Evolution: Parte 2 escrita por Hairo


Capítulo 22
Chegando em Zaffre


Notas iniciais do capítulo

No planejamento original, Zaffre seria um capítulo só. Porém, as coisas nunca saem como o planejado e essa cidade reserva muitas coisas para vocês.

Desse modo, sem que eu soubesse, esse se tornou o primeiro "projeto". Sempre que eu falar em projeto, daqui para frente, significa que é uma série de capítulos, normalmente em uma mesma cidade.

O "Projeto Zaffre" é o primeiro e único projeto da Parte 2, mas na Parte 3 teremos alguns outros projetos, todos com bastante relevância para a trama principal.

Espero que curtam os últimos e capítulos da Parte 2! Estamos chegando ao fim dessa parte =)

Boa leitura!



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Capítulo 22 – Chagndo em Zaffre

O dia acordou como sempre acordava enquanto os três viajantes se preparavam para seguir em frente. O sol se levantava sobre um céu azul de poucas nuvens e a floresta mostrava sinais de agitação, com os primeiros Pokémons já se movimentando naquele início de dia. O frio da noite começava a dar lugar ao aconchegante frescor da manhã e Dave, Mindy e Jake levantavam acampamento. A previsão era de que aquela era a ultima noite que eles passariam na floresta, uma vez que de acordo com o mapa da menina eles deveriam estar próximos da cidade de Zaffre.

Isso, porém, nem ao menos começava a explicar o motivo de tantos risos e sorrisos envergonhados trocados entre Dave e Mindy. Ambos tinham acordado radiantes, com um humor surpreendentemente bom e com uma vergonha inexplicável para um com outro. Jake chegara a se sentir estranho durante o café da manhã, sentado entre os dois e tendo que se esforçar para conseguir sustentar a atenção dos amigos, que pareciam não conseguir trocar olhares sem corar e sorrir sem motivos aparentes. O menino mais novo tinha até mesmo começado a se preocupar com a sanidade mental dos outros dois quando, assim que partiram para a estrada, tudo se explicou.

Assim que botaram a mochila nas costas, Dave se posicionou ao lado de Mindy e lhe pegou na mão. A menina corou instantaneamente e Jake a ouviu suspirar. Logo em seguida ela se esticou e deu um beijo na bochecha do menino de Grené, para o espanto do garoto de Auburn, que deixou o queixo cair. Os amigos deram alguns passos sem soltar a mão, mas o rapaz mais novo, de olhos arregalados e queixo aberto, não conseguiu mover sequer um músculo.

– Jake, tudo bem? – perguntou Mindy, se virando para checar por que o amigo não os acompanhava. Ela se esforçou para não soltar a mão de Dave.

– Uee? – Eevee, até então sorridente por ver seu treinador e sua amiga finalmente juntos, se mostrou preocupado pela primeira vez.

Enquanto isso Jake olhava para os dois sem reação, como se nem sequer os visse. Pensou que tinha vontade de chorar, mas logo descobriu que não era verdade. Tinha apenas perdido o ar. O mundo a sua volta era apenas um borrão e ele lutava contra si mesmo, dizendo que a cena que ele via em sua frente, das duas mãos juntas, era apenas fruto de sua imaginação. O rapaz, entretanto, sabia que era verdade, e descobriu ali, naquele momento, que sempre soubera. Ele se lembrou dos eventos do ultimo dia, e de como Dave havia dado prioridade a Mindy. Não posso culpá-lo, eu teria feito a mesma coisa disse o rapaz a si mesmo, tentando afastar a mágoa. Em seguida, a imagem do dia em que os dois acordaram abraçados voltou a sua cabeça sem convite e ele tentou expulsá-la. Quando conseguiu, arrependeu-se, pois voltou a ver o mundo real, onde Mindy estava andando de mãos dadas com Dave.

Os dois tinham dado dois passos atrás, ainda com os dedos entrelaçados, e Mindy passou a mão livre em frente ao rosto de Jake, tentando acordar o menino de seu transe.

– Jake? Você está me ouvindo? – disse a menina, preocupada.

– Claro, estou sim! – respondeu ele, sacudindo a cabeça e percebendo o que estava acontecendo. De repente, se viu tentando imaginar quanto tempo ele havia ficado ali parado e sem ação. Parecia-lhe uma eternidade – Eu estava apenas pensando, acabei de me lembrar de algo que eu vi...

– Alguma coisa que você viu? – perguntou Dave, interessado – o que?

– Nada de mais – mentiu Jake – Só uma teoria que eu li, uma vez, sobre as possíveis mudanças de cores nos Pokemons sabe. Pensei que poderia se ajustar a minha Butterfree.

– Ah, que legal! Por que não nos conta sobre ela enquanto a gente pega a trilha? – Disse Mindy ironicamente. Ela se virou e continuou a andar, puxando Dave junto a si.

Droga! Pensou o garoto mais novo. Ele não sabia de nenhuma teoria para disfarçar a mentira que acabara de contar.

– Ah, eu não lembro direito. Tentei lembrar, mas não consegui... – disse. E então, se calou.

O silêncio só mesmo pareceu estranho para Eevee, que olhou assustado para o menino assim que ele parara de falar. Era raro que o rapaz perdesse uma oportunidade tão clara de discursar sobre teorias Pokemons para os amigos. O casal, entretanto, pareceu não perceber. Suas cabeças não tinham mais espaço para nada se não para o par de mãos que andavam entrelaçado.

O grupo seguiu viajem por toda a manhã pela floresta e se Jake estava anormalmente calado, Dave e Mindy tinham se tornado surpreendentemente animados. Os dois não demoraram a ultrapassar os primeiros momentos de vergonha e passaram as horas de viagem que lhes restava conversando sem descansar. A gama de assuntos variou de como Dave vivia antes de se mudar para uma fazenda até as histórias de criança de Mindy, passando pelos sonhos e pesadelos que eles tiveram durante a vida e das saudades de casa. Falaram de tudo menos daquilo que parecia tomar a maior parte do pensamento dos dois: o beijo da noite anterior.

– Nossa, uma coisa que eu sempre sonhava quando era menor era poder voar em um Dragonair... – disse Mindy, virando os olhos para se lembrar. Dave lhe deu um olhar curioso quando e ela perguntou – O que foi?

– Um Dragonair? Tem certeza? Isso não tem muito a ver com você...

– Como assim? – Mindy corou e olhou para os pé enquanto prestava mais atenção do que precisava a tarefa de desviar de uma raiz que saia da terra.

– Sei lá, eu sempre imaginei você querendo voar em um Dragonite... Você nunca foi de gostar de Pokemons tidos como bonitos, mas sim dos mais fortes – Disse Dave, arrancando curtas risadas da menina, que levantava o rosto.

– Sabe, eu sempre gostei mais do Dragonite mesmo. Nunca entendi esse meu sonho...

Dave riu e Jake virou a cara. Ele ainda não achara palavras para descrever o quão desconfortável era estar naquela situação. Não agüentava sequer olhar para os amigos e, se pudesse, teria tapado as orelhas para não ouvi-los. Seu coração batia surpreendentemente rápido enquanto ele tentava, inutilmente, se controlar. Por que ele e não eu? Tudo bem ele é mais velho e é um treinador, mas eles brigavam tanto! O que aconteceu? Remoia-se o garoto, tentando achar uma explicação para aquilo que, no fundo, ele sempre soube que aconteceria. E ele ainda vive botando ela em perigo! Se não fossem ele e esse maldito Eevee a Mindy não teria sido seqüestrada e a gente não ia precisar se preocupar tanto!

A raiva tomava conta do rapaz progressivamente e ele se sentia cada vez mais agitado, mas, por outro lado, ele não sentira vontade de chorar sequer uma vez. Aquela não era a primeira vez que o garoto era deixado em segundo plano pelos dois amigos, porém em todas, ele se controlava para não deixar as lágrimas caírem. Dessa vez, porém, a pior de todas até agora, ele não precisara se conter nenhuma vez. O aperto em seu peito era mais forte do que nunca, e respirar ainda era difícil, mas a cabeça dele trabalhava rápido de mais para dar lugar as lágrimas.

Jake foi acordado de seus pensamentos pela primeira vez quando começou a ouvir sons mais agitados ao fundo. Dave e Mindy continuavam absortos em sua conversa, e apenas ele foi capaz de perceber o barulho da cidade se aproximando. Aos poucos a trilha se alargou e as arvores começaram a ficar mais espaçadas, dando espaço para que o sol os iluminasse com toda a sua força. E então, surpreendentemente, eles se viram saindo de uma trilha para terreno sem arvores, com alguns escorregas e brinquedos para crianças em um chão de terra, que se estendia por alguns metros até chegar a uma calçada. Era como se toda a floresta fosse apenas um pequeno bosque inserido na paisagem urbana.

– Chegamos! – Falou o menino mais novo, pela primeira vez desde que tinham retomado a viajem.

– O que?! Já? – disseram Dave e Mindy, juntos.

Os dois se assustaram, primeiramente com a voz do garoto mais novo, de quem eles nem ao menos sentiram falta durante o percurso, e depois por estarem já tão dentro da cidade. Eevee também ficou surpreso e precisou olhar para trás longamente para confirmar que tinham mesmo acabado de sair da floresta.

– Parece que sim – disse Mindy. A menina imediatamente tirou as alças de sua bolsa do ombro, mas, para isso, teve que soltar a sua mão da de Dave. Ela o fez como em um reflexo, sem pensar, mas sentiu-se congelar quando tomou consciência do ato. Era a primeira vez que isso acontecia aquela manhã. Dave prendeu a respiração e também corou, mas esperou pacientemente como se nada tivesse ocorrido enquanto a menina pegava, apressada, o mapa na mochila. Assim que voltou a prender a bolsa nas costas ela deixou uma das mão cair, e ele aproveitou a chance para segurá-la de novo. As expressões dos dois não mudaram por um segundo sequer, mas o ritmo cardíaco de Dave estava tão acelerado que até Eevee, em seu ombro, conseguia senti-lo.

– Olha, o centro Pokémon está... – A menina agora segurava o mapa com apenas uma das mãos, e estava difícil firmá-lo de modo a se encontrar. Ela tentou fazê-lo ficar firme, mas quando falhou novamente, Jake perdeu a paciência.

– Deixa que eu faço isso... – disse ele, tomando o guia da mão livre da menina e localizando o centro. Em menos de um minuto o rapaz voltou a andar, sem soltar uma palavra sequer. Mindy e Dave o seguiram, corados, dando pequenos sorrisinhos pelo caminho.

O trio caminhou por mais 10 minutos até encontrar o local do Centro Pokémon. Zaffre era uma cidade grande, movimentada e as calçadas estavam lotadas. O movimento de carros na rua era maior do que em qualquer cidade que eles tinham parado até aquele momento e depois de tanto tempo longe da civilização, todo aquele movimento os fez se sentir estranhos.

O Centro Pokémon, assim como em Brass, era maior do que o normal. Ficava em um grande prédio com aparentemente 20 andares, com janelas de vidro e uma grande letra P em vermelho girando no topo. Quando a porta automática se abriu, Dave viu uma grande movimentação de treinadores. A sua conta, eram em torno de 40 pessoas rodando e conversando, mas o incrível tamanho do salão em que eles estavam parecia fazer com que o numero fosse, na verdade, menor.

No centro do salão um balcão redondo era supervisionado por 3 enfermeiras Joy ao mesmo tempo. Jake se dirigira imediatamente para lá e já estava falando com uma das moças antes que os outros dois realmente se acostumassem com o lugar. Quando eles se aproximaram, a sorridente mulher de cabelos rosa já entregava duas chaves ao menino.

– Toma – disse ele, jogando uma das chaves para Mindy. A menina se assustou e largou a mão de Dave para conseguir segurar a chave antes que ela caísse no chão. – Infelizmente nós só conseguimos quartos em andares diferentes. Mindy você está no 4, Dave, nós estamos no 7.

– Mas, será que precisamos mesmo de dois quartos? – perguntou Mindy – Eu acho que não me incomodaria de dividir o quarto com vocês de novo.

Jake olhou longamente para a amiga, que agora olhava de relance para Dave com um sorriso no rosto. O garoto mais novo suspirou por um momento, pensando no que fazer, e estava prestes a falar de novo com a enfermeira Joy quando um novo grupo de treinadores entrou pela porta.

– Olha, isso aqui está lotado e as enfermeiras estão ocupadas. Mindy você tem ficado em um quarto sozinha sempre... Não vamos dar trabalho a essas pobres mulheres a toa não é?

O garoto de Auburn nem acreditava no argumento que tinha arrumado tão rapidamente para conseguir o que queria, mas os outros, mesmo que relutantemente, terminaram por aceitar usar os dois quartos. Afinal, Mindy e Dave ainda teriam muito tempo para ficar juntos durante todo o resto da viajem.

Com Eevee no ombro, e novamente de mãos dadas com Mindy, Dave liderou o grupo até o elevador e apertou o botão. Em menos de um minuto as portas se abriram e, ao mesmo tempo, os olhos dos três amigos se arregalaram. De dentro do elevador surgiram duas das pessoas que eles menos esperavam ver aquele dia.

– Dave, Mindy! – disse a Mary Jane, também surpresa, mas com um grande sorriso no rosto. A menina se precipitou em um abraço a Dave, mas o menino apenas pôde retribuir com uma das mãos, pois Mindy apertou com força a que ela estava segurando.

A outra pessoa a sair do elevador, porém era quem tinha atraído olhares mais atentos do casal.

– Bom dia, prima. – disse Rusty, com um sorriso cheio de presunção. – Estive esperando por você, por que demorou tanto?

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Dave e Jake estavam sozinhos em seu quarto e esperavam pacientemente pelo horário do almoço. Eevee estava deitado ao lado de seu treinador, acomodado na cama de cima do beliche, como de costume. O menino acariciava a cabeça do Pokémon em silencio, completamente absorto em seus pensamentos enquanto seu amigo mais novo parecia não compreender o por que os eventos recentes incomodavam tanto rapaz.

– O que será que o primo da Mindy queria falar com ela? – se perguntou Jake em voz alta. Dave vinha se perguntando a mesma coisa, mas não conseguia achar resposta – E por que é que ele não podia falar na nossa frente?

Sem obter resposta, o menino mais novo se jogou na cama bufando e coçou a cabeça enquanto Dave continuava a mirar fixamente o teto, e assim os dois permaneceram por vários minutos, até que o telefone do quarto tocou. Jake se levantou para atendê-lo.

– Alô! – disse o rapaz. Dave conseguiu ouvir uma voz surrada,mas não a reconheceu, e logo em seguida seu amigo continuou - Ótimo, a gente te encontra lá em baixo então.

– Quem era? – Falou Dave pela primeira vez desde que entrara no quarto.

– A Mary Jane ligou para avisar que o almoço está pronto. Ela disse que vai esperar a gente no andar do refeitório. Sabia que tem um andar inteiro de refeitório aqui?

Dave balançou a cabeça negativamente e se levantou da cama.

– Será que eu ligo para Mindy para avisar ou eu estaria atrapalhando?

Jake tentou disfarçar o desconforto em sua expressão e encolheu os ombros – Sei lá! – disse ríspido, se virando para porta e saindo para o corredor com pressa.

Dave olhou longamente para o telefone na mesa a sua frente e suspirou. Se era tão importante que eu não podia saber, eu não vou atrapalhar. E virou as costas para seguir seu amigo.

Eles desceram de elevador para o almoço e encontraram a ruiva Mary Jane esperando por eles na porta do refeitório, com um enorme sorriso no rosto. Os óculos escuros estavam acima da cabeça, funcionando quase como um arco para seus cabelos curtos. Um fone de ouvido branco pendia de um lado do rosto, enquanto o outro estava no ouvido, como de costume.

– Nossa ainda estou boba de encontrar vocês de novo. E Jake, sabia que você cresceu desde que saiu de Auburn? – disse ela.

– Sério? Eu nem percebi... – respondeu o menino, dando um breve sorriso com o elogio.

– Não sei se você está mais alto, mas com certeza não parece mais aquele menino infantil que saiu de Auburn...

Dessa vez não houve como se controlar e Jake se deixou corar enquanto abaixava a cabeça sorridente.

– E você Dave, não pense que eu não reparei que você andava de mãos dadas com a Mindy! Vocês estão juntos finalmente?

O rapaz de Grené tomou um susto e levantou rapidamente a cabeça, subitamente sem ar. Jake repetiu o movimento como um espelho. De algum modo, aquela era a pergunta que estava no ar o dia inteiro e, surpreendentemente, Dave não parecia saber bem como respondê-la.

– Bem... eu... sabe... – ele tentou falar.

– Não, não sei – respondeu a ruiva.

– É que... assim...aconteceu uma...eu não sei bem como...

– Dave, isso é uma pergunta de sim ou não! Para de ficar cuspindo palavras soltas aleatórias! – brincou a menina, sorridente e empurrando o amigo.

– Eu não sei – disse Dave, em um ar conclusivo enquanto Jake deixava a cabeça cair, desapontado.

– Homens... – suspirou Mary Jane – Se você não sabe, isso quer dizer que sim. – concluiu a ruiva, fazendo os olhos de ambos os rapazes saltarem ao mesmo tempo.

– Sério? – falaram em uníssono.

– Deixa isso para lá... – disse ela, lançando um olhar surpreso para Jake antes de sentar-se à mesa. – Já sabe o que fazer contra esse ginásio?

O rapaz nem ao menos tinha pensado no verdadeiro motivo da parada em Zaffre até que a amiga tocara no assunto. O Ginásio! Eu esqueci! Sem que Dave sequer falasse alguma coisa, a menina leu a expressão no rosto do rapaz.

– Imaginei que nem tivesse lembrado. O que uma menina não faz com um homem...

– Ei, também não é assim – tentou defender-se Dave.

– Me prova o contrário então. Que tipo de Pokémon o líder daqui usa? Você já está aqui há mais de uma hora, já poderia ter descoberto isso.

– Eu, bem.... Eu prefiro uma surpresa sabe...

A menina desatou a gargalhar – Surpresa! Assim você me mata Dave! Uma bela surpresa você vai ter...

– Como assim? Você já sabe? – Dessa vez foi Jake a falar.

– Sim, eu ganhei a insígnia hoje de manhã. E eu vou te falar uma coisa, ainda bem que eu capturei uma Ponyta, porque só com o Pidgeot eu não ia conseguir muita coisa não...

– Uma Ponyta? E seu Pidgeotto evoluiu para um Pidgeot? Isso é Incível! – exclamou Dave, surpreso.

– Valeu! Mas isso não importa agora. O que importa é que eu não acho que o seu Pidgeotto, seu Sandslash ou o seu Eevee vão servir de alguma coisa contra um ginásio fantasma. – A menina levou a mão à boca irônicamente – Ops! Acho que estraguei a surpresa.

– Fantasma?! Que máximo! – disse Jake com um olhar de curiosidade. Dave, no outro canto da mesa, se mostrava pensativo.

– Me diz que você capturou outros Pokemons Dave. Por favor... – disse Mary Jane, se mostrando um pouco preocupada pela primeira vez.

– Não se preocupe MJ. Eu tenho algumas cartas na manga – disse Dave, acariciando Eevee em seu ombro – E você vai descobrir que o Eevee também tem.

Nesse momento o elevador se abriu e os meninos na mesa prenderam a respiração. Os cabelos ruivos e a jaqueta roxa de Rusty eram inconfundíveis, mesmo que os óculos escuros lhe escondessem o rosto. O rapaz caminhou diretamente para a mesa de Dave com um ar indiscutivelmente superior.

– Minha prima pediu que eu avisasse a vocês que ela não quer ser incomodada pelos seus amigos hoje. Ela pediu para que eu lhes avisasse que não deixassem de fazer nada por causa dela, incluindo ir ao ginásio. Ela disse que pode fazer isso sozinha depois. – O tom do rapaz era grosso, como se só estivesse ali depois de muita insistência da prima e quisesse sair dali o mais rápido possível.

– Mas... – começou Dave, quando o rapaz já tinha virado as costas e se encaminhava de volta para o elevador. O menino de Grené se levantou rapidamente e seguiu o rival – Ei espera ai! Onde ela está, o que aconteceu?

Rusty continuou andando como se nada tivesse acontecido e Dave teve de lhe segurar o braço para que rapaz lhe visse.

– O que é seu moleque?! Quem você pensa que é para me segurar desse jeito?

– Eu só quero saber o que está acontecendo com a Mindy! Se você fosse um pouquinho mais educado saberia que não se deve ignorar as pessoas assim...

– Bom, a questão é que eu não sou nem um pouquinho mais educado! – o rapaz sacudiu o braço se soltando de Dave – Eu passei o recado que ela mandou, exatamente como ela mandou. Ela não quer se incomodada pelos amigos e ponto final. Agora me largue por que eu não gosto de perder tempo com gente como você!

O sangue de Dave esquentou e seu rosto ficou vermelho de raiva quando o garoto ruivo deu as costas e voltou a se afastar. Ele estava prestes à correr atrás de Rusty e lhe mostrar o que gente como ele podia fazer quando sentiu uma mão lhe segurando.

– Não vale à pena – disse MJ, séria. Ela estava de pé ao seu lado e Dave percebeu que todo o refeitório havia parado para ver a discussão entre os dois meninos. Mesmo assim, Dave não controlou a raiva em sua garganta e gritou antes que o menino chegasse ao elevador.

– Se apenas “gente como você” pudesse vencer “alguém como eu” numa batalha, talvez eu entendesse o porquê de tanta presunção!

Rusty pareceu congelar na entrada do elevador e virou o rosto para encarar Dave, enquanto todos na sala prendiam a respiração. Dave não via conseguia ver os olhos de seu rival por trás dos óculos escuros, mas preferiu imaginá-los raivosos. Sabia que poderia derrotá-lo numa batalha, ou assim ele preferia se convencer.

– Talvez quando eu tiver tempo de dar aula para a ralé à gente se veja num campo de batalha. Agora, minha família precisa de mim – e com isso, o ruivo entrou no elevador e sumiu atrás das portas quando elas se fecharam.

Dave, Jake e Mary Jane ficaram estáticos, em pé, ainda sob os olhares de todo o refeitório do Centro Pokémon. “Minha família precisa de mim” eram as únicas palavras ecoando na cabeça do menino de Grené naquele momento e ele não conseguia pensar em mais nada. Sua mente estava completamente nauseada. O que será que ele quis dizer com isso?

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– Dave, tenta se acalmar e deixar toda essa história da Mindy para lá ok? – dizia Mary Jane, enquanto andava ao seu lado a caminho do ginásio. Jake estava estranhamente quieto ao lado da menina.

– Eu sei, eu sei... Mas eu fico preocupado. Tem alguma coisa de errado e ela não me quer deixar ajudar. Por quê?!

– Ela deve ter seus motivos. Depois ela vai te explicar. Agora você pode se concentrar no ginásio, por favor?

– Tudo bem, tudo bem... – concordou o treinador, sacudindo a cabeça e finalmente virando o rosto para observar os arredores do que ele achava que era a cidade – Por que você me trouxe para um campo de terra, Mary Jane?

– O ginásio é por aqui, em algum lugar...

– Em algum lugar? Os prédios estão há centenas de metros de distancia e eu não to vendo nada muito a frente com essa poeira... Isso está parecendo um terreno baldio. Tem certeza que é o lugar certo?

Assim que Dave terminou de falar ele ouviu uma exclamação de sua amiga ruiva – Achei!

O menino se encaminhou diretamente para onde a menina havia se agachado no chão. Não era possível que ela tivesse achado o ginásio no chão, mas ela parecia bem animada com o que quer que estivesse lá. Curioso, ele se aproximou e a viu segurando uma corda nas mãos que era exatamente da mesma cor da terra em que eles pisavam.

– Acho que eu consigo convencer a Aya a deixar a gente entrar tranqüilamente. Fiquem os dois atrás de mim – disse Mary Jane, puxando a corda devagar e revelando que ali, no meio do nada, de fato existia um alçapão. A boca de Dave abria-se em espanto juntamente com a tampa do que parecia ser a entrada do Ginásio. A luz natural da tarde iluminava os primeiros degraus de uma escada que se enterrava profundamente no chão, mas depois disso, tudo estava envolto pela mais completa escuridão.

– Sentem-se e desçam a escada sentados, degrau a degrau. Eu vou tentando falar com a Aya.

– Quem é essa Aya? – perguntou Jake, finalmente. O menino parecia ter acordado do transe em que estava e agora se mostrava realmente preocupado com o local em que estavam entrando. Eevee se escondeu dentro da mochila de Dave enquanto os amigos se sentavam e preparavam para começar a descida

– Aya é uma aprendiz do ginásio de Zaffre e é uma menina muito legal. Conheci-a quando vim aqui pela primeira vez – e com isso a ruiva começou a sua descida, rapidamente sumindo em meio a escuridão, Dave titubeou um pouco mas logo seguiu a amiga. Ele não podia vê-la mas ouvia-a chamando o nome de sua conhecida em voz alta, bem a sua frente, e calculava que ela não poderia estar a mais de 2 metros de distância. Logo atrás ele ouvia os passos inseguros e a respiração de seu amigo mais novo bem mais próximos do que Dave gostaria. Se eu parar o Jake vai me atropelar, pensou ele, descendo os degraus um a um, sentado no chão.

– Droga, porque a Aya não está respondendo?! – dizia Mary Jane. Seu tom começava a ficar preocupado e a escuridão, ao contrario do esperado, começava a ficar mais densa e impenetrável. Era como se atmosfera negra ganhasse massa e pesasse nos ombros das crianças que desciam o túnel sem saber para onde iam e quando deveriam parar. Os corações dos garotos aceleravam mais a cada minuto e, a cada nova chamada da menina ruiva, cada vez mais desanimada e sem esperanças ela soava. Até que, de repente, Dave e Jake congelaram onde estavam ao ouvir a voz da amiga ecoar de um jeito diferente.

– Ah não! Droga! Não acredito! Aya você me paga! – exclamou Mary Jane, revoltada consigo mesmo, enquanto sua voz tremia. – Dave, Jake, onde estão vocês?

– Estamos aqui... – disse Dave, inseguro – O que está acontecendo MJ? Que lugar é...- Mas a menina não os deixou terminar.

– Rápido, vocês dois, levantem e corram para frente. Só devem ter mais uns dois degraus na sua frente. Vocês precisam chegar aqui o mais rápido possível!

– Ai onde? – Jake tentou argumentar, com a voz tremula, mas Mary Jane não deu chances ao menino.

– Agora! Pra frente!

Dave e Jake levantaram e saltaram a frente, rolando no chão que eles descobriram ser plano pela primeira vez em muito tempo. Foi um alivio sentir o chão firme ao seu lado por todos os lados e aparentemente não estavam mais na terra. Sentiam o toque frio do metal com as mãos no chão e ouviam a respiração acelerada da menina ao seu lado direito.

– Rápido – disse ela – corram para o lado e se segurem em alguma coisa!

– O que?! – exclamou Dave, mas nessa hora, o frio chão firme de metal tremeu.

– AGORA! – gritou a menina e então seu amigos obedeceram.

Dave e Jake saltaram para o lado de onde a voz da menina vinha e se seguraram numa barra de metal que eles descobriram estar presa ao que parecia ser uma parede. Nenhum dos dois conseguia ver qualquer coisa quando o chão tremeu mais uma vez e a escuridão pesou como nunca sobre a cabeça dos meninos. Eevee tremia na mochila de Dave e Jake parecia não conseguir respirar. De repente, o chão sumiu. Em menos de um segundo a barra de metal os puxou para baixo e os seus corpos foram lançados ao ar, sem apoio. Se não estivessem segurando fortemente na barra eles estariam em queda livre. Tudo o que conseguiram fazer foi gritar.

– AAAHHHH!!!


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Notas finais do capítulo

E então? Animados com o que está para vir? Alguém tem palpites para o que está rolando?

Espero vocês nos comentários!



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