Galera aqui eu lanço um pequeno desafio a vocês. Como o título sugere, o herói desse capítulo não tem um nome.

Não vou falar quem é, e isso só virá a tona em um capítulo mais à frente. Até lá, vocês podem tentar descobrir. Os comentários servem para vocês tentarem adivinhar. Não vou responder sim ou não publicamente, mas se você acertar, eu vou lhe mandar uma MP dizendo isso, além de te dar algumas informações sobre o capítulo em que a informação será revelada.

Que tal?

Prestem atenção, e boa sorte!



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Dave e Mindy eram observados a certa distância aquela noite. O grupo decidira parar, por volta das sete e meia, próximo a uma árvore em um terreno mais alto, um pouco fora da trilha. Como o caminho estava quase desaparecendo em meio ao mato que crescia, Mindy pedira que Charmander queimasse alguns centímetros do local onde eles desviaram de seu curso, para que ficasse mais fácil de achá-lo de novo no dia seguinte. Sem saber, a menina acabou por ajudar quem os seguia, fazendo com que fossem mais facilmente encontrados. O grupo acabara de alcançar a árvore alta que lhes daria cobertura enquanto seu perseguidor se movimentava para procurar um bom local para dormir, sem perder o grupo de vista. O que não estava nos planos dele era esbarrar em um homem, também escondido naquela planície.

Ai! – disse Jack, ao sentir algo espetando sua perna.

Shh! – respondeu Jody, a cerca de um metro a direita de Jack. – Você quer arruinar tudo?

Os dois estavam deitados no chão da planície, escondidos pelo mato alto, há cerca de trezentos metros da árvore onde Dave e Mindy estavam se instalando. Jack olhava para trás e coçava a perna, que ficara vermelha, mas não parecia ter sido machucada. Alguma coisa atingira sua canela e o espetara, mas o que quer que tenha sido, não ficou por perto tempo o suficiente para ser pego.

Deixando o fato de lado, o homem voltou sua atenção ao grupo de jovens que se preparava para passar a noite ali. É melhor este moleque aproveitar os seus momentos com seu Pokémon, eles não serão muitos, pensava o homem com um sorriso maldoso no rosto. Ninguém mexe com a Equipe Rocket e não se arrepende depois.

*****

Apoiando sua mochila na árvore e se preparando para passar a noite, Dave e Mindy se sentiam bem cansados após o primeiro dia de viagem. Pelo visto, ambos tinham perdido a forma que possuíam antes de passar a última temporada em Cardo. Dave se lembrava dos dias de árduo trabalho, ajudando o pai a concertar cercas, a carregar o feno e cuidar dos animais da fazenda. Como ele conseguira agüentar tudo aquilo ele não sabia mais. Sentia-se exausto depois do dia de incessante caminhada. Mesmo descansando na hora do almoço, as pernas do menino reclamavam do esforço feito. O fato de Eevee passar grande parte do dia em seu ombro também não ajudava. Suas costas reclamavam e mal podiam esperar para deitar em um colchão macio e confortável. Aparentemente elas teriam que esperar mais alguns dias por isso. Seu saco de dormir era de segunda mão e fazia pouca diferença quando comparado com o duro chão. Pelo menos eu não durmo no frio. Pensou ele, tentando se reconfortar.

Mindy por outro lado tentava disfarçar o cansaço. Estava animada e, deixando suas coisas apoiadas nas árvores, ela sacou suas pokebolas.

– Eu vou treinar um pouco Dave. – Avisou a menina, cujos olhos vermelhos eram prova da sua falta de energias. – Você vem?

– Treinar?! Mas ta de noite, e eu to morto! – respondeu o menino.

– Bom, então boa noite. Eu vou conhecer melhor meu Pokémon novo. Não quero ter que perguntar pro Dexter o que ele faz quando eu estiver no meio de uma batalha. – Respondeu a menina, em tom amistoso.

Dave, entretanto, entendeu aquilo como uma provocação. Ainda preso a idéia de que ela havia capturado Nidoran antes dele, o menino fechou o rosto ao ouvir sua amiga mencionar o novo Pokémon. Ela tem mesmo que jogar na cara que pegou ele antes de mim?

Um pouco irritado, mas tentando não demonstrar, o menino juntou o que restava de suas forças e se levantou. Eevee, que estava deitado ao chão do lado dele, nem sequer se mexeu.

– Vamos Eevee! O que você está esperando? – Chamou o menino.

Desanimado, o Pokémon olhou feio para seu amigo, e se levantou devagar, seguindo o menino. Dave se dirigira para o lado oposto de Mindy.

– Ué? Você não tava cansado? – perguntou a menina, sem entender a rápida mudança de atitude do amigo.

– Não, era só preguiça – disse ele com orgulho, tentando ignorar a dor que latejava na parte posterior de suas pernas.

Mindy observou o amigo contornando a árvore e indo para o lado oposto ao que ela ia. Não entendia o porquê de Dave estar agindo daquela maneira. Ligeiramente magoada, ela se dirigiu para um espaço aberto para iniciar o treinamento.

Dave decidira treinar a cerca de duzentos metros de Mindy, o que ele julgou distância o suficiente para se separar da amiga, mas continuar observando o que ela fazia. Era difícil para ele admitir a verdade, então, disse a si mesmo que pensava em estudar os movimentos dela, quando, no fundo, ele não sabia ao certo como treinar um Pokémon.

Ele passou a noite observando o que a morena fazia, e ordenando seus Pokémons a fazerem atividades semelhantes. Começando com um leve aquecimento, e passando para uma sessão física mais forte, Dave fez com que eles pulassem, corressem e apostassem corridas até que sentiu que deveria dar um descanso aos dois, mas desistiu quando olhou para o lado e viu que Mindy continuava a treinar forte. Apesar dos protestos de Eevee ele só declarou o treinamento terminado vinte minutos depois de Mindy descansar com seus pokemons, o que significou mais de uma hora de trabalho extra.

Ele tinha acabado de recolher seu Sandshrew quando Eevee pulou em seu ombro, que ainda doía por ter de carregar o Pokémon durante todo o dia. Dave olhou para o amigo com uma expressão de dor, mas recebeu de volta um olhar decididamente desafiador do Pokémon, e ele entendeu que aquilo era uma forma de vingança pelo esforço que o menino acabara de impor. Sabendo que estava sem razão no momento, o treinador não reclamou e rumou de volta para o precário acampamento.

Chegando à árvore, Dave viu que Mindy preparara um pequeno fogo com a ajuda de Charmander, para fazer o jantar. Sem muitas palavras, ele passou pela menina e lhe disse que não jantaria.

– Não vai dar nem comida para seus pokemons? – perguntou a menina, sem entender.

– Ueevee – concordou Eevee, saltando do colo do menino e deitando ao lado de Mindy.

Largando-se no chão, sem nem ao menos se incomodar de entrar no saco de dormir, Dave, liberou Sandshrew de sua pokebola e a botou no chão, ao lado dele. O Pokémon terrestre parecia exausto, mas satisfeito com o trabalho do dia.

– Será que você pode, por favor, servir eles? – perguntou Dave, rouco de cansaço. Sem esperar a resposta, ele se dirigiu a seu Pokemon. – Quando terminar de comer, Sandshrew, entre na sua pokebola. Vou deixá-la do lado de fora essa noite. – E, jogando o saco de dormir por cima do corpo, o menino fechou os olhos e entrou em um sono pesadíssimo.

Mindy não gostou da atitude do amigo, mas também incrivelmente cansada, ela preferiu não responder. Ainda tinha que alimentar os quatro pokemons e comer alguma coisa, antes de poder, finalmente, terminar aquele primeiro dia. Para ela tudo havia corrido perfeitamente bem, exceto pela atitude de seu amigo. Pegara seu primeiro Pokémon, eles haviam avançado até onde ela esperava e, se mantivessem o ritmo, no dia seguinte poderiam dormir já na estada principal. Se o Dave não tivesse assim o dia teria sido perfeito, pensou a menina, enquanto servia a comida especialmente preparada para os Pokemons.

Eles pareciam extremamente satisfeitos com o farto jantar servido. Ao que parecia, ela decidiu recompensá-los pelo árduo trabalho da noite com um pequeno agrado antes do merecido descanso. Sem energias para preparar um jantar decente para ela mesma, sacou um sanduiche que estava pré-preparado em sua mochila e o comeu sem delongas. Terminando antes dos pokemons, ela também deixou as pokebolas no chão, ao seu lado, pedindo que eles entrassem assim que terminassem de comer. Com isso, ela se deitou e em menos de cinco minutos estava em um pesado sono.

Naquela noite clara e estrelada, poucas nuvens podiam ser vistas no céu, e a lua brilhava forte em sua fase minguante. A temperatura estava boa, e apesar de se descobrir minutos depois de pegar no sono, Dave não sentiu frio. Mesmo se tivesse sentido, nada acordaria o menino aquela noite. Mindy estava em igual estado, se não pior. A menina, além de dormir mais tarde, não tinha dormido após o almoço e se esforçara ao máximo durante o treinamento com o novo integrante de seu time.

A dupla, apesar do dia cansativo, e da inexistência de qualquer tipo de conforto ali, deitados no chão perto de uma trilha, passou uma das melhores noites da qual podiam se lembrar. Nunca o sono fora tão reconfortante e o descanso tão bem vindo, até mesmo para Dave, que se exauria diariamente em casa. A sensação boa, porém, não durou muito.

O primeiro a acordar foi Dave abrindo de leve os olhos, incomodado com a claridade do sol. Ele se virou para um lado, e tentou proteger o rosto, sem sucesso, antes de tentar virar para o outro lado e falhar mais uma vez. Sem muito que fazer, o menino decidiu abrir os olhos de vez e acordar. Sentando-se, ele esticou os braços, se espreguiçando e bocejando ao mesmo tempo. Olhou para os lados e viu Mindy dormindo tranquilamente sobre a grama, a alguns metros dele. Ele a achou bonita, deitada com o corpo virado para cima, e com os cabelos negros soltos, caindo sobre seus ombros. Seus olhos fechados emanavam uma tranqüilidade que Dave nunca havia reparado nela. Até que quando ela não está implicando comigo ou dando ordens, ela não é tão má assim. Assim que ele terminou esse pensamento, Dave se lembrou da noite anterior, e tudo lhe ocorreu em menos de um segundo.

Ele se lembrou de Mindy pegando Nidoran, da discussão deles durante o dia, depois da provocação da menina e do treinamento. Ele se lembrou de não comer e de ir dormir direto, deixando a pokebola de Sandshrew ao seu lado para que o Pokémon pudesse entrar nela após comer. Antes de um segundo ter se passado, Dave olhou para o chão e não viu nada alem de mato. A pokebola de Sandshrew não estava mais ali.

Seu primeiro reflexo foi pensar que Mindy a havia guardado, mas ele percebeu que Eevee também sumira, e não tinha jeito da menina ter guardado ele. De repente, Dave nunca se sentira tão acordado. Sem pensar duas vezes, o menino sacudiu violentamente a amiga que ainda dormia.

– Mindy! Mindy! Acorda, cadê meus pokemons? Cade?!

– Ãhn? O que? – Disse a menina, ainda tonta de sono, tentando abrir os olhos.

– O Eevee! E o Sandshrew! Cade eles Mindy?!

A menina se sentou com muito esforço, esfregando os olhos com as mãos fechadas. O sono não a deixara registrar a gravidade da informação de Dave. Sem conseguir se controlar, o menino não parava de falar, exigindo respostas.

– Onde eles estavam quando você foi dormir ontem? Onde? Cade meus pokemons Mindy?!

– Eles estavam aqui quando eu fui dormir... – disse a menina, ainda sem entender o que estava acontecendo – Eu os deixei comendo. Deixei as pokebolas aqui do meu lado e...- Mas ela não conseguiu terminar a frase. Olhara para o local onde suas pokebolas deveriam estar, mas não estavam.

O desespero tomou conta dos dois. Eles não sabiam o que fazer.

*****

Aquele dia Jody acordou feliz. Tudo havia dado certo. Seu plano tinha sido um sucesso e agora, ela e seu companheiro Jack estavam a caminho da maior realização de suas carreiras dentro da Equipe Rocket. Seriam eles, os novatos desacreditados, a dupla mais inexperiente em atividade, a entregar o alvo numero um da lista de capturas da organização. Ela se lembrou da noite em que recebeu a ligação de seu supervisor. Nunca o vira tão alarmado em sua curta experiência de serviço.

– Se virem qualquer Eevee suspeito, entre em contato imediatamente, Jody. Nunca vi uma mobilização igual na Equipe Rocket.

Ela não sabia o que existia em especial naquele pequeno Pokémon aparentemente normal. Apesar de todas as peculiaridades de um Eevee, ela não podia ver, nem após observar o seu comportamento com Dave, o que de tão especial existia naquele espécime. Ela se surpreendeu ainda mais quando percebeu que nem ao menos seu supervisor poderia lhe dizer.

– Não sei o que o chefe fez com esse Pokémon. Ninguém sabe ao certo, a não ser ele e uma equipe especial que ele mantém em sigilo, que cuidava do Eevee. Para falar a verdade Jody, não sei nem se essa equipe continuará viva por muito tempo, após o desaparecimento dele.

Sua curiosidade estava aguçada, e ela olhava com cobiça para o pequeno Pokémon marrom, deitado em sua grade, choramingando. Mas aquilo não importava. Eles o haviam recuperado e o entregariam pessoalmente para o chefe. Eles receberiam toda a glória.

Ela se lembrou de toda a operação da madrugada passada. Aproximaram-se da árvore onde os meninos dormiam em torno das três da manhã. Por um momento ela teve medo de acordá-los, mas os dois dormiam um sono muito pesado. Sempre vendo Eevee, deitado ao lado do treinador que ele mesmo elegera, ela e Jack se aproximaram um por cada lado do grupo, apenas para se precaver caso eles acordassem.

Chegando a centímetros do alvo, a mulher soltou um dardo tranqüilizante em Eevee quase a queima roupa. Aquele havia sido o momento critico do plano. Como esperado, Eevee acordara com o impacto, mas Jody tinha sido mais rápida e tapara a boca do pequeno Pokemon que se debatia, agora em seus braços. O tranqüilizante levou quase um minuto para fazer efeito e ela não sabia como nenhum dos meninos continuou dormindo após sua luta com Eevee. Jack então, do outro lado do pequeno acampamento, apontou para o chão entre Dave e Mindy. A vilã não conseguia acreditar em seus olhos. Ali descansavam as três pokebolas dos jovens treinadores inexperientes. Um erro pelo qual eles se arrependeriam amargamente.

Ainda deitada, ela virou o seu rosto para o lado, procurando verificar se tudo aquilo não passava de um sonho bom. Mas tudo parecia muito real. Eevee continuava dormindo, dentro da jaula de metal em que eles o haviam prendido. Enquanto isso, sua bolsa de pano continuava a guardar as três pokebolas com os novos integrantes da Equipe Rocket: Sandshrew, Charmander e um Pokémon que ela ainda não sabia qual era. Aparentemente o grupo tinha feito uma captura recente.

Onde será que está o Jack? –Pensou a vilã com um sorriso no rosto – Quero entregar a nossa encomenda ainda hoje.

Ela se levantou e engatinhou para fora da cabana que dividira com o seu parceiro na noite anterior, para procurá-lo do lado de fora. Não foi muito difícil encontrá-lo. Ele estava deitado no chão, gemendo e sofrendo de dor.

Sem entender o que acontecera, ela rapidamente correu para socorrer o amigo.

– O que houve Jack?! Você está bem? – Perguntou ela, se agachando ao lado dele, e levantando sua cabeça. Ela pode sentir o cheiro de vômito, e percebeu que ao lado de onde ele estivera deitado, Jack havia vomitado.

A expressão dele não era nada animadora. Sua pele estava pálida, seus olhos vermelhos e ele estava fervendo, aparentemente com uma forte febre.

– Acho que não estou legal Jody – disse ele, com esforço. Sua voz estava visivelmente rouca. – Acho que fui mordido por alguma coisa ontem à noite. Olhe minha perna.

Jody instantaneamente encaminhou seu olhar para as pernas de Jack. Uma das pernas da calça estava levantada, e ela podia ver uma enorme marca vermelha que cobria quase a totalidade do espaço entre o tornozelo e o joelho do homem.

Pelo visto nem tudo havia dado certo. Não seria hoje que eles entregariam Eevee ao seu antigo dono.

Jody não sabia o que fazer. Ela ficou ali, sentada, com a cabeça de Jack descansando em seu colo. O homem ardia intensamente, e parecia que estava prestes a delirar. Alguns minutos se passaram enquanto ela estava tentando processar o que estava acontecendo, sem sucesso. Claro que alguma coisa tinha que dar errado. Percebendo que Jack tremia de frio, ela se levantou e o puxou, com muito esforço, de volta para a cabana a fim de cobri-lo.

– Como isso aconteceu?! – Perguntou a mulher, visivelmente irritada e frustrada – O que foi que te mordeu? Foi um Pokémon?

– Não sei, não consegui ver direito. Apenas senti uma espetada na minha perna ontem à noite, enquanto observávamos os meninos. – Respondeu Jack. Sua voz rouca o incomodava e ele esperava que Jody não fizesse mais perguntas.

Ainda bufando, Jody se virou para suas coisas, para procurar algo que pudesse lhe dar uma idéia do que acontecera com seu parceiro. Ao fazer isso, ela teve outra surpresa. Viu sua bolsa rasgada, aparentemente roída, e vários de seus pertences no chão. Pente de cabelo, instrumentos de maquiagem, lanterna e outros equipamentos rockets, alem de pokebolas, as suas e as roubadas. E então ela ficou ainda mais perplexa. Uma das pokebolas estava aberta.

*****

Dave e Mindy haviam voltado para onde tudo começara. Sentada ao pé da arvore onde eles passaram a noite, Mindy chorava desconsolada. Havia mais de quatro horas que estavam procurando e não encontraram nenhum sinal, em lugar nenhum de seus pokemons ou do que poderia ter acontecido com eles. Nem uma pista sequer.

Dave estava sentado ao lado da amiga, com um braço em volta dela, olhando para o além. Ele não sabia o que fazer. Como pudera ser tão desleixado? Deixar sua pokebola no chão enquanto dormia... Ele não podia se perdoar. E seu Eevee? Onde poderia estar? Será que tinha sido pego pela Equipe Rocket? Dave preferia pensar que o Pokémon havia fugido dele do que pensar em Eevee nas mãos de seus perseguidores. O menino tinha prometido ajudá-lo, e agora, nem ao menos sabia onde estava. Ele falhara miseravelmente, e olhava para frente, sem piscar nenhuma vez, ainda incrédulo com o que acontecia.

Mindy soluçava no ombro de Dave. Se o dia anterior tinha sido tão bom, hoje a história era totalmente oposta. Onde seus pokemons poderiam estar? Ela torcia para onde quer que estivessem, Charmander e Nidoran estivessem bem. Porque ela deixara suas pokebolas no chão? Como pudera? Ela tremia só de pensar em voltar para casa de mãos vazias, sem Pokémon, dois dias após a partida. Ouvia a voz de sua mãe claramente na sua cabeça, como se ela estivesse ali na sua frente: Você é mesmo uma irresponsável! Como pode fazer isso? Eu sabia! Sabia que você não estava pronta para sair de casa.

Ela não sabia o que seria pior, enfrentar a raiva e as declarações de sua mãe, ou o desapontamento de seu avô ao saber de seu incrível fracasso. Logo ele, que sempre apoiara a neta.

O mundo dos dois jovens desmoronou em um segundo, e tudo parecia perdido, até que algo chamou a atenção da Dave. Despertando de seu transe, dessa vez foi ele quem primeiro notou um par de orelhas rosas, se movendo rapidamente na direção do grupo.

– Olha Mindy! Olha ali! – disse o rapaz, instantaneamente animado.

A menina levantou os olhos e secou as lagrimas para enxergar que, naquele momento, um Nidoran entrava em seu campo de visão, correndo feliz na direção da menina. Aquele não era qualquer Nidoran, era o seu Nidoran, e, por algum motivo, ela soube disso assim que o viu.

Um sorriso de alivio e enorme alegria surgiu no rosto da menina, enquanto ela abria os braços e abraçava seu Pokémon.

– Nidroan! Nidoran eu não acredito! Onde você estava?! – A menina voltou a chorar, dessa vez de alivio e felicidade.

– Nido! Nido! – respondia o pequeno Nidoran, no colo de sua treinadora.

Assistindo a cena, Dave se sentiu mal por não ficar mais feliz por sua amiga. Vendo como ela gostava do Pokémon que acabara de pegar, ele se sentiu pior ainda por ter criado problemas para os dois. Mas ele não estava feliz. Ele queria que fosse Eevee que tivesse voltado, ou ao menos Sandshrew. O menino novamente se sentou e enterrou o rosto nas mãos.

– Onde você estava Nidoran? – Continuou a menina, finalmente soltando o Pokémon – O que aconteceu com você e com os outros?

Nidoran se sacudiu ao sair do abraço da menina, ainda parecendo feliz e alegre perto de sua treinadora. Rapidamente, o Pokémon correu para a mesma direção da qual surgira minutos antes, mas antes de sair do campo de visão dos meninos, virou para trás e fez sinal com a sua cabeça, pedindo que os meninos o seguissem.

– Nido! Nido!

Mindy não pensou duas vezes. Pegou sua mochila no chão e desatou atrás de seu Pokémon, sem acreditar na sorte que teve de reencontrá-lo.

– Vamos Dave, parece que ele quer levar a gente a algum lugar. Provavelmente os outros estão lá.

O menino se levantou em um pulo e por pouco ia deixando seus pertences. Se não tivesse visto a mochila de sua amiga nas costas dela, muito provavelmente não teria se lembrado da sua.

Nidoran os guiou por muito tempo por um caminho que Dave não sabia como ele estaria se lembrando. Nada mudara na paisagem desde que eles saíram da arvore onde acamparam, e Nidoran continuava a virar aqui e ali, como se soubesse exatamente o que fazia. Não havia caminho desenhado no chão, ou qualquer trilha possível para o Pokémon seguir. Para Dave, eles estavam perdidos, mas Nidoran seguia incansável, liderando o grupo.

Os amigos seguiram animados e nervosos por mais algum tempo até que Nidoran parou de correr. Ao longe se podia ver uma barraca improvisada. Ela era grande e cabiam confortavelmente três pessoas lá dentro. Se fosse uma barraca comum, talvez Dave tivesse corrido em sua direção exigindo saber de seus pokemons, mas aquela não era uma barraca ordinária. Nela havia um “R” em vermelho pintado conta o pano branco. Aquela era uma cabana Rocket.

– Então foi a Equipe Rocket – concluiu Mindy, observando a cabana. – Muito bem Nidoran, os outros ainda estão lá dentro?

– Ni, nido! – disse o Pokémon, balançando positivamente a cabeça.

– Bom, então não há nada a fazer se não entrar e lutar. – Disse a menina, deixando Dave de olhos arregalados.

– Nós não temos nenhum Pokémon Mindy. Como você espera lutar?

– Você está se esquecendo do Nidoran, Dave. – Respondeu a menina, dando um leve sorriso para o amigo.

E com isso, a menina correu em direção à cabana, com Dave logo atrás, decidida a recuperar Charmander e os outros pokemons roubados. Eles vão ter que se ver comigo. Quando a menina ia se aproximando do acampamento inimigo, a cabana se abriu e Jody veio para o lado de fora.

– Você?! – Gritou Mindy.

A mulher olhou abismada para o grupo que chegava, tendo sua terceira surpresa desagradável no mesmo dia. Não acreditava que tudo aquilo estivesse acontecendo. Ela ficou estática, sem saber o que falar, completamente sem ação.

– Como você está aqui? Achei que estivesse presa em Cardo! – disse Dave, sem acreditar no que via.

E então Jody viu Nidoran aos pés de sua treinadora, visivelmente com raiva e preparado para uma briga, e um pingo de entendimento passou por seu rosto. Então era esse o novo Pokémon do grupo e fora ele que fugira de maneira tão misteriosa. Como aquela criaturinha podia ter estragado seus planos? Como que ele conseguira escapar para começar?

Se recompondo do choque que recebera, a vilã sacou sua pokebola em posição de luta.

– Não interessa como, nós escapamos da prisão. Você realmente acha que a Equipe Rocket fica presa por mais de um dia? – Disse ela, forçando um sorriso no rosto. Na verdade, poucas vezes estivera tão preocupada.

– Pois bem, não importa – respondeu Mindy decidida. – Devolva os pokemons que roubou da gente nesse instante!

– Cade o Eevee?! – Disse Dave, desafiador.

– Esqueçam meninos, os seus pokemons são meus agora. Vai Doduo! – Disse a mulher liberando seu Pokémon.

– Nidoran, essa é com você. – Disse Mindy, apreensiva. Se lembrando de sua ultima batalha sozinha contra a equipe rocket, a menina provocou. – Afinal, será que você consegue me vencer sozinha Jody? Cadê aquele seu amiguinho? Vai dizer que abandonou ele na prisão...

Dave se surpreendeu com a atitude de Mindy. Normalmente eram os vilões que recorriam a provocações, mas, aparentemente, a menina sabia fazer isso como ninguém. Jody ficara lívida ao ouvir as provocações de Mindy, e sem responder, começou a batalha.

– Ataque de fúria. Agora! – Disse a mulher, vermelha de raiva.

– Nidoran evasiva – ordenou a treinadora. Parece que eu toquei em um ponto delicado pensou ela.

O ataque de Doduo não parava e Nidoran pulava de um lado para o outro, desviando-se com muita dificuldade das duas cabeças do adversário. É bom a Mindy mudar de estratégia pensou Dave, observando a luta.

– Continue Doduo, aumente a velocidade! – Ordenou Jody

– Nidoran, espinhos venenosos, agora! – Gritou Mindy.

Após se desviar da cabeça direita do pássaro, o Pokémon de Mindy soltou um chuva de agulhas venenosas, que, devido à proximidade de Doduo, atingiu cheio a cabeça esquerda da ave, que se encaminhava para dar continuidade ao ataque de fúria. O Pokémon foi pego de surpresa e deu alguns passos atrás. Nesse momento, Dave e Mindy aproveitaram suas respectivas oportunidades. Ela aproveitou o momento de vulnerabilidade de Doduo e o atacou com a investida. Aproveitando o momento de distração de Jody, Dave entrou sorrateiramente na cabana. Ambos foram bem sucedidos. O rapaz entrou na cabana completamente despercebido, enquanto o Pokémon da mulher tombava com o impacto da investida de Nidoran.

– Acabou Jody! – Disse Mindy, triunfante. – Devolva os pokemons.

– Nunca! – Disse a vilã, ainda não acreditando que tinha sido vencida. Sua convicção, entretanto, não durou muito. Logo Dave saiu da barraca, com as pokebolas na mão e Eevee fora da jaula.

– Ue, Ueevee – gritava eevee, feliz por estar de volta com seu treinador.

Se dando por vencida, Jody olhava incrédula para o que horas antes parecia ser a maior gloria de sua carreira. Tudo havia desandado, e ela nada mais podia fazer. Os meninos haviam recuperado seus pokemons, e a sua única esperança de luta estava caída inconsciente no chão, vencido pelo Pokémon de Mindy. Maldito Pokémon! Como foi que ele se soltou?!

– Acabou – disse Dave. – Você vai nos deixar ir embora e não irá nos seguir.

Jody olhou desafiadora nos olhos de Dave. Como que ela podia estar tomando ordens daquele moleque?

– Vou aceitar seu silencio – disse Dave – considerando que você não tem como nos prender aqui, e seguir a gente será difícil com seu amigo no estado em que está – disse Dave, apontando para a cabana. - Ele nem conseguiu se levantar para me impedir de pegar os pokemons.

Jody olhou para a cabana se lembrando de Jack. Ela ainda não sabia o que fazer para fazê-lo melhorar e aquilo a estava deixando ainda mais aflita. Sem ter como discutir, a mulher achou que sairia melhor se não respondesse as acusações dos meninos. E assim eles se viraram e começaram a caminhar na direção de onde vieram. Mindy ordenou que Nidoran liderasse o caminho de volta a árvore, de onde eles poderiam encontrar a trilha facilmente, mas, antes de sair, Eevee teve uma reação inesperada. Subindo no ombro de Mindy, ele começou a enfiar seu nariz e uma de suas patas dentro da bolsa da menina.

– Você quer alguma coisa aqui Eevee? – perguntou a menina, enquanto se abaixava e botava sua bolsa no chão.

– Uee, ueevee...- respondeu eevee, mexendo nas coisas da menina até achar um frasco de poção contra venenos de Pokémon. Ele então, segurando o frasco na bolsa, se encaminhou ate Jody e colocou o frasco na mão da mulher, que o olhava sem entender. Em seguida, ele foi até a entrada da cabana e apontou para dentro com a pata.

– Acho que Eevee esta dizendo para usar isso no Jack – disse Dave, incrédulo com a atitude de Eevee, que confirmava o que Dave disse com a cabeça.

Com isso, Eevee voltou para o ombro de seu treinador, acariciando o rosto do menino, e eles retomaram a sua viagem.

*****

Mais tarde aquele dia, incrivelmente satisfeitos consigo mesmos, o grupo seguia a trilha para chegar a estrada que ligava Cardo a Auburn. Mindy deixara Nidoran caminhar um pouco, e os dois pareciam incrivelmente felizes.

– Como foi que você conseguiu escapar Nidoran? Eles te liberaram da pokebola? – perguntou a treinadora, intrigada.

Nidoran balançou a cabeça negativamente, o que fez a menina franzir a testa.

– Então como é que você saiu de lá? Você não pode ter se libertado da pokebola sozinho... – disse a menina, confusa.

– Ni, Nido... – disse o Pokémon, com um brilho nos olhos que os meninos não entenderam.

– Viu Mindy, agora sim você sabe não é? – debochou Dave, rindo-se da tentativa de comunicação falha de sua amiga.

– Ah cala a boca, Dave! – retrucou ela, sorrindo.

Quem será que liberou o Nidoran? Mas por mais que pensasse, ela não poderia responder a essa pergunta.


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Notas finais do capítulo

E então? Alguém arrisca um palpite? Gostaram do capítulo? Espero sinceramente que sim!

Até a próxima!



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