Evolution: Parte 2 escrita por Hairo


Capítulo 23
O Ginásio de Zaffre


Notas iniciais do capítulo

E aí, prontos para o próximo capítulo em Zaffre? Agora vamos ver o que esse ginásio tem para desafiar nossos amigos...



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Anteriormente em Pokemon Evolution:

De dentro do elevador surgiram duas das pessoas que eles menos esperavam ver aquele dia.

– Dave, Mindy! – disse a Mary Jane, também surpresa, mas com um grande sorriso no rosto. A menina se precipitou em um abraço a Dave, mas o menino apenas pôde retribuir com uma das mãos, pois Mindy apertou com força a que ela estava segurando.

A outra pessoa a sair do elevador, porém era quem tinha atraído olhares mais atentos do casal.

– Bom dia, prima. – disse Rusty, com um sorriso cheio de presunção. – Estive esperando por você, por que demorou tanto?

–.-.-.-.-.-

Dave não controlou a raiva em sua garganta (...) - Se apenas “gente como você” pudesse vencer “alguém como eu” numa batalha, talvez eu entendesse o porquê de tanta presunção!

– Talvez quando eu tiver tempo de dar aula para a ralé a gente se veja num campo de batalha. Agora, minha família precisa de mim – e com isso, o ruivo entrou no elevador e sumiu atrás das portas quando elas se fecharam.

–.-.-.-.-.-

– Tudo bem, tudo bem... – concordou o treinador, sacudindo a cabeça e finalmente virando o rosto para observar os arredores do que ele achava que era a cidade – Por que você me trouxe para um campo de terra, Mary Jane?

– O ginásio é por aqui, em algum lugar...

– Achei!

–.-.-.-.-.-

– Rápido – disse ela – corram para o lado e se segurem em alguma coisa!

– O que?! – exclamou Dave, mas nessa hora, o frio chão firme de metal tremeu.

– AGORA! – gritou a menina e então seu amigos obedeceram.

Dave e Jake saltaram para o lado de onde a voz da menina vinha e se seguraram numa barra de metal que eles descobriram estar presa ao que parecia ser uma parede. (...)De repente, o chão sumiu. Em menos de um segundo a barra de metal os puxou para baixo e os seus corpos foram lançados ao ar, sem apoio. Se não estivessem segurando fortemente na barra eles estariam em queda livre. Tudo o que conseguiram fazer foi gritar.

– AAAHHHH!!!

E agora,

Capítulo 23 – O Ginásio de Zaffre

A queda parecia tão infinita quanto a escuridão, e o vento gelado parecia cortar-lhe as maças do rosto, os olhos e a boca. A sensação de queda e o estômago revirado tomavam conta de todos e as vozes começavam a falhar depois de tanto tempo gritando, mas Dave e Jake não conseguiam pensar em mais nada. O que aconteceu? Que lugar é esse? Cade o chão?

– Já vai acabar! – gritou Mary Jane, ao lado de Dave.

E ela estava certa. Logo em seguida eles ouviram um barulho de alguma coisa inflando rapidamente, como um balão de ar que se enche instantaneamente, e logo em seguida eles sentiram-se chocar com algo semelhante a um colchão d’água. O mundo girava a volta dos amigos, mas pelo menos eles tinham parado de cair.

– Maldita Aya! Ela disse que se voltasse, eu não precisava passar por isso de novo! - Esbravejou Mary Jane, aparentemente lutando para conseguir se levantar no colchão. De repente, uma voz a respondeu.

– Ora, você não disse que traria mais desafiantes. – e então um enorme corredor, largo e alto o suficiente para que três caminhões passassem lado a lado se iluminou com inúmeras tochas de fogo azul presas nas paredes e no teto. No centro, uma sombra feminina se destacava, parada, olhando fixamente para os três visitantes desfeitos pela queda.

A mulher tinha longos cabelos verdes presos em um único rabo de cavalo no topo de sua cabeça. Vestia-se com uma jaqueta vermelha que mais parecia um kimono, e tinha uma blusa negra por baixo. Ela era alta e se mostrava mais velha do que os garotos, mas ainda não uma adulta, e vestia um sorriso desconfiado no rosto.

– E você não disse que eu não poderia trazê-los!

Aya simplesmente sorriu para a menina ruiva e se voltou para Jake e Dave, que ainda estavam tendo dificuldades para se levantar. O sorriso da mulher se dissolveu enquanto a sua expressão se tornava mais fechada e séria.

– Desafiantes, sejam bem vindos ao ginásio oculto de Zaffre. Meu nome é Aya e sou assistente pessoal e aluna particular do nosso líder, Casper. Ele os espera no final do corredor para o seu desafio.

Antes que Dave pudesse responder, a mulher virou as costas e começou a caminhar lentamente, fazendo com que cada passo que dava ecoasse longamente pelo túnel, enquanto Dave e Jake ainda tentavam entender o que estava acontecendo naquele lugar misterioso. Esse é definitivamente o ginásio mais estranho que eu já vi pensou o treinador, enquanto um arrepio corria a sua espinha a cada passo que a sua suposta guia dava.

– Vamos – disse Mary Jane, como se tudo estivesse ocorrendo normalmente – é por aqui - E sem nenhuma outra opção os três amigos seguiram Aya pelo enorme e enigmático caminho até o líder de Zaffre.

Era impossível negar que estivessem assustados. A cada vez que o grupo deixava uma fileira de tochas para trás, o misterioso fogo azul que queimava nelas se apagava automaticamente, fazendo com que o caminho pelo qual tinham vindo ficasse invisível atrás deles. Era como se uma enorme massa sólida e pesada de escuridão se arrastasse atrás do grupo, acompanhando-os por um caminho que parecia ser mais longo do que eles gostariam que fosse.

O silêncio era apenas cortado pelos sons dos passos ecoados da guia, misturado aos passos nervosos de apressados dos outros três. Até mesmo Mary, que já havia passado por ali e vencido a sua luta se mostrava nervosa, olhando constantemente para trás e tomando cuidado para não se distanciar de mais dos amigos. Aquele lugar fora feito para deixar os treinadores desafiantes nervosos, assustados e amedrontados, e sempre atingia o seu objetivo.

Se foram muitos ou poucos minutos nem Dave nem Jake souberam dizer, mas aqueles foram os minutos mais longos que se passaram em muito tempo para os garotos, até que, finalmente, a ultima fileira de tochas entrou no seu campo de visão limitado pelo ambiente mal iluminado. O problema era que, além do fogo azul que pouco iluminava o caminho à frente, nada mais podia ser visto. Era como se a parede negra que os seguia pelo corredor finalmente se encontrava com a sua parede oposta, esmagando os amigos entre elas.

Aya parou bem embaixo da ultima fileira de tochas de modo que ela não se apagou, e Dave se aproximou temerosamente, prevendo que a qualquer momento poderia ficar preso em meio ao corredor escuro, sem saber para onde ir. Aya se virou para os visitantes quase triunfante, brincando com um sorriso em seu rosto, sem deixá-lo, porém, se mostrar.

– Aqui nos separamos, por enquanto – disse a mulher de cabelos verdes – Os desafiantes devem seguir em frente. Eu e Mary Jane, como apenas assistiremos o embate, tomaremos outro caminho.

– Seguir em frente? – disse Dave, arregalando os olhos – Sozinho? Mas para onde? Não da para ver nada daqui para frente!

Nesse momento o grupo se sobressaltou com um som grave e alto vindo a não mais de dois metros à sua frente. Eevee se encolheu nos ombro de seu treinador enquanto o barulho que parecia de uma dobradiça gigante sendo girada lentamente cortava o ar. Bem em frente, Dave conseguiu viu a cena mais estranha que já havia presenciado.

Aos poucos, como se aparecendo por trás de uma porta se abrindo, ele viu um pequeno pedaço de escuridão, recortado por um pequeno feixe de luz preso ao chão, tomando o desenho de um retângulo. O feixe de luz foi se iluminando aos poucos e desenhando, pelo chão, escuro como o céu da noite, uma arena de batalha. A impressão que dava ao olhar para aquele lugar era de se estar pisando sobre um infinito negro, sem estrelas, e de estar prestes a ser engolido por ele. Dave engoliu em seco enquanto Eevee arregalava os olhos em seu ombro.

– Essa é a arena de batalha – explicou-lhe Aya – Apenas um treinador pode entrar por vez, então o outro deverá esperar aqui.

– Outro? Eu não sou treinador – Jake se apressou em explicar – E nem que fosse lutaria num lugar como esse...

– Pois bem, então você deve me seguir para que possamos assistir esse desafio.

– Mas eu vou ficar sozinho mesmo? – perguntou Dave, quase implorando para que alguém o acompanhasse. Mary Jane e Jake, porém, olharam-no como se não tivessem escolha e seguiram a mulher de cabelos verde por entre a escuridão. Onde está a Mindy nessas horas pensou o menino, enquanto suspirava.

– Parece que somos só eu e você novamente Eevee

– Uee... – gemeu o Pokémon desanimado, quase em lamento.

E então, os dois deram um passo a frente em direção à arena. Assim que o fez as tochas atrás do menino se apagaram e toda a luz passou a vir do pequeno traço fino que delimitava o desenho retangular da arena de batalha. Dave se sobressaltou, tendo se esquecido desse comportamento estranho das tochas daquele lugar, e se viu paralisado junto a Eevee no meio do caminho. Do outro lado da arena, uma leve risada atormentou-o.

– Quem está ai?! – Disse o menino em voz alta, visivelmente com medo.

– Seja bem vindo ao Ginásio de Zaffre rapaz. Meu nome é Casper e eu sou o líder daqui.

Do outro lado da arena, um homem alto pisou no espaço reservado para os treinadores e o chão embaixo dele imediatamente se acendeu. A luz era estranha e direcionada diretamente para ele, não iluminando nem o chão a sua volta, nem nenhuma parede atrás. O líder era um homem de cabelos brancos, já com idade, porém não se portava como um. A postura era ereta e mostrava a força de uma idade que as rugas na sua pele diziam que não tinha. Sua pele era pálida, refletida pela luz, e os olhos azuis claro podiam ser vistos brilhando a metros de distancia. Talvez fosse o efeito da luz, do lugar, da jornada até ali, ou apenas o estado de espírito de Dave, mas ele achou o homem apavorante.

– Ah! Sim, claro! – disse o menino, parado a alguns passos da sua própria área de treinadores.

– Por favor, entre em sua área. Assim poderei vê-lo. Não tenha medo, não há motivos para isso. Pelo menos por enquanto.

A educação e a ameaça nas palavras do homem, combinadas com a firmeza de sua voz fizeram com que Dave o obedecesse imediatamente, quase correndo para entrar em sua área. Ele tremia da cabeça aos pés e sentia seu amigo Pokémon fazer o mesmo em seu ombro. Assim que pisou dentro do retângulo desenhado pela linha brilhante de luz, todo o interior de sua área se acendeu, quase cegando-lhe. O menino levou as mãos aos olhos para protegê-los e foram necessários alguns segundos para que seu olho começasse a se adaptar a mudança de iluminação. Enquanto isso, Casper ria do desafiante, do outro lado da arena.

– Ora, ora, você logo se acostuma com a luz menino. Devo confessar que esperava alguém um pouco maior, mas vejo um Eevee no seu ombro. Esses Pokemons podem não ser os melhores guerreiros, mas são uma ótima companhia.

– O maior erro dos meus oponentes, normalmente, é subestimar o poder do Eevee. – retrucou Dave, ainda tentando se acostumar com a luz direcionada diretamente para ele. Era incrível como mesmo no espaço iluminado ele ainda não conseguia sequer ver o chão da arena. Tudo o que via era a escuridão desenhada por aqueles feixes brilhantes e o homem grisalho do outro lado.

– Ora, pois muito obrigado por me avisar rapaz. Normalmente um treinador tiraria proveito disso, mas você parece ser mais estúpido do que a maioria. Ou então, mais honrado. Depende do ponto de vista.

Dave não sabia como reagir ao que aquele estranho homem lhe falava. Não sabia se tinha sido elogiado ou insultado, e um sentimento estranho lhe dizia que ambas as coisas tinham ocorrido. Casper, porém, não deu muito tempo para o garoto responder, e continuou a falar.

– Ora só há um jeito de descobrimos não é? Acredito que tenha vindo aqui para uma batalha senhor Hairo – as sobrancelhas de Dave se ergueram. Como é que ele sabe o meu nome? Pensou o menino, enquanto o líder continuava – as regras aqui são simples. A batalha é de dois contra dois, sem limite de tempo. De acordo?

Dave tomou alguns segundos para tentar se recompor. Seu batimento cardíaco estava acelerado, o medo e o nervosismo ainda borbulhavam em seu sangue e seus olhos ainda não estavam completamente adaptados à claridade que o cercou depois de tanto tempo na mais completa escuridão. Aquele lugar realmente era de dar arrepios em qualquer um. Foi a voz de Mary Jane vindo de algum lugar acima dele que o acordou.

– Ele está pronto Casper – disse a ruiva, enquanto Dave, sobressaltado, olhava para cima em busca da amiga. – Não tente me achar Dave, A luz só chega até você. Eu estou aqui de cima, assistindo tudo com a Aya e com o Jake. Tente se manter calmo, esse é o truque para sair daqui vencedor.

– Isso ai – disse Jake, provavelmente ao lado de Mary – E não se esqueça que ele usa Pokemons Fantasma Dave. Você precisa ter cuidado, mas pode tirar proveito disso! Sabe, quando eu era pequeno, minha mãe costumava me contar umas histórias sobre fantasmas Pokemons que voltavam para assombrar... – a voz do menino foi interrompida por um forte estalo que soava bastante como um leve tapa.

– Agora não Jake! – disse MJ, com um suave tom de riso – Boa sorte Dave!

– Então, depois de todo esse bate papo, será que podemos ter uma batalha?

A voz de Carter pegou Dave de surpresa e o menino subitamente se lembrou de onde estava. O homem mudara subitamente de fisionomia e as rugas cansadas que lhe denunciavam a idade agora se escondiam por trás da expressão de concentração e, até mesmo um pouco de diversão que lhe cobria o rosto. Apesar de tudo, aquele era um homem que gostava de suas batalhas e isso apenas serviu para animar o desafiante. Além disso, agora Dave tinha um sorriso no rosto e o nervosismo se esvaíra, ou pelo menos parte dele. Agora ele se sentia pronto para o desafio.

– Obrigado gente! – disse o menino, sem tirar os olhos do homem do outro lado da arena. – Estou pronto quando você estiver Carter...

– Ótimo! Pokebola vai!

O líder de Zaffre lançou no ar sua Pokebola, mas, antes que ela se abrisse, o objeto sumiu em meio a escuridão que dominava a arena. Por um momento Dave ficou confuso, até ouvir o barulho do Pokémon sendo liberado e ver a Pokebola retornar automaticamente para a mão de seu dono. Dave não sabia que Pokémon Carter havia escolhido e isso fizera o homem sorrir.

Mas eu não sei o que ele escolheu?! Como eu vou poder fazer alguma coisa se eu não sei nem contra quem estou lutando?! Desesperou-se o treinador de Grené. Preciso pensar em algum jeito de iluminar esse lugar. Nesse momento Dave lembrou-se de Mindy e de seu Charmeleon. A morena com certeza não teria muitas dificuldades naquela arena. Como será que ela está? Será que quando eu voltar consigo falar com ela? Divagou ele, mas não por muito tempo. Sacudiu a cabeça para afastar o pensamento e voltou a se focar na batalha que tinha a frente. Ora, se eu não posso ver o que estou enfrentando, ele também não vai poder não é? Eu sei que o dele é um fantasma, então, porque não lutar fogo com fogo? Dave se lembrou então de sua mais recente captura. Podia ser arriscado, mas naquele momento, nenhuma outra idéia lhe agradou mais do que ver dois fantasmas em batalha.

– Pokebola vai! – gritou o menino e seu Pokémon foi liberado. Era muito estranho não conseguir ver nada.

– Nossa, uma escolha sabia a sua. Um Pokémon que não encosta no chão. Isso vai ser interessante.

A expressão confusa de Dave fez Carter sorrir de novo. Como ele sabe que meu Pokémon voa? Pensava o menino. Antes que ele pudesse pensar outra coisa porém, Carter fez o primeiro movimento.

– Choque do Trovão, agora!

– Cuidado, evasiva!

Uma luz amarela de energia envolveu um corpo que Dave viu levitando no ar, mas não foi o suficiente para que reconhecesse sua forma. O raio de eletricidade foi lançado diretamente a frente e Dave teve que confiar na sorte para saber que Gastly não tinha sido atingido. O raio cortou a escuridão jogando feixes de luz enquanto passava, até atingir o chão. Dave viu a pedra negra receber a descarga elétrica e se acender com uma luz similar àquela que o iluminava. Logo em seguida a luz se apagou, e então tudo fez mais sentido.

– Já sei! Rápido, Bola das sombras, para o chão! – ordenou o menino. Gastly formou a bola de energia roxa, que, por ter luz própria, brilhou no escuro antes de ser lançada. O ataque seguiu em direção à pedra negra do piso e, assim que a atingiu, ela se acendeu novamente, para logo em seguida se apagar, como a outra. O chão se acende quando se pisa nele! Concluiu Dave.

– Ora, ora, um Gastly! – riu-se Carter, ao mesmo tempo em que Dave percebeu o erro que havia cometido. A bola das sombras tomara tempo para ser criada. Tempo o suficiente para Carter reconhecer seu oponente. Ele tinha descoberto uma vantagem no chão do ginásio, porém tinha perdido o elemento surpresa. – Confesso que achei que fosse um Pokémon voador. Você me surpreende rapaz. Vamos ver do que é realmente capaz. Rápido, Choque Venenoso!

– Dave, cuidado! Esse ataque traz uma desvantagem pro Gastly! – gritou MJ, de algum lugar acima do amigo. Mas Dave não precisava disso para saber que se encontrava em apuros. Não apenas Carter sabia qual era o Pokémon de Dave, mas sabia onde ele estava há alguns segundos atrás, e o ataque seguia diretamente para o ponto de onde fora lançada a Bola das Sombras.

– Cuidado Gastly, evasiva novamente! – Dave prendeu a respiração enquanto ouvia o deslocamento rápido de ar vindo dos raios roxos que saíram de seu oponente. Nem ao menos se preocupara em distinguir sua forma, preocupado com seu próprio Pokémon. Quando ele viu os raios roxos sumirem na escuridão, provavelmente se chocando com uma parede, o menino suspirou aliviado. Não sabia para onde, mas seu Pokémon havia conseguido sair do caminho.

E de repente tudo estava de volta à estaca zero. Dave não sabia contra quem lutava, onde estava seu oponente, mas seu oponente também não sabia onde ele estava. Carter sorriu do outro lado da arena enquanto Dave tentava ao máximo pensar em uma estratégia que pudesse lhe dar alguma vantagem. Não gostava de admitir, mas talvez ter escolhido um Pokémon com quem tivesse passado tão pouco tempo tenha sido um erro.

– Ora Dave, você terá que fazer melhor do que apenas se esconder – disse Carter – Uma hora eu vou lhe achar sabe? Não se esqueça que eu estou acostumado a lutar nessa escuridão.

Dave reconheceu que o que o homem lhe dizia fazia bastante sentido, mas não via como ele poderia achar o seu Gastly em meio ao breu. O homem podia ver tanto quanto ele. Não poderia ser precipitar e acabar denunciando sua posição novamente. Qualquer ataque que desferisse denunciaria imediatamente a sua posição. Carter pareceu não gostar do silêncio do menino e estudava o rosto do rapaz, procurando entender o que ele estava pensando.

– Bom, se você não fará nada... Haunter, use o Psíquico!

Dave foi pego de surpresa pela revelação do nome de seu oponente, mas logo entendeu o porquê. Assim que deu a ordem, Haunter começou a brilhar do centro da arena com uma luz roxa delineando sua forma gasosa. Seus olhos se tornaram da mesma cor e Dave viu Gastly ser envolto por uma forte energia psíquica. O menino mal via os contornos de seu Pokémon, iluminados pelo contorno brilhante, mas o ouvia gemer frente ao ataque do oponente.

Droga! Pensou Dave.O que eu faço agora? Será que tem como o Gastly sair dessa? O menino não sabia o que fazer enquanto observava seu Pokémon sofrer com o ataque de Carter. Acho que vou ter que ganhar essa com outro Pokémon... Decepcionado, Dave sacou sua Pokebola para chamar de volta Gastly quando teve uma surpresa. Assim que apontou o objeto para seu Pokémon, Haunter o fez se desviar do raio que o retornaria a Pokebola.

– Desista rapaz! – disse Carter, olhando seriamente para o rosto de Dave. – Você não devia ter vindo aqui. Não está pronto.

– Mas o que?! - Dave tentou chamar Gastly de volta novamente, mas falhou - Você não pode fazer isso! – exclamou ele, sem saber como reagir a atitude inesperada de Carter.

– E por que não? Você pode chamar seu Pokémon de volta, se conseguir. E no momento eu acredito que isso não vai acontecer garoto. Não há nada contra as regras nisso. Posso ver pelo seu Pokémon que ele é inexperiente. Você deve voltar depois de treinar um pouco mais, não acha melhor?

– Mas...

A surpresa deixara Dave boquiaberto e o menino não sabia como responder aquilo. Teria mesmo que desistir mais uma vez? As imagens do torneio de Brass voltaram automaticamente à sua cabeça e ele se viu mais uma vez jogando a toalha. Aquele sentimento de derrota se apossou do menino mais uma vez e ele teve que segurar a lágrima que brotava solitária em seus olhos. A luz que iluminava fortemente o seu rosto voltou a lhe incomodar e ele levou a mão ao rosto mais uma vez. Não conseguia acreditar que estava prestes a pronunciar as palavras que iria dizer naquele momento. Desistir era a pior sensação que ele já havia experimentado até ali.

– Eu... – começou o menino, finalmente olhando para frente. Entretanto, Foi a voz de Jake que completou o seu pensamento

– Eu não acredito!

Dave perdeu o ar quando viu que a luz que o incomodava não era, na verdade, a luz que vinha debaixo de seus pés, mas sim a que vinha de seu Pokémon, brilhando fortemente, no centro da arena.

– Eu não acredito! - sussurrou Dave, como se para si mesmo, enquanto observava seu Gastly recém capturado se transformar lentamente em Haunter.

Dessa vez fora Mary Jane que lhe trouxera de volta a realidade – Dave, aproveita a chance que você esta tendo!

Era verdade. A evolução repentina e inesperada dera a Dave uma nova chance na batalha, quebrando o efeito do ataque do Haunter de Carter e iluminando, mesmo que por um momento, a arena. Quando a luz se apagou e o novo Haunter se posicionou , Dave sabia exatamente onde estava seu oponente, bem a sua frente. Não podia desperdiçar essa chance.

– Haunter, rápido, Raio Noturno!

O Pokémon entendeu e executou o comando em grande velocidade, lançando raios negros de seus olhos que fizeram seu oponente gemer ao sofrer o ataque.

– Não pare agora Haunter! Ataque com a Bola das sombras, e depois com outro Raio Noturno!

E o Pokémon fantasma recém evoluído lançou seu segundo ataque, que atingiu o alvo novamente, e, em seguida, lançou outro poderoso raio noturno. Em poucos segundos a batalha tinha mudado completamente. A pouco Carter se via forçando seu oponente a desistir, e agora observava seu Pokémon cair, vencido, no chão. A luz da pedra onde ele bateu se acendeu e seu Haunter fechou os olhos, desacordado.

– O Haunter de Carter está fora de combate. O vencedor do primeira rodada é Dave, de Grené – disse a voz de Aya, fazendo Dave sobressaltar. Tinha esquecido completamente da mulher.

O Haunter de Dave olhou para o seu adversário caído no chão e sobrevoou o seu corpo desacordado dando vivas no ar, com um enorme sorriso na boca. Depois de dar uma volta completa, sumiu de novo na escuridão da arena, apenas para reaparecer de repente na frente de Carter, tirando-o do transe em que o choque da derrota lhe colocara. O Homem se assustou levemente e deu um passo atrás, enquanto o Pokémon de Dave mostrava a língua a Carter e soltava uma forte gargalhada.

– Olha Dave, parece que o Haunter está se gabando de ter vencido o Carter! – disse a voz de Mary, rindo.

Mas Dave nada disse. Talvez porque estivesse ainda abalado pela surpresa da evolução, mas também por que uma parte de si queria estar realmente fazendo aquilo. Carter de fato não rompera nenhuma regra, mas subestimara Gastly e quase conseguiu com que Dave o fizesse também. O Pokémon merecia esse momento de diversão. Por sorte o homem pareceu pensar igual a Dave e não se mostrou muito aborrecido, apesar de estar visivelmente incomodado.

– Um belo movimento rapaz. Confesso que a evolução me surpreendeu, mas não tanto quanto a sua resposta a ela. Você me pegou de guarda-baixa e soube se aproveitar da vantagem, acabando com a luta de uma vez – Disse ele enquanto recolhia seu Haunter derrotado. Depois, se dirigindo a escuridão a sua frente, se dirigiu ao Pokémon de Dave – E você Haunter. Talvez não devesse tê-lo subestimado. Sem querer acho que acabei lhe dando justamente o que lhe restava para evoluir, um motivo.

Naquele momento Dave agradeceu a sorte de ter capturado um Pokémon que já tinha experiência. Nem sequer treinara uma vez com Gastly antes daquela batalha e, se o Pokémon não estivesse pronto para evoluir, ele dificilmente teria a chance de continuar lutando. Agora porém, tinha a vantagem numérica e pretendia tirar proveito dela.

Carter, do outro lado da arena, sacou sua ultima Pokebola.

– Não cometerei o mesmo erro de novo rapaz. Dessa vez é pra valer! Vai! – E jogou a bola branca e vermelha no ar, em meio ao breu. Dave, porém já tinha uma idéia de que Pokémon seria o seu adversário.

– Tudo bem, vamos lá Haunter! – disse o treinador de Grené – comecemos com um Raio Noturno!

Carter riu enquanto via o movimento precipitado de Dave.

– Evasiva e raio de confusão!

O ataque de Dave pareceu cruzar toda a arena de batalha e se perder no fundo, passando a mais de um metro de Carter. Quase simultaneamente, um par de olhos vermelhos começaram a brilhar a pouco mais de dois centímetros de onde o ataque de Dave havia passado.

– Cuidado! – tentou gritar Dave, mas era tarde de mais. Em sua empolgação ele tinha denunciado sua posição e, ocupado enquanto executava seu movimento anterior, Haunter havia se tornado um alvo fácil para aquele treinador tão experiente em batalhas no escuro.

– Muito bem Gengar – disse Carter – Agora pode pousar e lutar do chão.

– O que?! – Exclamou Dave, incrédulo.

Gengar obedeceu a seu treinador e pousou, acendendo a placa escura sob os seus pés e se revelando não só para Dave, mas também para Haunter. Não era uma surpresa que o Pokémon mais forte de Carter fosse um Gengar, mas daí a revelar a sua posição daquele modo tão fácil era outra coisa completamente diferente.

– Sabe Dave, depois do que ocorreu, eu ficaria muito surpreso se Haunter conseguisse ao menos me acertar um ataque sequer...

– Ah mas você vai... – começou Dave, com rancor na voz, mas antes que terminasse, um raio negro e escuro estourou na pedra ao lado de Gengar, fazendo-a acender.

– Gengar bola das sombras. – Disse Carter, em um tom de voz tão calmo que causava calafrios. Seu Pokémon obedeceu e Dave viu a bola das sombras ser lançada na direção de onde o ultimo ataque viera. Havia tempo, porém para uma manobra de defesa.

– Haunter evasiva!

Para a surpresa de Dave, entretanto, o ataque de Gengar atingiu seu Pokémon em cheio e ele conseguiu ver, com a luz do impacto, o fantasma voar mais de um metro para trás, rodando, quase como se estivesse cambaleando. Depois a escuridão o engoliu, e Dave não viu nem ouviu nada.

– Haunter?! Você esta bem? – exclamava o menino, preocupado, procurando sinais de que seu amigo tivesse caído ao chão. Nenhuma placa de luz, porém, se acendeu. – Haunter cadê você?

Antes que Dave pudesse fazer qualquer coisa a mais, um outro ataque de raio noturno surgiu da escuridão a sua direita, explodindo mais longe ainda de Gengar, que, dessa vez, nada fez para retrucar.

– Haunter, pare de atacar! Eu não falei para você fazer isso! – disse Dave, sem entender o que estava acontecendo.

Seu Pokémon porém, fingiu não ter ouvido as ordens diretas do seu treinador e continuou a atirar raios noturnos que explodiam cada vez mais longe de Gengar.

– Gengar, não vamos subestimá-lo de novo. No próximo ataque, finalize isso com um Soco das Sombras – ordenou Carter, quase simultaneamente ao surgimento de um outro ataque desordenado de Haunter.

O Pokémon do líder saltou do chão apagando a pedra onde ele se apoiava e voando em direção à escuridão. Dave nada pôde fazer se não esperar até ouvir o som do impacto do golpe. Logo em seguida, quase aos seus pés, uma pedra se acendeu e Haunter caiu de olhos abertos, porém desfocados.

– Haunter está fora de combate – declarou Aya.

– Haunter volte! – ordenou Dave, irritado, enquanto recolhia sua Pokebola.

– Garoto, o Raio de confusão do meu Gengar é bastante poderoso e era muito pouco provável que seu Pokémon conseguisse desferir um golpe contra ele depois de ser atingido. Menos provável ainda que, se o atingisse, o golpe fosse fatal. O mais comum é que os Pokemons confusos acabem por se machucar... - começou Carter,

– Eu sei os efeitos da confusão, obrigado!

– Então espero que se lembre que a desobediência não é um deles, meu jovem.

Dave respirou fundo e encarou a expressão vazia de Carter. Era incrivel como aquele homem tinha o dom de te afetar sem gritar, ameaçar ou sequer usar de uma feição mais dura. Ele sempre sabia quais palavras dizer, na hora exata, para te deixar sem ação. Dave entendeu aquilo que ouviu como uma provocação, mas não conseguiu responder a altura. Em vez disso, preocupou-se em escolher o próximo Pokemon para a luta.

O Pidgeotto é o meu único Pokemon voador, mas os ataques dele não farão nenhuma diferença contra um tipo fantasma. Vai ver era isso que a MJ queria dizer sobre o Pidgeott dela. Pensou o rapaz, levando a mão ao cinto de Pokebolas, mas sem decidir qual delas escolher. Todos os outros Pokemons teriam que pisar no chão e isso seria uma desvantagem, pois denunciaria a sua posição no escuro. O que eu faço?

– Vamos garoto! Não me diga que está pensando em desistir não é? Qual é o seu próximo Pokemon?

– Tudo bem – respondeu o garoto, finalmente se decidindo e lançando sua Pokebola no ar – Pokebola vai!

Dave lançou a pequena esfera e ela liberou o seu segundo e ultimo Pokemon para a batalha. Assim que tocou o chão, ele se iluminou, revelando o pequeno Pokemon aquatico Poliwag. Assim que saiu da Pokebola, ele pareceu nervoso e olhou imediatamente para os lados, assustado com o local onde estava.

– Polii?! – exclamou ele, demonstrando apreensão

Dave, porém, sabia que não podia perder tempo, e tomou a iniciativa da batalha.

– Poliwag, pule girando e use o Jato D’agua!

Carter mal teve tempo de assimilar a escolha de seu desafiante e já tinha que ordenar o primeiro movimento de defesa – Levite mais alto Gengar!

Quando ouviu o comando do adversario, Dave sorriu. Poliwag havia hesitado, mas saira do chão a tempo e sumido em meio da escuridão, já que a pedra onde ele estava em pé havia se apagado, e a velocidade de sua ordem tinha causado a surpresa que ele contava que causasse. Somente assim ele teria tempo para executar o seu plano. O Pokemon girino obedeceu prontamente logo lançou um poderosoo jato dágua, enquanto rodava no ar, molhando tudo e todos ao seu redor, incluindo os dois treinadores. O que Carter não percebera era que, além disso, ele tinha também molhado o chão.

Todas as pedras que receberam sequer uma gota do ataque de Poliwag se acendeu instantaneamente, de modo que apenas a que o girino caira em cima permanecera seca. Agora ele conseguia ver o teto de pedra daquele ginásio subterraneo, as paredes também de pedra inacabadas e até mesmo Jake, Mary Jane e Aya, que observavam a luta impressionados de uma pequena varanda na parede direita do lugar. De repente, a arena da escuridão havia se transformado em uma arena de luz.

– Ótimo trabalho Poliwag! – cumprimentou o treinador de Grené, arrancando um sorriso sincero de seu Pokemon.

– Impressionante. Confesso que por essa eu não esperava – disse Carter, ainda incrédulo com a estratégia pouco convencional de Dave – Mas será que isso será suficiente?

Dave preferiu não responder. A luz do chão da arena se mostrava forte e ele podia ver Gengar flutuando varios metros acima do chão. Ali ele seria um alvo dificil para o pequeno Poliwag enquanto o girino continuava exposto a ataques como o Raio Noturno e a Bola das Sombras. Aquela batalha ainda não estava vencida.

– Gengar, ataque com a Bola das Sombras! – ordenou Carter e Dave nada pôde fazer se não ordenar uma rápida evasiva.

A ordem foi executada com agilidade pelo Pokémon fantasma, mas a distancia entre ele e o alvo facilitou o movimento de defesa, e Poliwag conseguiu se esquivar do poderoso ataque. Mas Carter não parou por ai, e continuou a ordenar os ataques à distância, alternando o Raio Noturno e a Bola das Sombras. Poliwag era obrigado a se manter em constante movimento sobre as placas acesas, sempre evitando com certa facilidade os ataques lançados de longe.

Enquanto isso Carter se mostrava cada vez mais impaciente, apesar de fazer força para não deixar o fato transparecer. Seu olhar acompanhava cada movimento de Poliwag, tentando prever para onde o pequeno Pokemon iria em seguida, mas falhava toda vez. Dave, por outro lado, se sentia extremamente confiante. Se Poliwag conseguisse se manter em movimento, logo Carter teria que tentar alguma coisa diferente.

– Mantenha o bom trabalho Poliwag! – disse Dave para incentivar seu Pokemon.

– Tudo bem Gengar, use Praga!

O Pokemon fantasma parou no alto e fixou seu olhar em Poliwag, que, esperando para ver o que teria de enfrentar, o encarou novamente. Os olhos vermelhos do Pokemon de Carter começaram a brilhar mais intensamente e ele levantou as mãos, liberando o que parecia ser um tipo mais sólido de fumaçã negra que começou a girar acima de seu corpo. Dave viu que os pequenos olhos de seu Pokemon começavam a se arregalar a medida que o movimento desconhecido ia se formando.

– Fique calmo Poliwag e preste atenção! Estou com você nessa! – dizia Davem tentando animá-lo, mas de nada adiantou quando, no meio da fumaça negra criada por gengar, um grande olho azul dotado de uma iris vermelho-sangue tomou forma e encarou o pequeno girino diretamente que se paralisou. Dave sacou sua Pokedex Imediatamente e apontou para o olho ainda em formação.

“ Praga. Um movimento do tipo fantasma. O dano causado por ele é duas vezes mais forte quando seu alvo sofre de algum tipo de impedimento de status, como a confusão.”

– Poliii! – exclamou o Pokemon de Dave, visivelmente tremendo no chão aceso sob seus pés. Logo em seguida, o olho começou a liberar anéis de energia azuis-escuro em direção ao pequeno e assustado Pokemon.

– Poliwag! – gritou Dave, mas seu pokemon parecia não responder. Estava paralizado pelo medo. – Poliwag, você precisa sair dai! Rapido use a evasiva! – Mas o girino se mantinha estatico, com o olhar travado no olho vermelho que voava acima de Gengar enquanto outro anel de energia era liberado e o primeiro se aproximava com cada vez mais velocidade.

– Poliwag, eu confio em você! Não precisa ter medo! – Mas os pés do Pokemon pareciam colados a pedra do chão. Foi então que, rezando para que ainda houvesse tempo, Dave teve uma outra idéia. – Rápido, use um Jato D´agua contra o chão!

Incapaz de se mecher, Poliwag reuniu o que restava de sua coragem e lançou um forte jato de água contra a unica pedra apagada. Com isso, ele foi impulsionado para cima, saindo da trajetoria do primeiro anel de energia, que atingiu o chão logo após o movimento do Pokemon de Dave, explodindo.

– Isso! Muito bem! – Comemorou Dave, respirando aliviado. Não esperava que fosse enfrentar um problema como o medo de Poliwag numa batalha de ginásio.

– Po – po –poli! – Comemorou também o pokemon de Dave, ainda um pouco surpreso e aliviado por ter conseguido escapar dos ataques de Gengar. O olho que havia sido criado pelo movimento do fantasma voltara a desaparecer.

– Rapido, Bola das Sombras, Gengar!

Antes que Dave pudesse voltar a respirar uma nova bola das sombras ja vinha a caminho de Poliwag, que, dessa vez, não conseguiu se desviar. Ele foi jogado alguns metros para trás, e se mostrou com dificuldades para levantar.

– Dave, você foi ótimo em sobrepor o medo de seu Pokemon, mas não deveria ter comemorado antes da hora – disse Carter, esboçando um sorriso.

O menino ignorou mais uma vez a provocação do homem e voltou a se concentrar em seu Pokemon, que agora se punha de pé, um pouco cambaleante. Carter não esperou ele se recuperar e ja ordenara um segundo ataque, dessa vez um Raio Noturno.

– Poliwag, evasiva!

Dessa vez, porém, Poliwag conseguira se desviar do ataque de Gengar, e Carter parou de sorrir, percebendo que talvez tivesse perdido uma chance de ouro para acabar com a luta. Com Poliwag de volta ao normal, tudo começaria de novo.

– Ora Carter, acho que terá que fazer melhor que isso – disse Dave, recuperando um pouco de sua confiança. Era incrivel como o simples fato de lutar em um ambiente mais claro já facilitava a tarefa dele.

Carter não respondeu e, em vez disso, ordenou um ataque diferente.

– Gengar, Raio de Confusão!

Assim que percebeu o que estava acontecendo, Dave entrou em ação

– Poliwag, use a Hipnose!

– O que?! – exclamou Carter, surpreso, mas ja era tarde de mais. Os olhos de Gengar brilharam em seu tom forte de vermelho, tentando confundir o oponente. Enquando isso as hondas hipnoticas eram lançadas da barriga espiralada de Poliwag e envolviam seu alvo, que, aos poucos, começou a piscar, interrompendo o seu próprio ataque.

– Viu Carter? Poliwag lançou seu ataque antes de ser confundido, e, portanto, o movimento não foi prejudicado. Além disso, parece que seu Gengar estava dormindo antes mesmo de terminar de executá-lo. – gabou-se Dave, ao ver o fantasma fechar de vez os olhos e começar a perder, lentamente, altitude. – Poliwag, não vamos nos arriscar. Termine isso com o Jato de água mais forte que você puder dar!

Com isso, Poliwag se preparou e lançou uma enorme quantidade de água, que foi direto em direção ao Gengar adormecido. O Pokemon foi lançado longe, além dos limites do campo de batalha, e Carter o recolheu antes que colidisse com a parede.

– Gengar está fora de combate – declarou Aya, com um leve tom de surpresa em sua voz – os vencedores são Poliwag e Dave Hairo!

– Uhuuul! – exclamaram em unissono Mary Jane e Jake, aplaudindo.

– Vencemos! Vencemos! – comemorava o menino, pulando de alegria enquanto ia em direção ao seu Pokemon – Otimo trabalho Poliwag! Você foi incrivel! Sensacional!

– Você foi mesmo muito bem rapaz – disse Carter, se aproximando do menino sorrindo. Ele estendeu a mão para que Dave a apertasse, mas o menino hesitou. Era estranho ser tratado assim por quem a pouco estivera lhe provocando. Carter, porém, achou graça da situação – Vamos aperte logo Dave. Me desculpe por antes mas um dos grandes desafios do meu ginásio está também no psicológico. Tudo aqui é feito para provocar o nervosismo dos desafiantes, inclusive eu!

O menino se assustou com a explicação do senhor, que agora, de perto voltara a aparentar mais velho em seus cabelos brancos, mas decidiu sorrir e cumprimentou o homem. Com a outra mão, o líder do ginasio tirou um pequeno broche do bolso.

– Tome, essa é a insignia do fogo fátuo. Você mereceu.

Dave pegou o pequeno pedaço de metal e raprou que tinha a forma de uma tocha acesa com uma chama azul brilhante, muito parecida com aquelas que iluminavam o corredor de entrada. Aya, Mary Jane e Jake desapareceram da espécie de varanda de onde assistiram a batalha e entravam por uma porta pelo lado da arena.

– Obrigado, senhor.

– Não me chame de senhor, meu jovem, apesar da idade. Não gosto de me sentir velho. Pode me chamar de Carter.

– Tudo bem, Carter – sorriu Dave. Talvez, realmente, aquele líder não fosse tão mal quanto ele tinha pensado.

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Dave, Jake e Mary Jane sairam do ginásio por um elevador que dava bem no meio da cidade, ha poucos quarteirões do Centro Pokemon. Eles ainda não acreditavam que aquele caminho existisse e ainda assim eles tivessem sido forçados a usar a entrada mais perigosa e assustadora.

– Não é culpa minha – dizia Aya, tentando não rir – Nâo da para entrar por esse elevador, só sair. Até eu mesma tenho que entrar por la.

– Duvido que você tenha que passar por todas aquelas coisas toda vez que entra no Ginásio! – returcou Jake, ainda incrédulo.

– Claro que não. Lá eu conheço o caminho especial. Mas nós temos cameras que monitoram aquele corredor e quando eu vi que a MJ tava trazendo amigos, eu não podia deixar vocês usarem ele. Aquilo lá faz parte do desafio do ginásio!

– O desafio é não molhar as calças por acaso?

Todos riram até que o elevador finalmente saiu dentro de um pequeno prédio.

– Aqui é o prédio onde Casper e eu moramos – disse a mulher de cabelos verdes.

– Você mora com o Casper? – dessa vez foi a vez de Dave ficar surpreso.

– Sim! Meu irmão me mandou para ca recentemente sabe, para treinar e tudo mais. Ele era amigo do Casper há bastante tempo, e então eu vim morar com ele.

– Nossa que legal! – exclamou Jake – Sabe, eu também era aluno de uma lider de ginásio, la em Auburn. Eu aprendi muito por la sabe, principalmente sobre Pokemons Insetos, que eram a especialidade da cidade. Eu até ganhei meu primeiro Caterpie la! Claro que agora ele já é uma Butterfree bem forte e bonita, mas acredita que ela é toda verde? Não sei por que isso aconteceu mas eu ainda vou descobrir....

E Jake se manteve discursando durante todo o percurso até o Centro Pokemon. Aya acompanhou os treinadores e ria-se da disposição do pequeno aspirante a pesquisador Pokemon para falar. Chegara mesmo a perguntar para Mary Jane se isso era normal, mas a amiga a tranquilizou, dizendo que não havia nada mais natural para Jake do que desatar a falar.

A medida que iam voltando ao centro, Dave voltava a ficar preocupado. Era impossivel esconder a sua alegria pela conquista recente e pela evolução de um de seus Pokemons, mas a lembrança de que talvez alguma coisa estivesse errada com Mindy veio lhe assombrar. Eu tenho que falar com ela. Decidiu o menino.

Assim que passaram pelas portas automaticas do Centro Pokemon Dave se dirigiu imediatamente ao elevador, mas foi, porém, seguro pelo braçõ por Mary Jane. Ele olhou para trás assustado enquanto a ruiva se aproximava de seu ouvido.

– Dave, deixe ela por hoje. Ela pediu por um tempo para ela. Não acha que ela merece isso?

– Mas Mary...

– Confie em mim Dave. Eu não sei o que ela tem, mas se ela pediu até amanhã, dê isso a ela. Amanhã você a procura ok?

Sem argumentos, o menino olhou fundo nos olhos sérios da amiga e se deu por vencido, deixando os braços cairem desanimadamente. Ela, entretanto, sorriu e, ainda segurando um de seus braços, o puxou na direção da sala com telefones.

– Olha, para te animar um pouco, por que você não tenta ligar para Cardo? Você pode dar as boas noticias ao Professor Noah e ainda, com um pouco de sorte, arrumar uma pista sobre o que está acontecendo com a Mindy, afinal, ele é o avô dela.

– Boa idéia! – concordou Dave, surpreso por não ter pensado nisso antes. Além disso, ele nem imaginava a reação do Professor quando descobrisse que Dave capturara um novo Pokemon, o evoluira e ainda ganhara uma nova insignia. Aquela provavelmente seria a melhor ligação que ele ja teria feito para Cardo.

Acompanhados de Jake e Aya que ainda conversavam sobre a Butterfree do garoto, Dave e Mary Jane se dirigiram para a sala dos telefones. O rapaz sentou no mais próximo e discou, com pressa, o numero de seu Professor. Depois de três toques, porém, a ligação foi redirecionada para uma central de mensagens.

– Estranho – disse Dave - isso nunca aconteceu comigo. Quando o Professor não esta, normalmente ele deixa pelo menos a Dra. Susan como responsavel pelo laboratório. Mary, Isso já aconteceu com você?

– Não – respondeu a menina, com a mesma expressão de incompreensão – por que você não tenta de novo?

Dave discou novamente o numero, dessa vez com cuidado, e esperou. Outros tres toques e a ligação voltou a ser redirecionada.

– Nada. Por que será que não estão atendendo?

De repente a voz de Rusty surgiu ao fundo, enquanto o menino caminhava na direção deles cruzando o salão principal do Centro Pokemon.

– Ele não atende por que o laboratório está vazio – disse o menino com a voz carregada de desprezo – Sabe, Hairo, meu avô não vive para atender telefonemas seus.

Dave se levantou rapidamente prestes a investir contra o seu rival, mas Mary Jane o segurou mais uma vez. Até Jake se calara para ver o que estava acontecendo ali. Rusty riu.

– Sabe, eu me sinto envergonhado de fazer parte de uma geração de treinadores de Cardo como essa. Até mesmo você me desaponta Mary. Mostrou tanto talento no torneio de iniciantes, mas se recusa a capturar mais Pokemons! Onde já se viu? Um treinador que não coleciona Pokemons? – Debouchou-se Rusty.

O aperto de Mary Jane afroxou-se enquanto a ruiva processava as ofensas inesperadas em sua direção. Dave se livrou e fora mais rapido do que ela para responder, agora um pouco menos impulsivo.

– O que você está fazendo aqui afinal Rusty? Ninguem te chamou.

– Ora seu moleque, acontece que minha prima decidiu que não vai sair daqui pelo menos até amanhã e, sabe, eu fiquei entediado.

– Então você decidiu vir aqui importunar a gente? – dessa vez foi a vez de Mary Jane responder

– Não, na verdade eu vim aqui responder ao desafio que me foi feito hoje mais cedo. Acontece que, agora, eu tenho tempo para enfrentar a ralé na arena e mostrar a vocês o que é um verdadeiro treinador de Pokemons... E então Hairo? Com medo?

Um sorriso brotou ao canto do rosto de Dave enquanto Eevee se ajeitava em seu ombro. A exitação que os dois sentiam era dificil de disfarçar.

– Bem que você queria que eu estivesse, Rusty.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? O que acham que vem por aí? Animados?

Espero todos vocês nos comentários!



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